segunda-feira, 31 de julho de 2017

Augustus Nicodemus, Ezequiel Gomes e Ellen White

A explicação de Gomes nesse vídeo (AQUI) é a mais deprimente até agora. O reconhecimento dele de que o assunto “espírito de profecia”, é um tema muito polêmico, demonstra que isso não é lá tão fácil de ser assim abordado. Daí ele fala que vai dar uma resposta a Augustus.

Pois bem, a argumentação dele é a dissimulada fachada adventista de que eles creem nos dons. Aliás, se eles com isso querem se aproximar dos que defendem a continuidade dos dons terão que apresentar apenas Ellen White! Gomes diz (aos 11 minutos) que não é verdade que o adventistas creem que apenas Ellen White teve dons, mas creem em outros também. Mesmo?

Não entendo mesmo a Torre de Babel Adventista, pois o apresentador do programa Bíblia Fácil da TV Novo Tempo, ao ser indagado se na IASD além de Ellen White existem outros com dom de profecia, o apresentador afirmou categoricamente:

Chamada por Deus, como profetisa, só Ellen G. White.” (Aos 40:40 do vídeo http://novotempo.com/bibliafacil/videos/14-bf-verao-profetas/)

Confuso isso, não?

Quem ouve um adventista dizer “nós cremos nos dons”, é engodado para um carisma exclusivo e exclusivista, apenas Ellen White. Não é sem razão que tenho dito que Ellen White é mais que uma Papisa Adventista, pois o Papa da ICAR é substituído, e pelo que sabemos, desde quando essa senhora morreu em 1915 a crença é que apenas ela manifestou sim o tal dom profético. A Crença Fundamental 18 diz:

“Um dos dons do Espírito Santo é a profecia. Esse dom é uma característica da igreja remanescente e foi manifestado no ministério de Ellen G. White. Como a mensageira do senhor, seus escritos são uma contínua e autorizada fonte de verdade e proporcionam conforto, orientação, instrução e correção à Igreja. Eles tornam claro que a Bíblia é a norma pela qual deve ser provado todo ensino e experiência.”

Como o Gomes está aqui em um contrapondo denominacional – Igreja Adventista do Sétimo dia e Igreja Presbiteriana do Brasil, vamos pesar na balança: A IPB formula sua crenças na exposição do Símbolos de Westminster. Onde ali tem o nome de algum Reformador?

Há até algumas declarações de fé, adotada pela Associação Geral Adventista, que diz que apesar de crerem na Bíblia, os escritos de Ellen White TAMBÉM, são uma orientação para ‘fé e prática’. Veja:

“A 55º Assembleia da Associação Geral realizada em Indianápolis, Indiana, em julho de 1990, não constituiu exceção. Afirmou-se: Somos gratos a Deus por nos conceder não somente as Santas Escrituras, mas também a manifestação do dom de profecia para os últimos dias na vida e obra de Ellen G. White.” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p.703)

“Consideramos o cânon bíblico encerrado. Contudo, cremos também, como o fizeram os contemporâneos de Ellen G. White, que seus escritos têm a divina autoridade tanto para o viver piedoso quanto para a doutrina. Assim, recomendamos: 1) Que como Igreja busquemos o poder do Espírito Santo para aplicar mais plenamente à  nossa vida o conselho inspirado contido nos escritos de Ellen G. White e 2) Que nos empenhemos mais para publicar e fazer circular esses escritos ao redor do mundo. Esta declaração foi aprovada e votada pela sessão da Conferência Geral em Utrecht, na Holanda em 30 de junho de 1995.” (Fonte: http://centrowhite.org.br/uma-declaracao-de-fe-no-espirito-de-profecia/)

“Nós, delegados da assembleia da Associação Geral de 2015 em San Antonio, Texas, expressamos profunda gratidão a Deus pela presença contínua dos diversos dons espirituais em meio a seu povo (1Co 12:4-11; Ef 4:11-14), sobretudo pela orientação profética que recebemos por meio da vida e do ministério de Ellen G. White (1827—1915). No ano do centenário de sua morte, alegramo-nos porque seus escritos foram disponibilizados ao redor do planeta em muitos idiomas e em vários formatos impressos e eletrônicos. Reafirmamos nossa convicção de que seus escritos são inspirados por Deus, verdadeiramente cristocêntricos e fundamentados na Bíblia. Em lugar de substituir as Escrituras, eles exaltam seu caráter normativo e corrigem interpretações imprecisas derivadas de tradições, da razão humana, de experiências pessoais e da cultura moderna. Comprometemo-nos com o estudo dos escritos de Ellen G. White em atitude de oração e com o coração disposto a seguir os conselhos e as instruções ali encontrados. Seja em oração, em família, em pequenos grupos, em sala de aula ou na igreja, o estudo combinado da Bíblia e de seus escritos proporciona uma experiência transformadora e edificadora da fé.” ( Fonte: http://www.revistaadventista.com.br/conferencia-geral-2015/declaracao-reafirma-a-confianca-dos-adventistas-nos-escritos-de-ellen-white/).

Minimizar a grande importância de Ellen White no contexto adventista, apenas na direção de que os adventistas creem nos dons, é despistar, dissimuladamente, o óbvio. A crença na inspiração em Ellen White é uma heresia. Um esforço de dizer 'que citamos ela como outros citam seus teólogos, com a diferença que cremos que ela foi inspirada'. Mas essa É A GRANDE QUESTÃO! Uma pessoa inspirada no mesmo nível dos profetas bíblicos, deve ser recebido com a mesma autoridade que a Bíblia. Simples assim. 


A interpretação dela é inspirada, que tipo de teologia poderia sobrepor a uma interprete desse tipo? ...



quinta-feira, 27 de julho de 2017

Augustus Nicodemus, Ezequiel Gomes e a Cristologia Adventista

No terceiro vídeo (AQUI), o adventista Ezequiel Gomes trata da parte que Nicodemus fala da Cristologia Adventista. Apesar de possuir uma definição doutrinária correta, para Nicodemus há dois problemas na postura doutrinária de Ellen White a respeito de Cristo – que Cristo seja o arcanjo Miguel e que teve uma natureza pecadora. Ezequiel Gomes diz que possui base bíblica para defender isso, e também cita João Calvino e Matthew Henry, como sendo alguns que defendiam tal posição. O Rev. Nicodemus rejeita essa interpretação, pronto. 

