sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ao Leandro Quadros na mira da verdade: Ellen White sofria de epilepsia?

O apologista adventista postou recentemente uma resposta que trata dessa questão controversa(AQUI). Ele usou o que certo internauta enviou para ele, então o Leandro fez a sua típica apologia. Gostaria de escrever sobre aquela postagem.

Mas antes é bom lembrar que o Leandro continua com dificuldades de moderação, agora moderando 5 mil comentários! Isso faz com que ele seja capaz apenas de liberar os comentários elogiosos, ou os que não apresentarão mais dificuldades. Em um dos comentários foi dito ‘quão grandiosa é Ellen White’, ‘Leandro Quadros você é o maior representante do adventismo’... Ou seja, se você quiser ter seu comentário liberado nesses 5000, elogie!!!

Vamos ao post:

1) ‘Busque nas fontes primárias’: O apologista adventista comete uma estúpida incoerência aqui. Se fosse levado a sério, jamais pediria para as pessoas de outra religião ouvi-lo! Para ele, somente os seguidores adventistas podem falar honestamente de Ellen White. Essa mania dele, de dizer ‘pesquise direto na fonte’, o que ele mesmo não faz ao criticar outros, é o esforço de produzir o circulo vicioso de sempre ver aquilo que é verdade para você, sepultando os críticos dentro da cova da desonestidade intelectual. O que ele deixa de considerar é que às vezes, o critico pode ter muito mais acesso aos conteúdos ‘primários’ do que imaginamos.

2) ‘Pesquisas médicas especulativas’: Os relatórios médicos sobre a possibilidade de Ellen White ter problemas mentais, quer epilepsia, ou outra disfunção psíquica, com certeza é limitada. Existem alguns que apresentam essa possibilidade e outros que negam. Mas precisamos lembrar que é um fato que ela foi alvejada por uma pedra no rosto deixando uma grande cicatriz (os desenhistas adventistas parecem ter vergonha de expor a santa com essa cicatriz...). Relatos oculares testificam que ela tinha histerismo, e nesses momentos falava palavras rápidas, caia no chão. E tinha constantes alucinações que ela chamava de visões. Fora que não sabemos o mau que causou para sua mente, uma adolescente, o fato de ter esperado Jesus voltar em 22 de outubro de 1844 na ‘pedra da ascensão’!

O apologista apresentou pesquisas médicas, eu também gostaria de indicar página: http://www.ellenwhiteexposed.com/headinjury.htm

Por isso, a conclusão que chegamos é a seguinte: Se Ellen White não tinha algum problema mental, estava possessa. O Leandro e outros adventistas não podem ficar irritados com isso. Isso é uma classificação religiosa, não necessariamente uma ofensa. Imagine, se ela chamou o Dia do Senhor Jesus, o Domingo (Ap 1.10), de marca da besta! Mas eu ainda prefiro pensar e sustentar a possibilidade dessa jovem desiludida ter sérios problemas de saúde, desviada de uma Igreja Cristã.

3) ‘Alguém com epilepsia não escreveria 100.000 páginas’: Se o problema dela era esse, não teria impedimento algum. Um epilético não é burro! Mas tal magnitude de Ellen White não é tão grande assim. Veja:

Ellen White escreveu por 70 anos = 25.550 dias escrevendo

100.000 divididos por 25.550 dias são cerca de 4 páginas por dia! Não era uma tarefa impossível, senhor Leandro!

O senhor também precisa dizer que ela tinha ‘revisoras’.

O senhor também precisa dizer que muitas coisas ela copiou (nos dizeres de Walter Rea, plagiou!).

4) ‘A autora mais traduzida’: Não era pra menos! Afinal milhões em quase todo o mundo, há mais de um século seguem Ellen White como ‘luz para entender a Bíblia’. Mas é claro que o Leandro está sem informações claras sobre a quantia de livros que são traduzidos pelas Testemunhas de Jeová. A Torre de Vigia produziu e distribuiu muito mais que os Adventistas...

CONCLUSÃO:

O apologista Leandro Quadros precisa ler A Mentira Branca e A Nuvem Branca. Você que é adventista passe lá e incentive-o a ler esses livros. Incentive também o coadjuvante Tito. Concordo que esses livros não estão isentos de erros ao criticar o ministério mitológico de Ellen White. Mas não precisam estar com 100, 80 ou com 50 % de razão. O conteúdo incomoda um aspecto nevrálgico da existência da Igreja Adventista do Sétimo Dia. E se eles estiverem com apenas 20% de razão no que escreveram, o desastre doutrinário é certo.

Se quiser tais livros me envie um e-mail.

blogapologetico@gmail.com

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sobre ciência e fé... 4

4 Ordem e Uniformidade no cosmos.


Falaremos, agora, sobre os pressupostos científicos da ordem e uniformidade do cosmos.


Quanto à primeira questão, nós naturalmente presumimos que o universo está organizado de alguma maneira. “O pensador e o cientista crêem numa ordem desconhecida” (WHYTE apud ALVES, 2008, p.43). Presumimos que haja uma ordem que não podemos ver na essência do cosmo. “....os indivíduos estão em busca de ordem e [...] todos eles, independentemente de convicções pessoais, concordam em que a ordem é invisível” (ALVES, 2008, p.43); e: “Nisso a ciência está de mãos dadas com as pessoas do senso comum, não importa quais sejam suas crenças: uma e outras se negam a admitir que a natureza seja um conjunto de fatos brutos, destituídos de sentido” (ALVES, 2008, p.77).
Mas pode ser que ele seja desorganizado. Temos que pressupor aqui. “Procedemos de forma ordenada porque pressupomos que haja ordem. Sem ordem não há problema a ser resolvido. Porque o problema é exatamente construir uma ordem ainda invisível de uma desordem visível e imediata” (ALVES, 2008, p.30-31). A ordem do universo deve ser formulada mentalmente, ela não é um dado empírico.
E não é só isso, “... você tem de pressupor que é capaz de descobrir a ordem”(ALVES, 2008, p.31).
Quanto à questão da uniformidade do universo, também a pressupomos. “Uma coisa é certa: a conclusão de que o futuro será semelhante ao passado, de que a totalidade dos casos será semelhante aos alguns que examinei, não é lógica. (ALVES, 2008, p.127). Generalizações, feitas pela ciência, são passos de fé, são apostas, calcadas no pressuposto de que as coisas serão como foram, ou que todas as coisas são sempre como as observei. Cheung expõe: “...a questão sobre a uniformidade da natureza diz respeito ao futuro da nossa experiência relativa ao nosso presente, futuro esse que ainda não foi observado por qualquer ser humano” (CHEUNG, 2009, p.46-47), e ainda “... a ciência assume que a natureza é uniforme e estável, que os experimentos são reproduzíveis, que a física e a química serão as mesmas no ano seguinte” (CHEUNG, 2009, p.46); então questiona: “...por qual fundamento a ciência empírica pode garantir que o futuro será como o passado?” (CHEUNG, 2009, p.47), e “...a observação empírica de forma alguma pode justificar uma suposição audaciosa como essa. [...]sempre que ela [uma pessoa] pondera se a natureza será a mesma no futuro (seja no dia seguinte ou no próximo ano), permanece o fato que ela ainda não observou o futuro” (CHEUNG, 2009, p.46).

continua...
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BIBLIOGRAFIA:
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e a suas regras. 13. ed. São Paulo: Loyola, 2008. 224 p.
CHEUNG, Vincent. Questões Últimas. Tradução de Marcelo Herberts. Brasília: Monergismo, 2009. 143 p.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Atrocidades na Bíblia - Parte 2: ‘A Bíblia, um livro sanguinário!’

Muitos na sociedade moderna consideram a Bíblia um livro terrivelmente sanguinário. Precisamos ter disposição de pensar com os opositores da Bíblia, e de fato, com aqueles que reclamam uma explicação, sobre esses assuntos. Na primeira postagem AQUI tratamos sobre a questão do distanciamento hermenêutico que temos dos fatos ali expostos. Não existe problema em perceber na Bíblia o ensino moral que devemos praticar nem nas verdades da Pessoa de Deus que temos que crer. Mas parece que esses casos são um pouco esquecidos pelos apologistas.

‘Muitas mortes no Velho Testamento’

Quando lemos o VT notamos que ele tem muitos casos realmente de mortes e guerras, bem como atitudes bem primatas. E o que nos incomoda é que algumas dessas situações foram praticadas por servos de Deus, e em casos diversos, o próprio Deus estava no enredo do caso. Apresento algumas respostas possíveis, claro que não são conclusivas. Mas é uma tentativa:

1) A quantia é realmente grande? Vamos começar pensando nisso. O Velho Testamento abrange um período de 3500 anos! Se você ler as partes que estão carregadas de relatos sangrentos, são em contextos especifico de guerras. Mas ou menos quando você lê a História Mundial entre os anos de 1939-1944, perceberá que estará carregado de sangue, crise na ordem mundial, dificuldades econômicas, etc.

Parece-me que a questão da quantidade não é uma justa preocupação. Ela é pequena em comparação ao tempo que o VT abrange. Umas pessoas, dentre os cristãos, acham que o NT está menos carregado de sangue, etc. Mas se levar em conta que o NT abrange um século, mais detalhadamente narra cerca de 60 anos, notará também que ele está dentro da realidade do VT. Mortes no nascimento de Cristo, a morte de Cristo, espancamento dos cristãos, perseguição dos mesmos, Ananias e Safira, etc.

2) Servos de Deus e o próprio Deus envolvidos em casos sangrentos!

A tarefa não é fácil, mas devemos prosseguir. As guerras no VT eram necessárias. O sistema mundial da época e do contexto dos relatos bíblicos eram bélicos em sua estrutura política e religião. A Bíblia fala de um povo dentre estes, e obviamente estava também com essa herança. Poderíamos pensar, com o nosso mundo de hoje desenvolvido (mas nem tanto!), que Deus por meio de seus servos poderia ser uma força pacificadora de mudança na sociedade da época. Olhando do ponto de vista humano, isso seria impossível. Deus permitiu a humanidade atingir sua madureza cientifica social e moral, como um processo natural de suas descobertas e experiências com o próximo, com a natureza e com o próprio Deus.

Quando você está precisando extrair um dente, por exemplo. O que mais importa para um dentista é eliminar a inflamação antes! Por mais que você queira que ele arranque o dente, ele te passa uns remédios para diminuir a inflamação. E mais alguns dias... Essa é uma faceta da razão de Deus se envolver naquelas situações, ou permitir e ordenar seus servos envolver-se nelas.

Mas outro aspecto que gostaria que os críticos repensassem é a questão do pecado, a queda da humanidade em um estado de miséria. Dentro dessa estrutura, temos uma resposta mais lógica. Convidamos os críticos da Bíblia a entenderem o que está envolvido em Romanos 8.21,22.

Os relatos isentos. A Bíblia também possui vários trechos de casos de guerras, e acontecimentos embaraçosos, mas sem estabelecer o que Deus estava achando do caso, sem o coração e as intenções do envolvidos ser expostos, nem aprovar ou reprovar.

Mas existem também casos que pode ser resolvido quando lemos toda a passagem adiante. Como é o caso de Juízes 19 e ler o capítulo 20.

E quando Deus matou ou mandou matar? Nestes casos não temos assassinatos indiscriminados. O Justo Juiz, que esquadrinha a alma, pensamentos e atitudes escondidas, não erra ao executar sua condenação. A proposição não deveria ser assim:

A) Matar é mal. B) Deus matou. C) Deus é mal

Mas:

Se Deus é absolutamente Justo e Bom, suas atitudes devem refletir seu caráter. Logo, se ele matou ou mandou matar, ele teve JUSTAS RAZÕES PARA ISSO!

Os críticos deveriam pensar na pena de morte. Eles não questionam a justiça mas a pena! Mas por que com Deus e a Bíblia a situação muda? Se ele decidiu matar Ananias e Safira por que mentiram, pode até nos assustar a penalidade diante do caso, mas ele sendo justo e bom agiu conforme Sua natureza e caráter!

Mas ele não faz isso hoje? ... Será? O maior erro que as pessoas cometem é achar que Deus não está no dia-dia de suas vidas. Visto que não estamos em uma época que Deus está mandando escrever uma Bíblia, não temos como saber o que é e o que não é julgamento de Deus em cada caso da vida dos não-cristãos! Nem mesmo nos é possível pensar: Deus está me corrigindo aqui por causa do que fiz ali!!! Só podemos dizer que Deus exerce seus juízos na vida de muitos HOJE.

Deus não parou de matar (Dt 32.39)!

A Bíblia não é um livro místico e melancólico. Visto que quando se fala de religião as pessoas imaginam imagens místicas, poemas, frases que falam à alma, sentenças curtas de paradoxos místicos que alcancem a felicidade interior, o conteúdo bíblico é muito real para essa busca de êxtase espirituosa. Nem mesmo o livro dos Salmos satisfazem isso pois suas expressões, lindas, emanam de experiências reais, algumas dolorosas, mas nenhuma irreal!

Por isso que na Bíblia encontramos pessoas e casos reais, a realidade diária deles e Deus entre essas experiências, real, sem mistérios, sem mantras, mas com dores, lágrimas, perdão e correção.

A Bíblia desafia seus seguidores e seus opositores, pois ela não está buscando a aprovação de homens imperfeitos, mas vemos ali os casos que Deus buscou o homem imperfeito, num mundo imperfeito, em situações imperfeitas... ou seja, realidade pura!

Os críticos não sabem o que querem! Se você ler que Deus fez um paraíso, e mandou um dilúvio, que Jesus nasceu de uma virgem e ressuscitou, eles dizem: ‘É mito!’. Se eles lêem o que se ouve no jornal diário: ‘É sangrento!’. Se existe casos comuns eles dizem: ‘Não há nada de sobrenatural!’

Não sei se é em busca de respostas que eles saem ao encontro da Bíblia. Parece que eles querem livrar-se daquilo que está muito claro na Bíblia: Um padrão de vida semelhante a Jesus e depender de Seu perdão e graça para nossa salvação (João 14.6).

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Sobre ciência e fé... 3

por Lucio A. de Oliveira

Ainda há outras questões, que, como as já mencionadas acima (causalidade; realidade do mundo exterior) são essenciais à ciência, e também são pressupostas. É interessante observar que cientistas de grande proeminência sequer percebem os passos de fé que dão ao fazer ciência. Seu discurso é de que eles são exatamente objetivos, fiéis aos fatos, sem que crenças sejam tragas à baila.
Parece que a utopia positivista de Comte ainda está entranhada no pensamento científico hodierno. Nas palavras de Comte:

"Reconhece de agora em diante, como regra fundamental, que toda proposição que não seja estritamente redutível ao simples enunciado de um fato particular ou geral, não pode oferecer nenhum sentido real e inteligível. Os princípios que emprega são apenas fatos verdadeiros..." (COMTE apud ALVES, 2008, p. 136).

Presume-se que o cientista não possui nenhum insight pístico, e “sua ciência dispõe de um método que torna possível um discurso totalmente fiel ao objeto, do qual o sujeito se ausentou” (ALVES, 2008, p.155). O cientista é tido como aquele que é isento de pressuposições, de qualquer pré-conceito, que assumem "o programa de não dizer mais que aquilo que os fatos nos autorizam" (ALVES, 2008, p..136). 
Porém, com os pressupostos supracitados, e os que observaremos adiante, devemos abandonar o pressuposto que nossos tempos criou. Nas palavras de Alvin Gouldner, é necessário: “abandonar o pressuposto muito humano, mas elitista, de que os outros creem movidos por interesses, enquanto eles (os cientistas) creem em obediência aos ditames da lógica e da razão” (GOULDNER apud ALVES, 2008, p.157).


3 – O passado


No anime Full Metal Alquimist Brotherhood, no episódio nono, Alphonse Elric, um construto que tivera sua alma presa à armadura vazia que corresponde ao personagem, questiona-se, instigado por um mal feitor, se ele na verdade não seria um boneco, e que as lembranças que ele tem do passado não tivessem sido todas inseridas nele por processos mágicos semelhante aos que aprisionaram sua alma na armadura. Alphonse expressa-se assim: “O que chamamos de memória não passa de informações. E isso poderia facilmente ser criado artificialmente”. Isso serve para ilustrar a questão de que pressupomos que aquilo que chamamos de memória realmente corresponde ao passado. Wolterstorff coloca assim: “...somos todos constituídos de tal maneira que, com base em memórias de experiências em certas situações, somos dispostos a manter algumas crenças sobre o passado” (WOLTERSTORFF apud NASH, 2008, p.298).
O fato é que, para provarmos que o passado é real, temos de nos valer das informações de nossa mente, da memória.  Craig elucida: "Pense na convicção de que o mundo não foi criado cinco minutos atrás com recordações implantadas, alimentos do café da manhã no estômago que na verdade nunca ingerimos e outras indicações de idade. Certamente é racilonal crer que o mundo existe há mais de cinco minutos, apesar de não haver evidências para isso" (CRAIG, 2004, p.28). 
Ainda acrescento que não é necessário admitir uma cosmovisão teísta para que tenhamos sido criados (basta ler o Hawking, que não sabemos se é teísta ou ateu, e você verá). Uma própria cosmovisão naturalista admite que o homem surge de alguma forma, e uma cosmovisão destas, que admita que a formação impessoal de nossas mentes carregue informações inaturas, pode possibilitar a ideia de que nossas memórias também sejam informações inatas, e não experiências.
De uma forma ou de outra, somado à questão de que o mundo exterior pode ser uma mera projeção mental, a possibilidade de que tenhamos sido criados a cinco minutos atrás com todas as memórias embutidas é muito razoável.

continua...
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Bibliografia:


ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e a suas regras. 13. ed. São Paulo: Loyola, 2008. 224 p.
CRAIG, William Lane Craig. A veracidade da fé cristã: uma apologética contemporânea. Tradução de Hans Udo Fuchs. São Paulo:Vida Nova, 2004. 309 p.
NASH, Ronald H. Questões Últimas da vida: uma introdução à filosofia. Tradução de Wadislau Martins Gomes. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. 448 p.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Evangelizando as Testemunhas de Jeová: O inferno

O que os TJs dizem a respeito da alma é semelhante ao que dizem a respeito do inferno. Na postagem anterior, sobre os TJs, abordei algo nessa direção. Mas você notará que os TJs estão bem convencidos que a palavra ‘inferno’ significa ‘sepultura comum da humanidade’. Por isso um caminho melhor pode ser traçado ao ponderar com o TJ sobre a existência do tormento eterno. Pergunte:

A passagem do Rico e Lázaro não está apresentando uma dificuldade para quem crê na aniquilação da alma? Leia por favor Lucas 16: 19 a 31 na integra.

O TJ provavelmente vai dizer que é uma parábola, uma ilustração para ensinar algo. Concorde com ele, e pergunte: a parábola tem alguma correspondência com a realidade naquilo que ela ensina? Diga ao TJ se Jesus não acreditasse na existência após a morte, ele não usaria uma ilustração dessas! E não deixe de ler essa passagem inteira com o TJ na Tradução do Novo Mundo.

PRECISAMOS DE PESSOAS QUE TENHAM ESSA DISPOSIÇÃO EM LER PARA AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ, NA BÍBLIA DELES, AS PASSAGENS BÍBLICAS E ESPERAR A EXPLICAÇÃO.

Explicação da parábola do Rico e Lázaro segundo a Liderança TJ: Dizem que o Rico representa a classe judaica religiosa. Os Fariseus, Escribas, Saduceus e Sacerdotes. Ao passo que Lázaro é símbolo da classe judaica desprezada, os cobradores de impostos e os desprezados da sociedade. A morte de ambos é a mudança da situação desde quando Jesus veio e passou a abençoar ‘Lázaro’ e desfavorecer o ‘Rico’. Quando a igreja cristã inicia-se ‘Lázaro’ é privilegiado no seio de Abraão, que é Jeová. E a mensagem de ‘Lázaro’, isto é, da igreja cristã, passa atormentar o ‘Rico’. Basicamente é essa explicação que dão da parábola.

Seria mesmo uma parábola? Muitos apologistas e comentaristas dizem que o caso não é uma parábola, mas uma história real. Visto que existem nomes, o que é incomum nas parábolas de Jesus, e asseveram que não se trata de uma parábola. Acrescentam que Lucas não diz que Jesus contou uma parábola mas começa dizendo: ‘Havia...’. Mas essa ultima justificativa não me parece concreta, pois Lucas não tem o hábito frequente de dizer que ‘Jesus contou-lhes uma parábola’, tal como fez o Evangelista Mateus.

Mas se preferir pode usar outro texto e perguntar:

Como é que você lê “atormentado para todo o sempre” em Apocalipse 20:10 como “Não sendo atormentado para todo sempre”?
 
Diga ao TJ que explicar como sendo ‘símbolo de destruição’, não faria sentido, nem com o uso da palavra, nem com o tempo que esse tormento é aplicado: Para todo o sempre!
Um texto recorrente é Eclesiastes 9.1-10. Eles malham muito em torno desse texto bíblico. Ali, Salomão diz que quando uma pessoa morre, ela fica inconsciente. Mas eles deixam de notar o contexto. Na verdade o próprio texto. Faça a seguinte pergunta:

Eclesiastes 9:1-10 afirma o que acontece “debaixo do sol”, certo (v.3)? Ou os mortos “não têm esperança, nem recompensa” conforme os vs. 4, 5?
 
A próxima pergunta extrai de um comentário de David Reed:

‘Se a morte é um estado de inconsciência e inexistência, conforme ensina o Corpo Governante, então como “seria melhor para Judas nem ter nascido”?’ (As Testemunhas de Jeová refutadas versículo por versículo).

Essa herança doutrinária dos Adventistas, e esses do Socianos, produziram pessoas que sempre blasfemam contra Deus. Pois esses não dizem apenas que pensam de maneira diferente (o que já seria uma falta submissão bíblica) mas, além disso, de eles recorrentemente acusam que Deus seria de ‘mal’, ‘injusto’ e ‘cruel’ por causa dessa punição eterna!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sobre ciência e fé... 2

por Lucio A. de Oliveira

Continuando a proposta anterior, vamos mostrar mais alguns passos de fé que precedem toda teorização científica. Ou seja, pressuposições metafísicas, que não encontram justificativa em qualquer cosmovisão (talvez só encontrem justificativas na cosmovisão cristã!).
Portanto, mais alguns passos písticos da ciência:


2. Mundo Exterior


Outra suposição que naturalmente admitimos, é a de que existe um mundo exterior.  Esse problema entra em voga no século 17. Ronald Nash expõe com êxito a problemática:

os objetos imediatos do conhecimento são ideias que existem na mente. Em outras palavras, quando eu percebo uma mesa marrom no outro lado da sala, aquilo de que estou imediatamente consciente não é a mesa, mas uma ideia da mesa. Ainda que a mesa, presumivelmente, exista fora de minha mente, no mundo exterior, a ideia da mesa existe em minha mente [...]... a existência de uma cadeira e de todos os móveis de uma sala do chamado mundo exterior (o mundo que, supostamente, existe fora de nossa mente) torna-se algo problemático; tanto que alguns filósofos se sentiram obrigados a produzir argumentos, provando que o mundo fora de nossa mente continua a existir ainda quando nenhum humano o está percebendo (NASH, 2008, p.276).

Sire, comentando sobre as consequências de uma cosmovisão que principia com a soberania (inclusive metafísica) do eu, coloca a questão de maneira bem vívida e chocante, (observando o que exploraremos mais tarde, a saber, a semelhança entre o solipsismo  [“que é a crença de que o eu é tudo o que existe ou é capaz de ser conhecido” (CRAMPTON; BACON, 2009, p.36)]e a demência):

...talvez esse universo seja o que criamos, e nós mesmos nos encontramos em um quarto ou canto do hospital, inconscientemente sonhando que estamos lendo esse livro, que, na verdade, criamos por meio de nosso maquinário de projeções de realidade do inconsciente. A maioria das pessoas não segue essa rota, pois fazê-lo seria retroceder os corredores de infinitos regressos (SIRE, 2009, p.260).

O fato é que há a necessidade de que um axioma garanta a existência do mundo exterior. Caso contrário, não temos justificativa alguma em crer que ele exista fora de nossa mente, que seja algo diferente de uma ilusão criada por nós mesmos. Até mesmo as sensações poderiam ser criadas em nosso próprio cérebro. Estaríamos de mãos dadas com o solipsismo (doravante veremos qual o problema em cair em solipsismo).


3. Outras Mentes

Muitos filósofos (notória e recentemente, Alvin Plantinga) também observam que, abarcado pelo problema supracitado, também pressupomos a existência de outras mentes. Mas uma vez com Nash:

...as relações dentro de nossa mente (pensamentos, imagens e outros itens dos quais estamos conscientes) parecem imediatas e negáveis. Minha consciência de uma mesa marrom é mediada por outras coisas. Eu não percebo a própria mesa imediatamente. Mas minha consciência da ideia de tal mesa é direta e imediata. Embora eu possa achar que é possível duvidar da existência da mesa (posso estar sonhando ou alucinado), é impossível duvidar da minha consciência da ideia da mesa. Assim, é fácil acreditar que eu tenha uma mente. Mas como eu sei que tenho uma mente? Muitos filósofos fornecem muitos argumentos, tentando provar que as outras pessoas têm mentes, mas seus argumentos são falhos [Nash sugere um livro de Alvin Plantinga chamado ‘God and Other Minds’] (NASH, 2008, 277).

Então Sire observa conclusivamente: “Assim, optamos pela existência não apenas de nosso eu, mas do eu dos demais e, portanto, exigimos um sistema que trará não somente unidade ao nosso mundo, mas igualmente conhecimento” (SIRE, 2009, p.260).

continua...
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BIBLIOGRAFIA



CRAMPTON, W. Gary; BACON, Richard E. Em direção a uma cosmovisão cristã. Tradução de Felipe Sabino de Araújo Neto. Brasília: Monergismo, 2009. 112 p.
NASH, Ronald H. Questões Últimas da vida: uma introdução à filosofia. Tradução de Wadislau Martins Gomes. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. 448 p.
SIRE, James W. O universo ao lado: um catálogo básico sobre cosmovisão. Tradução de Fernando Cristófalo. 4. Ed. São Paulo: Hagnos, 2009. 384 p.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Estou deixando a Teonomia

O blog MCA não tinha por objeto a defesa da teonomia. Os irmãos, Lucio e Cláudio nunca manifestaram apoio. Entrei no debate desse assunto com irmãos por eventualidade. Talvez o pivô disso tenha sido a postagem sobre ‘A Ditadura Gay e meu filhos’, onde o irmão Nozima do blog 5 Calvinista fez uma diminuição da seriedade desse assunto. Naquela época o problema girou em torno do caso Mackenzie. Tempos depois nossa nação oficializou a ‘união de pessoas do mesmo sexo’ chamando isso de casamento. Eu acho que o irmão Nozima errou, eu não estava exagerando.

Depois ali mesmo no 5 Calvinistas o irmão Leonardo Galdino (AQUI) postou na época uma refutação da minha postagem sobre a Teonoma no Símbolos de Fé. Procurou demonstrar que minha acusação contra o Rev. Nozima era injusta. Ele não estava sendo contra a CFW nesse assunto. Eu não queria mais delongar o debate, decidi não insistir mais e apenas postar periodicamente sobre o assunto. O que fiz. O objetivo do MCA não era e não é debater com irmãos na fé (especialmente os Reformados!). Mas deveria girar em torno dos três ideiais proposto. No entanto, com Ricardo Mamedes também debati sobre o assunto (AQUI).

Será que em todos esses casos os irmãos que se opuseram também cometeram erros em sua maneira de interpretar a teonomia? Ou eu que estava lendo a Teonomia de uma maneira mais branda? Essas duas opções podem ser verdadeiras...

Uma postagem do irmão Marcelo do Olhar Reformado sobre a opinião J. Knor e o caso Calvino-Servetus (AQUI)me provocou profundas reações. Parecia que estava me deparando com uma teonomia que não era a minha maneira de ver as coisas.

Algo que o irmão Leonardo indicou na sua postagem me preocupou recentemente. Um trecho da CFW está causando problemas para Teonomia:

“A esse mesmo povo [a nação de Israel], considerado como um corpo político, Deus deu leis civis que terminaram com aquela nacionalidade, e que agora não obrigam além do que exige a sua eqüidade geral.” CFW XIX: 4

Até então, poderia pensar que (sendo os Teólogos de Westiminster Teonomistas o meu pressuposto) o que eles estariam dizendo era que a Igreja não tinha direito de impor sansões penais aos seus membros com base nas leis civis de Israel. Mas o parágrafo não está dizendo isto. Não era a Igreja que estava sendo impedida de aplicar as leis civis, eram essas leis que deixaram de existir, tal como a validade Teocrática de Israel. Isso se ressalta ainda mais em outro trecho da CFW:
“Aos cristãos é licito aceitar e exercer o ofício de magistrado, sendo para ele chamado; e em sua administração, como devem especialmente manter a piedade, a justiça, e a paz segundo as leis salutares de cada Estado, eles, sob a dispensação do Novo Testamento e para conseguir esse fim, podem licitamente fazer guerra, havendo ocasiões justas e necessárias.”

Nenhum Teonomista deixaria de dizer nesse momento a sua posição. Não houve uma voz na Abadia que nos dissesse a posição Teonomista num momento tão apropriado. Ao contrário, não apenas o silêncio, mas uma postura oposta.
As razões bíblicas os Teólogos de Westminster apresentaram.
Eu NUNCA deixarei de ver a Lei de Deus como um padrão justo para toda e qualquer nação seguir. Acredito que em uma decisão política nossa opinião deve sempre seguir os princípios revelados na Lei do Senhor. Tal como a mesma CFW diz sobre a ‘equidade geral dessas leis’. Mas para minha pureza confessional não posso mais me declarar teonomista. Embora a definição linguística dessa palavra seja aplicável a todos os cristãos, ela está na verdade identificando uma escola doutrinária.

Aos irmãos Teonomistas que se decepcionarem comigo e que em debates ficaram do lado que eu estava, me perdoem, mas não posso fazer nada. Ou deixo de ser Presbiteriano. Poderia até tentar continuar teonomista, mas retalharia a minha fidelidade aos Símbolos de Fé. Muitos Teonomistas são Calvinistas, mas não tem ligação com a Confessionalidade Presbiteriana. Como é o caso do Marcelo Lemos (que é pentecostal e anglicano) bem como o Tiago do Internautas (que é Batista e frequenta, até onde sei, a IPB).

Talvez você me diga: ‘Mas isso é uma doutrina bíblica! Você prefere a Confissão a Bíblia!?’.

Respondo: Se fosse uma doutrina bíblica, os nossos irmãos na Abadia de Westiminster não teriam visto? Não sabiam das experiências de Genebra (e da própria Inquisição)? Argumento do silêncio...? Não! Eles se posicionaram sobre o assunto conforme a CFW XIX:4.

Deus nos ajude.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sobre ciência e fé... 1

ANTES, UMA CONSIDERAÇÃO...

Um tempo atrás, eu (Lucio, colaborador do blog, que estive meio sumido devido aos estudos, entre outras coisas) me dediquei a pesquisar sobre a apologética clássica. O resultado disso foi um trabalho,  que, por sua vez, resultou nos artigos desse blog: Crença ateísta parte 1-4. Depois disso, acompanhando e participando esporadicamente de debates na comunidade do orkut entitulada de 'Contradições do ateísmo', e conhecendo o trabalho de alguns apologistas (que, inclusive, foram reunidos no site 'teismo.net', dei-me por satisfeito quanto ao trabalho apologético clássico. Então, resolvi pesquisar sobre a apologética pressuposicionalista (também conhecida como apologética reformada, ou bíblica), inclusive comentando na comunidade. O conhecimento que obtive sobre história da filosofia enquanto estudava a apologética clássica me ajudou muito. 
Desde então, passo a trabalhar e pesquisar sobre esta escola apologética. Esta, por sua vez, divide-se em duas escolas (clarkiana e vantiliana, que apresentam certos pontos em comum). Por hora, pesquisei sobre a clarkiana.
Passo a lhes apresentar os resultados de minhas pesquisas até aqui (enquanto vou pesquisando mais).

FILOSOFIA DA CIÊNCIA

Os filósofos reformados perceberam que a tão estimada ciência possui crenças, passos de fé, que não podem ser justificados em suas cosmovisões. A ilusão positivista de que eles se atém aos fatos é exposta como equivocada, e a afirmação ‘Credo ut intelligam’ (creio para entender), passa a ser o princípio da ciência. 
Mostraremos então, nestes artigos, os passos de fé da ciência:
1. Causalidade
Hume observa que pressupomos a causalidade. Ele notou que nós postulamos causalidade quando observamos um evento X acontecer antes do evento Y de maneira frequente. Porém, em momento algum observamos algo chamado causalidade em si. Alves, comentando sobre Hume, questiona: “Haverá algum dado sensório, dentro dessa experiência, que corresponda à ideia  de causalidade? Não[...]Em nenhuma delas a relação causal parece como um dado empírico...” (ALVES, 2008, p. 130). Gaardner ajuda a esclarecer: “Você experimentou o fato de um acontecimento se suceder temporalmente ao outro, mas não experimentou que o segundo evento ocorre por causa do primeiro” (GAARDNER, 1996, p.297).
Podemos nos perguntar, como é, então, que chegamos à ideia de causalidade. Hume conclui, visto isto não ser é um dado empírico, nem uma derivação lógico-necessária, que simplesmente nos acostumamos com a sequência de eventos.  Alves coloca da seguinte forma: “Será necessário que as experiências se repitam, se acumulem, criem hábitos mentais... mas é isso mesmo! Os hábitos e costumes nos fazem ver a realidade por meio das rotinas, das repetições” (ALVES, 2008, p.130).
Podemos ainda, a título de enriquecimento do trabalho, mencionar algumas conclusões a mais de Hume. Por exemplo, como observamos acima, Hume entendia que o que formulamos à parte de nossas experiências sensoriais, são meros construtos ideológicos, mentais (aqui surge um ponto controverso em Hume. Alguns entendem que Hume era ateu, e não cria que esses construtos pudessem existir; outros entendem que Hume era agnóstico quanto à essas coisas; outros entendem que ele reclusou intencionalmente estas questões à fé, e esse último ponto é o que podemos explorar em nosso trabalho, pois muitas coisas, como a causalidade que está em voga no momento, realmente são pressupostas, cridas). Por isso Gaardner ressalta: “Hume insiste em que a expectativa de que um evento se suceda ao outro não está nas coisas em si, mas em nossa mente” (GAARDNER, 1996, p.297).
Outra questão digna de menção é o fato que podemos estar cometendo a falácia post hoc, ergo propter hoc (depois de, por causa de). Sproul ilustra: “Se o galo canta ou o peru grasna imediatamente antes de o sol nascer, será que o galo ou o peru causaram o nascimento do sol? Será que, se todos os galos e perus fossem extintos, os sol deixaria de nascer?” (SPROUL, 2002, p.110). Ou seja, podemos estar atribuindo a causa errada para determinado efeito. De fato, esse é um grande perigo, que mina a confiança na ciência. “Temos a tendência de pensar que, quando uma coisa funciona bem, ela deva ser verdadeira” (ALVES, 2008, p.103). Mas podemos sempre estar enganados quanto ao apontamento de  causas. É por isso que Alves afirma que “os ‘sim’ da natureza são sempre um talvez”.
Apesar de Hume estar correto em observar que pressupomos a causalidade, a forma que ele lida com esse pressuposto, relacionado ao resto de sua cosmovisão, está equivocado. Veremos doravante, que a cosmovisão bíblica fornece o pressuposto ideal para que a causalidade ganhe caráter ontológico real.

continua...
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ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e a suas regras. 13. ed. São Paulo: Loyola, 2008. 224 p.
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. Tradução de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 560 p.  
SPROUL, R. C. Filosofia para iniciantes. Tradução de Hans Udo Fuchs. São Paulo: Vida Nova, 2002, 208 p.