segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Breve perspectiva Reformada sobre o Batismo com o Espírito Santo

Introdução

A discussão sobre o Batismo do Espírito Santo é bastante recorrente entre pentecostais e reformados. Desde o início do falar em línguas, na Missão da Rua Azusa, no início do século passado, este tem sido um assunto frequente e bastante acalorado. Enquanto reformados entendem que todos salvos em Cristo são batizados com o Espírito Santo no ato de sua regeneração, pentecostais vão em outra direção e defendem o Batismo com Espírito como algo, via de regra, posterior a conversão, marcado por uma série de manifestações espetaculares, tais como a glossolalia.

A despeito dos argumentos daqueles que advogam baseados nas experiências de indivíduos e grupos, temos por certo que as Escrituras são “O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas [...]” (CFW I.IX), portanto é para ela que recorreremos com o fim de discutir esta questão sobre o Batismo com Espírito Santo.

Perspectiva Pentecostal

Definir objetivamente o que é o Batismo do Espírito Santo para os pentecostais não é uma tarefa fácil, visto que há muitas variações entre as definições dos autores. Quem partilha esta ideia é MacArthur em seu livro “Os Carismáticos”. Entretanto, Bruner (2012, p.51), depois de analisar alguns escritos pentecostais, faz a seguinte síntese sobre o tema:

As características mais importantes do modo pentecostal de entender o batismo no Espírito Santo [...] são: (1) que o acontecimento é geralmente “distinto da experiência do novo nascimento e subsequente a ele”; (2) que é evidenciado inicialmente pelo sinal de falar em outras línguas; e (3) que deve ser buscado “com sinceridade”.

Bruner (2012, p.59) também considera os resultados do Batismo do Espírito Santo nas seguintes palavras: “[...] acrescenta à fé inicial, à da conversão: (1) A habitação do Espírito no crente, ou sua plenitude e, portanto, (2) o poder para o serviço, com o equipamento, geralmente (3) dos dons do Espírito.” Para Bruner fica claro que a ênfase pentecostal está sobre o batismo no Espírito Santo, prevalecendo até mesmo sobre a própria pneumatologia. E isto os distingue dos demais seguimentos do cristianismo, ou seja, a atenção que dão para a experiência sobrenatural do enchimento do Espírito conforme descrita por Lucas em Atos (BRUNER, 2012, p.48).

Outro autor que sintetiza a visão pentecostal é Sproul (2002, p.115), o qual identifica “o batismo do Espírito Santo como a obra especial do Espírito Santo mediante a qual o crente é dotado com poder, para sua vida e serviço cristão.” Em outras palavras, é uma ação que distingue alguns crentes dos demais, fazendo-os especiais.

Portanto, para os pentecostais, o Batismo com o Espírito Santo é a repetição do evento de Atos 2.4 na individualidade de cada crente: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.” Esta é a marca distintiva dos pentecostais, a qual deve ser buscada ardentemente até que seja obtida.

Perspectiva Reformada

Diferente da visão pentecostal, a visão reformada segue na direção de não associar o batismo do Espírito Santo com algo posterior a regeneração, antes, “[...] o baptismo [sic] do Espírito é o acto [sic] pelo qual Deus nos faz membros do Corpo de Cristo.” (PACHE, 1957, p.80). Pache chega a esta conclusão analisando o texto de 1 Coríntios 12.13: “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.” Ou seja, é por um ato único do Espírito que o crente é batizado e unido ao corpo de Cristo. Este mesmo autor ainda diz: “É mais uma prova que o baptismo [sic] do Espírito refere-se não ao estado espiritual do crente, mas à sua posição. [...] o baptismo [sic] do Espírito é o acto [sic] pelo qual Deus dá ao crente a sua posição em Jesus Cristo. (PACHE, 1957, p.81). Também comentando o texto de 1 Coríntios 12.13, MacArthur (2002, p.116) afirma: “Paulo unia duas verdades essenciais aqui. Uma é a formação do corpo pelo batismo do Espírito, e a outra é a vida interior do corpo enquanto bebemos de um só Espírito.” Para este autor, a ênfase do texto Paulino está na unidade do corpo, ou seja, “[...] todos os crentes são batizados com um Espírito num só corpo.” (MACARTHUR, 2002, p.117). Porém, quando o pentecostal assume que o Batismo do Espírito é um evento diferente da regeneração, ele quebra, justamente, a unidade do Corpo de Cristo, criando duas categorias de crentes pertencentes a este Corpo, o que contraria diametralmente a ideia de 1Coríntios 12.13, como se Cristo fosse o cabeça de dois corpos parcialmente unidos, uma aberração.