Nicodemus ventila outro assunto, a respeito da ressurreição de Moisés, etc. Daí Ezequiel sai (talvez em um tom bem alterado!) dizendo sobre o calvinismo, etc, etc. Ele defende o adventismo dizendo que Nicodemus também não têm base bíblica para dizer muitas coisas, então chega a chamar Nicodemus de “HIPÓCRITA”... Lamentamos esse descontrole, mas veremos se o Ezequiel Gomes vai suportar algumas coisas que vou apresentar aqui. (Não vou me ater ao que ele diz a doutrina do decreto do calvinismo, caso queira tenho algumas informações AQUI.)

Jesus Miguel, a herança ariana adventista. Como sabemos a cristologia adventista do início da suposta igreja verdadeira remanescente, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, foi bem mais herética do que podemos ver hoje.

“[os adventistas] nem sempre, porém, aceitaram a doutrina cristã histórica da Trindade. Nas primeiras décadas eles rejeitaram como antibíblica, católica romana, contrária à razão, a qual impunha uma cristologia de dupla natureza que parecia negar a expiação divina. Por terem sido no passado membros da Conexão Cristã, Tiago White (1821-1881) e José Bates (1791-1872) entre outros, seguiam uma forma de arianismo quanto à origem pré-encarnacional de Cristo. Alguns consideravam Cristo um ser criado; a maioria uma emanação do Pai. Não lhe negavam o direito, porém, a divindade nem o direito de ser chamado de Deus e ser adorado como tal.” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 223,224).

A maioria dos fundadores do adventismo do sétimo dia não poderia unir-se à igreja hoje se tivesse de concordar com as “27 Crenças Fundamentais” da denominação [...] Para ser mais específico, eles não poderiam aceitar a crença número 2, que trata da doutrina da trindade [...] Semelhantemente, a maioria dos fundadores do adventismo do sétimo dia teria dificuldade em aceitar e crença fundamental número 4, que afirma a eternidade e a divindade de Jesus [...] A maioria dos líderes adventistas também não endossaria a crença fundamental número 5, que trata da personalidade do Espírito Santo.” (Em Busca de Identidade, pp. 16,17).

Como estava Ellen White nisso tudo? É um fato que ela se manifestou mais para o lado ortodoxo após a morte do seu marido semi-ariano. Se ela foi ou não trinitariana, antes, não se há tanta certeza, mas seus escritos posteriores apresentam um forma diferente de ver a Cristo, em comparação com os primeiros 40 anos dos Adventistas. Bem, uma profetisa calada mesmo...

“Ellen White foi uma das poucas pessoas entre os líderes pioneiros adventistas que não era agressivamente antitrinitariana. Conquanto isso seja verdade, também é fato que suas antigas declarações não são claras quanto ao que cria.” (Questões Sobre Doutrina, p. 71, nota).

“Será que ela mudou de uma visão semi-ariana para uma trinitariana, ou mantinha privadamente uma opinião trinitariana todo tempo? Não é possível apresentar uma resposta taxativa a este respeito.” (A Trindade, p.239).

A crença que Jesus era Miguel, é um resto desse aborto herético, não que houve alguma base deles na interpretação equivocada de outros autores, mas sim que a maneira de dizer que Jesus era um anjo, era a melhor maneira de negar a divindade absoluta de Cristo. Uma vez abandonada a postura ariana ou semi, ficaram ainda com esse um ‘remanescente’ desse pensamento. Engraçado que no fim  da citação acima, é dito que eles, os pioneiros, não lhe negava o direito de ser adorado – então se esse Cristo era uma criatura ou emanação do Pai, eles por sua vez adoraram uma criatura?

Mas será que mudou mesmo realmente para o Trinitarismo Clássico, Ortodoxo, Bíblico? Não!!! Outro problema na cristologia adventista, e aqui sim, lamento que o Rev. Agustus não tenha trabalhado, é que até hoje eles não possuem a mesma compreensão da divindade essencial de Cristo como possuem as igrejas históricas (como eu provo nesse artigo AQUI). Embora usem os dois lados da boa para falarem que sim!! Veja mais uma vez a prova dessa duplicidade:

“I EM HARMONIA COM OS CRISTÃOS CONSERVADORES E OS CREDOS PROTESTANTES HISTÓRICOS, CREMOS: [...] 2 Que a Divindade, a Trindade, compreende Deus o Pai, Cristo o Filho e o Espírito Santo.” (Questões Sobre Doutrina, p. 50[grifos acrescentados). Essa afirmação, viera a ser uma falsa informação.

“A declaração de Ellen White não só descartava o erro básico incluído na primitiva cristologia adventista e na doutrina de Deus, a saber, o subordinacionismo temporal do Cristo preexistente, mas também da doutrina clássica (Dederen, 13) que envolvia a eterna e ontológica* subordinação do Filho.” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 169 [* Notem que aqui é uma falsificação da interpretação cristã, não é isso que cremos!!]).

Ou seja, o problema na cristologia adventista envolve que Jesus não é gerado, e pior, e ele existe essencialmente distinto do Pai. Mais informações acessem o link que apontei.

Jesus com natureza pecaminosa – Aqui envolve mais uma daquelas complexidades. Me lembro quando fui ler sobre esse assunto, percebi que havia duas frentes no adventista, desbocando numa tal doutrina deles de uma “última geração”. Nem vou perder tempo agora. E embora o Sr Ezequiel diz que Augustus não diz tudo sobre o assunto, ele mesmo apresenta uma sentença para resolver a questão. Além disso, Nicodemus ficou apenas na informação, de que se Jesus tiria natureza pecaminosa, ele não disse que os adventistas crêem que Jesus pecava, como o Ezequiel acusa que Nicodemus tenha dito. 

