sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Fatos históricos sobre o (Neo-)Trinitarianismo Adventista

O tema ainda não foi devidamente estudado por parte dos apologistas evangélicos, da área heresiológica,  pelo menos aqui no Brasil. Os críticos do Adventismo, não raro dispensacionalistas, ficaram no debate do sábado e fim da Lei, e nas exóticas afirmações proféticas de Ellen White, e não trataram de alguns temas fundamentais.

Ofereço provas irrefutáveis no livro AConspiração Advenitista que erra quem pensa que o adventismo crê na trindade dos credos cristãos, isto é, a trindade bíblica. Até mesmo a maioria esmagadora dos adventistas não sabe disso. Um Mórmon também pode dizer que crê na trindade e citar a Bíblia. Mas a afirmação de concordância de um credo – o mesmo repetir seus conceitos, pode muito bem mostrar se a crença é a mesma ou não.

Hoje, posso traçar os fatos históricos do assunto Trinitarianismo e Adventismo, nas seguintes proposições, que são históricas – baseada em livros adventistas como o Em Busca de Identidade, A Trindade, Tratado de Teologia ASD e Questões Sobre Doutrina, e sites. A questão é definida assim:

1. Após 1844, o grupo decepcionado com a falsa profecia de W. Miller, foi liderado por pessoas que não acreditavam na doutrina da trindade. Thiago White, o marido da profetisa adventista, era claramente um opositor da doutrina, juntamente com outros pioneiros de peso, como o grande erudito J. N. Andrews que incluía a doutrina da trindade sendo um dos vinhos das prostituições da Babilônia – hoje a principal universidade adventista do mundo, tem seu nome em homenagem a esse grande pioneiro adventista.

2. Ambiente era de hostilidade à doutrina da Trindade dentro do Adventismo. Pessoas que passam a ser adventistas deixam o trinitarianismo. As afirmações eram muito agressivas contra a doutrina da trindade, a maioria dos fundadores rejeitava veementemente essa doutrina clássica.

3. Não se sabe se Ellen White era trinitariana ou ariana enquanto o marido estava vivo. Após a morte de Thiago White, ela se mostra mais ‘trinitária’, apesar de não usar jamais o termo “trindade” - e de fortes acusações de manipulação em traduções de seus livros, a ideia de que ela, especialmente após 1890, com a escrita do livro o Desejado de Todas as Nações, é considerada trinitariana por seus seguidores trinitários. Em algum momento de sua vida passou a ler obras de autores protestantes, isso pode ter influenciado, ou não. Era habito de Ellen White plagiar livros e dizer que havia recebido aquelas informações por revelações divinas.

4. Vários pioneiros antitrinitarianos morrem, novos adventistas advindos de outras denominações, bem como outros que não tiveram uma ‘sabatinação’ antitrinitariana, continuaram com as doutrinas tradicionais conhecidas. Em 1913 a palavra trindade aparece como sendo crença adventista, mas especialmente isso refletia a opinião do autor do artigo na Review and Herald, F. M. Wilcox. O trinitarianismo começou a ganhar força nos burgos adventistas desde a década de 30, quando um documento de crenças, refletindo a opinião do mesmo autor de 1913, e ele mesmo, foi escrito e foi impresso no anuário adventista. Mas não havia apoio formal, oficial.

5. O filho de Ellen White, Guilherme White, escreve uma carta afirmando duvidas quanto a crença na personalidade do Espírito Santo. E chega a dizer que não entendia muito o que a mãe queria dizer. E segundo ele, personalidade não implica necessariamente um ser pessoal. Ou seja, até 1937, existia um antitrinitariano de peso no contexto adventista (existiu até mesmo em 1968 um conhecido pregador antitrinitariano).

6. Em 1946, quase dez anos após a morte de Guilherme White, o último dos não trinitarianos de peso no contexto Adventista, a Associação Geral – ‘órgão’ de autoridade máxima da IASD - aprovou o documento escrito em 1930/1, como crenças oficiais.

7. Em 1955/56 os protestantes Donald Barnhaouse e Walter Martim, pesquisadores de seitas e movimentos heréticos, tiveram encontros com representantes adventistas, para várias entrevistas a respeito das crenças adventistas. O que resultou no polêmico livro Questões Sobre Doutrina. Os representantes adventistas afirmaram a crença na trindade, embora não possuíam muito conhecimento de alguns fatos, além de dissimuladamente, apresentarem informações não cândidas aos indagadores protestantes.

8. Em 1970 Rauol Dederen e em 1983, Fernando Canale, ensaiaram estudos, segundo informações, que a doutrina trinitariana dos credos malhavam em especulações filosóficas e não bíblicas.  Nesse período, julgo eu, o adventismo começa a trilhar novamente para o caminho não trinitário. Dederen acusa os credos de várias coisas, e teólogos adventistas colocam até mesmo heresias como parte de nossos Credos, especialmente o de Atanásio. Todos os Reformadores – incluindo Lutero, Calvino, e Armínio, e escritores cristãos do passado – como Agostinho, Tomás de Aquino, não tinham uma visão correta da trindade.

9. As visões de Ellen White passam a ser consultada para esse tema. E percebe-se que ela não foi tão ‘teológica’ na doutrina da trindade, quanto os Credos, que eles acusam de filosóficos e não bíblicos. Uma doutrina da trindade passa a ser produzida com exclusividade nas visões de Ellen White, e não dos Credos Cristãos. Que acusam de ensinar heresias.

10. Os pioneiros Adventistas arianos, agora tem um salvo conduto. Eles rejeitavam as doutrinas dos Credos, e como Ellen White ainda não tinha revelado a “trindade bíblica”, a crítica deles eram válidas pois os Credos é que são os culpados. Por isso, eles acabaram sendo ‘levados por Deus’, para o esgoto ariano, para que o Adventismo emergisse com um ensino exclusivo, produzido pela papisa Adventista [embora nem ela mesma saiba disso].

Esses são os fatos – essa não é a fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos (Jd 3,4), nem teria como, os pioneiros adventistas arianos eram de Satanás... esses fatos, nenhum Adventista, pode negar.


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

IPB: O Evangelista – um dom, um ofício ou um ministério?

INTRODUÇÃO

Esse estudo visa uma breve reflexão bíblica do assunto em pauta, tendo como foco a realidade dentro do contexto da Igreja Presbiteriana do Brasil.1 Espero com esse estudo ventilar uma base bíblica para os evangelistas na IPB.

Não farei uma exposição histórica de como o trabalho leigo dos evangelistas se desenvolveu na IPB (aliás, não tenho biblioteca para isso, o que necessitaria de um acesso aos arquivos e biblioteca do Instituto Bíblico Eduardo Lane). O foco será bíblico e prático, tendo como pano de fundo a vocação para evangelista, conforme compreendo ser, com base em alguns estudos.

1. Evangelismo

É obrigação de todos os servos de Deus, salvos, devem evangelizar. Isso está claro em toda a teologia do NT, e pressuposto no VT. Não precisamos demonstrar tantos textos bíblicos que confirmam essa verdade – especialmente I Pe 2.9,10 é saliente para o tema:

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.” 1 Pedro 2:9-10 – Almeida Corrigida Fiel.

A igreja, como geração eleita, existe com sua estrutura sacerdotal e real, uma verdadeira nação regida com as leis divinas, sendo propriedade de Deus, recebeu essas facetas para um objetivo claro em relação ao mundo – proclamar. É isso que está que o Espírito Santo disse no texto citado transcrito acima.

O Salmo 96 é um salmo que ecoa o clamor ‘evangelístico’, embora não sabemos como o povo de Deus no VT olhava ou cumpria esse salmo, o que certo está é o seu apelo:

“proclamai a sua salvação, dia após dia. Anunciai entre as nações a sua glória.” (Sl 96.2,3)

A respeito do que Jesus disse em João capítulo 15, de que ele escolheu os discípulos para darem frutos, M. J. Erickson afirma categoricamente:

“Se os discípulos realmente amassem o Senhor, cumpririam esse chamado para evangelização. Não se tratava de uma questão opcional para eles.” (Introdução à Teologia Sistemática, p. 446).

O livro de Atos, inteiro, é uma prova que a Igreja deve ser evangelizadora, sob qualquer custo, e a todo custo, gastar e ser gasta na salvação dos perdidos, para a glória de Deus. Diante da realidade evangelística no livro de Atos, o Missionário Ronaldo Lidório afirmou:

“No livro de Atos, o Espírito Santo dá grande destaque na expansão à igreja. Esta, mesmo sofrendo perseguições, dificuldades financeiras, crises políticas e falta de obreiros preparados, expandia do evangelho a custo de suor, sacrifícios e vida.” (citado em Plante Igrejas, p. 17).

A igreja jamais existiu para vivar ensimesmada. Ela foi formada por Deus para proclamar junto ao Espírito a todos a irem a Cristo e serem salvos (Rm 10.9,10; Ap 22. 17). Que fique claro que todos os membros da igreja devem participar, espera-se muito mais de seus líderes, pastores, presbíteros, diáconos, que tenham um interesse voluntário nesse trabalho bendito. Apesar disso, percebemos na Bíblia que além da obrigação, existem vários que possuem uma capacidade maior, um desdobramento na evangelização com mais efetividade e constância. Seria isso um dom?

2. Existe o dom de evangelista?

O que é um dom?  

“ [...] é uma capacidade espiritual manifesta na vida do crente, e assim na Igreja, com finalidade de dinamizá-la, no que diz respeito à sua adoração (culto), evangelização (cumprimento missiológico) [...]” (Novo Dicionário da Bíblia, p. 361).

“[...] um dom espiritual é uma capacidade de certa forma para expressar, celebrar, expor e, portanto, transmitir Cristo.” (Teologia Concisa, p. 210).

Existem categorias de dons. Aqueles que são chamados dons extraordinários, e os dons de serviço. Interessante, que a Bíblia diz em Efésios 4.11:

“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,” Efésios 4:11 – Almeida Corrigida Fiel

Percebe-se aí a inclusão de um dom aos homens, ou em homens (como sugere alguns exegetas, o que pode ser visto na tradução), classificado como “evangelistas”. Pois bem, como podemos olhar esse dom? O que é o “evangelista”? Vejamos apenas alguns comentários:

“alguém que proclama as boas novas, evangelista. Um evangelista era a pessoa que pregava o evangelho recebido dos apóstolos. Ele era, particularmente, um missionário que levava o evangelho a novas regiões [...]” (Chave Linguistica do Novo Testamento Grego, p. 393).

“Se outras pessoas com dons ajudavam a igreja a crescer pela edificação, os evangelistas ajudavam no crescimento numérico. Como objetivo mencionado no v. 12 é “preparar os santos para a obra do ministério”, podemos tomar por certo que os evangelistas, entre seus vários ministérios, ajudavam outros cristãos no testemunho.” (Bíblia de Estudo NVI, p. 2023).

“evangelistas. Os homens que proclamam as boas-novas da salvação em Jesus Cristo para os incrédulos.” (Bíblia de Estudo MacArthur, p. 1606).

“Um evangelista é alguém que tem a capacidade especial para comunicar o evangelho da salvação por intermédio de Jesus Cristo [...] são, em especial, chamados para esse ministério.” (Fundamentos da Fé Cristã, p.530).

“Evangelistas, Ef 4.11 – é a capacidade que o Espírito Santo dá a alguns, a fim de que o evangelho seja compartilhado com facilidade, fazendo de incrédulos verdadeiros discípulos de Cristo.” (Novo Dicionário da Bíblia, John Davis, p. 362).

3. Esse dom cessou?

Não é propósito aqui entrarmos no debate continuísta e cessacionista. Porém, tomando por certo que posição cessacionista é a bíblica, como destaca a Confissão de Fé de Westminster quando a mesma diz que “tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo”(CFW Cap. I.1), estaria o dom de evangelista enquadrado dentro da categoria de dons “revelacionais”? As opiniões estão divididas.