Além de quebrar a união essencial do Corpo de Cristo, a ideia pentecostal de Batismo do Espírito Santo também redefine a doutrina da salvação. Sobre isto, MacArthur (2002, p.119) afirma: “Ele (o pentecostal) está dizendo que a salvação realmente não nos dá tudo o que pensamos que nos daria. Está dizendo que ainda falta alguma coisa, que precisamos de ‘algo mais’”. Podemos acrescentar a esta argumentação o questionamento de Pache (1957, p.83) “Efetivamente se eles estão em Cristo, como hão de procurar o que receberam no início da sua vida cristã?” Ele reforça o seu argumento demonstrando biblicamente que todas as referências paulinas no tocante ao Batismo do Espírito estão no passado, como um evento já realizado e comum a todos os crentes (1Co. 12.13; Cl.2.12; Gl.3.27 e Rm.6.3-4). Portanto, uma vez que o pecador é regenerado e enxertado no Corpo de Cristo, não há um novo patamar para ser galgado. Há, entretanto, algo a ser buscado pelos crentes. E é neste ponto que MacArthur acredita estar a confusão: “Continuamente converso com carismáticos e estudo os seus escritos, e torna-se cada vez mais claro que eles confundem o batismo com o Espírito, que coloca o crente no corpo de Cristo, com a plenitude do Espírito, que produz a vida cristã eficaz”. (MACARTHUR, 2002, p.122, grifo do autor). Para este autor, em Atos 2.1-4 aconteceu, em ato contínuo, duas coisas distintas, uma foi o batismo pelo Espírito e a outra foi o enchimento do Espírito capacitando-os ao testemunho poderoso, que pode ser visto na vigorosa pregação de Pedro. MacArthur (2002, p.122) resume isto da seguinte maneira: “Pentecoste foi uma experiência única. Aconteceu apenas uma vez. O crente hoje não precisa dum ‘Pentecostes’ em sua vida. Tudo o que precisa é entregar-se ao Espírito, que já está aí. Então ele terá o poder do Espírito.” O Pentecostes é um evento histórico que faz parte da história da salvação à semelhança da morte e ressurreição de Jesus. Se estes não se repetem, aquele também não tem porque repetir (MACARTHUR, 2002, p.121).
A pergunta que fica é como os pentecostais chegaram ao entendimento que têm sobre o Batismo do Espírito Santo? Os textos balizadores para os pentecostais são: Atos 2; 8.14-17; 10.44-46; 19.1-6. Sproul (2002, p.119) entende que “A suposição fundamental da teologia neopentecostal é que o propósito da narrativa bíblica é ensinar-nos o que aconteceu então, como a norma para todas as gerações de crentes.” Embora pareça ser bíblico, este entendimento denuncia um erro básico na hermenêutica pentecostal, que transforma as narrativas listadas acima em textos normativos. Além disso desconsidera o propósito do livro de Atos, que é demonstrar como o Evangelho saiu de Jerusalém e da Judeia, se propagou pela Samaria e alcançou os confins da terra (Atos 1.8). A aparente repetição do Pentecostes em Atos 8 (pentecoste samaritano), Atos 10.44-48 (pentecoste gentílico), Atos 19.1-6 (pentecoste dos discípulos de João), “[...] não são repetições do que tomou lugar no Pentecoste, como uma série que haveria de se estender indefinidamente. Em vez disso, são elementos da difusão inicial de um único e não repetitivo complexo de eventos” (GAFFIN, 2010, p.26). Este mesmo autor ainda argumenta:

Para compreender a realidade envolvida, podemos dizer que estes eventos são extensões do Pentecoste, partes da expansão ou difusão do escopo do batismo com o Espírito, ou o cumprimento da promessa do Pentecoste em estágios ou instâncias, mas sempre sob a premissa de que “extensões”, “estágios”, “expansões” são determinados e restritos em seu uso ao que teve lugar uma vez por todas por meio do ministério fundacional dos apóstolos. (GAFFIN, 2010, p.27)

Em outras palavras, a aparente repetição do Pentecoste foram apenas “estágios” fundacionais de um mesmo evento que tivera início em Atos 2 e se repetiu com o fim de confirmar para os apóstolos que o mesmo que se dera entre eles e os 120 discípulos, estava também ocorrendo entre samaritanos e gentios. Esta foi a base de argumentação de Pedro diante do Concílio de Jerusalém ao explicar o ocorrido entre os gentios na casa de Cornélio: “Pois, se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós nos outorgou quando cremos no Senhor Jesus, quem era eu para que pudesse resistir a Deus?” (Atos 11:17).
Portanto, a doutrina pentecostal do batismo do Espírito Santo como uma “segunda bênção” pós-conversão carece de uma base bíblica mais sólida e de uma hermenêutica mais acurada para se estabelecer. Para concluir esta discussão, faço minhas as palavras de René Pache (1957, p.89):

No que diz respeito a agitação, crises, tremuras, contorções, e tudo mais que, segundo alguns, acompanham o batismo do Espírito, a Bíblia não somente não fala nelas, mas afirma solenemente que Deus é um Deus de paz, de ordem, de decência e ao mesmo tempo de santidade (I Cor. 14:33,40). Se tais coisas produzem, não podem ser, portanto, vindas do Alto!

 Referências

A BÍBLIA Sagrada. Tradução João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. 2ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
A Confissão de Fé de Westminster. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.

BRUNER, Frederick D. Teologia do Espírito Santo: A experiência Pentecostal e o testemunho do Novo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.

GAFFIN, Richard B. Jr. Perspectivas sobreo Pentecostes: Estudos sobre o ensino do Novo Testamento acerca dos dons. São Paulo: Os Puritanos, 2010.

MACARTHUR, John F. Jr. Os Carismáticos: um panorama doutrinário. São José dos Campos: FIEL, 2002.

PACHE, René. A Pessoa e a Obra do Espírito Santo. Leiria: Edições Vida Nova, 1957.


SPROUL, R.C. O Mistério do Espírito Santo. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.

                                                             
 Autor: Vanderson Scherre Gomes - Colaborador do MCA

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Vídeo: Heresias Adventistas

Por que a Igreja Adventista é uma seita?
Veja cinco razões. Em vídeos posteriores, irei detalhar as informações a respeito de tais tópicos.


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Leandro Quadros, os Pioneiros Adventistas e a Trindade

Assisti atentamente um vídeo    (https://www.youtube.com/watch?v=eDgqsNcOQWQ), em que o apresentador da TV Novo Tempo, Leandro Quadros, comenta sobre um fato histórico muito interessante e constrangedor: a doutrina da trindade e os pioneiros adventistas.

Quem lê as informações adventistas sobre esse assunto pode perceber algumas ‘minimizações’ por parte do Professor Leandro Quadros, e até mesmo uma “obstrução” nas informações. Vou provar isso aqui. Menciono o tempo, o que ele disse e a informação documentada nas fontes adventistas.

1. Tempo 00:40: ‘Nem todos os pioneiros eram antitrinitarianos’Embora a pergunta que enviaram, possa ter dito isso, esse não é o ponto prejudicial, mas sim: liderança dos pioneiros adventistas, esse é um ponto regente, que Leandro não menciona. Outra coisa, o habilidoso Leandro dá a entender até que o número era equiparado, pois ele menciona pioneiros oriundos do ‘catolicismo’ (?), metodismo e batistas, e  da Conexão Cristã - sendo que apenas estes últimos não eram trinitarianos! O telespectador desavisado tem uma impressão falsa quando ouve isso.

Veja, porém, o que as fontes adventistas dizem:

“Entre 1846 e 1888, a maioria dos adventistas rejeitou o conceitos da Trindade – pelo menos na forma como a entendiam. Todos os principais escritores eram antitrinitarianos, embora encontremos referências esparsas a membros que sustentavam pontos de vistas trinitarianos. ” (A Trindade, p. 217).

“A maioria dos fundadores do adventismo do sétimo dia não poderia unir-se à igreja hoje se tivesse de concordar com as “27 Crenças Fundamentais” da denominação [...] Para ser mais específico, eles não poderiam aceitar a crença número 2, que trata da doutrina da trindade [...] Semelhantemente, a maioria dos fundadores do adventismo do sétimo dia teria dificuldade em aceitar e crença fundamental número 4, que afirma a eternidade e a divindade de Jesus [...] A maioria dos líderes adventistas também não endossaria a crença fundamental número 5, que trata da personalidade do Espírito Santo.” (Em Busca de Identidade, pp. 16,17)

O que não teve de verdade por um lado, na objeção enviada a Leandro Quadros, não teve por outro, na defesa dele... ele omitiu informações significativas.

2. Tempo 1.55: ‘Por que depois passou a crer na Trindade? Provérbios 4.18’. Leandro Quadros lança mão de um recurso muito polêmico. Ele cita Pv 4.18 que diz que a luz do justo brilha mais e mais. Porém, um adventista de nome Azenilto Brito, questiona a interpretação que Leandro Quadros defende. Veja

Basta ler o contexto de Prov. 4:18 para perceber que o assunto não é progresso de conhecimento e aprimoramento doutrinário de entidades religiosas, mas o despertar do indivíduo para a vida adulta [...]” (O Desafio da Torre, p.36 [grifo meu]).

Leandro Quadros segue a interpretação do livro Questões Sobre Doutrina, que diz:

Os adventistas do sétimo dia crêem que o conhecimento humano da verdade divina é progressivo: “A vereda aos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” (Pv 4.18). Certamente devíamos saber mais sobre a vontade e o propósito de Deus do que os justos de épocas passadas, e no futuro devemos, justificadamente, esperar maior desdobramento da verdade bíblica.” (p. 34[grifo meu]).

Vai entender quem está com a razão adventista...

Por fim, no vídeo, Leandro Quadros sugere o livro A Trindade, da editora adventista (imagem). Eu também recomendo esse livro! Por dois motivos. Primeiro é um bom livro. Em segundo lugar, oferece informações interessantes da história adventista, embora com justificativas embutidas.

Das várias curiosidades nesse livro, tem uma que faço nota aqui nessa postagem (já usei muito esse livro em outros artigos e em meu livro), na página 17 nota 4, o livro mostra que mesmo pelos idos de 1960 havia pregadores antitrinitarianos no arraial ASD, o que demonstra que o livro Questões Sobre Doutrina engana (entre outros enganos) quando disse na década de 50:

“... há menos probabilidade de alguém que mantenha posição ariana ou unitariana entrar na igreja Adventista do que em outra comunhão protestante.” (Questões, p. 66).

