quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

“MISERÁVEL HOMEM QUE EU SOU”... mas quem ME livrou?

O quê Romanos 7.24 nos ensina? Qual a natureza do regenerado? (Alguns gostam muito de destacar essa porção bíblica e nem se importam quantas vezes Paulo chamou os cristãos de santos.)

O assunto é polêmico. Vamos observar o texto de Romanos 8.2, trazendo especialmente uma observação do texto Majoritário, em relação ao pronome pessoal:

“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, TE (ME segundo o Majoritário) livrou da lei do pecado e da morte.”

Querido leitor, não faz muita diferença ter ‘ME livrou’ ou ‘TE livrou’. Porém, acho, que o fluxo da mensagem favorece o pronome pessoal na primeira pessoa. Veja que boa parte do capítulo 7 está todo na primeira pessoa. Observe os seguintes versículos: 7. 7, 8, 9, 10, 11, 13, 14, 17, 18, 20, 21, 23, 24, 25. Visto que não existe divisão na carta, a leitura do capítulo oitavo seguiria naturalmente o sete em Rm 8. 2 - ME livrou.

A experiência era pessoal. E o próprio Paulo demonstra a diferença. Mais uma observação. Ele diz no início do capítulo de número 8 ‘Agora’. Quando observamos esse uso no 7.6, nos parece justo pensar que Romanos 7.7-25 é uma explicação de Romanos 7.6 parte A, e que Romanos 8.1-17 é uma explicação de Romanos 7.6B. Issoa faria com que a experiência de Paulo, como judeu, ditaria o pensamento do texto. Ou seja, se esse meu ponto de vista estiver correto, o clamor de Rm 7.24 Paulo estaria assumindo a perspectiva judaica do assunto, debaixo da lei mosaica, sem a graça regeneradora de Deus.



Além disso, precisamos pensar alguns vocábulos doutrinários que formam um mosaico teológico para definir o que é Salvação. O que eles realmente significam na experiência do cristão? Vamos apenas ventilar o assunto, antes comentar Rm 7.24.

1) O que é Justificação? R: É quando Deus nos livra da condenação do pecado. Isso traz alguma mudança subjetiva? Pelo que podemos perceber na Escritura, isso nos concede ‘paz com Deus’ (Rm 5.1). Se eu não tenho essa paz com Deus, a aplicação subjetiva (em mim e em meu tempo por meio da fé) da obra objetiva feita na história (por Cristo na Cruz), algo pode soar estranho. Fui mesmo justificado?

2) O que é regeneração? R: É quando Deus nos livra do poder do pecado. Romanos 6 inteiro destaca que tal poder não é, nem pode ser mais, absoluto na vida de um cristão regenerado, a não ser que este queira. No versículo 13 Paulo diz algo sobre isso, quando destaca que ‘não devemos oferecer nossos membros ao pecado’. Isso denota, pelo menos, uma capacidade de serviço ao pecado bem como rejeitá-lo. Por aqui, nota-se que a impecabilidade não é garantida, visto que os crentes podem se comportar daquela maneira.

3) O que é santificação? R: É quando Deus nos livra da influência do pecado. Santificação, é uma obra divina que segundo os teólogos, pode e deve, ter cooperação do regenerado. De qualquer maneira, a santificação é um processo de livramento da experiência pecadora que o homem teve, quando não cristão, sendo um promíscuo ou não, visto que sua antiga natureza o levou a experimentar o mal. Existem lembranças reais disso, vícios, envolvimentos, investimentos, que precisam ser expurgados e dominados. Isso é a santificação.

4) O que é adoção? R: É quando Deus nos considera filhos. Ele nos livra da filiação do diabo e do pecado. Não nos trata mais como tal. Como isso afeta nossa experiência diária? Parece que para alguns, isso não faz muito diferença. Na glorificação a adoção será completada, mas isso não muda o fato do ato jurídico ser efetuado hoje.

5) O que é glorificação? R: É quando Deus nos livra da presença do pecado. Apenas nesse momento seremos como Jesus, corporalmente (1Jo 3.2). Então a impecabilidade será experimentada plenamente e diariamente. E a adoção terá sido completada.

Essas verdades teológicas me trazem espanto. Primeiro que me ensina o que sou em Adão, e o que sou em Cristo. Ao olhar dessa maneira essas questões, me sinto motivado ao louvor e engrandecer meu Deus gracioso. Não sou mais tratado como estando em Adão. Só posso dizer isso com relação a minha origem, mas não mais ao meu estado atual.

Agora sou filho de Deus, não lhe causo ódio!

5 comentários: