quinta-feira, 28 de junho de 2012

Como, o quê e para quê pregar? A Assembleia de Westminster responde


Alguns acham que os postulados litúrgicos Reformados são frios e ultrapassados... dizem, que a IPB (e igrejas tradicionais) precisa de uma renovação em suas bases doutrinárias e ministeriais...

Pura tolice!

Na verdade esses nunca experimentaram a chama Reformada em suas almas e ficam buscando “fogo estranho...”.


Eis aqui um exemplo claro de que o problema está em nós e não em nossa teologia. Imagine se os Pastores Reformados seguissem esse “velho” conselho na pregação, nos estudos bíblicos, na evangelização e no aconselhamento:

Catecismo Maior:

159. Como a Palavra de Deus deve ser pregada por aqueles que para isto são chamados?

Aqueles que são chamados a trabalhar no ministério da Palavra devem pregar a sã doutrina, diligentemente, em tempo e fora de tempo, claramente, não em palavras persuasivas de humana sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder; fielmente, tornando conhecido todo o conselho de Deus; sabiamente, adaptando-se às necessidades e às capacidades dos ouvintes; zelosamente, com amor fervoroso para com Deus e para com as almas de seu povo; sinceramente, tendo por alvo a glória de Deus e procurando converter, edificar e salvar as almas.


 
Jr 23:28; Lc 12:42; Jo 7:18; At 18:25;20:27; 26:16-18; I Tm 4:16; II Tm 2:10,15;4:2,5; I Co 2:4,17;3:2;4:1,2;9:19-22;14:9;II Co 4:2;5:13,14;12:15,19; Cl 1:28; Ef 4:12; I Ts 2:4-7;3:12; Fp 1:15-17; Tt 2:1,7,8; Hb 5:12-14.

COMO? ...diligentemente, em tempo e fora de tempo, claramente... não em palavras persuasivas de humana sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder ... fielmente... sabiamente, adaptando-se às necessidades e às capacidades dos ouvintes; zelosamente, com amor fervoroso para com Deus e para com as almas de seu povo; sinceramente...

 
O QUÊ? ...devem pregar a sã doutrina... tornando conhecido todo o conselho de Deus...

 
PARA QUÊ? ... sinceramente, tendo por alvo a glória de Deus e procurando converter, edificar e salvar as almas.


Que Deus nos conceda tais homens para pastorear-nos!




sexta-feira, 22 de junho de 2012

As pancadas espíritas e a profetisa Ellen White!


As "Pancadas Misteriosas" das Irmãs Fox

Como na questão do "dia escuro de 19 de maio de 1780", o caso das "pancadas misteriosas" não é bem como muitos têm imaginado. . .

Quem foi responsável pelas pancadas misteriosas?

Em 32 de março de 1848, perto de Rochester, Nova York (EUA), duas irmãs, Katherine e Margaret Fox, com idades de 11 e 13 anos, alegavam que ouviam sons de pancadas inexplicáveis que partiam de um cômodo na casa de fazenda onde moravam. Logo, carruagens alinhavam-se junto a casa com pessoas que vinham testemunhar as irmãs supostamente comunicando-se com o espírito de um vendedor intinerante que havia sido assassinado e que, supunha-se, teria sido sepultado no porão da casa cinco anos antes.

As habilidades de Katherine e Margaret tornaram-se bastante conhecidas e elas embarcaram numa carreira lucrativa como médiuns, realizando seções em salas privadas pelos Estados Unidos e Inglaterra.

A Sra. White estava bem informada sobre elas, pois escreveu em O Conflito dos Séculos, pág. 553 [edição em inglês]:

"As misteriosas pancadas com que o espiritismo moderno teve início não foi resultado de truques ou embuste humano, mas ação direta dos anjos malignos, que assim introduziram um dos mais bem sucedidos enganos destruidores de almas."

Após 40 anos, em 1888, depois da primeira visão do Grande Conflito ter sido publicada, as irmãs Fox não mais podiam ocultar a verdade.

Elas produziam os sons de batidas, admitiram, primeiro utilizando uma maçã presa a um barbante que lançavam contra a parede de uma sala escura manipulando o barbante, e mais tarde por simplesmente fazer estalar as juntas dos artelhos. Daí partiram em "giros de exibição" e, por incrível que pareça, atraíam audiências que vinham ver o desempenho delas. People Magazine, 25 de outubro de 1999, pág. 125.

As irmãs admitiram o que muitos céticos já criam-que as batidas eram meramente um ardil bem elaborado incutido sobre pessoas crédulas. Uma das pessoas enganadas foi Ellen G. White. A Sra. White lançou a culpa de sua crença nas "pancadas misteriosas" como sendo o poder sobrenatural de Satanás ao própio Deus. Ela alegou que viu em visão dada por Deus que as batidas eram produzidas pelo poder do Maligno:

24 de agosto de 1850. "Vi que as "pancadas misteriosas" eram o poder de Satanás; algumas derivavam diretamente dele, outras indiretamente, através de seus agentes, mas tudo procedia de Satanás." Primeiros Escritos, pág. 59.

Ela chegou ao ponto de fazer uma profecia a respeito das batidas:

"Vi que em breve seria considerado blasfêmia falar contra as batidas, e que se difundiriam mais e mais, que o poder de Satanás aumentaria e alguns de seus dedicados seguidores teriam o poder de operar milagres e mesmo de trazer fogo do céu à vista dos homens." Primeiros Escritos, pág 59.

Essa profecia foi um assinalado fracasso. Não vimos qualquer evidência de jamais ter sido considerado blasfêmia falar contra as pancadas, e conquanto o movimento crescesse em popularidade por um curto período, finalmente se esvaiu. O movimento já estava em declínio antes da admissão pelas irmãs Fox em 1888, e após a morte delas nos anos da década de 1890 prosseguiu em declínio. O movimento espiritualista como um todo se desfez nos anos da década de 20 depois que o popular mágico Harry Houdini expôs numerosos médiuns famosos como embusteiros e fraudulentos

A Confissão de Margaret Fox

"Minha irmã Katie foi a primeira a descobrir que por esfregar os dedos podia produzir certo ruído com as juntas e que o mesmo efeito podia ser produzido com os artelhos. Descobrindo que podíamos criar ruídos com nossos pés-primeiro com um pé, depois com ambos-praticamos até poder fazer isso com facilidade quando a sala estava às escuras. Ninguém suspeitava de que fosse um truque nosso pois éramos crianças ainda tão novas. . . . todos os vizinhos julgavam que havia algo, e desejaram descobrir do que se tratava. Estavam convencidos de que alguém havia sido assassinado na casa. Perguntaram-nos a respeito, e praticávamos as pancadas, sendo uma para "sim", três para "não", como passamos fazer daí por diante. Nada sabíamos sobre espiritismo então. O assassinato, concluíram, devia ter sido cometido na casa. Finalmente, encontraram um homem chamado Bell e disseram que o pobre inocente havia cometido um assassinato na casa, e que aqueles sons procediam dos espíritos das pessoas assassinadas. O pobre Bell passou a ser evitado e visto como assassino por toda a comunidade. No que tange a espíritos, nem eu nem minha irmã pensávamos a respeito disso. . . . Tenho visto tanto engano danoso que estou disposta a prestar assistência o quanto puder e positivamente declarar que o espiritismo é uma fraude da pior descrição. Faço isso perante Deus, e minha idéia é denunciá-lo. . . . Estou convicta de que esta declaração, partindo solenemente de mim, a primeira e mais bem sucedida nesse engano, romperá a força do rápido crescimento do espiritismo e comprovará ser tudo uma fraude, hipocrisia e engano". New York World Newspaper, 21 de outubro de 1888.

Fonte: Dirk Anderson




segunda-feira, 18 de junho de 2012

Como a Tradução do Novo Mundo agrada os Adventistas



O Titã Adventista Leandro Quadros chama a Tradução do Novo Mundo de ‘uma deturpação das Escrituras’... ops! (AQUI). Todos nós sabemos que as Testemunhas de Jeová são filhos legítimos, embora deserdados, da ideologia Adventista.


Na minha leitura do livro oficial de crenças Adventistas, o Nisto Cremos, encontrei como a TNM serve (ou serve-se?) a interpretação Adventista sobre Lucas 23.43. Observe o que os eruditos adventistas dizem:

“A promessa de Cristo ao ladrão. Cristo prometeu ao ladrão, na cruz: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Luc. 23:43). O paraíso é obviamente sinônimo do Céu (II Cor. 12:4; Apoc. 2:7). Do modo como aparece a tradução de Lucas, ela significaria que Jesus iria aquele mesmo dia à presença do Pai, e o mesmo aconteceria com o ladrão. Entretanto, na manhã da ressurreição Cristo disse a Maria, quando esta se prostrou a Seus pés para adorá-Lo: “Não Me detenhas; porque ainda não subi para Meu Pai, mas vai ter com os Meus irmãos e dize-lhes: Subo para Meu Pai e vosso Pai, para Meu Deus e vosso Deus” (João 20:17). Que Jesus permaneceu na sepultura durante o fim de semana, torna-se claro pelas palavras do anjo: “Vinde ver onde Ele jazia” (Mat. 28:6). Poderia Cristo contradizer a Si próprio? De modo nenhum. A solução para compreensão desse texto envolve um problema de pontuação. A inserção de pontuações e divisões de palavras pode ocasionar grandes diferenças no significado do texto. Os tradutores da Bíblia utilizaram seu melhor julgamento para colocar os sinais de pontuação, mas o seu trabalho certamente não é inspirado. Se os tradutores, que em geral realizaram excelente trabalho, houvessem colocado a vírgula depois de hoje (o “que” não aparece no original) em vez de colocá-la antes, esta passagem não ofereceria contradição ao restante dos ensinos das Escrituras. As palavras de Cristo, entendidas adequadamente, seriam: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no Paraíso.” Em harmonia com os ensinos bíblicos, Jesus assegurou ao ladrão que ele estaria com Cristo no Paraíso – uma promessa que será cumprida imediatamente após a ressurreição dos justos por ocasião do Segundo Advento.”


Leia como Corpo Governante das Testemunhas de Jeová traduziu corajosamente esse texto:

“E ele lhe disse: “Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo no paraíso.” Lc 23.43 na TNM.

Numa nota da Bíblia com Referências, p. 1228, o Corpo Governante ainda recorre a uma versão Siríaca do séc. V. que diz:

“Amém, eu te digo hoje que comigo estarás no Jardim do Éden.”

Pois bem, vamos examinar os argumentos do Nisto Cremos:


1) ‘A tradução tradicional de Lc 23.43 é contrária ao ensino da Escritura’: Uma prática covarde das seitas é jogar a tradução da Bíblia contra a própria Bíblia. Nesta empreitada, obviamente, deixaríamos a tal tradução. Sendo que um processo psicológico é dinamizado com tal raciocínio, o argumento acima na verdade leva as pessoas a terem que escolher uma, entre duas opções. O ensino bíblico ou a tradução da Bíblia!? O engano é que ao identificar um suposto problema, resoluções auto-excludentes são adotadas. Acreditamos, como cristãos, que a ‘harmonia’, com um espírito piedoso e submisso ao Deus da verdade, deve ser identificado. SE FOSSE o caso. Porém, não existe problema algum entre a tradução de Lc 23.43 e o ensino da Escritura. Dois ensinos das Escrituras nos confirmam a Tradução tradicional, além do próprio contexto imediato: A) Se você crer na imortalidade da alma, como nos ensina a Bíblia (Ap 6.9,10) não existe o tal problema. B) O que a Bíblia diz sobre paraíso no NT (2 Co12.4; Ap 2.7).

 
2) A parábola do Rico e Lázaro: Devemos notar que além do ensino geral das Escrituras sobre a imortalidade, (quer seja o termo alma/espírito ou o ‘eu imortal’) o autor Lucas tinha em mente algo muito claro quando escreveu ‘paraíso’ estando vinculado com o após morte. No capítulo 16. 19-31 de seu evangelho ele disse escreveu sobre isso. O versículo 22 nos diz: “Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abrão; morreu também o rico e foi sepultado.”

3) Jesus subiu após Ressurreição: O texto bíblico é claro. Jesus disse, ‘não subi para o meu Pai’ (Jo 20.17). Não precisa de nenhuma ginástica mental para perceber que O Cristo Ressurreto, o Homem glorificado, não havia subido. E esse ‘subir’ não era o que os Adventistas e Testemunhas de Jeová querem. Cristo estava dizendo aos seus discípulos: ‘Ainda estou convosco, não fui embora para meu Pai, estou indo para ficar com Ele, no entanto ainda estou convosco, mas irei para Aquele que é vosso Deus e Pai também!’

 
4) A gramática grega: Nem os Adventistas nem as Testemunhas de Jeová (e algumas vezes os Espíritas), podem valer-se da gramática grega para consolidar a tradução de Lc 23.43 como almejam. Mas algo que deve nortear a decisão do uso de pontuação no caso em apreço é o porquê Jesus usou a palavra “Hoje”. Observe que o ladrão faz um pedido para o futuro “Lembra-te de mim quando entrares no teu reino.” A resposta de Jesus correspondeu a esse pedido. Considerando que Jesus entrou no Reino celestial naquele dia. Lucas nos conta: “... Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E dito isto, expirou...” (versículo 46) Até mesmo o ladrão morreu naquele dia (Jo 19.30-33).



• Podemos perceber assim que o “hoje” era quando Cristo daria o que o ladrão pediu, não quando estava respondendo o ladrão!



CONCLUSÃO

O que pretende os Adventistas atacarem a tradução tradicional de Lucas 23.43, e o ensino bíblico da imortalidade da alma? Infelizmente manter os ensinos de Ellen White. A profetisa ensinou isso! Logo, eles devem ensinar isso, custe o que custar... Até mesmo jogar todo o cristianismo protestante no escopo ‘babilônico’, e duvidar de traduções bíblicas que foram produzidas por servos fieis do SENHOR, como foi o caso do Protestante Reformado, João Ferreira de Almeida.





sábado, 16 de junho de 2012

Refutação da defesa da Tradução do Novo Mundo

(Enviei essa resposta em 2008, por e-mail aos administradores do site.)

"Prezado 'Carlos Silva'.

Em primeiro lugar quero parabenizá-lo pela rica e confortável colaboração que tem dado por meio do site ‘mentes bereanas’. Fui ajudado também por seus artigos. Mas tive uma escolha diferente da sua, resolvi me apegar aos antigos Cristãos no que diz respeito a doutrinas centrais da fé cristã. Minha proposta aqui é fazer uso natural de nossa liberdade em confrontar algumas objeções que o senhor lançou contra a definição trinitaria usando a Tradução do Novo Mundo e outras versões em alguns textos bíblicos. Quero ressaltar que farei uma humilde critica ao seu artigo, “A Tradução do Novo Mundo é uma Bíblia sem valor ?”

...

Definição Trinitaria.

Na introdução de seu site, ao definir em que crêem os membros do ‘mentes bereanas’, disse que não acreditam que ‘Deus seja parte de uma Trindade mística’.

Prezado Carlos Silva (desculpe-me mas pressuponho ser autor dessas palavras, ou, creio que as endossa). Poderia me citar qual trecho do Credo Atanasiano, ou mesmo alguma obra de Teologia Sistemática que assim defina a Trindade ?

Essa é a conclusão que o Corpo Governante tira das definições trinitarianas, mas não conheço algum teólogo protestante (nem católico) que assim diga da Trindade. Tem posse de alguma obra dessa natureza, ou sua conclusão é decorrente de sua própria compreensão ?

Muitas pessoas acusam os testemunhas-de-jeová de não acreditarem em Jesus. Você sabe muito bem que essa é uma conclusão doutrinária. Mas vejo que no caso em apreço, agiu semelhantemente.

A forma correta seria dizer que ‘não acredita que Deus Pai é uma das pessoas da divindade Trina’. Mas nunca dizer que seja parte da divindade. Mesmo que para você essa seja a conclusão (“errônea”) não pode redefinir algo que por mais de 1600 anos já está definido. E ainda para a religião em questão, muito complicado.

A TRADUÇÃO DO NOVO MUNDO (TNM)

O senhor foi muito ‘destro’ ao trazer elogios a uma tradução que traduz partes das Escrituras que se assemelham a TNM. Sem duvida alguma o Dr. Goodspeed trouxe algumas formas de traduzir que não é o convencional. Uma das intenções de seu texto foi transportar a credibilidade da An American Translation para a TNM.


Outras versões da Bíblia se assemelham a TNM. Quando eu era TJ (le-se ‘torrecrata’) tinha paixão por procurar traduções da Bíblia que traduzissem de forma semelhante da TNM. Cheguei a possuir umas 20 traduções. Parece que isso era um alivio para minha consciência. Mas estava fadado ao fracasso, pois se encontrasse cincos versículos semelhantes, outros eram esmagadores, além de saber que quase todas traduções da Bíblia estavam pelo menos uns 80%, nadando ao contrario da TNM.


Prezado Carlos Silva, uma tradução não pode confirmar outra. Lembre-se, ambas são traduções da Bíblia. Mas ainda assim existe credito em sua comparação. Se outros traduziram de forma semelhante a TNM, alguma razão tiveram. Mas quais foram essas razões gramaticais ?

Quanto a eruditos elogiarem a TNM em alguns aspectos, quero invocar autoridades de renome na área linguistica do grego. Sr Carlos Silva, sei que conhece muito bem o gabarito e a incontestável erudição desses homens – Bruce M. Metzger, Julios Mantey, Willian Barclay, F.F. Bruce e Antony Hoekema. Desculpe-me, mas o testemunho dessas autoridade, contra a TNM, permite-me rejeitar o trabalho da Comissão da TNM. Quem encontramos para validar a TNM além dos autodidatas do CG ? O professores Nicolas Kip e Jason Beduhn.


Uma impressão pessoal: Kip diz que os críticos da TNM deturpam as informações gramaticais para transparecer que estão dizendo uma coisa, quando estavam dizendo outra! Por mais elegante que eu seja agora, posso considerar Kip um ignorante, afinal de contas por que o livro ‘Raciocínios’ e a ‘Interlinear do Reino’ foram reeditados? Se ele não sabe disso, nem sei por que se considera uma autoridade informada . Além do mais, quais seriam essas citações distorcidas ? Se pela autoridade Torrecrata ele não poderia documentar as fontes ‘apostatas’, então, que não as citasse. Nem acredito que um professor de grego se incline diante de uma atitude tão medieval dessas... Já o professor Beduhn mostra-se mais lúcido, mas convencido em estar disposto em debater com Metizger e Muntei em defender uma Tradução que nem mesmo concorda com ela em pontos cruciais. Outra coisa, os elogios de Beduhn geralmente são confundidos com a “Interlinear”, mesmo que veja a TNM como um bom trabalho. Até hoje não conheci, nem li, algum erudito que tenha uma opinião da ‘Interlinear do Reino’ como a se tem da TNM.

Gostaria de considerar agora os versículos que comparou entre a TNM e a An American Translation.


...e a Palavra era divina.” – João 1:1. Prezado Carlos Silva, duas considerações: 1) dizer que a Palavra era divina, não sustenta sua interpretação, e a de qualquer anti-trinitario. Não se pode sustentar que quando eu digo que Jesus era divino eu penso da forma que o Corpo Governante ensina. Já leu em antigos artigos das publicações da Torre que Jesus era Deus ? Deste modo um trinitario dizer divino e um TJ dizer Deus, para Jesus, por si só não resolve. Mas ...2) A palavra grega aparece em João 1.1 é theos e não theios e nem theidas. Pode-se rejeitar plenamente essa tradução*, pois trata-se de uma interpretação. Nunca o CG optou por traduzir ‘theos’ por ‘divino’.

(*)quando digo ‘rejeitar’ tenho em mira a tradução dessa palavra.

...inclinem diante dele [de Jesus].” – Hebreus 1:6. Nesse caso a pergunta é simples. A LXX em Dt 32.43 diz que os anjos se inclinavam diante do SENHOR ? E mesmo que fosse assim, eles se inclinavam diante de Deus para fazerem o que ? Podemos deduzir desse texto que independentemente de qual tradução escolha, o que foi dito para os anjos fazerem para o SENHOR foi dito para fazerem ao Cristo. O contexto lá determinou o uso de Hebreus 1.6, não uma tradução improvável. Lembre-se que a lei proibia curvar-se diante de outros deuses e prestar-lhes culto. Ambas coisas foram feitas a Cristo (Apoc 5.8 a 14). Acaso, esse texto de Apocalipse não seria uma resposta pratica à ordem de Hebreus1.6?

Tenho notado que em muitos casos as pessoas acham que o significado etimológico de uma palavra é seu significado final, acoplado. Para titulo de exemplo veja o significado da palavra, sincero. Significa uma pessoa sem falsidade, honesta. Agora o significado etimológico de sincero é ‘sem cera’- uma alusão da pratica de passar cera em estatuas para tampar as falhas. Senhor Carlos, seria correto traduzir a palavra grega adolos por ‘sem cera’ ? Sim ! Mas não pode-se esquecer que não foi com o significado etimológico, ou sua origem linguistica, que os escritores usaram o adjetivo sincero. Mas pode acontecer do contexto determinar com muita raridade esse uso.

Dessa forma, dizer que prokineo em Hebreus 1.6 foi usado por causa da etimologia da palavra com seu sentido de ‘curvar-se com joelhos, beijar’ não resulta em produz nenhum resultado esperado pelo senhor. Observe que o pedido de Satanás a Jesus em Mateus 4.9 foi de ‘prostar-se e adorar’ (a Bíblia que uso é a ARA). Isso posto mostra que o significado de ‘inclinar’ em Hebreus 1.6 deve ser determinado pelo A) contexto original em Dt B) pelo contexto proposto pelo autor C) pelo uso final da palavra proskineo.

...Deus é teu trono... – Hebreus 1.8. Esse versículo tem sido um dos principais textos usados pelos trinitarios para provar a divindade do Senhor Jesus. No entanto essa tradução invalidaria o uso. Embora no momento estou tendo o foco na An American Translation, adiantarei a parte que o senhor escreveu sobre Hebreus 1.8. Alistou varias traduções sobre Salmos 45 e diversos argumentos em torno desse Salmo. Nesse campo existe um desvio de analise que prejudica a validez de sua prova. O Salmo 45 permite uma variação na tradução, pois o hebraico traz ‘de Deus é o teu trono’. Segundo Aldo Menezes, a LXX traduziu essa sentença como ‘ó Deus’, e foi esse texto que Hebreus 1.8 usou ! Isso é simplesmente esmagador para sua teoria aqui em pauta. Se o autor inspirado fez uso de uma versão que traduziu ‘ó Deus’, por que eu deveria usar uma opção, ainda que valida naquela outra situação, aqui nesse texto ? Tanto é verdade esse fato que os comentários giram em torno do Salmo 45, se traduzir assim é um vocativo ou um nominativo. Mas se podemos preferir uma alternativa á LXX ao verter o Salmo, não podemos transferir para a decisão inspirada em Hebreus 1.8.


“Eu existia antes de Abraão ter nascido!” – João 8:58. A idéia dessa tradução é aceitável, sem dúvida. Mas se direcionados para as premissas que construíriam nossas conclusões, teremos uma idéia significativa. Para um anti-trinitario, como Jesus existia antes de Abraão? Como um ser criado ou como o Criador ? Ele existia desde a eternidade ou dentro do tempo? Ele existia como um deus ou como Deus? Traduzir não literalmente essa passagem assim só adia a conclusão, mais nada. Existe no entanto seguras considerações gramaticais e contextuais, que ego eimi (ego eimi)) deve ser traduzido por ‘eu sou’. Até mesmo em João temos outros casos que o verbo ficou intransitivo – 8.23,28 e 13.19 – a tradução desses versículos, em si sustentam a tradicional forma de traduzir por EU SOU. No caso de João 8.58 pela An American Translation, temos uma tradução interpretativa que abre uma via dupla de conclusões, mas não confirma necessariamente nenhuma.


“.... [Cristo] veio fisicamente deles [dos judeus] – Deus que é sobre todos seja abençoado para sempre.” – Romanos 9:5. Agora sim, temos diante de nós uma diferença perceptível. O senhor disse que não entraria em méritos gramaticais, mas que as traduções seriam responsáveis por si mesmas. O caso de Rom 9.5 oferece possibilidades diferentes. Mas o senhor concorda que mesmo o modo ‘trinitario de traduzir’, é correto ? Ainda que não concorde com essa forma de traduzir sabe muito bem que a gramática permite essa tradução legitima. Assim sendo, prezado Carlos, sustentemos as duas formas de traduzir como legitimas, quem teria problemas, os trinitaria ou os anti-trinitarios ?

Suas palavras : "Se você é um trinitarista convicto provavelmente seu semblante se contorceu de asco e desprezo pelas versões acima." Pelo menos na maioria dos casos não. A An American Translation não depôs contra a Divindade absoluta de Cristo. E em Rom 9.5 no máximo, propôs um caminho diferente, mas não contrario.


Quero antes de avaliar as outras versões pelo senhor citadas, confrontar uma informação concedida em seu artigo: certo periódico descreveu a TNM como “a mais completa versão das Escrituras”, já lançada no Brasil. – Revista Veja, de 03 de junho de 1987, p. 64.

Bem atual essa informação, não?!?! Desde 1987 não tivemos bíblias de estudos como a NVI de estudo, Genebra, Aplicação pessoal, etc, que faz que TNM com referencias só seja isso , uma versão com referencias? Com muitas é verdade, mas já se encontram desatualizados e em alguns casos, deturpados. Por exemplo, só para citar alguns, no que diz respeito ao uso do estudo do professor George Howard sobre o nome divino no NT ? Sobre a Cruz ? Sobre o artigo de Philip Harner ? E a quantidade de versões da LXX não citadas que não contem o Nome divino ? Outra coisa, os editores da revista ‘Veja’ são autoridades no hebraico e grego bíblicos ?

João 1.1 ... (34 versões) Sr Carlos Silva, das 34 traduções catalogadas no seu texto, entendo que apenas 15 servem realmente ao propósito pelo senhor intencionado. Talvez com um exercício mental esse numero chegue aos 20 ou 22. E mesmo que esse numero fosse a realidade, quantidade é que temos de sobra em traduções que são contrarias a essa forma de traduzir João 1.1. Outra pergunta; não temos nenhumas tradução em português semelhante a TNM nesse versículo ? Traduzir que a Palavra (ou Verbo)”tinha natureza divina’, ‘tinha mesma natureza de Deus’, ‘o que Deus era a Palavra era’, etc. Não tem nada em comum com ‘o Verbo era um deus’. Tem muita fumaça nessa relação. Mas vamos por partes, consideremos uma a uma :

1) The Wiclif Translation (1380), de Jonh Wiclif: “E deus era a palavra.” (OBS.: o primeiro theos desta passagem também foi traduzido em letra minúscula). A observação, honesta, mostra que o uso minúsculo não alterou em nada para o LOGOS.

2) The New Testament, In An Improved Version (1808): “E a Palavra era um deus.”3) The Monotessaron; or, the Gospel History, According to the Four Evangelists (1829), de John S. Thompson: “E o Logos era um deus.”4) The Emphatic Diaglott (1864), de Benjamim Wilson: “E um deus era a Palavra.”5) La Sainte Bible, Segond-Oltramare (1879): “E a Palavra era um ser divino.”

Essas traduções sim, servem ao propósito do artigo. Mas dois lembretes: 1) Essas traduções cometeram o mesmo erro da TNM 2) o testemunho patrístico usa a forma tradicional de verter João 1.1. Mas continuemos...

6) O Novo Testamento (1907), de Curt Stage: “O Verbo era próprio do Ser Divino.”7) O Novo Testamento (1910), de Rudolf Boehmer: “Estava firmemente ligado com Deus, sim, próprio do Ser Divino.” O que essas traduções interpretativas se assemelham com a TNM Sr Carlos ? E como já disse, ‘divino’ não é tradução de théos.

8)The Restored New Testament (1914): “E verdadeiramente o Pensamento divino era o Deus secundário.” ‘Verdadeiramente’, ‘pensamento divino’, ‘DEUS SECUNDARIO’ onde no texto de João 1.1 tem essas palavras Sr Carlos ? Parece que procura versões da bíblia com problemas tão evidentes como a TNM.


9) O Novo Testamento de Friedrich Pfaefflin (1919): “E era de peso divino.” Uma interpretação do texto, mais uma vez. Mas tenho minhas reservas se posso dizer que essa tradução militaria sua causa. Minhas considerações acima sobre divino, tanto pelo uso trinitario como pela tradução de theos já são suficientes. Esse caso é semelhante ao 31 também.



10) The People's New Covenant (1925): “Originalmente havia a Palavra, ou DEUS-Idéia existia; e o DEUS-Idéia existia na expiação [?; em inglês é “at-one-ment”] com DEUS; e o DEUS-Idéia era DEUS-manifesto.” Um trocadilho de palavras, confusas por sinal, mas o por quê, que essa versão está em sua lista é que preciso entender. Quanto a validade dessa tradução, fica a cargo de qualquer um que ler um texto interlinear do NT.



11) La Bible du Centenaire, Societé Biblique de Paris. (1928): “E a Palavra era um ser divino.” Nem um nem ser nem divino, encontram-se correspondente no texto original. Essa versão precisa se sustentar a si própria, e está sem condições de ajudar a TNM nesse caso.



13) O Novo Testamento - Uma Nova Tradução de Johannes Greber (1937): “E o Verbo era um deus.” Mais uma tradução errada. Não tenho condições de contestar o gabarito acadêmico do espirita Greber, mas o mundo tem fortes objeções a essa tradução. Faço uso deles ao tecer minhas criticas.



14) Das Neve Testament (1946), de Ludwig Thimme: “E a Palavra era de espécie divina.” Pode ser visto como uma possivel ajuda em seu artigo. Mas não confirma a TNM. Ficar emaranhando variantes nas traduções acaba perdendo o foco. Não é diferenças que estou discutindo em seu artigo e sim se a TNM tem valor. E ela traz em João 1.1 ‘um deus’ para a Palavra, não divina.



15) Os Quatro Evangelhos - Uma Nova tradução de Charles Cutler Torrey (1947): “E o Verbo era deus.” Não é grego que resolve a questão de maiúscula ou minúscula. Mas em nossa lingua dizer que o LOGOS era ‘deus’ depõem contra a própria a idéia que ‘deus’ seja nome próprio. Essa tradução apoia seu artigo, estando com uma ressalva, fez como a antiga TNM, não colocou o artigo indefinido.



16) A New Translation of the Bible (1954), de James Moffatt: “O Logos era divino.” 17) As Sagradas Escrituras (1951), do Dr. Hermann Menge: “E Deus (=do Ser Divino) o Verbo era.”18) The Authentic New Testament (1958), de Hugh J. Schonfield: “E o Verbo era divino.” Já vimos isso anteriormente. Mas a tradução com numero 17, sem duvida, depõem contra a TNM.



19) The New Testament (1958), de James L. Tomanek: “E a Palavra era um deus.” Um erro justifica outro erro ?



20) Wuest Expanded Translation (1961): “A Palavra estava em companheirismo com Deus, O Pai. E a Palavra era como a Sua absoluta deidade [isto é, como a absoluta deidade do Pai].” (Colchetes acrescentados). Prezado Carlos, foi um erro de sua parte achar que essa tradução, parafraseada, de alguma forma beneficia seu artigo. Ela é contra ! Se Jesus, a Palavra, tem a absoluta deidade do Pai, como você diz que Jesus é menor que o Pai em sua essência constitucional divina ? Mas faço jus a minha linha, essa não é uma tradução exata.



21) A New Translation (1968, 1969), de William Barclay: “A natureza da Palavra era a mesma que a natureza de Deus.”22) New English Bible (1970): “O que Deus era a Palavra era.” Essas traduções, ainda que não sejam literais, reforça o meu conceito trinitario da divindade do Senhor Jesus.



23) The Abbreviated Bible (1971): “– – – ” (Omite a parte final do versículo). Qual foi sua intenção de usar essa ? O senhor concorda com isso ? desculpe-me, mas omitir o inciso final do texto de João 1.1 não me/nos acrescenta nada. Esse caso se repete no numero 32.



24) The Translator New Testament (1973), de W. D. McHardy: “A Palavra estava com Deus e compartilhava sua natureza.” Desde dos dias apostólicos tem-se dito isso. Jesus é da mesma essência do Pai. O que o Pai é, Cristo é.



25) Das Evangelium Nach Johannes (1975), de Siegfried Schulz: “E um deus (ou: da espécie divina) era a Palavra.” 28) Evangelium Nach Johannes (1979), de Jürgen Becker: “E um deus era o Logos.” ‘Essa é uma tradução completamente enganosa’, como escreveu W.E. Vine.



26) The Gospel of John, Revised Edition (1975), de William Barclay: “E a Palavra era Deus.” Colocou essa tradução para mostrar que Barclay mudou a tradução que tinha feito. Essa honestidade é tão ausente nas publicações do Corpo Governante !



27) Das Evangelium Nach Johannes (1978), de Johannes Schneider: “E da sorte semelhante a Deus era o Logos.” Se por semelhante entendo idêntico, não posso achar como acham os anti-trinitarios. Mas o semelhante não é idêntico, assim entendo que o uso desse versículo atinge , parcialmente, seu objetivo. Mas lembre-se isto (a tradução) é uma interpretação.



29) The Sacred Scriptures, Bethel Edition (1981): “A Palavra estava com Yahweh, e a Palavra era Elohim.” Essa tradução, não literal é obvio, não causa dificuldades ao que os trinitarios pensam sobre João 1.1. Mas dificuldades são visíveis nessa tradução. Esse texto, dessa forma traduzido, mantém também uma possibilidade para compreensão ‘Torrecrata’. Mas não existe dificuldades para nós trinitarianos. Pois seria um texto como vários outros que mostram a distinção pessoal do Filho e afirma sua divindade. Porém, não se trata uma tradução exata.



30) The Unvarnished New Testament (1981): “E Deus era o que a Palavra era.” Como o senhor vê apoio nessa tradução é que preciso saber. Sei que nossa mente é muito fértil para produzir possibilidades viáveis com um texto. Mas não raro, esse tipo de exercício vai longe demais. Uma dedução direta é que; o que a Palavra é, Deus é, e o que ‘Deus era a Palavra era’, não temos grandes mudanças em dizer que ‘o Verbo era Deus’. Os casos de numero 33 e34 são os mesmos.



Nem todas essas traduções são de real ajuda para seu artigo. Algumas são até contra. Outras, por pouco não mitlitam contra suas conclusões. Um numero bem menor de 34 você teria se fosse seguir uma linha próxima da TNM. Logo em seguida o senhor usou uma analise gramatical do dr Barclay, embora disse que não faria isso, mas fez, usando outro. Pois bem, esse trecho da analise de Barclay que também apareceu em uma Sentinela de 1977, foi um ponto controverso entre ele e a Torre de Vigia. Não foi por esse artigo que o dr Barclay se demonstrou desgostoso com o uso de seus estudos na literatura da Torre ?



Na primeira edição do livro Raciocínios aparecia a analise do dr Barclay. Na segunda foi substituída pelo artigo do prof. Philip Harner , que por sua vez também não corresponde ao intento do CG. Pois Harner não apoia traduzir o substantivo qualificativo como indefinido (a ‘TNM com referencias’ repete o feito).



É incrível como a doutrinação do CG condiciona as pessoas (TJ) a pensar que o Verbo ter ‘a mesma natureza de Deus’ é = um deus !. Até entendo que um TJ mediano siga essa conclusão, mas não espero isso vindo do senhor. Sei que entende muito bem que para doutrina trinitaria, o Verbo não era o Pai, mas que aquele tinha a essência (substancia divina) deste. Não existe nada nisso que possa ser legitimamente usado pelos ant-trinitarios. Ledo engano e uma falácia.



O comentário de (?) Fenton John Antony Hort impressiona, em especial pela erudição do grego que possuía. Mas outros tantos de igual desenvergadura nunca endossaram ou confirmaram a conclusão dele. De modo velado, até mesmo o companheiro dele, Westcott, seria contra a posição dele. Diga-se de passagem que, essa não é uma decisão que alguém pode tomar. Alterar o texto não é trabalho de ninguém ! Mas, quando o senhor disse que o comentário de Hort foi honesto esqueceu-se que a tradução dele não foi, pois traduziu de modo diferente, por causa de um falecido e não pela verdade !? Segundo, se ele estivesse certo, estando toda a historia cristã errada, nem mesmo a tradução ‘um deus’ caberia ai. Me dá uma impressão que, qualquer informação que possa ser usado para minimizar a evidencia a favor da tradução ‘o Verbo era Deus’, é aceitável pelos anti-trinitarios, mesmo que ponha qualquer outra coisa em duvida.



Sua citação de Philip B. Harner foi desastrosa, você sabe que ele foi citado de forma truncada na ‘TNM com referencia’ e no ‘Raciocínios’. Não tem sentido usar essa citação a partir das publicações do Corpo Governante. Ao ler o Dicionário de John L. McKenzie posso realmente dizer que nesse texto não existe confusão do que ele quis dizer. Em outras partes do Dicionário ele depõem contra a teologia anti-trinitaria, até mesmo no mesmo verbete onde ele disse isso. Não é uma tradução “rigorosamente” literal a que ele dá. Mas, parasse, que para ele não faz diferença alguma traduzir assim e continuar sendo um trinitario.

Por último e não menos importante, ao contrário, determinante, é que uma das regras de interpretação bíblica diz respeito ao ‘uso de uma mesma palavra em uma mesma conexão mais de uma vez , tem o mesmo sentido no todo’. Assim, era necessário que houvesse um indicativo claro em João 1.1 que o uso do termo Deus teve duas definições diferentes usada pelo autor. Nada no texto sugere isso.


João 8:58 -“Antes que Abraão existisse, eu sou.” - Mateus Hoepers.“Antes que Abraão fosse, eu sou.” - William Barclay. “Antes de haver um Abraão eu sou.” - Steven Byington. “Antes de Abraão ter nascido, eu já era aquele que eu sou.” - Das Neue Testament (1965), de Jörg Zink. “Antes de Abraão nascer, já eu era aquele que sou.” – O Novo Testamento, Interconfessiona l (1978). “Eu sou o que sou antes de Abraão existir.” – The Message (2002), de Eugene H. Peterson. .A diferença que vejo nessas traduções com a histórica forma de traduzir João 8.58 é o popular ditado – trocou o 6 por meia dúzia ! Achar que essas traduções (ou versões) poderiam figurar nesse seu artigo, prezado Carlos Silva, é imaginação exagerada. A não ser que pela simples diferença de grafia, maiúsculo e minúsculo, ordem e inferências do mesmo gênero, seja prova para o senhor.

“Desde antes de Abraão existir, eu tenho existido.” – The New Testament (1869), de G.R. Noyes. “Eu existo desde antes Abraão existir.” – Vérsion Popular (1983). “Eu já existia antes de Abraão ter nascido.” – James Moffatt Bible (1994).“Eu já existia antes de Abraão nascer.” – A Bíblia Viva (1996). “Antes que Abraão existisse, eu existo.” – Bíblia do Peregrino(1996). “Eu já existia antes de Abraão ter nascido!” – New Living Translation (1996).“Eu já era antes de Abraão nascer” – Worldwide English New Testament (2001). Temos aqui uma lista que de fato confirmaria a explicação de TNM e principalmente de Nicolas Kip ( pois esse expôs na ‘Despertai!’, com seu nome, sua posição ) . Além do que eu já disse acima, estamos lidando com traduções que possam apoiar a TNM, posso dizer que a maioria esmagadora das principais traduções do mundo, em suas respectivas línguas, com seus renomados eruditos, não aceitam essa conclusão como vindo das firmes áreas da gramática grega. Sei que a maioria não garante a verdade. Mas junto com a maioria nesse assunto, existe muitos fatores e o mais esmagador é o testemunho patristico de como esse versículo foi lido na igreja primitiva. Isso é um abismo intransponível para os ati-trinitarios. “Eu sou” é a legitima e autentica tradução de ego eimi, e o senhor sabe disso. Mais uma coisa sobre esse assunto, a ‘Interlinear do Reino’ não confirma em nada o professor Kip disse. A explicação dele visa apoiar a tradução ‘eu tenho sido’ e a ‘Interlinear do Reino’ traduz ‘eu sou’.

Atos 20:28 – Nesse versículo encontramos aquilo que dizem que todo tradutor tem certa medida de liberdade para fazer algumas escolhas. Mas essas escolhas devem ser extraídas de uma sugestão implícita no próprio texto. Se no grego tivéssemos algo semelhante a ; ‘a igreja que Deus comprou com o sangue do seu próprio .‘ Veríamos ai uma indicação em, ‘do seu próprio’ mesmo que a palavra ‘filho’ não aparecesse. Mas do jeito que está no original, acho que as traduções tradicionais são mais fieis. Não existe base nenhuma para essa refutação : ‘’Deus tem sangue ?...” pois Deus também não tinha corpo ( Jo 1.1,14;20.28), até que ele se fez carne e habitou entre nós. O testemunho bíblico confirma a tradução literal de Atos 20.28.

Romanos 9:5 – Por volta do ano 235 DC, Hipólito , a meu ver fez alusão a esse versiculo.( do site do Emerson)"Pois Cristo é Deus sobre todos..." - Refutação 10: 34.

Se a minha dedução estiver correta, temos um apoio irrefutável de que a tradução popular de Romanos 9.5 esteve na confissão da igreja primitiva, incontestavelmente. Já dei um parecer inicial sobre esse versículo. Segundo informações, Hipolito não é uma boa fonte de informação. Ele mistura muita suas deduções com textos bíblicos, mas tenho um livro que menciona mais de 60 pais (ou citações) que confirmam a tradução tradicional de Romanos 9.5 !!!

Pode-se citar as varias traduções, que em comparação é um numero insignificante, por outro lado temos 1) as maiorias das traduções 2) um apoio gramatical e contextual e 3) o apoio patristico*.
*Quero salientar que meu uso do testemunho patristico não é sacramental e sim corroborativo.

Filipenses 2:6

“[Mesmo Jesus] sendo em forma de Deus, não considerou ser igual a Deus como uma usurpação.” – versão Alfalit Brasil.OUTRAS VERSÕES:“O qual, sendo em forma de Deus, não achou que ter igualdade com Deus fosse algo de que devesse apossar-se.” – The New Testament (1869), de G. R. Noyes.“Sendo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus como aquilo que devia agarrar-se com força.” – Reina-Valera (1960).“Ele – realmente de natureza divina! – nunca se fez, com autoconfiança, igual a Deus.” - Das Neue Testament (1965), edição revisada, de Friedrich Pfaefflin.“O qual, embora sendo em forma de Deus, não achou que ser igual a Deus fosse algo do que gananciosamente se apoderar.” – La Bibbia Concordata (1968).“Ele sempre teve a mesma natureza de Deus, mas não tentou ser, pela força, igual a Deus.” – A Bíblia na Linguagem de Hoje (1973).“Tinha toda natureza de Deus, [mas] não considerou a igualdade com Deus algo para ser agarrado.” – New International Version (1984) [colchetes acrescentados]. “O qual, sendo em forma de Deus, não achou que a igualdade com Deus fosse algo do que se apossar.” –The New Jerusalem Bible (1985).“Ele existia na forma de Deus, [mas] não considerou a igualdade com Deus algo para ser agarrado.” – New American Standard Bible (1995). [colchetes acrescentados].“Embora sendo Deus [‘ou existindo na forma de Deus’, nota] não considerou que ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se.” – Nova Versão Internacional (2000).“Ele era na forma de Deus, mas não contou que a iguldade com Deus fosse algo para se agarrar.” – English Standard Version (2001).“Apesar dele ter existido na forma de Deus, não considerou a igualdade com Deus algo para se agarrar.” – International Standard Version (2002).“Ele tinha uma condição igual a Deus, mas não pensou muito de si mesmo a ponto de se agarrar às vantagens daquela condição não importe o que importasse.” – The Message (2002), de Eugene H. Peterson.

Com todo respeito senhor Carlos Silva o que o senhor viu nessas traduções que se assemelhe a isso ; “O qual, embora existisse em forma de Deus, não deu consideração a uma usurpação, a saber, que devesse ser igual a Deus. ” TNM. ??? Lamentável

(A palavra grega morfé, nesse versículo, por si só estende e a garante a teologia trinitária da divindade de Cristo.)


Tito 2:13 [= 2 Pedro 1:1] – Diferentemente do caso acima , todas as traduções citadas acressentaram ‘de’ ou ‘do’ nesse versículo. Já fizeram uma comparação entre Tito 2.13 e 2 Pedro1.1 na TNM com 2 Pedro 1.11 e 3.18 que demonstra a inconsistência da TNM. E segundo W.E. Vine certo pesquisador mostrou que essa era uma das formas primitiva de se dirigir ao Senhor. Inácio em suas cartas inumeras vezes se refere ao Senhor de forma semelhante. Então só podemos dizer que essas traduções acrescentaram a esse texto algo ele não disse nem pediu. Um dos pais que usa muito essa forma é Inácio de Antioquia. Seria bom o senhor conferir isso pessoalmente. Lembre-se, Inácio estava mais próximo dos fatos por nós discutidos ! Eu ainda estva nos laços da Torrecracia quando comecei a ler as cartas dele, que choque foi para mim ver uma linguagem tão trinitarista.

Hebreus 1:6“Adorem-no [i.e., a Jesus] todos os anjos de Deus”. – Bíblia de Jerusalém. “Que todos os anjos de Deus prostrem-se diante dele [de Jesus].” – Tradução Ecumênica da Bíblia. X TNM e “E todos os anjos de Deus se inclinem diante dele [de Jesus].” – Goodspeed Bible.

Depois o senhor deu algumas indicações para concluir-se desse versículo. Quero usar Apocalipse 5.8 ao 14 para mostrar como os anjos se inclinam diante de Jesus e como eles prestam homenagem – do mesmo modo como fazem ao Pai ! Lembre-se de João 5.23 ? Palavras de Cristo : “A fim de que todos honrem o Filho do modo por que horam o Pai...” Imagine, um anjo falando isso !?

Hebreus 1:8 – Acho que o disse acima é suficiente sobre esse texto. Mas quero ainda acrescentar outra informação , novamente extrai do site do Emerson : “Justino cita Heb. 1:8 para demostrar a Divindade de Cristo. "Teu trono, ó Deus, é para sempre e sempre" - Diálogo com Trifão, cap. 56 “

Mais uma leitura antiga que confirma que a forma tradicional de traduzir Hebreus 1.8 não tem apenas apoio gramatical, mas histórico.

A citação que fez de Westcott , extraída do livro ‘Raciocínios’, refere-se ao Salmo. Até mesmo o livro ‘Raciocínios’ usa o termo “relativo ao qual”, pois a discussão é na LXX. O autor da carta aos Hebreus disse ‘Ó Deus’. E isso até mesmo os ‘pais’ nos disseram. Nem Westcott pode suprimir isso ! Segundo regras de gramáticas gregas existe o caso ‘nominativo vocativo’ também.

Os textos citados para confirmar sua teologia foram :  Anjo se apresentando como Deus – Êxodo 3:4,5; Atos 7:29,30. Moisés chamado por Yahweh de Deus. – Êxodo 4:16; 7:1. Anjo chamado de Deus – Juízes 13:21,22. Anjos chamados de Deuses – Salmo 8:4,5; Hebreus 2:6,7 (Vide a Septuaginta, e compare com outras traduções). Juízes israelitas chamados por Yahweh de Deuses. – Salmo 82:1,6. A casa de Davi chamada de Deus – Zaq 12.8
Aí vejo a prática de achar que o uso de ‘um termo tem o mesmo significado em todos os casos’. Isso até mesmo os trinitários praticam em alguns casos. Mas ventilemos os textos:

Exodo 4.16;7.1 – Não aplica o termo Deus a Moisés. A analogia feito pelo SENHOR foi o uso que Moisés faria de Araão, se assemelharia ao que Deus estava fazendo com Moisés. Não existe o uso nem a autorização de chamar Moisés de ‘Deus’, como não havia chamar Araão de ‘profeta’. Pelo menos nesses versiculos.

Nos versículos do ‘Anjo’ – Não vemos aí nenhuma dificuldade, nem promoção, de algum conceito explícito no que tange ao anti-trinitarismo. A teologia Cristã por muito tempo tem olhado essas manifestações como sendo Jesus pré-encarnado. E existe muita razão bíblica para isso.

Salmo 8:4,5;- Quando citou a LXX para confirmar a ‘interpretação ariana’, esqueceu-se que a força da LXX foi de traduzir elohin por anjos. Nisso, rios de celeuma escorrem-se nos labirintos da exegese. Estaria essa versão confirmando a afirmação (trinitaria) que, elohin pode ser traduzido por angellos ? Ou estaria confirmando a afirmação (ariana) que, anjos são deuses ? Eu procuro sempre ser razoável e lúcido em minhas conclusões, e entendo que a LXX me confirma tradução não dedução.

Salmo 82:1,6.- Ai temos uma citação que confirma sua aplicação. Se foi uma ironia, repreensão ou status, não podemos ter certeza.

Zaq 12.8 – Mais um texto sem ação em seu artigo, senhor Carlos. Não posso achar que o mais fraco ser como Davi significa que seria da realeza ! Precisamos notar que o ensaio do texto tem seu objetivo em mostrar como – o fraco, a realeza, a casa de Judá seriam fortes e resistentes como Deus e o Anjo do SENHOR. Está equivocado em evocar esse versículo para sua interpretação.

No que diz respeito aos comentários que ‘minam a fé trinitária’, como foi observado, precisa ser bem sintonizado pelo senhor: 1) quem disse que esses comentários minam a exegese trinitariana ? 2) o que ficou provado com os comentários ? e 3) qual a base bíblica para dizer que o mesmo uso de ‘deus’ naqueles textos é no mesmo nível usado para Jesus ? Para ilustrar: o uso de Emanuel no período de Isaias, sem dúvida tinha um cumprimento em um dos filhos do profeta (capítulos 7,8). Foi com aquele uso que Mateus o fez a Nosso Senhor Jesus no evangelho ? A resposta é obvia ...

1 João 5:20 – Este ou Esse? Num artigo recente (de uns 4 ou 5 anos) de ‘A Sentinela’ o CG trouxe uma ponderação mais detalhada desse assunto. Mas um artigo sem referências bibliográficas, dificilmente impressiona, ainda mais vindo do CG. Se ele deturpa até citações documentadas o que dizer de outras ... Mas deixando o histórico deles de lado, em grego temos no texto de I João 5.20 ‘este’ e o CG sabendo do problema que poderia causar, colocou ‘esse’.

Quanto ao seu argumento extraído de João 17.3 gostaria de lembra-lo que Judas 4 diz que ‘Jesus é o único Soberano e Senhor’ Também, que em I Cor 8.6 ele é o ‘único Senhor’. Mas que em Mateus 11.25 diz que o Pai é o ‘Senhor do céu e da terra’e em At 4.24, I Tm 6.15, Apoc 6.10 o Soberano é o Pai e em 2 Cor 3.17,18 o Espirito é ‘o Senhor’! Não existe restrições no uso de termos divinos para as pessoas da Trindade. Nem dificuldades em terminologias ao dizer que, ‘só em Jesus há salvação’ quando a bíblia confirma que o Pai e o Espirito Santo participam completamente na salvação dos eleitos (Efe1.3-14). Sua crítica não tem conexão com a compreensão trinitariana.

Conclusão

Se seu artigo fosse entrar nos assuntos gramaticais, tanto seu texto como minha crítica, seriam bem maiores. Assim, procurei manter a mesma linha do artigo, ponderando as traduções, sem ser exaustivo nas discussões gramaticais, que no meu caso, seria sobre e sob créditos de outros. No fim, o senhor mostrou que existe alguma razoabilidade em aceitar a TNM. Essa pode ser uma impressão sua. E de vários outros. Mas a TNM, a meu ver, é um manual de doutrinas ‘Torrecratas’ com nome de bíblia. Essa conclusão pode se confirmada com um fato relatado no livro ‘Proclamadores do Reino’. Segundo esse livro de história das Testemunhas de Jeová, o número das mesmas aumentou significativamente após lançamento da TNM desde a década de 50 !!! coincidência???

Meu apelo é que você repense a confissão de Tomé (João 20.28,29).

Além desses problemas acima discutidos, a prática de tirar o nome/pronome Senhor no NT 237 vezes e enxertar 237 vezes o híbrido nome Jeová no NT, sem ter um único MSS que apoie isso, evidencia o caráter da Comissão. A titulo de comparação, manter a ‘glosa Joanina’ em I João 5.7 tem muito mais base e evidência do que essa pratica.

....
Um abraço"

quinta-feira, 14 de junho de 2012

É a Tradução do Novo Mundo uma Bíblia Sem Valor? (Uma defesa da TNM)

ATENÇÃO: Essa é uma apologia feita por pessoas que são "simpatizantes" das Testemunhas de Jeová (ainda que não totalmente, mas especialmente do conceito antitrinitário dessa seita). Na próxima sexta-feira, permitindo Deus, apresentarei uma breve refutação dessa longa defesa. Uma postagem sobre a opinião de alguns eruditos sobre a TNM veja AQUI.

"É a Tradução do Novo Mundo uma Bíblia Sem Valor (fonte: MENTES BEREANAS)?

“....[Essa obra] deve preencher uma genuína necessidade. Essa tradução é fiel sem ser deficiente, espirituosa sem ser vulgar.” – Morton S. Enslin, Journal of Religion.
“.... oportuna, uma obra bem-vinda.... somente aqueles que já tiveram oportunidade de lidar com o intricado texto [bíblico] pode apreciar a habilidade e julgamento do editor.” – James Moffatt, Journal of Biblical Literature.
“Esta obra significa um verdadeiro avanço na erudição americana. Todos os americanos estão endividados com a erudição precisa e paciente desta importante versão.” – Journal of Bible and Religion.
“É um nobre monumento em erudição, e moderna, a mais clara janela pela qual o leitor americano entra na mente daqueles que escreveram os clássicos mais duradouros do mundo, escritos originalmente em hebraico e grego.” – Christian Century.
“O objetivo desta tradução é nos dar o significado dos textos originais como eram entendidos pelos seus primeiros leitores e ainda indumentado de um inglês respeitável. Além do mais é um tesouro para o leitor, e especialmente para o estudante da Bíblia.” – Presbyterian Banner.
“A obra é em um inglês puro, bonito, claro, freqüentemente direto, e muito agradável de se ler.” – Christian Evangelist.
Fonte das Citações: University of Chicago
Sabe a qual tradução os elogios acima se referem? Na sua opinião, qual é a possibilidade de tais palavras se referirem à Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas? Se o leitor está à par do assunto, sabe que não existe nenhuma possibilidade disso ter acontecido, pois provavelmente a versão do Novo Mundo (versão oficial das Testemunhas de Jeová) é a tradução mais criticada que existe, por motivos vários. Os comentários acima são apenas alguns dos diversos que foram tecidos por ocasião do lançamento de uma certa tradução da Bíblia nos Estados Unidos.

A elogiadíssima Bíblia em apreço é a An American Translation, de Edgar Johnson Goodspeed, um conhecido erudito americano especializado em língua grega, Ph.D pela Universidade de Chicago, autor de diversas obras de referência. Com esse vasto currículo, e um conhecimento do grego incontestável, observe como o Dr. Goodspeed traduziu certos versículos do Novo Testamento em sua obra:

“No princípio a Palavra existia, e a palavra estava com Deus, e a Palavra era divina.” – João 1:1.
“E todos os anjos de Deus se inclinem diante dele [de Jesus].” – Hebreus 1:6.
“Mas do filho ele diz: ‘Deus é teu trono para todo o sempre!’ ” – Hebreus 1:8.
“Eu existia antes de Abraão ter nascido!” – João 8:58.
“.... [Cristo] veio fisicamente deles [dos judeus] – Deus que é sobre todos seja abençoado para sempre.” – Romanos 9:5.

Se você é um trinitarista convicto provavelmente seu semblante se contorceu de asco e desprezo pelas versões acima. “Como pode essa tradução receber tamanhos elogios?”, talvez se pergunte. Os versículos que aí estão são algumas das passagens que os trinitaristas geralmente usam para mostrar que Jesus é Deus. Mas se isso for feito na Bíblia de Goodspeed tais versículos não servirão para apoiar os intentos trinitários, mas acabarão por dar suporte à maneira da Tradução do Novo Mundo traduzir certos versos das Escrituras, apesar do Dr. Goodspeed nunca ter sido Testemunha de Jeová e nem ter apoiado os seus credos religiosos.

O Dr, Goodspeed não era um apoiador da Tradução do Novo Mundo. Embora a Watchtower (editora das Testemunhas de Jeová) alegue que recebeu uma carta dele parabenizando a Tradução do Novo Mundo [TNM], sabe-se que ele fez comentários depreciativos sobre a TNM (referente ao AT), e disse que ela não era recomendada para a leitura pública. (Questions For Jehovah's Witnesses Who Love The Truth, Kunkletown, Pennsylvania, W.I. Cetnar, 1983, p. 64). Nem tampouco ele era um apoiador irrestrito do anti-trinitarismo, pois em outras passagens importantes para o credo da Trindade ele traduziu exatamente como os trinitários querem. Se ele quisesse defender a todo custo a não divindade trinitária de Cristo ele poderia facilmente ter encontrado uma maneira de deixar os versículos que apoiam essa idéia em perfeito acordo, assim como faz a TNM.

O exemplo acima serviu para mostrar que traduzir uma obra a partir de um idioma primitivo é uma tarefa dinâmica e árdua, e que não é tão simples condenar essa ou aquela tradução. Dogmatismo nesse campo também não é adequado. Todas as traduções têm o seu valor, e estão sob aspectos semânticos e morfológicos que devem ser considerados. Não raro existem passagens com várias possibilidades de tradução para o vernáculo, sem que nenhuma delas seja necessariamente errada. Isto é assim especialmente em pontos gramaticais em que os peritos não são unânimes. Há tradutores que fazem uso do contexto para auxiliar em suas decisões, apesar desse método entrar no arriscado campo das interpretações, sobre as quais a formação religiosa do tradutor tem forte influência. Como não é o propósito deste artigo entrar no ambiente da exegese, o aspecto contextual não será aqui analisado profundamente, apenas comentado brevemente. A ênfase será na apresentação de uma variabilidade de versões bíblicas confrontadas com a tão má afamada Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas. Não será objeto deste artigo entrar no mérito de discussões apologéticas ou gramaticais. Os autores das obras citadas é que serão os “responsáveis” pelo juízo de valor aqui apresentado.

É certo que a TNM contém erros como toda obra humana, e em uma ocasião oportuna isso também será comentado em artigos futuros. Mas será que são justas todas as críticas que são feitas ela?

Nuanças históricas e sociais exercem o seu papel na nobre tarefa de se traduzir a Bíblia. Todas as versões têm sua história, influências e paradigmas. No caso da TNM existe uma história secreta (hoje não tão secreta assim) que deve ser considerada: a influência de outras traduções vernáculas. Sabe-se que os tradutores da TNM não possuíam conhecimento acadêmico das línguas originais, com exceção de Frederic Franz, ex-presidente da Watchtower. Por esse motivo lançaram mão do trabalho de outros tradutores para concluir a TNM. Compensaram a falta de formação lingüistica com um exaustivo trabalho de garimpagem técnica, que teve como resultado uma tradução repleta de ferramentas de pesquisa não disponíveis nem em versões bem conceituadas nos círculos acadêmicos. Quem quiser pode comprovar essa particularidade por adquirir uma TNM com referências e notas marginais. Em virtude destes recursos, certo periódico descreveu a TNM como “a mais completa versão das Escrituras”, já lançada no Brasil. – Revista Veja, de 03 de junho de 1987, p. 64.

Há os que defendem a idéia de que a TNM é uma paráfrase da famosa versão Rei Jaime. Mas como a TNM foi lançada em partes no decorrer de vários anos, o mais provável é que os seus autores tenham realmente tentado traduzir por si próprios as Escrituras Sagradas, especialmente o Novo Testamento, a língua que Frederic Franz estudou na Faculdade, e a língua materna de George Gangas, co-autores da TNM. O que não impede que tenham sempre levado em consideração outras versões vernáculas. Sendo correta essa teoria, o resultado, sem dúvida, seria um misto de tradução e paráfrase. Como ninguém viu o desenrolar do trabalho da Comissão Tradutora da TNM, só resta analisar o resultado da obra e comparar com outras versões, para tirar algumas conclusões.

As críticas mais ferrenhas a TNM geralmente se restringem às chamadas passagens cristológicas. Com relação a elas, a Watchtower conseguiu um grande feito: descobriu que praticamente todos esses versículos possuem outras possibilidades aceitáveis de tradução, muitas vezes corroboradas por peritos e obras bem conceituadas do mundo erudito. Por mais que apologistas católicos e protestantes não reconheçam, isso é um fato. Alguns exemplos serão aqui fornecidos.

João 1:1

“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus.” – Versão CNBB.

Embora a frase acima seja a mais comum em edições da Bíblia, segundo várias outras traduções a conclusão “a Palavra era Deus” pode ser traduzida de diversas outras maneiras (Atenção: nem todas são literais):

1) The Wiclif Translation (1380), de Jonh Wiclif: “E deus era a palavra.” (OBS.: o primeiro theos desta passagem também foi traduzido em letra minúscula).

2) The New Testament, In An Improved Version (1808): “E a Palavra era um deus.”

3) The Monotessaron; or, the Gospel History, According to the Four Evangelists (1829), de John S. Thompson: “E o Logos era um deus.”

4) The Emphatic Diaglott (1864), de Benjamim Wilson: “E um deus era a Palavra.”

5) La Sainte Bible, Segond-Oltramare (1879): “E a Palavra era um ser divino.”

6) O Novo Testamento (1907), de Curt Stage: “O Verbo era próprio do Ser Divino.”

7) O Novo Testamento (1910), de Rudolf Boehmer: “Estava firmemente ligado com Deus, sim, próprio do Ser Divino.”

8) The Restored New Testament (1914): “E verdadeiramente o Pensamento divino era o Deus secundário.”

9) O Novo Testamento de Friedrich Pfaefflin (1919): “E era de peso divino.”

10) The People's New Covenant (1925): “Originalmente havia a Palavra, ou DEUS-Idéia existia; e o DEUS-Idéia existia na expiação [?; em inglês é “at-one-ment”] com DEUS; e o DEUS-Idéia era DEUS-manifesto.”

11) La Bible du Centenaire, Societé Biblique de Paris. (1928): “E a Palavra era um ser divino.”

12) An American Translation (1935), de J.M.P. Smith e E.J.Goodspeed: “E a Palavra era divina.”

13) O Novo Testamento - Uma Nova Tradução de Johannes Greber (1937): “E o Verbo era um deus.”

14) Das Neve Testament (1946), de Ludwig Thimme: “E a Palavra era de espécie divina.”

15) Os Quatro Evangelhos - Uma Nova tradução de Charles Cutler Torrey (1947): “E o Verbo era deus.”

16) A New Translation of the Bible (1954),de James Moffatt: “O Logos era divino.”

17) As Sagradas Escrituras (1951),do Dr. Hermann Menge: “E Deus (=do Ser Divino) o Verbo era.”

18) The Authentic New Testament (1958), de Hugh J. Schonfield: “E o Verbo era divino.”

19) The New Testament (1958), de James L. Tomanek: “E a Palavra era um deus.”

20) Wuest Expanded Translation (1961): “A Palavra estava em companheirismo com Deus, O Pai. E a Palavra era como a Sua absoluta deidade [isto é, como a absoluta deidade do Pai].” (Colchetes acrescentados).

21) A New Translation (1968, 1969), de William Barclay: “A natureza da Palavra era a mesma que a natureza de Deus.”

22) New English Bible (1970): “O que Deus era a Palavra era.”

23) The Abbreviated Bible (1971): “– – – ” (Omite a parte final do versículo).

24) The Translator New Testament (1973), de W. D. McHardy: “A Palavra estava com Deus e compartilhava sua natureza.”

25) Das Evangelium Nach Johannes (1975), de Siegfried Schulz: “E um deus (ou: da espécie divina) era a Palavra.”

26) The Gospel of John, Revised Edition (1975), de William Barclay: “E a Palavra era Deus.”

27) Das Evangelium Nach Johannes (1978), de Johannes Schneider: “E da sorte semelhante a Deus era o Logos.”

28) Evangelium Nach Johannes (1979), de Jürgen Becker: “E um deus era o Logos.”

29) The Sacred Scriptures, Bethel Edition (1981): “A Palavra estava com Yahweh, e a Palavra era Elohim.”

30) The Unvarnished New Testament (1981): “E Deus era o que a Palavra era.”

31) The Original New Testament (1985), de Hugh J. Schonfield: “Então a Palavra era divina.”

32) The Word Made Fresh (1988), de Andy Edington: “– – – ” (Omite a parte final do versículo).

33) Revised English Bible (1989): “E o que Deus era a Palavra era.”

34) Scholars Version (1993): “Era o que Deus era.”

O popular tradutor escocês William Barclay (da citação anterior de nº 21) concluiu com a frase: “A natureza da Palavra era a mesma que a natureza de Deus.” No entanto, numa edição posterior, ele resolveu traduzir esse versículo na forma mais conhecida: “E a Palavra era Deus” (citação nº 26). Sabe-se que Barclay não cria na doutrina da Trindade. Mas isso não o impediu de voltar a versão tradicional de João 1:1, nem tampouco fez com que ele evitasse traduzir outros versículos do jeito que querem os trinitaristas.

Referente a João 1:1, Barclay fez o seguinte comentário: “É difícil entendermos essa afirmação, e ela é difícil porque o grego, língua na qual João escreveu, tinha uma maneira diferente de dizer as coisas.... Quando o grego usa um substantivo quase sempre é com o artigo definido ho [“o”]. Quando o grego se refere a Deus ele não diz simplesmente theos [“deus”]; ele diz ho theos [“o deus”]. Então quando o grego não usa o artigo definido junto com um substantivo, o substantivo se torna mais um adjetivo. João não queria dizer que a palavra era ho theos [“o Deus”]; como se dissesse que a palavra fosse idêntica a Deus. Ele disse que a palavra era theos – sem o artigo definido – o que significa que a palavra tinha, por assim dizer, exatamente a mesma característica e qualidade e essência e maneira de ser de Deus. Quando João disse a palavra era Deus ele não estava dizendo que Jesus era idêntico a Deus.... Nesse caso é melhor entendermos com o significado de que Jesus é divino. Vê-lo é o mesmo que ver o que Deus é.” – The Gospel of John, Revised Edition (1975), pp. 39, 74, Westminster John Knox Press.

João 1:1 é certamente um dos mais controversos pontos das Escrituras, ao contrário do que pensam as imutáveis mentes trinitárias não à par dos fatos. Quem afirma categoricamente que a TNM está absolutamente errada neste versículo fecha os olhos à realidade. Note mais comentários que confirmam isso:

“A verdadeira tradução aqui [em João 1:1] provavelmente seja: de Deus. Veja-se Nota Crítica..... [Diz a nota crítica:] Há três motivos diferentes para se crer que ‘de Deus’ seja a tradução correta. Primeiro, os manuscritos, segundo declarados na Nota; segundo, a lógica do argumento; porque, se o evangelista quis dizer ‘era Deus’, não haveria motivo para o versículo seguinte; terceiro, a construção gramatical da sentença: pois não teria ele escrito ‘era Deus’ ho logos én theós, que, de qualquer modo, teria sido mais elegante? Mas se lermos kai theoû-ho lógos, o theoû estará no seu lugar apropriado na sentença. Tenho-me refreado de corrigir o texto nessa passagem por causa do desejo expresso do falecido Bispo Westcott.” – The Patristic Gospels – A English Version of the Holy Gospels, pp. 118, 156; colchetes acrescentados. (Detalhe: o tradutor dessa Bíblia verteu João 1:1 da forma tradicional “o Verbo era Deus”, o que não impediu o seu honesto comentário).

“Um predicativo anartro precedendo ao verbo, tem primariamente sentido qualificativo. Indicam que o logos tem a mesma natureza de theos... A cláusula poderia talvez ser traduzida: ‘o Verbo tinha a mesma natureza de Deus.’” – Philip B. Harner, Journal of Biblical Literature, 1973, pp. 85, 87.

“João 1:1 deve ser rigorosamente traduzido ‘o verbo estava com o Deus [= o Pai], e o verbo era um ser divino’.” – Dictionary of the Bible, de John L. McKenzie, 1965, p. 317.

João 8:58

“Antes que Abraão existisse, eu sou.” - Mateus Hoepers.

“Antes que Abraão fosse, eu sou.” - William Barclay.

“Antes de haver um Abraão eu sou.” - Steven Byington.

OUTRAS VERSÕES:

“Desde antes de Abraão existir, eu tenho existido.” – The New Testament (1869), de G.R. Noyes.

“Eu já existia antes de Abraão nascer!” – Goodspeed Bible (1935).

“Antes de Abraão ter nascido, eu já era aquele que eu sou.” - Das Neue Testament (1965), de Jörg Zink.

“Antes de Abraão nascer, já eu era aquele que sou.” – O Novo Testamento, Interconfessiona l (1978).

“Eu existo desde antes Abraão existir.” – Vérsion Popular (1983).

“Eu já existia antes de Abraão ter nascido.” – James Moffatt Bible (1994).

“Eu já existia antes de Abraão nascer.” – A Bíblia Viva (1996).

“Antes que Abraão existisse, eu existo.” – Bíblia do Peregrino(1996).

“Eu já existia antes de Abraão ter nascido!” – New Living Translation (1996).

“Eu já era antes de Abraão nascer” – Worldwide English New Testament (2001).

“Eu sou o que sou antes de Abraão existir.” – The Message (2002), de Eugene H. Peterson.

Embora a tradução “eu sou” esteja correta, se vista pelo sentido literal, parece bem evidente que o que Jesus queria dizer era que ele já existia antes de Abraão existir. Todo bom tradutor sabe que o literalismo geralmente não garante uma boa tradução, embora no que diz respeito à Bíblia isto tenha sua utilidade. Mesmo do ponto de vista gramatical, ao converter o texto canônico para o vernáculo, todas as traduções aí citadas que não vertem a expressão grega egó emí por “eu sou” estão corretas. Sobre este ponto em questão, o professor universitário de língua grega, Nicholas Kip, fez o seguinte comentário:

“Em alguns lugares, os trinitaristas manipulam claramente a evidência. O exemplo clássico disto é, acho eu, João 8:58. Ali, Jesus disse: ‘Antes que Abraão existisse eu sou.’ (Almeida) Os trinitaristas pegam este uso de ‘eu sou’, por parte de Jesus aqui, e relacionam-no com a declaração feita por Jeová a Moisés, em Êxodo 3:14 (Al): ‘Eu sou o que sou.’ Visto que tanto Jesus como Jeová usaram a expressão ‘Eu sou’, eles argumentam que isto faz com que Jesus e Jeová sejam uma só pessoa. E o radical grego realmente diz sou no presente, em João 8:58.

“No entanto, até as próprias gramáticas de teologia deles reconhecem que, quando uma expressão aparece no tempo passado na sentença, o verbo no presente pode às vezes ser traduzido como se já tivesse iniciado no passado e prosseguido até o presente. Isto também ocorre no francês e no latim. Por isso, quando a Tradução do Novo Mundo diz ‘eu tenho sido’, em vez de ‘eu sou’, ela está traduzindo corretamente o grego. (João 8:58) Todavia, os trinitaristas agem como se: ‘Não, isso nem mesmo é possível!’ Assim, comecei a notar esta distorção da evidência por parte dos detratores da Sociedade.” – Despertai!, de 22 de março de 1987, p. 14.

Embora o professor Kip tenha se tornado Testemunha de Jeová, ele deixa claro no resto do seu relato, que ele já tinha essa opinião antes de conhecer as Testemunhas de Jeová. Portanto, sua declaração é significativa neste momento. Interessante, é que a Watchtower na sua The Kingdom Interlinear Translation verte João 8:58 da seguinte forma: “Antes de Abraão tornar-se eu sou.” O que vem a confirmar a declaração do professor Kip.

Atos 20:28

“ [Pastoreai] a Igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue.” - Versão Pedreira de Castro.

OUTRAS VERSÕES:

“.... o Senhor comprou com o seu próprio sangue.” – Reina-Valera (1960)

“.... por meio do sangue do seu próprio Filho.” – A Bíblia na Linguagem de Hoje (1973).

“.... pelo sangue de seu próprio Filho.” – A Bíblia Fácil, CBC (1973).

“.... pelo sangue do seu próprio Filho.” – A Bíblia de Jerusalém (1981).

“.... com o sangue de seu Filho.” – Mensagem de Deus (1983).

“.... pelo sangue de seu próprio Filho.” – Novo Testamento de José Raimundo Vidigal (1984).

“.... com o sangue do seu próprio Filho.” – Edição Pastoral (1991).

“.... com o sangue de seu próprio Filho.” – Contemporary English Version (1995).

A Tradução do Novo Mundo verte:

“...com o sangue do seu próprio [Filho].”

Romanos 9:5

“São israelitas... dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém.” – Versão Almeida.

OUTRAS VERSÕES:

“...e dos quais, por descendência física, veio o Cristo. Deus, que é sobre todos, seja bendito por todas as eras! Amém.” – The Riverside New Testament (1934).

“...e da sua raça, segundo a carne, é o Cristo. Deus, que é sobre todos, seja bendito para sempre. Amém.” –Revised Standard Version (1952).

“...e deles, na descendência natural, procedeu o messias. Que Deus, o supremo sobre todos, seja bendito para sempre! Amém – The New English Bible (1961).

“...e Cristo, como ser humano, pertence à sua raça. Que Deus, que governa sobre todos, seja louvado para sempre! Amém.” – Today's English Version (1966).

“...e deles veio o messias (falo de suas origens humanas). Bendito para sempre seja Deus, que é sobre todos! Amém.” – The American Bible (1970).

“...e deles é o Cristo, segundo a carne. O Deus que está acima de tudo seja bendito pelos séculos! Amém.” –Bíblia Vozes (1982).

“...e deles nasceu Cristo segundo a condição humana, que está acima de tudo. Deus seja bendito para sempre. Amém.” – Edição Pastoral (1990).

“Aqueles famosos ancestrais, que também eram ancestrais de Jesus Cristo. Oro que Deus, que governa sobre todos, seja louvado para sempre!” - Contemporary English Version (1995).

“...de sua linhagem segundo a carne descende o Messias. Seja para sempre bendito o Deus que está acima de tudo.” – Bíblia do Peregrino (1996).

* Nota ao pé de página sobre Romanos 9:5: “Ou ‘Cristo, que é sobre tudo. Seja Deus louvado para sempre!’.” – Nova Versão Internacional.

Filipenses 2:6

“[Mesmo Jesus] sendo em forma de Deus, não considerou ser igual a Deus como uma usurpação.” – versão Alfalit Brasil.

OUTRAS VERSÕES:

“O qual, sendo em forma de Deus, não achou que ter igualdade com Deus fosse algo de que devesse apossar-se.” – The New Testament (1869), de G. R. Noyes.

“Sendo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus como aquilo que devia agarrar-se com força.” – Reina-Valera (1960).

“Ele – realmente de natureza divina! – nunca se fez, com autoconfiança, igual a Deus.” - Das Neue Testament (1965), edição revisada, de Friedrich Pfaefflin.

“O qual, embora sendo em forma de Deus, não achou que ser igual a Deus fosse algo do que gananciosamente se apoderar.” – La Bibbia Concordata (1968).

“Ele sempre teve a mesma natureza de Deus, mas não tentou ser, pela força, igual a Deus.” – A Bíblia na Linguagem de Hoje (1973).

“Tinha toda natureza de Deus, [mas] não considerou a igualdade com Deus algo para ser agarrado.” – New International Version (1984) [colchetes acrescentados].

“O qual, sendo em forma de Deus, não achou que a igualdade com Deus fosse algo do que se apossar.” –The New Jerusalem Bible (1985).

“Ele existia na forma de Deus, [mas] não considerou a igualdade com Deus algo para ser agarrado.” – New American Standard Bible (1995). [colchetes acrescentados].

“Embora sendo Deus [‘ou existindo na forma de Deus’, nota] não considerou que ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se.” – Nova Versão Internacional (2000).

“Ele era na forma de Deus, mas não contou que a iguldade com Deus fosse algo para se agarrar.” – English Standard Version (2001).

“Apesar dele ter existido na forma de Deus, não considerou a igualdade com Deus algo para se agarrar.” – International Standard Version (2002).

“Ele tinha uma condição igual a Deus, mas não pensou muito de si mesmo a ponto de se agarrar às vantagens daquela condição não importe o que importasse.” – The Message (2002), de Eugene H. Peterson.

A Tradução do Novo Mundo verteu da seguinte forma:

“O qual, embora existisse em forma de Deus, não deu consideração a uma usurpação, a saber, que devesse ser igual a Deus. ”

Tito 2:13 [= 2 Pedro 1:1]

“Aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.” - Versão Almeida.

OUTRAS VERSÕES:

“...do grande Deus e de nosso Salvador, Cristo Jesus” – The Riverside New Testament (1934).

“...do grande Deus e de nosso Salvador, Cristo Jesus” – James Moffatt Bible (1935).

“...do grande Deus e de nosso Salvador, Jesus Cristo.” – La Sainte Bible, de Loius Segond (1957).

“...do grande Deus e de nosso Salvador, Cristo Jesus.” – The New American Bible (1970).

“...do grande Deus e do Salvador Nosso, Jesus Cristo.” – Novo Testamento, de Mateus Hoepers (1978).

“...do nosso grande Deus e do nosso Salvador Jesus Cristo.” – Bíblia do Peregrino (1996).

A Tradução do Novo Mundo verte:

“...do grande Deus e [do] Salvador de nós, Cristo Jesus.”

Hebreus 1:6

“Adorem-no [i.e., a Jesus] todos os anjos de Deus”. – Bíblia de Jerusalém.

“Que todos os anjos de Deus prostrem-se diante dele [de Jesus].” – Tradução Ecumênica da Bíblia.

“E todos os anjos de Deus se inclinem diante dele [de Jesus].” – Goodspeed Bible.

Qual das traduções acima é a correta? Os anjos tinham que adorar ou se curvar diante de Jesus? Qualquer pessoa com conhecimento básico de grego coiné sabe que proskinéo, palavra usada neste versículo, pode ser traduzida em qualquer um dos significados acima citados. O termo proskinéo significa adoração, homenagem, reverência ou o ato de curvar-se. Portanto, é o tradutor quem determina qual é a melhor acepção. Por exemplo, a Bíblia de Jerusalém traduziu proskinéo, em Mateus 18:26, da seguinte forma: “Caiu aos seus pés e, prostrado....”, embora tenha vertido “adorar” em Hebreus 1:6.

* Nota da Bíblia do Peregrino sobre Hebreus 1:6: “ ‘Adorem’: rendendo homenagem ao soberano.”

Hebreus 1:8

“Com referência ao Filho: ‘Deus é o teu trono para todo o sempre.’” – Tradução do Novo Mundo.

“Sobre o Filho porém afirma: o teu trono, ó Deus, permanece para sempre.” – Edição Pastoral.

O apóstolo Paulo está a citar o Salmo 45:7. Note como a própria tradução usada acima (Edição Pastoral) traduz esse Salmo: “Seu trono é de Deus, e permanece para sempre! O cetro do seu reino é o cetro de retidão!”. Qual seria então a tradução correta? Já que a mesma passagem é traduzida de maneiras diferentes? A tradução correta é “Deus” ou “de Deus”?

Observe como diversas traduções vertem o Salmo 45:7:

“Teu divino trono é para sempre, teu cetro real, um cetro de equidade.” – Tanakh.

“O teu trono é de Deus e para sempre.” – O Salmos (LEB).

“Deus é teu trono para todo o sempre.” – The Bible in Living English.

“Teu trono é de Deus, para sempre e eternamente!” – Bíblia de Jerusalém.

“O teu trono é de Deus e para sempre.” – Mensagem de Deus.

“Teu divino trono dura para todo o sempre.” – Revised Standard Version.

“O que Deus lhe deu vai durar para sempre.” – A Bíblia na Linguagem de Hoje.

“O teu trono é de Deus para sempre e eternamente.” – La Bible de Jerusalém.

“Teu trono é de Deus para todo o sempre.” – The Message (American Bible Society).

Há versões que até omitem a expressão “Ó Deus”:

“O teu trono subsiste no século do século.” – Hebreus 1:8, Pedreira de Castro.

“Teu trono subsistirá para sempre.” – Salmo 45:7, Moffatt.

Observe três notas ao pé de página sobre Salmo 45:7 e Hebreus 1:8:

Salmo 45:7: “Ou ‘teu trono é de Deus’.” – American Standard Version.

Salmo 45:7: “Ou ‘teu trono é um trono de Deus’, ou ‘teu trono, ó Deus’.” – Revised Standard Version.

Salmo 45:7: “Ou ‘teu divino trono’.” – New Living Translation (Tyndale House).

Hebreus 1:8: “Ou ‘Deus é teu trono’.” – Revised Standard Version.

Não há motivo para ser dogmático sobre qual é a tradução correta desses versículos. Os autores das notas acima são especialistas nos idiomas originais da Bíblia, e são eles que dizem que há várias possibilidades de tradução igualmente aceitáveis do ponto de vista gramatical.

Esse salmo se dirigia originalmente ao rei de Israel. Como dificilmente o salmista teve a intenção de dizer que o rei fosse Deus, é bem razoável que a tradução correta seja “de Deus”, pois o poder régio do governante judeu provinha de Deus. Talvez seja por esse motivo que a Bíblia na Linguagem de Hoje verte: “O que Deus lhe deu vai durar para sempre.”

Mesmo que o salmista estivesse chamando o rei de “deus”, é bom lembrar que o próprio Yahweh aplicou o termo “deus” a diversas outras pessoas, ou autorizou que elas usassem tal termo:

¨ Anjo se apresentando como Deus – Êxodo 3:4,5; Atos 7:29,30.

¨ Moisés chamado por Yahweh de Deus. – Êxodo 4:16; 7:1.

¨ Anjo chamado de Deus – Juízes 13:21,22.

¨ Anjos chamados de Deuses – Salmo 8:4,5; Hebreus 2:6,7 (Vide a Septuaginta, e compare com outras traduções).

¨ Juízes israelitas chamados por Yahweh de Deuses. – Salmo 82:1,6.

¨ A casa de Davi chamada de Deus – Zacarias 12:8.

Os versículos aí citados mostram que o nome “Deus” pode ser usado de forma especial e esporádica a pessoas que representam oficialmente o Altíssimo. Esta possibilidade é comentada por vários tradutores:

* Nota ao pé de página sobre o Salmo 45:7: “Este poema nupcial é dedicado ao rei para exaltar suas qualidades físicas, augurar-lhe a vitória no campo de batalha e um reinado de justiça e verdade. Na qualidade de Ungido, é ele o representante do Senhor na terra e, por sua função de exercer e promover a justiça, é intitulado ‘deus’ ”. – Bíblia Vozes.

* Nota ao pé de página sobre o Salmo 45:7: “Deus, palavra que por vezes é aplicada a homens (cf. Ex. 4:16), parece aqui designar o rei.” – Tradução Ecumênica da Bíblia.

* Nota ao pé de página sobre o Salmo 45:7: “Vemos no termo ’elohîm um vocativo qualificando o rei; este título protocolar é de fato aplicado ao Messias. (Is. 9,5).” – Bíblia de Jerusalém.

* Nota ao pé de página sobre o Salmo 45:7: “É duvidoso o sentido da invocação ‘Ó Deus’: ou interrompe o poema com uma elevação a Deus, ou se refere ao próprio rei, a quem chama de ‘divino’.” – Salmos, a Oração do Povo de Deus, de Ivo Storniolo.

* Nota ao pé de página sobre Hebreus 1:8: “Fórmula de entronização. Ao rei dirige-se a denominação elohim: deus.” – Tradução Ecumênica da Bíblia.

É interessante como tradutores trinitaristas conseguem chegar a conclusões que acabam por minar a crença de que Jesus é o Deus Todo-Poderoso, crença que se baseia no fato de Jesus ter recebido a denominação “Deus” em algumas passagens bíblicas. Ora, não o receberam também diversas outras pessoas? Onde as Escrituras dizem que essa peculiaridade não pode também se aplicar ao Senhor Jesus? – 1 Coríntios 4:6.

Bem, mas saindo do campo da análise lógica e da exegese, porém, teria a construção gramatical desse versículo espaço para mais de uma possibilidade de tradução? O erudito bíblico B. F. Westcott fez o seguinte comentário sobre essa passagem:

“A LXX. Admite dois modos de verter: [ho théos] pode ser considerado um vocativo em ambos os casos (Teu trono, ó Deus,... portanto, ó Deus, Teu Deus...) ou pode ser considerado o sujeito (ou predicado) no primeiro caso (Deus é Teu Trono, ou Teu trono é Deus...) , e um aposto de [ho theós sou] no segundo caso, (Portanto, Deus, o Teu Deus...)... É bem improvável que [Élohím] no original fosse dirigido ao rei. A conclusão a que se chega, pois, é contra a crença de que [ho theós] seja um vocativo na LXX. Assim, de modo geral, parece melhor adotar na primeira oração a tradução: Deus é Teu trono (ou: Teu trono é Deus), isto é, ‘Teu reino funda-se em Deus, a Rocha inabalável’.” – The Epistle to the Hebrews (Londres, 1889), pp. 25, 26.

Portanto, o professor Edgar Goodspeed ao traduzir Hebreus 1:8 tinha razões concretas para escolher a seguinte versão:

“Mas do filho ele diz: ‘Deus é teu trono para todo o sempre!’ ”.

O mesmo fizeram os tradutores James Moffatt e Steven Byngton, e os tradutores das versões Revised Standard Version – Westminster Study Bible, e da The Twentieth Century New Testament. Sendo assim, a TNM não está só na sua maneira de verter Hebreus 1:8, e os seus tradutores não podem ser acusados de que não têm base alguma para apoiar sua escolha.

1 João 5:20

“Sabemos que Jesus Cristo, o Filho de Deus veio e nos mostrou o Deus verdadeiro. E por causa de Jesus, nós agora pertencemos ao Deus verdadeiro que dá vida eterna.” – Contemporary English Version.

“Sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” – Versão Almeida.

Qual das duas versões acima contém a idéia intencionada originalmente pelo apóstolo João? Como a maioria dos cristãos atuais são trinitários, é evidente que a segunda versão apresentada receberá maior apoio. A conclusão “este é o verdadeiro Deus” satisfaz qualquer trinitarista. No entanto, leia a frase precedente, que levou à conclusão, em outras traduções:

“Sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu inteligência para conhecermos o Deus verdadeiro. E nós estamos com o Verdadeiro, graças a seu Filho Jesus Cristo.” – Edição Pastoral.

“Nós sabemos que o Filho de Deus veio, e nos deu discernimento, para que pudéssemos conhecer o VERDADEIRO; e nós estamos no VERDADEIRO, - pelo seu Filho Jesus Cristo.” – The Emphatic Diaglott.

“Sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu inteligência para conhecer o Verdadeiro. Estamos com o Verdadeiro e com o seu Filho Jesus Cristo.” – Bíblia do Peregrino.

“E sabemos que veio o Filho de Deus e que nos deus entendimento, para que conheçamos ao verdadeiro Deus e estejamos em seu verdadeiro Filho.” – Vicente M. Zione.

“E sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para conhecermos o verdadeiro Deus e estarmos no seu verdadeiro Filho.” – Pedreira de Castro.

Percebe a menção de duas pessoas nessas versões? Qual destas duas pessoas é o Deus verdadeiro? Seguramente é aquele para quem Jesus orou certa vez: “A vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que tu enviaste, Jesus Cristo.” (João 17:3, Edição Pastoral) Notou a incrível semelhança entre estas duas passagens? Se João 17:3 e 1 João 5:20 foram escritos pela mesma pessoa, é de se esperar que estes dois versículos concordem um com o outro.

A Variabilidade de Traduções Quando um Dogma Não Está Envolvido

“Paulo recolhera um feixe de lenha seca e estava jogando na fogueira. Então uma cobra, fugindo do calor, saiu e se prendeu na mão de Paulo. Vendo a cobra dependurada em sua mão, os nativos disseram: Este homem certamente é um assassino: escapou do naufrágio, mas a justiça divina não o deixa viver’ .... Os nativos ficaram na expectativa de que ele inchasse e caísse morto de repente. Depois de esperarem por um bom tempo e, vendo que nada acontecia, mudaram de idéia e começaram a dizer que ele era um deus.” – Atos 28:3-6, Edição Pastoral.

Os primitivos manuscritos bíblicos não têm pontuação, nem diferenciação entre letras maiúsculas e minúsculas. Em tais manuscritos a parte final de Atos 28:6 reza: “E COMEÇARAM A DIZER QUE ELE ERA DEUS.” Se este versículo se referisse a Jesus, como você acha que ele apareceria nas maioria das Bíblias? Certamente não haveria a expressão “um Deus”; haveria “Deus”. Mas como um dogma não está aqui envolvido os tradutores seguem a lógica normal do argumento e traduzem “um deus”.

Semelhante caso ocorre em Atos 12:22 quando uma multidão entusiasmada elogiou um discurso feito por um homem. Como foi esse elogio? Bem, a resposta depende de qual tradução da Bíblia você usa. Veja dois exemplos:

“É a voz de um deus, e não de homem!” – Alfalit Brasil.

“É a voz de deus, e não de homem.” – Nova Versão Internacional.

“É a voz de Deus e não de um homem!” – Bíblia de Jerusalém.

Como pode uma mesma palavra (theo) ser traduzida de três maneiras diferentes? O certo é “deus”, “um deus” ou “Deus”? Conforme os comentários já citados neste artigo por peritos em grego, as três possibilidades acima são aceitáveis do ponto de vista gramatical. Cabe apenas ao tradutor escolher sua alternativa. Evidentemente se as palavras acima se referissem a Jesus não haveria dúvida na mente da maioria dos tradutores sobre qual caminho seguir.

Uma História Real

O dia é sete de março de 1797. Uma navio parte da Inglaterra rumo ao Taiti. Um grupo de missionários estimulado por um movimento conhecido como Grande Despertamento resolve singrar os mares em busca de um ideal: pregar o Evangelho num território totalmente virgem no Pacífico Sul. Os anos se passam e devido a doenças, fome e privações quase todos os missionários resolvem voltar para a Grã-Bretanha. No entanto, dois jovens destemidos de nomes Henry Nott e John Davies, ambos com cerca de 26 anos, resolvem permanecer no Taiti porque um sonho tomara conta de suas almas: traduzir a Bíblia para o povo taitiano.

Quando chegaram inicialmente ao Taiti, Nott e Davies não sabiam nada da complexa língua taitiana. Memorizaram apenas algumas palavras que visitantes anteriores haviam repassado para eles. O desafio de aprender o taitiano era enorme para alguém não acostumado a sons com abertura abrupta da glote, semelhante às antigas línguas semitas, além de diversas outras dificuldades lingüisticas. E o pior, não havia gramáticas, não havia escolas, nem sequer havia a forma escrita daquele idioma! Mesmo em doze anos de pregação nenhum nativo se convertera ao cristianismo para juntar-se a eles nessa tarefa. Como eram esforçados aqueles dois homens!

O que dizer da formação acadêmica de Davies e Nott? Como eles queriam traduzir a Bíblia a partir dos originais hebraico e grego, é de se esperar que ele fossem mestres nestas línguas. Certo? Errado! Nott era um simples pedreiro e Davies um aprendiz de mercearia. Mal sabiam escrever na própria língua materna. Portanto, eles tinham dois grandes desafios. Primeiro, aprender o taitiano, inventar uma forma escrita e ensinar o povo a ler. Segundo, aprender hebraico e grego sozinhos. Eles não fugiram desses obstáculos, foram à luta.

Solicitaram da London Missionary Society algumas publicações que os ajudassem. Receberam um dicionário grego-inglês, uma Bíblia com dicionário em hebraico, uma edição do Textus Receptus, uma King James, uma Septuaginta, além de alguns outros textos básicos. Precisamente em dezembro de 1835, quase 40 anos depois de iniciada sua missão, terminaram a tradução da Bíblia para o taitiano.

Pouco antes de falecer, ao 70 anos, Nott publicou um dicionário com 10.000 verbetes taitianos.

A Bíblia de Nott, como ficou depois conhecida, tinha uma singularidade: o nome próprio de Deus Ieova (YHWH) no Novo Testamento. Por causa da influência desta Bíblia, até hoje o nome Jeová desfruta de uma certa popularidade no Taiti, aparecendo até em faixadas de algumas igrejas protestantes.

Depois que Nott e Davies completaram sua versão da Bíblia, muitos outros tradutores se basearam nela para traduzirem a Bíblia para outras centenas de ilhas do Pacífico Sul. Se basearam não somente na tradução em si, mas na formatação escrita do taitiano, inventada por Nott e Davies. Hoje em dia o trabalho daqueles dois homens é considerado o padrão a ser seguido pelos tradutores modernos, estes sim com a educação formal que muitos consideram indispensável para um trabalho de qualidade.

Conclusão

A Watchtower é muito conhecida, em alguns círculos acadêmicos e apologéticos, por esconder fatos importantes de seus adeptos. Isso faz com que ela seja bastante criticada. Por outro lado, o que foi aqui exposto serviu para mostrar que a Watchtower produziu uma Bíblia que é injustamente censurada. Embora ela contenha realmente alguns erros, como toda tradução, os versículos geralmente alvo de críticas possuem um esteio que não pode ser desprezado. Além disso, não terem os autores da TNM formação acadêmica não é um obstáculo intransponível. A história de Henry Nott e John Davies mostra que o aprendizado autodidata pode proporcionar realmente a capacidade de se traduzir a Bíblia. Depende apenas da motivação, potencial intelectual e dedicação, além dos recursos financeiros disponíveis, o que não falta à Watchtower. Sem esquecer de mencionar que há várias décadas ela tem uma tradição inegável em traduzir publicações em centenas de idiomas, inclusive em hebraico e grego modernos. Alguns de seus membros de alto escalão também têm o costume de estudar obras teológicas e eruditas. Por tudo isso é natural que a Tradução do Novo Mundo possua características de uma boa tradução, mesmo que ela não seja a melhor tradução disponível. Mas com certeza não é a pior.

Os diversos tradutores da Bíblia que verteram aqueles versículos de forma semelhante a TNM, acabaram por dar suporte à Tradução do Novo Mundo, embora essa não fosse a intenção deles. Mesmo que algumas dessas fontes sejam acusadas também de sectárias, tal como as Testemunhas de Jeová, isso não acontece com todas. Vários trinitaristas convictos traduziram os chamados versículos cristológicos de acordo com a TNM. Isso não pode ser desconsiderado. Essa situação incômoda faz que muitos trinitaristas chamem tais tradutores e eruditos de “teólogos independentes”, seja lá o que isso significa.

Existe um aspecto, não abordado aqui, que também é relevante. A TNM possui algumas passagens bem interessantes que fazem dela uma versão mais precisa do que muitas outras disponíveis ao público. Por exemplo, é comum as versões não fazerem distinção entre os termos gnosis e epgnosis, traduzindo ambas as palavras simplesmente por “conhecimento”. A TNM traduz gnosis por “conhecimento” e epgnosis por “conhecimento exato”, refletindo de forma mais precisa os originais.

Um outro caso é a forma de traduzir três palavras gregas: bréfos, paidion e pais. Muitas versões traduzem essas palavras invariavelmente por “criança”. Mas há uma sutil diferença entre elas. Cada uma se refere a um determinado estágio no crescimento de uma criança. A Tradução do Novo Mundo leva em conta essa diferença e traduz de uma maneira tal que cada uma dessas palavras tenha um correspondente exclusivo, quais sejam: “bebê”, “menininho” e “criança”.

Outros exemplos podem ser vistos no apêndice da Tradução do Novo Mundo com Referências e Notas Marginais (1986). Nesta edição o leitor fica sabendo que os antigos manuscritos bíblicos existem aos milhares, e possuem centenas de variantes que mudam completamente o sentido de certos versículos, resultando em várias alternativas de tradução. Só para se mencionar uma fonte, quando se leva em consideração os rolos do Mar Morto, detecta-se várias diferenças em relação ao texto massorético, embora não se trate de pontos que abalem a fé cristã.

Não existe tradução perfeita. É como diz o famoso adágio italiano “tradutor traidor”. Quem já traduziu algum texto estrangeiro para o nosso idioma, mesmo sem ser profissionalmente, percebeu as dificuldades naturais que surgem: as sutis variações de sentido que dificultam a simples conversão literal para a nossa língua (vide citação nº 10 na consideração de João 1:1). Se dificuldades existem em idiomas modernos, quanto mais haverá em idiomas milenares! Uma posição equilibrada da situação, mesmo retendo alguns preconceitos, é o melhor caminho. O valor inerente de todas as traduções deve ajudar na difícil tarefa de saber como o Autor Divino quer que entendamos as palavras contidas na Escrituras Sagradas.

A Bíblia contém milhares de versículos, como uma tradução pode ser condenada como inútil por causa da reprovação de apenas um punhado de passagens? Se você ler, por exemplo, os Evangelhos ou os Atos dos apóstolos na Tradução do Novo Mundo, não vai se emocionar do mesmo jeito que se emocionaria em outra versão? Isso por si só já é uma prova de que a TNM tem também o seu valor, além do que foi aqui considerado.

Independente de qual versão, leia a Bíblia diariamente. Deixe para Deus, o justo Juiz, a tarefa de determinar a glória ou a desonra de nossos tradutores. Afinal de contas, um dia não precisaremos mais de traduções, pois “temos conhecimento parcial e.... atualmente vemos em contorno indefinido por meio dum espelho de metal”, mas depois será “face a face”. Até lá, “permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor”. O amor que “não se incha de orgulho.... não se irrita, [e] nem guarda rancor”. – 1 Coríntios 13:4, 5, 9, 12, 13, Tradução do Novo Mundo e Tradução Ecumêmica da Bíblia.

Carlos M. Silva