Antes de entrar nelas, farei um apelo conciliar. Ambos os grupos – os que incluem o fim do dom de evangelista, bem como os que o encaram como dom não revelacional, não estão concordando com a indiferença para com a evangelização. Assim, sendo dom ou não, como já vimos, é uma obrigação cristã o envolvimento com a evangelização. E isso, todos os Reformados concordam.
Os teólogos reformados Franklin Ferreira e Alan Myatt mostram que o dom de evangelista, como um dos estão na lista dos dons que cessaram, segundo a posição cessacionista:

“Os dons extraordinários, também chamados dons de revelação ou de expressão verbal, cessaram. São eles: apóstolos, profetas e palavra de sabedoria e de conhecimento (1 Co 12.8) evangelistas, discernimento de espíritos [...]” (Teologia Sistemática, p. 857[grifo meu]).

Louis Berkhof, também qualifica dizendo que evangelista era um ‘Ofício Extraordinário’, juntamente com apóstolos e profetas. Pela qualificação, ele defende, que tal (dom) ofício, cessou. Escreveu ele:

“Ao que parece, sua obra era mais geral e algo superior à dos ministros regulares” (Teologia Sistemática, p. 538).

É comum entre os Reformados a lista de dons do texto de Ef 4.11 denota dons ministeriais, e que os dons de ofícios de apóstolos e profetas, tal como foram desenvolvidos no NT, cessaram obviamente. Mas mesmo tendo as citações acima, o dom de evangelista, assim como o pastor-mestre, continuam, segundo outros.

Parece-me que a posição de que o “evangelista e o pastor-doutor”, substituíram os dois primeiros que cessaram, é a melhor resposta. Tal conceito não viola a temática do texto. John MacArthur  parece indicar isso:

“Esses dois ofícios [apóstolo e profeta] foram substituídos pelos de evangelista e pastor-mestre.” (Bíblia de Estudo MacArthur, p. 1606).

A) O apóstolo é o enviado – o próprio termo apóstolo significa “enviado” (Dicionário Vine, p. 407), mas para lançar bases da Igreja Cristã. O mesmo viu o Senhor. O evangelista é igualmente enviado, mas ele não lança base, constrói em cima das bases já lançadas pelos apóstolos.

B) O profeta exorta o povo com mensagens reveladas diretamente por Deus (em suas várias facetas; visões, pronunciamento audíveis, sonhos, etc.). O “pastor-doutor” igualmente exorta o povo com as mensagens dos profetas, que estão escritas.

Com essas reflexões, percebemos que apóstolos e profetas, eram dons/ofícios extraordinários, o de evangelista e pastor-doutor, não. Veja que os dois primeiros ofícios/dons são a ‘base’ da Igreja de Cristo, lançaram os fundamentos, que por natureza, não pode ser repetido. Fundamento só existe um:

“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;” Efésios 2:20 – Almeida Corrigida Fiel.

Os comentaristas da Bíblia de Estudo de Genebra parecem favorecer a continuidade do dom de evangelista:

evangelistas. Pessoas (em qualquer época) particularmente talentosa na tarefa de expandir o rebanho de Deus (At 21.8; 1 Co 1.17; 2 Tm 4.5).” (Bíblia de Estudo de Genebra, p. 1573[itálico acrescentado]).

Da mesma linha é James M. Boice, ao mesmo tempo que sustenta que  os dons de apóstolos e profetas, em seu sentido técnico, tenham cessados (Fundamentos da Fé Cristã, p. 530). J. M. Boice destaca que o evangelista, embora tenha necessidade de conhecer bem a verdade bíblica, ele não é altamente letrado, e geralmente, segundo testemunha Boice, tal dom é visto mais entre leigos do que em Teólogos.

Portanto, “evangelista” é um dom de ministério, e por definição e natureza, não é revelacional, por isso, ele continua. Embora no tempo bíblico tanto evangelistas, como o “pastor-doutor”, possuíam os dons revelacionais e de maravilhas, por certo, hoje usufruímos dos dons de ambas as categorias hoje na igreja. O primeiro evangelista - edifica em números, o segundo, “pastor-mestre” edifica no ensino. “Obvio”, espera-se do evangelista ensinar bem, e do pastor-doutor que evangelize, tal como se espera de todo cristão.

De certa forma, o trabalho de um é complemento do outro:

“Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.” 2 Timóteo 4:1-5 Almeida Corrigida Fiel

4. O que é o evangelista em seu escopo eclesiástico?

O evangelista define-se por uma capacidade dada por Deus para se envolver mais na evangelização, porém, não há na Escritura um ofício que possa ser classificado como tal. Bom lembrar que nem mesmo de “pastor-doutor”. Ofícios na Bíblia são, tão somente, os de presbíteros e de diáconos, com reconhecimento de um Concílio e imposição de mãos para investidura de poderes. O uso comum leva as pessoas chamarem o Presbítero mais envolvido na instrução de “pastor” – mas isso é dom, e biblicamente falando, ele é presbítero – chama-lo de Pastor é uma concessão convencional de uso comum. O mesmo é o caso com “evangelista”, se for o caso de tratá-lo como “evangelista”.

Olhando mais atentamente como o termo aparece na Bíblia, a classificação de ministério parece-me ser esse o conceito bíblico, já que a bíblia diz que há “vários ministérios”(I Co 12. 5; Rm 12.7 ):

Ministério. Este termo é usado na linguagem cristã, tanto em um sentido mais amplo, como mais estrito. Em seu sentido mais amplo refere-se ao serviço prestado por qualquer pessoa a Deus ou a seu povo. Em seu uso estrito, denota o serviço, reconhecido oficialmente, de determinadas pessoas, devidamente designadas para isso (geralmente por meio de ordenação formal) pelas igrejas.” (Novo Dicionário de Teologia, p. 678).

Sendo que a palavra significa “serviço”. Isto é, esse tipo de “serviço” aparece na Bíblia de forma natural, e não raro no ambiente leigo da igreja. O evangelista, segundo a Escritura, não é um ofício. Nenhuma ordenação, mas um reconhecimento comum da igreja local de que, por causa de uma habilidade concedida por Deus – isto é, vocação; existem os “evangelistas”. Um exemplo bíblico lançará luz adicional sobre esse assunto.

5. ‘Um’ Evangelista na Bíblia

O único que recebe, por assim dizer, o ‘título’ de Evangelista na Escritura é o Diácono Filipe – a Bíblia diz que ele era um dos sete em Atos 21.8, sendo a referência a Atos 6.3, sendo assim, ele era oficial da igreja primitiva (I Tm 3.8-13). A Bíblia revela que ele era cheio do Espírito Santo (At 6.3,5), o que se espera de todo diácono. Em Atos 8 temos registradas as atividades desse Evangelista, atividades. Ele é o primeiro cristão a pregar em Samaria, cumprindo o Ide dado por  Cristo antes de subir ao Céu (At 1.8). Jesus iniciou a obra entre os Samaritanos (Jo 4.1-42). Deus operou grandes sinais em Samaria, onde Filipe pregou e batizou. Nesse período, não existia ainda nenhuma norma para realizar o batismo, mas pelo ofício e madureza de Filipe, ele realizava o batismo em nome do Senhor Jesus (At 8.12). Ele também pregou ao Eunuco que estava a caminho de Jerusalém (At 8.27), e foi ‘arrebatado’ miraculosamente para outro lugar (At 8.39). Sua hospitalidade pode ser vista ao receber os apóstolos, e suas filhas eram profetisas (At 21.8,9). Ao ser chamado de ““o evangelista” em Atos 21.8 indica claramente que bem mais tarde em sua vida ainda era amplamente reconhecido por seu zelo missionário.” (Quem é Quem na Bíblia Sagrada, p 228).

6. O que se espera dos evangelistas?

Nesse último ponto, iremos ver uma orientação bíblica para os evangelistas, obviamente essa orientação destina-se a todos os crentes, mas de forma mais saliente deve ser vista na vida do evangelista. Como vimos, na disposição da IPB existe um reconhecimento de que existem um grupo qualificado onde o termo “obreiro-evangelista” seria uma expressão que identifica os tais. Porém, como notamos na Escritura, isso não é ofício, sendo ou não integrante desse grupo formalmente reconhecido, e como é um dom e um serviço, existem vários evangelistas nas várias facetas da igreja local, e até entre os oficiais, como foi o caso do diácono Filipe.

A)    O evangelista deve conhecer o que leva – o Evangelho: “E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro? Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus.” Atos 8:34-35
B)    O evangelista deve ser submisso ao seu Concílio: “E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito. Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João.” Atos 8:13-14
C)     O evangelista deve ser sensível às orientações do Espírito Santo: “E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta [...]E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro.” Atos 8:26,29
D)    O evangelista prioriza o trabalho em todo momento e lugar: “E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo [...] E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta [...] E Filipe se achou em Azoto e, indo passando, anunciava o evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesaréia.” Atos 8:5, 26,40.
E)    O evangelista é um dom para a edificação da igreja, não para si mesmo: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” Efésios 4:11-12
F)    O evangelista deve cuidar da espiritualidade da sua família: “E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele. E tinha este quatro filhas virgens, que profetizavam.” Atos 21:8-9.
G)    O evangelista deve pregar a Palavra sob o poder do Espírito Santo: E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo. E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia; Pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. E havia grande alegria naquela cidade.” Atos 8:5-8 [Citações da Almeida Fiel]

Conclusão
Essa breve reflexão bíblica a respeito do Evangelista na Escritura, com as devidas adaptações conciliares e contextuais, nos mostra que o trabalho do “obreiro-evangelista” surgiu de uma iniciativa do Espírito Santo para edificação do Reino. Tanto leigos, como oficiais, teólogos, ou pastores, podem ter tal dom, e juntamente com suas atividades e desenvolver esse serviço necessário. Por causa de uma organização eclesiástica existem outros que acabam se dedicando a esse trabalho como seu ministério pessoal e vocacionado, procurando glorificar a Deus nas várias facetas que o Senhor proporcionou no Reino de Cristo.
                               
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Nota
1. No caso especifico da IPB, o treinamento de evangelistas contempla um trabalho desbravador, não raro em locais onde há uma igreja ainda nascente, ou em campos missionários, sob a supervisão de um Concílio (Conselho ou Presbitério) ou Junta Missionária. Ou mesmo, um trabalho em igreja local, já organizada, em uma área onde há uma necessidade de supervisão mais qualificada, e que o Pastor local não tem tempo para tais demandas. O envio de tais pessoas aos Institutos Bíblicos, segue um padrão de seminário onde o mesmo recebe uma introdução básica da maioria dos assuntos que recebe o seminário. Assim como as Congregações, sob os cuidados de um presbitério, conselho e Junta Missionária (tendo amparo conciliar do Supremo Concílio), que não possuem diretrizes na Constituição da IPB, e estão sob a ‘jurisprudência’ dos Concílios já mencionados, os evangelistas também não tem seu trabalho contemplado na CI da Igreja Presbiteriana. Mas assim como as Congregações, estão sob a responsabilidade direta de Concílios locais.

Na Igreja Presbiteriana do Brasil um dos Institutos mais conhecidos é o IBEL – Instituto Bíblico Eduardo Lane. Com mais de 80 anos de experiência em preparar evangelistas, missionários (as), e muitos com o tempo tornam-se pastores, após um preparo posterior no Seminário. O IBEL, com sua fidelidade Confessional, é um exemplo para todos os Seminários da IPB – assim o são para ele os seminários fieis, louvamos a Deus por ter usado diretores, professores e funcionários que ali estão para manterem a pureza Confessional – ainda que seja comum existir nuanças nesse assunto no decorrer da história. Não há no IBEL nenhuma recomendação de leitura de fontes liberais. Todos seus professores, assim como em qualquer seminário da IPB, são qualificados, na vida, no ministério e na vida acadêmica. Uma marca importante no IBEL é que os alunos não recebem seu Diploma se não realizarem a leitura integral da Bíblia três vezes.

domingo, 23 de novembro de 2014

ESPIRITISMO KARDECISTA - ESPÍRITOS COM AMNÉSIA OU MENTIRA DO DIABO?

"Quando perguntamos a um espírita se ele crê em vidas passadas, certamente a resposta é "sim". Quando perguntamos se ele se lembra dessas vidas passadas, a vasta maioria responde "não". E se perguntarmos por que ele não se lembra das vidas passadas, a resposta é aquele velho argumento: "Para eu não me lembrar dos meus erros, e isso me acompanhar por todas as minhas reencarnações." Quanto a pequenina minoria que diz se lembrar de outras existências, quase todos viveram em cidades importantes e ocuparam cargos destacados. Nunca encontrei algum espírita que dissesse ter vivido no ano de 1500 entre os índios que aqui moravam. Talvez, depois desse artigo, talvez surjam uns dois ou três. Mas vejamos como Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, explica o que ocorre entre uma vida e outra, no que se refere ao suposto "eu esqueci".

"Um fenômeno particular, igualmente assinalado pela observação, acompanha sempre a encarnação do Espírito. [...] O Espírito perde toda a consciência de si mesmo, de sorte que ele nunca é testemunha consciente de seu nascimento. No momento em que a criança respira, o Espírito começa a recobrar suas faculdades. [...] Mas ao mesmo tempo que o Espírito recobra a consciência de si mesmo, ele perde a lembrança do seu passado, sem perder as faculdades, as qualidades e as aptidões adquiridas anteriormente.” - Allan Kardec, A Gênese, página 187, 14a. Edição Revisada e Corrigida, Editora Ide.

O Espiritismo Kardecista ousa dizer que esse fenômeno é assinalado pela observação, talvez para dar o ar de científico. Todavia, isso não pode ser provado. Pura imaginação. É muito fácil ensinar a doutrina da reencarnação desta forma: Eu vivi vidas passadas, mas não me lembro de nada, para não viver magoado. Todavia, lembrar-se dos erros é um excelente modo de nos conscientizarmos de não errar mais. Se uma pessoa tivesse sido assassina numa suposta vida passada, ela teria a chance de viver novamente com a pessoa que ela assassinou, e demonstrar o seu amor por ela. Ambas se lembrariam do fato, e viveriam em amor. Entre uma vida e outra, poderiam se encontrar, receber instruções de como se perdoarem, e receberem então uma nova chance. Mas sabemos que nada disso ocorre, porque está ordenado ao homem morrer uma única vez, e depois vem o juízo. - Ler Hebreus 9:27.

Lembramos também que a Bíblia ensina-nos uma verdade lógica e facilmente aceitável sobre o que ocorre depois da morte. Ao ler esse relato, observe que ela nada diz sobre o espírito pensar em retornar para uma nova vida:

"Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. [...] Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma" - Eclesiastes 9:5, 10.

O Texto afirma que os mortos (evidentemente o espírito deles) não sabem de nada, e o contexto indica que não estão cônscios do que acontece debaixo do sol, ou seja, dos assuntos da terra. Assim, quando se diz que a memória dos que morreram jaz no esquecimento, refere-se ao espírito não ter mais acesso a nós. No que chamamos de estado intermediário, o espírito não tem mais nada a ver com os assuntos debaixo do sol. Mas nada se diz de ele planejar voltar numa reencarnação.

No além, ou no mundo dos mortos [sheol, no hebraico], não há projetos, conhecimento, nem sabedoria alguma, no que se refere aos assuntos humanos. Claro que o Espírito tem memória, raciocina, tem consciência de si mesmo, mas não tem mais contato algum com tudo que está debaixo do sol. Ele não projeta, ou planeja, renascer aqui. Jesus nos mostra isso na parábola do Rico e do Lázaro, quando ambos morrem e têm destinos diferentes. O Espírito do Rico, em tormentos, suplica a Abrãao que envie alguém dentre os mortos para alertar seus familiares (do Rico) para que se arrependam. Abraão, que jamais havia reencarnado, pois continuava como Abraão, e há mais tempo no mundo dos mortos (hades, em grego) responde ao recém-chegado Rico qual seria a única forma de um espírito voltar para a terra. Observe:"

"Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão. Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos." - Lucas 16:30, 31.

Então, afirmar que o Espírito perde a consciência ao nascer aqui na terra, mas quando a criança respira ele recobra a consciência de si mesmo, mas se esquece da sua vida passada - tudo isso nada mais é do que pura estória de ficção. Para um espírito vir aqui, segundo a Bíblia, e as próprias palavras de Jesus, nessa parábola, baseada evidentemente em fatos reais, só através da ressurreição. Nem nascer aqui se menciona! Fala-se ressurreição.

Os espíritas deveriam se preocupar mais em ensinar seus adeptos a se arrependeram e buscarem a Jesus como seu Salvador e, portanto, perdoador, enquanto estão vivos. A morte de Jesus é um milagre, pois ela faz por quem O aceita em seu coração o que nem um milhão de reencarnações seria capaz de fazer - salvar o pecador.

Quanto ao "esquecimento", ou se preferir "amnésia espiritual", uma técnica muito interessante de evitar a busca de provas mais concretas, fazendo o leigo aceitar e pronto, dizemos que não estamos interessados em fábulas como essas. Fazemos nossas as palavras de Pedro:

"Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade." - 2 Pedro 1:16.

Todavia, assim como Satanás usou as escrituras para tentar o absurdo dos absurdos - desencaminhar o Deus encarnado, Jesus Cristo - ele tem usado a mesma tática através de seus médiuns espíritas para provar mediante as Escrituras que o Espírito, ao reencarnar, perde a lembrança de vidas passadas. Usam o caso de Jesus. Os espíritas nos perguntam:

"Jesus, enquanto na terra, tinha o mesmo grau de conhecimento que possuía antes de vir à terra? Não diz a Bíblia sobre o menino Jesus que ele "crescia e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria"? (Lucas 2:40) Não prova isso que ele deixou de conhecer o que sabia, enquanto espírito, e precisou aprender tudo de novo, numa nova existência?"

Essa argumentação é errônea porque a Bíblia ensina que Jesus é Deus, e sendo Deus, era eternamente pré-existente. A Bíblia, a quem os espíritas buscam desesperadamente provas para suas alucinações, não ensina que nós somos pré-existentes. Os espíritas não crêem que Jesus era Deus, mas apenas um espírito criado como outro qualquer, porém mais evoluído do que todos os que aqui vieram. Então, desconhecem as duas naturezas de Jesus: Perfeitamente Deus (João 20:28) e perfeitamente homem (1 Timóteo 2:5). Como homem, Jesus era limitado em saber de todas as coisas, pois afirmou que só o Pai sabia o dia e a hora do fim dos tempos (Mateus 24:36), mas como Deus ele sabia de todas as coisas, fato este reconhecido pelos discípulos de Jesus durante a sua vida na terra (João 16:30) e depois de sua ressurreição (João 21:17) E o próprio Jesus mostrou que, como Deus, lembrava-se da glória que teve junto ao Pai antes de haver mundo. (João 17:1-5) Por fim, usar o exemplo de Jesus como tentativa de provar que nosso espírito se esquece das vidas passadas é uma afronta ao Cristianismo. Uma heresia.

Conclusão

Os Espíritas precisam saber das verdades bíblicas sobre o que ocorre quando morremos. Infelizmente, poucos entre nós estudam o que a Bíblia ensina sobre isso. Falta de tempo não é, porque Deus não é mentiroso em afirmar que para tudo há um tempo. (Eclesiastes 3:1) O que precisamos é usar nosso tempo seletivamente para nos aprofundarmos em assuntos espirituais, e nos capacitarmos para evangelizarmos os em escuridão espiritual. Embora nos reportamos aos irmãos em Cristo, aqui, com palavras de ousadia e corajosas sobre a crença espírita, devemos raciocinar com eles de forma compreensiva e amorosa, sem zombaria. Precisamos entender que eles são vítimas de um falso-deus, chamado Satanás, o diabo (2 Coríntios 4:4), que tenta promover uma crença que, se fosse verdadeira, reduziria a nada o sacrifício de Jesus por nós, visto que a doutrina da reencarnação apregoa a salvação por méritos próprios através de sucessivas reencarnações, e não pela morte sacrificial de Jesus."

Autor Fernando Galli: http://www.ia-cs.com/2008/12/espiritismo-kardecista-espritos-com.html