Mas o que dizer desse assunto - o adventismo ensina que Jesus tenha uma natureza pecadora? Resumo aqui de forma simples: Ainda que já houve expressões dos dois lados, Ellen White jamais disse que Jesus pecou. Mas tanto disse que Jesus tinha e não tinha uma natureza que recebeu o pecado como punição. Essa confusão toda, o autor e historiador adventista George Knight, diz nas notas do livro Questões Sobre Doutrina:

“[...] é muito mais difícil justificar a apresentação e a manipulação de dados dos delegados adventistas sobre a natureza humana de Cristo.” (p.14).

“alguém pode apenas especular sobre o diferente curso da história [...] se Froom e seus associados não tivessem sido divisivos na sua manipulação das questões relacionadas à natureza humana de Cristo [...]” (p. 21).

Knight após citar algumas afirmações confusas de Ellen White a respeito da natureza pecaminosa de Cristo, e compará-las ao que os autores de QSD disseram e apresentaram, ele afirma honestamente: 

Essas citações, como se poderia esperarforam deixadas de fora da compilação de Questões Sobre Doutrina.” (p. 438).


Assim, o Rev Nicodemus teria que fazer doutorado em Torre de Babel, para entender toda essa salada presente na cristologia adventista da Nossa Senhora Adventista de Todos os Sonhos

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Augustus Nicodemus, Ezequiel Gomes, e o 'inclusivismo' adventista

Nesse segundo vídeo (AQUI), Ezequiel Gomes explora o que Nicodemus expôs sobre a identidade exclusivista do adventismo. Embora posso dizer que Augustus errou em dizer que esse exclusivismo é salvífico, isto é: quando ele afirmou que se somente os adventistas são salvos, e sendo que a IASD não tem nem 200 anos, então antes não havia salvação, foi de fato um erro. Ele concluiu, não extraiu, essa informação. [Outro erro de Nicodemus foi achar que quando Ellen White falou que ‘Babilônia’ nega a existência de Cristo antes do seu nascimento, ACHO que ela não está falando de uma negação do surgimento da pessoa humana de Cristo, mas da negação que ele tenha vindo do céu. Talvez nesse ponto ela esteja atacando alguma rejeição ‘liberal’ (se o anacronismo me salvar agora!)]

Porém, o equívoco do Rev Augustus está na falta de sintonia entre o que e ele (biblicamente) pensa, com o que o adventismo pensa a respeito da identidade da igreja. Você notará que a principio, a questão parece que Ezequiel Gomes causa um grande prejuízo à aula de Nicodemus, mas à medida que vermos as tramas por debaixo desse tapete, notará que essa resposta de Gomes não foi assim tão acachapante quanto parece. Preste bem atenção nas informações que você verá agora

A IGREJA REMANESCENTE E A SALVAÇÃO: Duas coisas você precisa saber –  Em primeiro lugar, quando o Adventismo fala de Igreja Verdadeira, Igreja Universal, e que nessa igreja está todos os que creem em Cristo, podendo ser de todas as igrejas existentes, é uma forma de maquiar algo sutil. Tais pessoas dessas igrejas serão salvas, pois elas são 1. inocentes em relação à mensagem adventista e 2. estão servindo a Deus com sinceridade com a luz que receberam! Esse é o primeiro ponto. Eles jamais dizem que a Igreja ‘fulana de tal’ é uma Igreja verdadeira, mas que ali tem cristãos verdadeiros. Por que não? Entra o segundo ponto. Para eles, igreja visível verdadeira é apenas a Igreja Adventista do Sétimo Dia.        
                              Ok? Entendeu?

Na compreensão bíblica de Nicodemus, essa distinção dentro de igrejas visíveis não existe, isto é - de igreja visível verdadeira ser uma denominação. A compreensão de Nicodemus é que as igrejas que professam a fé evangélica, tais igrejas são verdadeiras. E igreja invisível é o coletivo dos que realmente são convertidos nessas igrejas visíveis verdadeiras (Confissão de Fé de Westminster, Cap. XXV). Para Nicodemus, e ele está com a Bíblia, o Remanescente Fiel é a Igreja Invisível (Veja:  https://www.youtube.com/watch?v=qMpLsLKkaQI&spfreload=5 ). Daí, em partes, mora o equívoco da avaliação de Nicodemus nessa parte, a falta de sintonia entre o que ele pensa biblicamente e o que adventismo pensa.

O adventista Ezequiel Gomes apresenta uma objeção no seu segundo vídeo que apenas maquiou. Perceba que ele citou o livro Teologia do Remanescente, foi dito sobre a igreja universal, não da igreja visível! Como eu não tenho em mãos o tal livro não posso fazer uma avaliação maior, mas pressuponho que esse é o caso, com base no que conheço de todas as obras adventistas. Veja a crença oficial adventista e note a sutileza da identidade igreja universal e igreja remanescente:


  • 12. A Igreja: A Igreja é a comunidade de crentes que confessam a Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Em continuidade do povo de Deus nos tempos do Antigo Testamento, somos chamados para fora do mundo; e nos unimos para prestar culto, para comunhão, para instrução na Palavra, para a celebração da Ceia do Senhor, para serviço a toda a humanidade, e para a proclamação mundial do evangelho. A Igreja recebe sua autoridade de Cristo, o qual é a Palavra encarnada, e das Escrituras, que são a Palavra escrita. A Igreja é a família de Deus; adotados por Ele como filhos, seus membros vivem com base no novo concerto. A Igreja é o corpo de Cristo, uma comunidade de fé, da qual o próprio Cristo é a Cabeça. A Igreja é a noiva pela qual Cristo morreu para que pudesse santificá-la e purificá-la. Em Sua volta triunfal, Ele a apresentará a Si mesmo Igreja gloriosa, os fiéis de todos os séculos, a aquisição de Seu sangue, sem mácula, nem ruga, porém santa e sem defeito [...] 13. O Remanescente e Sua Missão: A Igreja universal se compõe de todos os que verdadeiramente crêem em Cristo; mas, nos último dias, um tempo de ampla apostasia, um remanescente tem sido chamado para fora, a fim de guardar os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Este remanescente anuncia a chegada da hora do Juízo, proclama a salvação por meio de Cristo e prediz a aproximação de Seu segundo advento. Esta proclamação é simbolizada pelos três anjos de Apocalipse 14; coincide com a obra de julgamento no Céu e resulta numa obra de arrependimento e reforma na Terra. Todo crente é convidado a ter uma parte pessoal neste testemunho mundial. 

