segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Os erros de interpretação de Leandro Quadros - Parte 1

"O professor Leandro Quadros é uma figura um pouco conhecida na internet. Adventista, é um defensor ferrenho de sua doutrina, e oponente igualmente ferrenho de tudo que vá contra ela. Nisto, vejo coerência nele. Vários debates já foram realizados entre ele e alguns irmãos reformados que eu conheço (Clóvis, Helder Nozima, e outros), e acredito que a maioria eu acompanhei.

Eu discordo em muitos pontos da doutrina que o professor defende, e graças a um convite do irmão Luciano*, estou escrevendo esse texto para mostrar uma parte dessas discordâncias.

Certa vez, ele postou em seu blog "Na Mira da Verdade" um texto chamado "48 textos bíblicos contra 12 descontextualizados…", que era uma resposta ao pastor Nozima. Utilizarei esse texto como base para comentar alguns pontos de discordancia. Não como uma "tréplica", ou algo assim, mas apenas para ter um ponto de partida.

Antes de qualquer coisa, tenha em mente o que o professor Leandro disse: "farei novamente uma abordagem bíblica sem me basear em credos ou confissões (mesmo não menosprezando a importância dos mesmos)", o que dá a entender que isso é seu costume.

É muito importante lembrar disso, porque faremos uma análise de suas declarações perante a Bíblia.

Neste primeiro texto, para não cansar o leitor, eu comentarei apenas sobre dois pontos: O "Livre Arbitrio" e a "Acepção de Pessoas".

-LIVRE ARBITRIO

Quando digo "Livre Arbitrio" aqui, me refiro à "capacidade moral igualmente neutra para escolher entre o bem e o mal".

Neste ponto, eu creio que o professor foi ilógico. Acompanhe:

O professor disse, no ponto 3 do seu texto:

"A humanidade tem sim o livre arbítrio desde que foi criada", e para provar isso, ele argumenta: "Do contrário, Adão e Eva não podiam escolher pecar (Gênesis 3)."

A lógica seria assim: "A humanidade tem o livre arbitrio até hoje, POIS Adão e Eva escolheram pecar". Ou seja, como Adão e Eva tiveram o poder de ESCOLHER pecar, logo a humanidade hoje também tem livre arbitrio.

Mas há fatos que provam que essa conclusão está errada.

1: Nós não somos mais como Adão e Eva eram antes da Queda. O nosso estado espiritual não é o mesmo de Adão e Eva, por causa da Queda. Se fosse o mesmo, não iríamos precisar de um Salvador.

2: Além disso, antes da Queda o homem podia fazer escolhas neutras moralmente, pois não estava corrompido. Mas após a Queda, TODAS as suas escolhas foram afetadas pelo pecado. Ele não é mais livre moralmente. Confira Efésios 2.1 e 5, Colossenses 2.13.

Ou seja, esse argumento não se sustenta.

Leandro disse: "Basta ler Romanos 5:12 e o senhor verá que, mesmo o ser humano não tendo capacidade de ir a Deus por conta própria (nisso concordo, pois é o Senhor que vai atrás do pecador e efetua nele o querer e o realizar, segundo Filipenses 2:13), pôde fazer escolhas para pecar ainda mais."

Vamos ler Romanos 5.12: "Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram."

Ora, se uma coisa esse versículo prova, é justamente o contrário do que o professor afirma! Segundo o contexto, todos os homens (raça) depois de Adão morreram espiritualmente. Isso comprova o que eu havía afirmado acima, que o homem não é mais livre moralmente como era antes. Antes, ele apenas escolhe o que a sua natureza pecaminosa deseja, ou seja, o pecado.

O proprio Leandro afirma: "...mesmo o ser humano não tendo capacidade de ir a Deus por conta própria...". Ou seja, o homem "não tem capacidade de ir a Deus". Mas ele mesmo não havia afirmado antes que "A humanidade tem sim o livre arbitrio desde que foi criada"?

Ou o homem tem o "livre arbitrio" (a liberdade neutra), para escolher o bem (Deus) ou o mal (Pecado), ou então ele não é livre de forma alguma. Houve uma contradição neste texto do professor.

Ou o homem tem a "capacidade moral igualmente neutra para escolher entre o bem e o mal", ou não. E, biblicamente falando, a resposta é NÃO. O homem não convertido é incapaz de escolher por sí só o bem.


-ACEPÇÃO DE PESSOAS

Leandro Quadros disse, ainda no ponto 3 de seu texto:

"Predestinar para a perdição não é questão de Soberania, mas, ACEPÇÃO DE PESSOAS, coisa que o próprio Deus condena (Romanos 2:11"

Realmente, o professor tem razão em algumas coisas. É verdade que Deus condena a acepção de pessoas. E é verdade que Deus não faz acepção de pessoas.

O problema é: o professor (e muitos outros!) entende errado a concepção bíblica de "acepção de pessoas"!

Usemos, por exemplo, a passagem que ele nos mostrou, Romanos 2.11:

"Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas."

Ok, aqui se fala sobre a tal "acepção de pessoas". Mas vamos ver o contexto para entender o que "acepção" significa.

Vamos a partir do verso 1 deste capítulo (confira):

1- O homem é indesculpável quando julga a outro, porque comete as mesmas ações.

2 ao 10- Deus recompensará a cada um segundo as suas obras. Aos impios, ira. Aos santos, glória.


E aí vem o verso 11, que diz que "Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas".

Com o contexto, fica claríssimo então perceber que "fazer acepção de pessoas" significa "julgar alguém de forma mais branda ou mais severa do que outro", ou ainda "aliviar a lei para fulano ou cicrano" e isso Deus realmente não faz nem fará. E ele também condena a qualquer um que comete tal ato.

Por exemplo, digamos que você é um juiz, e vem duas mulheres diante de você. Digamos que uma é a dona de uma casa, e a outra a moradora de aluguel. A dona reclama de atraso de 5 meses no aluguel, e quer uma ordem de despejo.

Você estaria fazendo "acepção de pessoas" se, por exemplo, a moradora fosse uma loira muito linda e desse "bola" pra você e você, por causa disso, desse "causa ganha" pra ela. Você distorceria a lei contra a dona do imóvel, por causa da aparência atraente da moradora. Você não faria justiça!

O mesmo pode acontecer com outros fatores que podem distorcer a justiça humana: "Riqueza, Influencia, Fama, Beleza". E vemos isso (infelizmente) em todo lugar.

ISSO É FAZER ACEPÇÃO, e realmente Deus não faz isso! Acepção de pessoas não contradiz a eleição, porque são coisas diferentes.

Eu encontrei aproximadamente 21 textos bíblicos que falam sobre "acepção de pessoas" na Bíblia online. Faça o mesmo, e examine cada um em seu contexto pra ver se não é esse o significado de "acepção" que a Bíblia traz. Não tem nada a ver com "escolher fulano".

Portanto, o professor também errou neste ponto.

Continua na parte 2."

*O autor dessa refutação é o irmão Neto. A quem agradecemos pelo estudo, formulado de maneira clara e bíblica. E esperamos as demais partes. Não acho que Leandro Quadros leia, ou responda, mas se o fizer, postarei aqui qualquer resposta dele.
Luciano

3 comentários:

  1. Irmão Luciano, muito grato pelo espaço concedido!

    Um abraço, Deus abençoe.

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  2. Luciano,

    Parabéns pela iniciativa de abrir espaço para o Neto, que concordo com você, se expressa de forma clara e biblicamente embasada.

    Quanto aos dois pontos abordados, acrescento que Leandro Quadros acredita que a morte de Jesus, de alguma forma, anulou a incapacidade humana.

    Vou acompanhar a série, e recomendar lá no Cinco Solas.

    Em Cristo,

    Clóvis
    Editor do Cinco Solas

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  3. A Paz de Jesus Cristo esteja com vocês. Sou pentecostal e não defendo o sr. Leandro Quadros, pois creio na infalibilidade da Bíblia, dentre outras coisas. Admiro a defesa que o sr. Neto fez da crença na predestinação. Não me lembro de já ter visto algo tão bem escrito sobre o tema.
    Peço um momento da atenção dos senhores para levantar a seguinte questão que me aflige quando penso na predestinação: Se eu, por exemplo, não mato alguém apenas e tão somente porque Deus me impede através de Sua atuação em mim, me impedindo de agir de acordo com a carne (e nisso eu creio), quando Deus não faz o mesmo com um assassino, de quem é a culpa pelo assassinato? Me parece que só pode ser da "omissão" de Deus (o que eu não acredito que seja possível). Neste contesto, não seria o livre arbítrio a capacidade de permitir que Deus atue em mim e em minha vida? O pecador (o que sou, e somos todos) jamais teria a capacidade de evitar pecar, a não ser que conte com a força de Deus agindo dentro de si. Mas Deus sendo perfeito como É não forçaria essa sua santa influência em quem não quer, ou em quem prefere ignorar a Deus e cair em pecado (por decidir consciente ou - o que acontece com mais frequência - inconscientemente, não aceitar a força e influência de Deus).
    Não quero criar polêmica e sei que esse assunto é muito sério para os senhores. Mas essa minha questão também é muito séria para mim.
    O sr Neto diz: "O homem não convertido é incapaz de escolher por sí só o bem." Eu concordo totalmente. Só o salvo, que conta com Deus agindo em sua vida pode evitar o pecado, sempre usando a força de Deus, nunca a própria (ou se preferirem, sempre usando a força que Deus nos dá). Mas porque não admitir que todos os seres humanos tem o direito dado por Deus de se afastar de Deus? Se não for assim eu não entendo o motivo de tanto sofrimento neste mundo, que Deus permite sim, mas não aprova, e corrige sempre que as vítimas desse sofrimento permitem que Ele aja. A vocês todo o meu respeito e minha admiração por defenderem suas crenças de forma tão veemente.
    Fiquem com Deus.

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