Como entender a Igreja de Ellen White?



terça-feira, 24 de outubro de 2017

Ivan Saraiva: A Igreja Adventista não é uma seita? – enganando ou enganado?

Ivan Saraiva disse que fica muito triste quando alguém diz que a IASD é uma seita (https://www.youtube.com/watch?v=HcwtkitTNo8). Segundo ele, seita é um grupo que ensina heresias, e isso, a IASD não faz. Ele então de forma especifica diz no vídeo alguns pontos, e logo em seguida da afirmação dele, eu demonstro prova contrária ao que ele disse nos livros fontes (livros e sites) deles mesmos:

Tempo 1:08: Que a IASD crê na santíssima trindade, “como você crê”! Isso é um engano. A IASD rejeita a Trindade como é crida pelo cristianismo clássico.

“Canale faz uma sólida defesa do seu argumento de que pelo fato de os adventistas terem se “afastado da concepção filosófica de Deus como intemporal” e terem “aceito a concepção histórica de Deus conforme apresentada na Bíblia”, eles estavam habilitados a desenvolver uma genuinamente bíblica opinião da Trindade.”
(http://centrowhite.org.br/pesquisa/artigos/ellen-g-white-e-a-compreensao-da-trindade/#texto-rodape-91

“Existem, porém, razões teológicas mais complexas para se rejeitar a doutrina clássica na Trindade. Foi assim que alguns pioneiros adventistas entenderam que a interpretação clássica da Trindade imanente era incompatível com a Trindade econômica conforme apresentada na Escritura.” (Tratado de teologia Adventista do Sétimo Dia, 168 [grifo acrescentado]).

“A única maneira de os pioneiros, em seu contexto, efetivamente separarem as Escrituras da tradição foi pelo abandono de qualquer doutrina que não pudesse apoiar-se unicamente na Bíblia. Assim, eles inicialmente rejeitaram a doutrina tradicional da Trindade, a qual claramente contém elementos não pertencentes às Escrituras. À medida que prosseguiram trabalhando com base nas Escrituras, periodicamente desafiados e estimulados pelo Espírito Santo através das visões de Ellen White, gradualmente convenceram-se de que o conceito básico de um Deus em três pessoas de fato aparece nas Escrituras." (A Trindade, p. 230)

Tempo 1:17: Ele diz que a IASD crê que “Jesus é Deus.” Mas, já que a IASD crê em seres distintos na divindade, e também distintos ‘corporalmente’, estamos diante de outro deus.

“Os primeiros adventistas rejeitavam corretamente a Trindade dos credos, que apresenta um Deus “sem corpo ou partes” e não distingue claramente as pessoas da Divindade.” (http://setimodia.wordpress.com/2011/11/03/os-pioneiros-adventistas-e-a-trindade/ )

Tempo 1:39: Ele diz que a ‘IASD sempre creu, que somos salvos pela graça’. Mesmo? No passado eles já foram legalistas sim, e quando chegar a o teste final, o selo sabático será a marca da salvação.

“O judaísmo, o islamismo, as testemunhas de Jeová o adventismo não-trinitariano inicial sempre tenderam a ressentir-se da falta de justiça divina. Foi apenas quando o adventismo começou a emergir de sua compreensão não-triniatriana da divindade de Cristo que passou a encontrar clareza na justificação somente pela graça mediante a fé.” (A Trindade, p. 284).

“Se durante as  quatro primeiras décadas de existência do movimento adventista do sétimo dia muitos de seus pregadores enfatizavam mais as doutrinas  adventistas distintivas do que as doutrinas evangélicas, a partir de 1888 essa tendência sectária e legalista passou a ser reequilibrada para uma maior ênfase na salvação pela graça mediante a fé...” [...]Como já mencionado, foi apenas a partir de 1888 que os adventistas conseguiram superar sua ênfase sectária, reequilibrando os elementos distintivos da fé adventista com os componentes básicos da fé evangélica.” (Alberto R. Timm;  Revista Novo Membro pp. 7, 8 ; Publicação especial da Igreja Adventista do Sétimo Dia; União Brasileira da IASD, Editor: Leônidas Verneque Guedes.)


De duas uma - ou Ivan Saraiva não sabia desses fatos históricos e teológicos da IASD, ou os omitiu. Prefiro acreditar na primeira opção... 

E a Igreja Adventista continua sendo uma seita.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Jonathan Edwards: Dois sinais da autenticidade do seu cristianismo

"O apóstolo Pedro diz, sobre a relação entre cristãos e Cristo: "a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória." (1Ped. 1:8).Como os versículos anteriores deixam claro, os crentes a quem Pedro escreveu sofriam perseguição. Aqui, ele observa como seu cristianismo os afetou durante essas perseguições. Ele menciona dois sinais claros da autenticidade de seu cristianismo.

(i) - Amor por Cristo. "A quem, não havendo visto, amais." Os que não eram cristãos maravilhavam-se da prontidão dos cristãos em se expor a tais sofrimentos, renunciando às alegrias e confortos deste mundo. Para seus vizinhos incrédulos, estes cristãos pareciam loucos; pareciam agir como se detestassem a si mesmos. Os incrédulos não viam nenhuma fonte de inspiração para tal sofrimento. De fato, os cristãos não viam coisa alguma com seus olhos físicos. Amavam alguém a quem não podiam ver! Amavam a Jesus Cristo, pois viam-nO espiritualmente, mesmo sem poder vê-lO fisicamente.

(ii) - Alegria em Cristo. Embora seu sofrimento exterior fosse terrível, suas alegrias espirituais internas eram maiores que seus sofrimentos. Essas alegrias os fortaleciam, possibilitando que sofressem alegremente.

Pedro nota duas coisas sobre essa alegria. Primeiro, ele nos fala da origem dela. Ela resultou da fé. "Não vendo agora, mas crendo, exultais."

Segundo, ele descreve a natureza dessa alegria: "alegria indizível e cheia de glória." Era alegria indizível, por ser tão diferente das alegrias do mundo. Era pura e celeste; não havia palavras para descrever sua excelência e doçura. Era também inexprimível quanto à sua extensão, pois Deus havia derramado tão livremente essa alegria sobre Seu povo sofredor.

Depois, Pedro descreve essa alegria como sendo "cheia de glória." Essa alegria enchia as mentes dos cristãos, ao que parecia, com um brilho glorioso. Não corrompia a mente, como fazem muitas alegrias mundanas; pelo contrário, deu-lhe glória e dignidade. Os cristãos sofredores partilhavam das alegrias celestes. Essa alegria enchia suas mentes com a luz da glória de Deus, fazendo-os brilhar com aquela glória.

A doutrina que Pedro nos está ensinando é a seguinte: A RELIGIÃO VERDADEIRA CONSISTE PRINCIPALMENTE EM AFEIÇÕES SANTAS.

Pedro destaca as emoções espirituais de amor e alegria quando descreve a experiência desses cristãos. Lembrem-se que ele está falando sobre fiéis que estavam sendo perseguidos.

Seu sofrimento purificava sua fé, resultando em que "redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo" (v.7). Estavam, assim, em condição espiritualmente saudável, e Pedro ressalta seu amor e alegria como evidência de sua saúde espiritual."

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

SENADO: o que vocês ensinam aos meus filhos?

Não compro material pirata. Tenho vários DVDs originais (de desenhos em especial), mas meus não assistem muitos filmes recém-lançados, pois esperamos passar o tempo e os DVDs ficarem mais ‘barato’. Quando o meu filho (tenho um casal) tinha 4 anos de idade, quando voltávamos de um mercado para casa, no caminho, próximo de casa, ele estava com um maxixe na mão. Perguntamos: “Filho, onde você pegou isso?” Ele disse “Estava no chão do mercado.” Com calma e tato, dissemos que não compramos e não podíamos trazer, e voltamos ao mercado, que já havia fechado, e o vigia na porta, esperando os últimos clientes encerrarem as compras. Pedi para meu filho entregar aquele legume ao segurança, mas segurando ele em meu colo, deixando ele se sentir protegido diante do que faria. Ele entregou e eu expliquei ao guarda que por estar no chão ele achou que podia pegar. Aquele segurança demonstrou no rosto que estava entendendo o que eu estava ensinando ao meu filho. Minha filha, certa vez ficou indignada em saber que um colega de classe que ela viu colando na prova, teria melhor nota que ela. “Pai isso é muito injusto!”, dizia ela a mim, após contar à minha esposa. Quando eles reclamam de alguma ação impensada e injusta de professores, sempre conversamos com eles para que fiquem quietos e respeitem os professores. Até hoje, só recebemos elogios dos professores quanto a educação e comportamento deles, embora crianças tanto quanto as outras, cujos comportamentos podem variar. Devo a isso ao padrão de moral que fé cristã bíblica exige dos pais aos filhos (Ef 6.4), o que se espera até de  pais não cristãos.

Pois bem, todas as manhãs quando levo eles à escola, lá vamos ouvindo o Jovem Pan. As notícias políticas do Brasil é apenas aquilo que percebemos hoje. Corrupção, quando muito, corrupção. Com a notícia da decisão do Senado em favor do Sr Aécio Neves e contra a decisão do STF, percebo que o Senado Brasileiro, entre outros, não possui moral alguma para dizer o que é certo ou errado nem mesmo para crianças. Piorou para os meus filhos! Deixar a política brasileira determinar o que é moral para meus filhos é jogar eles na cadeia na dissimulação, na malandragem, ou no prostíbulo. Os Senadores (não todos) institucionalizaram a corrupção de forma descarada.. Já basta a TV Brasileira (com raras exceções como o SBT) que não sobra quase nada para nossas famílias, agora cada vez mais nossas autoridades se tornam em um grupo desonrado que meus filhos não podem se espelhar - embora legalmente estejam empossados, e assim devem ser considerados.

·        Eles estão dentro da legalidade – quando corruptos possuem o poder sobre as Leis, podem ser “legais”, mas continuarão imorais!!!

Que Deus tenha misericórdia! Abra os olhos dessa nação, e que nas próximas eleições possamos mudar o que está aí no poder há décadas. Pensemos ao menos em nossos filhos, já que nós mesmos já estamos nesse lamaçal político há muito tempo.

"... quando o ímpio domina, então o povo suspira." 
(Pv 29.2,b - Atualizada Nova Edição).


terça-feira, 17 de outubro de 2017

AUGUSTUS NICODEMUS: ENTENDENDO A IDEOLOGIA DE GÊNERO


Assista essa palestra do Rev. Nicodemus, importante teólogo reformado brasileiro, sobre esse assunto tão febril em nossos dias - a ideologia de gênero.


sábado, 14 de outubro de 2017

Aos Prs Elias Soares e João Flávio: calvinismo é heresia?

Veja no vídeo abaixo uma conversa produtiva entre dois gigantes da apologética brasileira sobre diversos assuntos. A especialidade deles é a heresiologia. Ambos contribuem significativamente para a defesa da fé contra as heresias. Louvo a Deus pela vida desses irmãos. Pastores também no rebanho de Cristo. 

Infelizmente, porém, no mesmo vídeo onde adventismo e catolicismo, são mencionados, ambos os apologistas afirmaram que o Calvinismo é uma heresia. Pensemos o que vem a ser heresia e se o calvinismo se encaixa nessa definição.

Em primeiro momento, devo destacar que ambos fazem uma distinção de heresia e heresias de perdição. Creio que eles não olham para os calvinistas como campo missionário. Em segundo lugar, para mim, em particular, o termo heresia deveria ser aplicado apenas às distorções de ensinos fundamentais, cardeais da fé cristã. Concordo com Ferreira e Myatt:
“[...] devemos fazer uma distinção entre heresia e erro. A heresia é uma negação do que é essencial para a salvação, tema este que nos distingue como evangélicos. Já o erro é uma negação de algum aspecto da verdade revelada que não é essencial a salvação. Por isso, a heresia e o erro devem ser evitados, no entanto, somente a heresia deve ser considerada um obstáculo intransponível para a comunhão.” (Teologia Sistemática, [Vida Nova] p. XXV).

Por exemplo, fazer separação entre Israel e Igreja, é um ensino errado, frágil, e insensato, presente na teologia de Soares e Martinez (salvo o engano). Não sei até que ponto, o dispensacionalismo também é assumido por ambos, mas também é um desvio consistente da Escritura. Isso é heresia? Não a meu ver. Soares e Martinez talvez poderiam responder se outros ensinos dispensacionalistas são heréticos como esses que se seguem:

O dispensacionalista J. Dwight Pentecost, no Manual de Escatologia afirma a respeito da interpretação ‘correta’ do que será restaurado no milênio, segundo os dispensaccionalistas, é semelhante ao arônico, mas não necessariamente o mesmo. Existem diferenças e semelhanças. Que semelhanças são essas? J. D. Pentecost usa texto de Ezequiel e afirma: 

“Existem certas semelhanças entre os sistemas arônico e milenar. No sistema milenar encontramos o centro da adoração num altar (Ez 43.13-17), onde o sangue é aspergido (43.18), e são oferecidos holocaustos, ofertas pelo pecado e culpa (40.39). A ordem levítica é restituída, já que os filhos de Zadoque são escolhidos para o ministério sacerdotal (43.19). A oferta de manjares está incorporada ao ritual (42.13). Existem rituais prescritos para a purificação do altar (43.20-27), dos levitas que ministram (44.25-27) e do santuário (45.18). Haverá observação das luas novas e dos sábados (46.1). Sacrifícios serão oferecidos diariamente pela manhã (46.13). Heranças perpétuas serão reconhecidas (46.16-18). A Páscoa será novamente observada (45.21-15) e a festa dos tabernáculos torna-se um acontecimento anual (45.25). O ano do jubileu observado (46.17). Há semelhanças nos regulamentos dados para governar o modo de vida, o vestuário e o sustenta da ordem sacerdotal (44.15-31). O templo no qual esse ministério é executado torna-se novamente o local onde se manifesta a glória de Jeová (43.3-5). Percebemos então que a forma de adoração no milênio terá grande semelhança com a velha ordem arônica.” (Manual de Escatologia, pp. 524,525).

Embora segundo Pentecost, o que mais importa são as diferenças e não as semelhanças, mas ambas nos preocupam. Achar que por ter diferenças, torna mais sublime, é um meio de nublar toda a problemática. Até mesmo nas diferenças, algumas coisas estranhas são apresentadas. Pois sugerem até que tal Templo e sacerdócio terá um “rei-sacerdote da ordem de Melquisedeque, talvez Davi ressurreto [...]” (p. 529)!!!

O sistema sacrificial: 
Segundo os defensores desse erro, os sacrifícios serão comemorativos e não expiatórios. Diz J. D. Pentecost que nem no VT os sacrifícios eram expiatórios, pois apontavam a Cristo, assim também serão os sacrifícios no milênio dispensacional: “Que insensatez argumentar que um ritual poderia realizar no futuro o que nunca pôde ser realizar, ou realizou, ou foi projetado para realizar no passado.”(Manual de Escatologia, p. 530). Os sacrifícios, então, “serão memoriais quanto ao caráter” escreveu o dispensacionalista. Enquanto no VT era algo que apontaria para o futuro, os sacrifícios do milênio dispensacionalista, serão em retrospectiva (p. 531).

Os sacrifícios de animais durante o milênio, proposto na escola dispensacionalista, talvez guiado por Davi, exercerá uma mesma função semelhante da santa ceia. Veja: 
“o pão e o vinho da ceia do Senhor são, para o crente, símbolos e memoriais físicos e materiais da redenção já adquirida. E esse será o caso com os sacrifícios reinstituídos em Jerusalém; eles serão comemorativos, como sacrifícios antigos se davam em perspectivas.” (Manual de Escatologia, p. 532).

O que nossos apologistas acham disso? Quando comparo tais ensinos com a doutrina do Juízo Investigativo de Ellen White, creio que ela tem menos problemas com sua lenda do que os tais ensinos dispensacionalistas.

Uma pergunta importante ainda é: o calvinismo é heresia em comparação a o que? Nem Soares nem Martinez podem apontar heresias em assuntos como a doutrina de Deus, do pecado, da salvação, ou da revelação no sistema reformado. Certamente só pode ser heresia em comparação ao Arminianismo e ao Catolicismo. Nesse ponto, os nossos irmãos Elias e Martinez, seriam exclusivistas, haja vista que apenas o sistema doutrinário deles seria correto. 

O que faz o calvinismo ser herético para Elis Soares e João Flávio Martinez? Respondo: Visto que o pecado destruiu a boa intenção do homem em direção a Deus, Deus ser Soberano da extensão de sua salvação, e para realizar isso, O Espírito santo chamar irresistivelmente seus eleitos, aplicando neles os benefícios salvadores da Redenção de Cristo, visto que o mesmo morreu eficazmente pela igreja, e preservando-os em sua graça sob as exortações e santificação do Espírito!

Ambos, não são capazes ainda de notarem, que o baixo nível que os evangélicos se encontram no Brasil é devido os desvios do pentecostalismo místico (chamado de neopentecostal) ou do pentecostalismo antigo (mais legalista) e do arminianismo humanista, que impactou até mesmo igrejas reformadas, mas que agora estão sendo despertados pela força das doutrinas reformadas. Aliás, se hoje há arminianismo clássico, é mais um reação ao calvinismo do que remédio para o semi-pelagianismo que existe na mente da maioria dos evangélicos. 

Mesmo assim... assista o vídeo!






sexta-feira, 13 de outubro de 2017

A profecia Bíblica previu o avanço do ativismo gay

O que estamos vendo no Brasil e no mundo, é nada menos que um cumprimento profético. Algo estranho, é saber que por um lado o Islã é uma ameaça e em muitas alas, uma ameaça agressiva contra a Igreja de Cristo, com seus radicais massacrando os cristãos, ao cínico silêncio da mídia mundial, vejo outro extremo, o ativismo gay – que por natureza seria um absurdo oposto ao que o Islamismo defende. Mas ambos estão oprimindo a Igreja do Senhor Jesus.

Minha leitura bíblica cada vez mais me convence que temo uma clara profecia bíblica indo em vias de aumentar seus efeitos. Em Apocalipse 11 existe uma visão de “duas Testemunhas”, que os intérpretes mais conservadores e ortodoxos indicam como sendo símbolo da Igreja – autores como Russel Shedd (Escatologia do Novo Testamento, p. 60) e William Hendriksen (Mais que Vencedores, p. 155) entre outros indicam essa interpretação. Essas "duas Testemunhas" por fim serão mortas pela besta, isto é, serão massacradas pelo anticristo. Em qual terreno ele fará isso? Veja o que a profecia diz:

“E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará. E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o nosso Senhor também foi crucificado. (Ap 11.8)

Percebemos que nessa linguagem simbólica, Egito sempre foi sinônimo do império que oprimiu o povo de Deus, e Sodoma, sinônimo da perversão sexual e homossexual. Estamos sim, diante do cenário que perseguirá a Igreja. Claro, outros agentes e seguimentos, também entraram nessa furiosa perseguição. Mas o que destaco aqui, é que o que sinaliza a nós claramente, essa guerra contra a Igreja de Jesus Cristo.


Ore, batalhe, persevere, apoie e ore pelos que estão na frente da batalha, acumule vigor espiritual, pois o ‘dia mau’ se aproxima!

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

As deturpações da Nova 'Tradução' do Novo Mundo das Testemunhas de Jeová

Uma comparação detalhada, com uma conclusão flagrantemente comprometedora, que deixa os apologistas da Torre (da internet), sob condições indefensáveis!



quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Edson Reis e o enfraquecimento da doutrina de 1914 das Testemunhas de Jeová

No vídeo abaixo, de maneira objetiva, o irmão em Cristo Edson Reis, chama a atenção para uma sutil informação onde parece que a Liderança 'profética' das Testemunhas de Jeová está começando a enfraquecer em seu bojo doutrinário a lenda de que em 1914 Jesus começou a Reinar no Céu. Data essa tão cara e importante para a história da religião do Corpo Governante.


Coloco abaixo as duas imagens que ele mostra no vídeo






terça-feira, 3 de outubro de 2017

1844: O pai dos cálculos de Guilherme Miller

De onde Guilherme Miller e seu companheiro Samuel Snow, tiraram suas conclusões para a interpretação de que Jesus voltaria em 1843/1844? Havia na época um grande número de crentes e intérpretes oriundos de varias igrejas, que especulavam qualquer tipo de predições com base no livro de Apocalipse e Daniel. Esses, evidentemente, deixaram uma hermenêutica sadia, que norteava a teologia das igrejas históricas protestantes, já amadurecida na época1, enveredando-se por especulações proféticas.

Ellen White assegura que Miller chegou a essa conclusão sozinho. Ela dedica um capítulo do livro O Grande Conflito para mostrar que em outros países diversos haviam chegado a uma conclusão semelhante, como que se fosse algo divinamente direcionado. Porém, essa senhora ou estava enganada, ou engana seus leitores.

Quais são os fatos? Qual a real origem desse volume de mensageiros proféticos no século XIX?

Um ex-ancião das Testemunhas de Jeová, Carl Olof Jonsson, publicou um importante livro questionando a data profética de 1914 das Testemunhas de Jeová. É o melhor e mais profundo trabalho existente sobre o assunto.

Para levantar a origem da data de 1914, Jonsson teve que percorrer uma parte da história que nos interessa agora:

“Na longa história da especulação profética, John Aquila Brown, da Inglaterra, desempenha um papel destacado. Embora não tenha sido encontrada qualquer informação biográfica sobre Brown até agora, ele influenciou fortemente o pensamento apocalíptico de sua época. Ele foi o primeiro expositor que aplicou os supostos 2.300 anos-dias de Daniel 8:14 de forma que terminassem em 1843 (depois 1844)”2

Mesmo que desde os primeiros séculos de nossa era, rabinos judaicos preparam o terreno hermenêutico para tais interpretações3, J. A. Brow foi, segundo Jonsson, o pioneiro da interpretação que se tornara o eixo da existência adventista. A expectativa de Brown era a mesma que Miller pregou:

“Esperava-se que o segundo advento ocorreria durante o ano 1843/44, contado da primavera a primavera [setentrional] como se fazia no calendário judaico.” 4

Ainda que alguns rejeitem, Jonsson refuta a possível objeção:

“Argumentou-se que os expositores nos Estados Unidos chegaram à data 1843 como sendo o fim dos 2.300 anos independentemente de Brown. Embora isso possa ser verdade, não pode ser provado, e é interessante que O Observador Cristão, de Londres, Inglaterra, um periódico iniciado em 1802 que tratava freqüentemente de profecias, tinha também uma edição americana publicada em Boston, que publicava simultaneamente artigo por artigo da edição britânica. Portanto o artigo de Brown sobre os 2.300 anos poderia ter sido lido por muitos nos Estados Unidos já em 1810. Logo depois disso, a data 1843 começou a aparecer em exposições proféticas americanas.5

Carl Jonsson apresenta em seu livro uma cópia de um periódico de J. A. Brown, mostrando assim evidência de sua afirmação. Quem precisa agora provar ao contrário, são os adventistas para salvaguardar a versão da história que Ellen White deu.

Segundo Miller, ele entendeu o tempo de Dn 8.14 como terminando em 1843/44, - em 1818 seriam oito (8) anos após  a possível presença dos escritos de J. A. Brow em solo americano.

Portanto, diante desses fatos, mas especialmente diante dos resultados do movimento adventista, não foram os anjos que guiaram Miller em suas interpretações. Nem o Espírito Santo. Não foi uma interpretação independente, como sugere Ellen White, nem mesmo uma grande movimento mundial legitimamente bíblico. Melhor pensarmos que foi uma grande euforia mundial.

NOTAS
1. Tome como exemplo a Confissão de Fé de Westminster que norteia o pensamente presbiteriano: “XXXIII,3. Assim como Cristo, para afastar os homens do pecado e para maior consolação dos justos nas suas adversidades, quer que estejamos firmemente convencidos de que haverá um dia de juízo, assim também quer que esse dia não seja conhecido dos homens, a fim de que eles se despojem de toda confiança carnal, sejam sempre vigilantes, não sabendo a que hora virá o Senhor, e estejam prontos para dizer - "Vem logo, Senhor Jesus". Amém.II Ped. 3:11, 14; II Cor. 5:11; II Tess. 1:5-7; Luc. 21:27-28; Mat. 24:36, 42-44; Mar. 13:35-37; Luc. 12:35-36; Apoc. 22:20.” Faz parte da construção de fé Reformada aceitar a verdade bíblica de Mt 24.36. Qualquer presbiteriano/reformado que se aventurar em marcar datas para a volta de Cristo, deixa de ser bíblico, isto é, Reformado.
2. Carl Olof Jonsson. Os Tempos dos Gentios Reconsiderados, p. 37-40 [Versão em PDF: http://pt.scribd.com/doc/22871648/Carl-Olof-Jonnson-Tempos-Dos-Gentios-Reconsiderados].
3. Ibid, pp. 29,30.
4. Ibid, p. 40.
5. Ibid, p. 40.