Além disso, as citações de Ellen White feitas pelo Rev Augustus Nicodemus não foram refutadas, apenas qualificadas com a visão dúbia adventista. Ele citou uma Revista Adventista, mas as mesmas afirmações podem ser encontradas no livreto A Igreja Remanescente:

As igrejas denominacionais caídas é que são Babilônia. Babilônia tem estado a promover doutrinas venenosas, o vinho do erro. Esse vinho do erro e composto de doutrinas falsas, tais como a imortalidade natural da alma, o tormento eterno dos ímpios, a negação da existência de Cristo antes de Seu nascimento em Belém, a defesa e exaltação do primeiro dia da semana acima do santo e santificado dia de Deus. Estes erros e outros semelhantes são apresentados ao mundo pelas varias igrejas, e assim se cumprem as Escrituras que dizem: ‘Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição.’ E uma ira criada por doutrinas falsas, e quando reis e presidentes sorvem esse vinho da ira da sua prostituição, enchem-se de ódio contra os que não concordam com as heresias falsas e satânicas que exaltam o sábado falso, e levam os homens a pisarem a pés o monumento de Deus.” A Igreja Remanescente, p.51.

Ellen White ainda diz incisivamente:

“Não podemos adotar outro nome mais apropriado do que esse que concorda com a nossa profissão, exprime a nossa fé e nos caracteriza como povo peculiar. O nome Adventista do Sétimo Dia e uma continua exprobração ao mundo protestante. E aqui que esta a linha divisória entre os que adoram a Deus e os que adoram a besta e recebem seu sinal.” A Igreja Remanescente, p. 58.

Mas ( aos 11:25 do vídeo) Gomes cita Ellen White, dizendo que o Nicodemus não presta muita atenção no que ele lê, já que Nicodemus disse que leu o livro, então Ezequiel Gomes lê um trecho do livro O Grande Conflito, para demonstrar que Ellen White não ensina aquilo que Nicodemus diz que os adventistas dizem:

Apesar das trevas espirituais e afastamento de Deus prevalecentes nas igrejas que constituem Babilônia, a grande massa dos verdadeiros seguidores de Cristo encontra-se ainda em sua comunhão (p.390).

Uau!!! Mas, perceba no contexto do parágrafo do Grande Conflito, o que eu disse acima sobre a distinção que eles fazem, apenas para maquiar o proselitismo, e a parte que Ezequiel Gomes não leu no vídeo. Vou deixar em azul o que ele leu, em vermelho o que ele não leu:

Apesar das trevas espirituais e afastamento de Deus prevalecentes nas igrejas que constituem Babilônia, a grande massa dos verdadeiros seguidores de Cristo encontra-se ainda em sua comunhão. Muitos deles há que nunca souberam das verdades especiais para este tempo. Não poucos se acham descontentes com sua atual condição e anelam mais clara luz. Em vão olham para a imagem de Cristo nas igrejas a que estão ligados. Afastando-se estas corporações mais e mais da verdade, e aliando-se mais intimamente com o mundo, a diferença entre as duas classes aumentará, resultando, por fim, em separação. Tempo virá em que os que amam a Deus acima de tudo, não mais poderão permanecer unidos aos que são "mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela".O capítulo 18 do Apocalipse indica o tempo em que, como resultado da rejeição da tríplice mensagem do capítulo 14:6-12, a igreja terá atingido completamente a condição predita pelo segundo anjo, e o povo de Deus, ainda em Babilônia, será chamado a separar-se de sua comunhão. Esta mensagem é a última que será dada ao mundo, e cumprirá a sua obra. Quando os que "não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade" (II Tess. 2:12), forem abandonados para que recebam a operação do erro e creiam a mentira, a luz da verdade brilhará então sobre todos os corações que se acham abertos para recebê-la, e os filhos do Senhor que permanecem em Babilônia atenderão ao chamado: "Sai dela, povo Meu." Apoc. 18:4.

Não é sem razão que o Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, diz:

“Creem que seu movimento seja o único a apresentar as condições especificadas nesses versos de Apocalipse 12.17. Apesar disso, repudiam enfaticamente a ideia de que somente eles pertençam ao número dos filhos de Deus. Para os adventistas, todos quantos adoram a Deus segundo o que entendem ser Sua vontade pertencem a Ele e são membros potenciais do último remanescente. Não obstante, a ele foi confiada a tarefa de chamar homens e mulheres de toda a parte para adorarem ao Criador, em vista da proximidade da hora do juízo, e advertir contra ceder à grande apostasia escatológica predita em Apocalipse 13 [...] os adventistas continuam a manter esses pontos de vista.”

Para finalizar, vou invocar um pastor adventista que talvez é o que é menos “marketeiro da boa vizinhança” para elucidar melhor o que eu estou dizendo aqui, embora hoje ele seja apresentador da TV Novo Tempo, que segue um apetite expansionista usando um proselitismo menos agressivo, mas esse pastor adventista é bem radical em suas abordagens. 

Com a palavra, Luiz Gonçalves. Não deixe de assistir!!! 




Portanto, Nicodemus não errou no sentido criticado por Ezequiel Gomes, ele apenas julgou à luz de sua compreensão, uma teologia maquiavélica, dissimulada.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Augustus Nicodemus, Ezequiel Gomes e o Solus Espantalhus...

O Rev. Augustus Nicodemus deu um estudo em sua igreja, apresentando sua opinião a respeito do adventismo. É nítido seu interesse pastoral em proteger a advertir o rebanho que está em sua responsabilidade. O sermão no geral foi bom dentro da proposta (parece-me uma aula na EBD), com alguns equívocos, porém com poucos erros. Ele não precisa ser Dr em Adventismo para pastorear sua igreja a respeito dos perigos que essa seita possui contra as igrejas presbiterianas, e demais evangélicas também, e as breves ponderações que fez, foram suficientes para trazer à baila pontos discordantes. Afinal, ele devia por direito exprimir sua opinião e dar direcionamento aos irmãos de sua congregação local, e o fez de maneira clara e objetiva. Claro, que por não ser alguém que ficou anos estudando o Adventismo, era natural alguns equívocos ou até mesmo erros.

Infelizmente, por não se inteirar de mais assuntos, outros tão problemáticos do Adventismo, o Rev Nicodemus acabou não mencionando, talvez não saiba, a diferença da Trindade Adventista com a Trindade Clássica, que eu provo AQUI sem nenhuma contestação, bem como ele também não falou a respeito da negação da inerrância bíblica, que o adventismo também mantém (AQUI). 

Daí, um Adventista de nome Ezequiel Gomes (ex-pastor adventista AQUI), produziu, e ainda está, refutações em seu canal do Youtube (AQUI), ao que o Rev Nicodemus falou ali em sua igreja. Me atentarei ao que ele disse nesses vídeos para vermos se o espantalho é mesmo totalmente de palha.

1º VÍDEO: Não ter domínio do pensamento adventista. O primeiro vídeo, Ezequiel Gomes disse que embora Nicodemus tenha falado coisas que são até corretas da história adventista, ele erra em muitas avaliações do adventismo, chegando a dizer que ele (Nicodemus) atribui a eles, os adventistas e Ellen White, coisas que esses não dizem.

O grande problema aqui, não é que o Rev. Augustus tenha dito o que eles supostamente não dizem, (embora é verdade que o ilustre reverendo tenha se equivocado, em um ou outro momento). Mas o grande problema, é que o “adventismo fala com os dois lados da boca coisas”, dizia Natanael Rinald. O adventismo fala o que não diz, e diz quando não fala. Quando Ezequiel Gomes diz que o Rev. Nicodemus não é capaz de caminhar com as complexidades da teologia adventista, o que deve ser dito é que tais complexidades é um emaranhado babilônico sem tamanho. Qualquer que se dá ao luxo de ler a história adventista, perceberá isso.

Caso o rev. Augustus tratasse dessas complexidades, ele teria que deixar de estudar o NT para gastar um longo tempo para se inteirar das raízes da teologia e história adventista, e isso levaria anos. E visto que ele estava dando uma aula de uma hora na EBD, considerando todos os tipos de pessoas e interesses que há em um auditório como esse, não precisaria disso. Veja, eu somei os cinco vídeos de Ezequiel Gomes, até agora deu um total de uma hora e vinte e seis minutos (1:26:00) , de avaliação, para 30 minutos palestra do rev. Nicodemus! Portanto, o que foi posto pelo pastor presbiteriano em na igreja não visava nenhuma exposição tão exaustiva.

Eu tenho várias provas desse emaranhado dúbio na boca adventista, vou mostrando à medida que avaliar os vídeos de Ezequiel. Mas por hora vou mostrar um. No famigerado e dissimulado livro adventista, Questões Sobre Doutrina, os autores adventistas disseram a alguns questionares apologistas evangélicos:

“Alguns continuam extrair citações extraídas de nossas publicações mais antigas, há muito obsoletas, e que não mais são impressas. Citam-na determinadas declarações, frequentemente torcidas e descoladas do contexto, de modo a darem uma descrição totalmente desvirtuada das crenças e ensinos que a Igreja Adventista do Sétimo Dia hoje sustenta.” (p. 58).

No afã de se livrar das implicações históricas que os pais espirituais adventistas, os pioneiros eram antitriniarianos, eles disseram isso. Porém, veja o que a Profetisa Adventista diz a respeito deles, que eram “obsoletos”:

“Quando o homem vier mover um alfinete do nosso fundamento o qual Deus estabeleceu pelo seu Santo Espírito, deixem os homens de idade que foram os pioneiros no nosso trabalho falar abertamente, e os que estiverem mortos falem também, reimprimindo os seus artigos das nossas revistas. Juntemos os raios da divina luz que Deus tem dado, e como Ele guiou seu povo, passo a passo no caminho da verdade. Esta verdade permanecerá pelo teste do tempo e da experiência.”(www.adventistas.com/dezembro2005/diagnostico_iasd.htm (24 de Maio de 1905 - Manuscript Release Vol. 1 pág. 55.).

Daí, claro, entra em campo a equipe apologética para tentar justificar aqui ou ali as diferenças e nuanças. Claro Ezequiel Gomes, muita complexidade nisso tudo, não é mesmo? A quem ouvir afinal a Ellen White, ou aos autores de Questões? Nicodemus não tinha condições de perceber todo esse emaranhado... aliás, se até Donald Banhouse e Walter Martim tropeçaram ao avaliar as informações adventistas, não seria de estranhar em outros com o mesmo calibre.

REPRESENTANDO BEM O PENSAMENTO CALVINISTA: Ezequiel Gomes, critica Augustus por dizer aquilo que eles, adventistas, não dizem. Mas por sua vez, Ezequiel Gomes nos dá uma demonstração exata de como se faz isso. Aos 9 minutos do vídeo 1, ele diz que no pensamento calvinista não é a fé em Cristo que salva, mas sim o decreto eterno, é a eleição incondicional. Daí ele em tom de descaso diz que pensamos sobre a fé e rendição a Cristo, como sendo apenas acessório sem tanta importância. Ok, como o Rev Nicodemus é um pastor presbiteriano, vamos ver o que a Igreja dele diz oficialmente a respeito da salvação e do decreto da salvação:

Catecismo Maior de Westminster: 13. Que decretou Deus especialmente com referência aos anjos e aos homens? Deus, por um decreto eterno e imutável, unicamente do seu amor e para patentear a sua gloriosa graça, que tinha de ser manifestada em tempo devido, elegeu alguns anjos para a glória, e, em Cristo, escolheu alguns homens para a vida eterna e os meios para consegui-la; e também, segundo o seu soberano poder e o conselho inescrutável da sua própria vontade (pela qual Ele concede, ou não, os seus favores conforme lhe apraz), deixou e predestinou os mais à desonra e à ira, que lhes serão infligidas por causa dos seus pecados, para patentear a glória da sua justiça. I Tim. 5:21; Ef. 2A0; II Tess. 2:13-14; 1 Pedro 1:2; Rom. 9:17-18, 21-22; Judas 4; Mat. 11:25-26.32. Como é manifestada a graça de Deus no segundo pacto? A graça de Deus é manifestada no segundo pacto em Ele livremente prover e oferecer aos pecadores um Mediador e a vida e a salvação por Ele; exigindo a fé como condição de interessá-los nEle, promete e dá o Espírito Santo a todos os seus eleitos, para neles operar essa fé, com todas as mais graças salvadoras, e para os habilitar a praticar toda a santa obediência, como evidência da sinceridade da sua fé e gratidão para com Deus e como o caminho que Deus lhes designou para a salvação. Gen. 3:15: Isa. 4:3-6; João 326, 6:27; Tito 2:5; 1 João 5:11-12; João 3:36, 1:2; Prov. 1:23; Luc. 11:13; 1 Cor. 12:3, 9; Gal. 5:22-23; Eze. 34:27; Tiago 2:18, 12; II Cor. 5:14-15; Ef. 2:10.

Desconheço a afirmação que é a eleição que salva. Fomos eleitos para a salvação, não que a eleição salva. Não foi a doutrina que morreu na cruz, mas a Pessoa do Redentor (At 4.12). Me parece que biblicamente a eleição é uma garantia a qual Deus fará que os eleitos por fim virão a Cristo (Jo 6.44). Talvez, alguém possa até usar tais termos, assim como quando se diz que “a fé salva”, é uma forma de dizer que é o meio, de receber a Cristo, assim como a eleição é a garantia de encontrá-lo, não que a fé em si mesmo teria poder de salvar.

MAIS CONFUSÃO: Ezequiel nesse mesmo minuto (9) diz que a “IASD é arminiana” e a IPB calvinista, daí mora o grande problema da palestra de Nicodemus. Penso que esse seria um problema arminiano, mas seria bom saber se os arminianos clássicos vêem a doutrina do Juízo de 1844, bem como o selo sabático escatológico, como algo que não comprometeria o arminianismo com as doutrinas adventistas a ponto de realmente serem acolhidos nessa escola doutrinária? Algo que não compete a mim. 

No entanto, a confusão nisso está no seguinte. O já mencionado livro Questões Sobre Doutrina, os autores desse livro dizem:

“A Igreja Adventista do Sétimo Dia não é calvinista nem totalmente arminiana em sua teologia” (pp 293,294).

Agora vai entender toda essa complexidade não é mesmo Ezequiel Gomes? Até mesmo o autor das notas estranhou essa afirmação. Mas cito aqui apenas para mostrar que não é tarefa tão fácil trabalhar o adventismo. Parece a Torre de Babel.


Na avaliação dos vídeos específicos vamos ver onde o Pr. Nicodemus, realmente falhou, ou foi também pego nessa dúbia teologia adventista, ou se a apologética de Ezequiel está levantando algum espantalho (Não estou com pressa, e nem farei essas postagens em sequencia). 

quarta-feira, 19 de julho de 2017

NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE O PROCESSO DO TEÓLOGO ADVENTISTA AZENILTO BRITO CONTRA O CACP

Publico aqui em meu blog, um desfecho pelo qual me alegrei e orei. Não sei ainda se será ou não o fim desse litígio, mas no momento, fiquei feliz com essa decisão, pois é um a absurdo, a meu ver, em um debate teológico de cunho apologético, em que se usa de recursos de retóricas e desdobramentos diversos, alguém processar outro por calúnia em busca de "recurso$". Por que não exigiu apenas uma retratação pública? Ainda que houvesse tal calúnia, me parece que seria um caminho melhor. 


Talvez você se pergunte: o que o Luciano tem haver com isso? Simplesmente o mesmo exercício do direito que o CACP, e até mesmo os que criticamos tem - o de discordar de outros!!

Felicito junto ao CACP, essa vitória. E que os irmãos, Pr João Flávio Martinez e Pb Paulo Cristiano, e os demais colaboradores do CACP, continuem firmes, na batalha pela fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos (Jd 3,4)!


"NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE O PROCESSO DO TEÓLOGO ADVENTISTA AZENILTO BRITO CONTRA O CACP

Tendo sido o CACP processado judicialmente por artigos publicados neste site nos idos de 2007/2008, envolvendo respostas e réplicas de cunho teológico ao Sr. Azenilto Brito da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ele, por sua vez ingressou com referido processo contra o CACP no ano de 2011 pleiteando indenização por danos morais e obtendo êxito em primeira instância, razão pela qual interpusemos recurso de apelação n.1.0024.11.198667-5/001 a qual tramitou pela 12a Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, o qual foi provido em favor do CACP reformando-se a injusta sentença, por decisão unânime dos três desembargadores que participaram do julgamento, a saber: Des. Relator Saldanha da Fonseca, Desembargadores Vogais: Domingos Coelho e João Flavio de Almeida.
Mais uma vez prevaleceu o bom senso e a justiça como era esperado pelo CACP."
http://www.cacp.org.br/nota-sobre-o-processo-de-um-adventista-contra-o-cacp/

sábado, 1 de julho de 2017

10 VERSÍCULOS BÍBLICOS CONTRA A TRINDADE - SERÁ?

Por Bruno Queiroz
Muitas objeções têm sido levantadas contra o ensino bíblico da Santíssima Trindade, algumas delas apelam para textos da Bíblia que supostamente ensinariam que Deus não é trino, que Jesus é inferior ao Pai e que o Espírito Santo é o poder de Deus em ação. Tratemos dessas passagens:

 1: “Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor. ” - Deuteronômio 6:4
       Segundo este versículo Deus é Um e não Três. De fato, o texto ensina que há um só Deus e que Deus é um só. Mas é exatamente nisso que creem os trinitários. Temos o cuidado de distinguir as “pessoalidades” da “natureza”. Deus é Três apenas em relação às pessoalidades, no entanto em relação a natureza Deus é absolutamente Um, uma unidade absoluta, não composta por partes, nem dividida entre três pessoas. É falsa a ideia que se propaga por aí de que os trinitários negam que há um só Deus e que Deus é um só. A doutrina da Trindade entende que só existe um único Ser que possui natureza divina e que essa natureza é uma unidade absolutamente simples.

 2: “O Senhor me criou, como primícia de suas obras, desde o princípio, antes do começo da terra. ” -Provérbios 8:22
       Alega-se que a Sabedoria Personificada neste texto seja Jesus, que apresenta-se como a primeira criatura de Jeová. No entanto lendo o contexto (Provérbios 8 – 9) fica claro que não se pode aplicar todas as propriedades da Sabedoria personificada a Jesus: “A personificação do divino atributo da sabedoria começa no capítulo 1: “Grita na rua a sabedoria, nas praças levanta a sua voz” (v. 20). No capítulo 3, é-nos dito que ela “mais preciosa é do que pérolas” e “os seus caminhos são... paz” (vs. 15 e 17). No capítulo 7 ela é chamada “irmã” (7:4); e no capítulo 8, a sabedoria mora junto com a prudência (8:12).”1 Provérbios 9 ainda diz que a Sabedoria construiu uma casa, ergueu sete colunas, matou animais e preparou uma refeição (vv.1-2). Com isso não se nega que o texto se aplique homileticamente a Jesus, o que se está em questão é que como o texto faz uso de uma figura de linguagem, alguns elementos são puramente metafóricos e aplicam-se apenas a uma personificação de uma manifestação específica de um atributo divino. Isso também fica claro pelo fato da Sabedoria de Deus não poder ter sido criada, pelo contrário a sabedoria é um atributo eterno de Deus (cf. Isaías 40.28). Desse modo, o texto pode estar apenas apresentando “uma manifestação específica da eterna sabedoria de Deus em Cristo na obra da criação” 2. O texto também não indica necessariamente que a Sabedoria foi criada, de acordo com o teólogo Wayne Grudem: “A palavra hebraica que geralmente significa "criar" (bãrã') não é usada no versículo 22; a palavra é qãnãh, que ocorre oitenta e quatro vezes no Antigo Testamento e quase sempre significa "obter, adquirir". A Almeida Revista e Atualizada é mais clara aqui: "O Senhor me possuía no início de sua obra" (Semelhante Á Versão King James; repare esse sentido da palavra em Gn 39.1; Ex 21.2; Pv 4.5, 7; 23.23; Ec 2.7; Is 1.3["possuidor"]. trata-se de um sentido legítimo e, se a sabedoria for compreendida como uma pessoa real, significaria apenas que Deus Pai começou a dirigir e a fazer uso da potente ação criadora de Deus Filho no momento do início da Criação: o Pai convocou o Filho a trabalhar com ele na obra da criação. A palavra "gerado" nos versículos 24 e 25 é um termo diferente, mas poderia carregar significado semelhante: o Pai começa a dirigir e a fazer uso da potente ação criadora do Filho na criação do universo.”3

 3: “Mas tu, Belém-Efrata, embora sejas pequena entre os clãs de Judá, de ti virá para mim aquele que será o governante sobre Israel. Suas origens estão no passado distante, em tempos antigos. ” - Miquéias 5:2
       Esse texto claramente mostra Jesus como tendo uma origem antiga, num passado distante – indica isso que ele foi criado a muito tempo? Algumas traduções sugerem que o texto esteja dizendo que o menino Jesus que nasceria em Belém teria uma origem genealógica que remontaria a tempos antigos. No Evangelho de Lucas a genealogia do menino Jesus vai até Adão e Deus (Lucas 3.23-38). Assim Miqueias 5.2 pode perfeitamente estar se referindo às origens humanas, isto é genealógicas de Jesus, já que o texto fala do nascimento dele em Belém.A Tradução Interconfessional mostra o sentido genealógico: "ele descende duma família, cuja origem vem dos tempos mais antigos." Esse sentido é fortalecido pelo contexto que fala de nascimento (v.3). Assim é provável que o texto fale da origem genealógica de Jesus, que é descendente de Davi. Essa interpretação é ainda mais reforçada pelo fato do texto apresentá-lo como aquele "que será governante em Israel" (v.2). Apesar disso, alguns têm entendido essa passagem como uma referência à geração eterna do Filho.

 4: “Por que me perguntas a respeito do que se deve fazer de bom? Só Deus é bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos. ” - Mateus 19:17
       Está aqui Jesus negando ser o Bom Deus? De forma alguma! Ele apenas convida o jovem rico a pensar nas implicações de suas palavras. “Em resposta, temos de observar que aqui Jesus não negou que Ele fosse Deus, Ele lhe pediu que examinasse as implicações do que estava dizendo. Jesus estava lhe dizendo: ‘Percebes o que estás dizendo quando me chamas de bom? Percebes que isto é algo que tu deves atribuir somente a Deus? Tu estás dizendo que sou Deus? ’ O jovem não percebeu as implicações do que ele estava dizendo. Portanto, Jesus forçou-o a um dilema incômodo. Ou Jesus era bom e era Deus, ou então ele era ruim e era homem. Um Deus bom ou um homem ruim, mas não um homem bom”4

 5: “Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai. ” - Mateus 24:36
       De acordo com esse texto nem o Filho, nem o Espírito Santo sabem a data do fim deste sistema de coisas – como podem então os três serem o mesmo Deus Onisciente? Só precisamos entender essa passagem a luz do seu contexto histórico: “Na cultura Judaica antigas, o casamento era quase sempre arranjado. Depois do casamento ter sido arranjado, o noivo fazia os preparativos na casa de seu pai, onde ele e sua esposa iriam viver. O costume dizia que o pai do noivo iria decidir quando os preparativos estavam terminados e a casa pronta para o jovem casal se mudar para la. O que significa que apenas o pai sabia quando seria o tempo do noivo se juntar a sua noiva. Mas isso não significa que o noivo não sabia o tempo certo. O casamento era um grande evento na época, bem maior do que atualmente, era um grande evento em comunidade. Isso significa que as pessoas tinham que se preparar antecipadamente para o evento, e reservar um tempo de seu trabalho diário. O dia tem que ser conhecido semanas antes, para que as pessoas pudessem ajustar seus horários para o casamento. Preparativos, como reserva de comida, também tinha que ser preparado com antecedência, já que não havia refrigeração ou supermercado. Todos sabiam quando o casamento estava chegando, no entanto, era costume em respeito ao pai e ao noivo dizer que apenas o pai sabia quando o noivo ficaria com sua noiva. Com isso em mente, um novo entendimento de Marcos 13.32 e Mateus 24.36 aparece. Jesus não estava dizendo que ele e o Espírito Santo não sabiam quando os eventos de sua volta aconteceriam, estava explicando com o que a tribulação seria parecida. Onde todos sabiam o tempo do casamento, mas apenas o Pai diria quando aconteceria”Também é admissível a interpretação que vê neste texto um contraste entre a natureza humana limitada de Jesus (“o Filho do Homem”v.37) e a natureza divina ilimitada do Onisciente (“o Pai”v.36).

 6: “Vocês me ouviram dizer: Vou, mas volto para vocês. Se vocês me amassem, ficariam contentes porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. ” - João 14:28
      Como o Filho e o Pai podem ser iguais em essência, se Jesus disse que o Pai é maior que Ele?  É importante distinguir ontologia de economia quando se lê esse e outros textos similares. Jesus é igual ao Pai em natureza, mas menor que Ele em função. O apóstolo Paulo esclarece isso melhor: “... [Jesus] sendo Deus, não considerou usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo e tornando-se semelhante aos homens. ” (Fp2.6-7). Mesmo tendo o direito de ser igual a Deus, tanto essencialmente quanto funcionalmente, o Filho decidiu cumprir a humilde função de Servo (Isaías 42.1), se tornando, até mesmo, menor do que os discípulos (Lucas 22.26-27). O Servo de Jeová exerceu o papel de Filho obediente (Hebreus 5.8; Filipenses 2.8) enviado pelo Pai (João 8.42; 12.49; 17.3).  Como Homem limitado se fez instrumento nas mãos de Deus, o Pai (Jo5.19). E nessa posição pode chamar o Pai de seu Deus (Jo20.17). Tal submissão não se restringiu ao ministério terreno de Cristo: “Mas quando tudo for dominado por Cristo, então o próprio Cristo que é o Filho, se colocará debaixo do domínio de Deus, que pôs todas as coisas debaixo do domínio dele. Então Deus reinará completamente sobre tudo.” (1Coríntios 15.28). “Jesus lhes disse: ‘Certamente vocês beberão do meu cálice; mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados por meu Pai. ’” (Mateus 20:23).

 7: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. ” - João 17:3
       Ensina esse texto que só o Pai é Deus, e portanto o Filho e o Espírito Santo não são Deus? Não, a Bíblia também diz que só Jesus é Mestre, Senhor e Soberano (Mateus 23.8, 10; 1 Coríntios 8.6; Judas 1.4), significa isso que o Pai não é Mestre, Senhor nem Soberano? Não, antes que tanto o Pai, como o Filho como o Espírito Santo são um Deus Único.

 8: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava. ” - Atos 2:4
       A Bíblia fala do Espírito Santo como sendo “derramado” e como algo que “enche” as pessoas – como ele pode então possuir pessoalidade? O livro de Atos claramente apresenta o Espírito Santo como uma Pessoa divina (Atos 1.16; 13.2; 15.28; 20.28; 21.11; 28.25). Uma leitura desses textos deixa evidente que eles tratam de relações interpessoais reais, e não de meras personificações. Pode-se facilmente perceber que expressões “derramar”, “encher” e “ungir” são necessariamente figuradas quando aplicadas ao Espírito Santo. Ora, nem se crêssemos em sua impessoalidade poderíamos literalizar essas expressões, e assim são injustos aqueles que recorrem a essas expressões para despersonalizar o Santo Espírito. Por outro lado insistir que em Atos, numa narrativa histórica de inter-relação pessoal clara, devemos tomar o Espírito como personificado, é no mínimo absurdo.

 9: “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” - Colossenses 1:15
       “O termo ‘Primogênito’ é um título, e não se refere a origem, mas sim a posição de Jesus, como Rei Soberano da Criação. Primogênito em Jesus significa ‘Soberano’, como mostra Salmos 89.27, em que Davi tipifica a Jesus como o Rei dos reis: ‘E eu farei dele o primogênito, O maior dos reis da terra. ’”Note que Davi não 'nasceu' primogenito, mas sim que ele se 'tornaria' por ocupar uma posição de rei supremo. O próprio contexto favorece o sentido posicional para Cristo (v.18). A Bíblia claramente mostra Jesus como Eterno: Aquele que é antes de toda a Criação, inclusive do tempo, sendo portanto Atemporal (Eterno) (João1.3; Colossenses 1.16-17). Ele é chamado de "o Primeiro e o Último" (Apocalipse 1.17), expressão baseada em Isaías 44.6 que usa o termo para significar que só Jeová é o Deus Eterno.

 10: “E ao anjo da igreja de Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus”- Apocalipse 3:14
       Jesus é chamado de o Princípio da Criação de Deus, significa isso que Ele é a primeira criatura? Não, isso simplesmente significa que é em Jesus que todas as coisas criadas encontram seu Princípio. Mesmo o Pai é chamado de “o Princípio” em sentido semelhante (Apocalipse 21.6).

FONTE: http://brunosunkey.blogspot.com.br/2016/01/10-versiculos-biblicos-contra-trindade.html

4Geisler, N. (2015). Teologia Sistemática 1. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus