11ª: Sendo que consta ser Moisés o autor do antiquíssimo livro de
Jó, não parece estranho que em tal livro ele não deixe a mínima pista de uma
noção dualista, pois retrata o patriarca expressando uma visão holista, não
dualista (ver observação a seguir)? Observações: O livro de Jó é um golpe de morte sobre a noção dualista. O
patriarca compara a morte a um rio que se seca e a um lago cujas águas são
drenadas, e quando se refere diretamente ao estar com Deus, fala do tempo
quando o Redentor “Se levantará sobre a Terra”, sem deixar a mínima pista de
uma alma indo ao Seu encontro (ver 14:7-14 e 19:25-27).
Sendo Moisés, ou não o
autor do livro de Jó, - isso não faz nenhuma diferença aqui. E mais uma vez, ele
gira em torno da falácia: que deveria ser
dito o que ele acha que deveria!! ... é um argumento
falacioso, que algo sobre a imortalidade da alma deveria ser dita nessa ocasião! Visto que Brito e Quadros,
já possuem a camisa de força hermenêutica, e dispensam as informações mais claras a respeito do assunto contida em
outras partes da Bíblia, ele imagina que está com um golpe certeiro contra
a crença da imortalidade da alma!
Como eu já disse a
ressurreição e a imortalidade da alma, não são crenças opostas, mas
complementares, porém, pelo que percebemos da leitura, em cada discurso bíblico
algo não torna necessário uma alusão ou explicação do outro assunto. Vou citar
um exemplo – em outro tema: Em Romanos 7.1-3, o Apóstolo não menciona nenhuma
possibilidade de divórcio por causa de adultério, porém, quando Jesus mencionou
o divórcio e novo casamento por causa de adultério, ele não mencionou nada a
respeito da viuvez (Mt 5.32; 19.9)! ‘Seria
a oportunidade certa de falar todo o assunto correlacionado!?’ Os
adventistas devem parar de dizer o que Deus tinha que dizer na hora que eles
querem, até por que, na hora que Deus falou isso na Escrituras, eles não lêem,
mas subjugam o texto com a leitura que atribuem (ex. Mt 10.28)
12ª: Onde exatamente se situa a “alma imortal”? Já que se
estabelece o paralelo ‘fôlego de vida/alma imortal’, e Jó declara a certa
altura, “enquanto em mim houver alento, e o sopro de Deus no meu nariz” (Jó
27:3), é aí que se situa essa “alma imortal”, no nariz de cada um?Observações: Se o paralelo ‘fôlego de vida/alma imortal’ for válido, realmente
essa alma entra e sai no organismo, pelo menos em boa quantidade, o tempo todo,
saindo contaminado (gás carbônico) e entrando novo fôlego de outra substância
(oxigênio) para purificar o sangue. Coisa bem estranha para parecer algo fluídico
que tem consciência e para sempre permanece após a morte.
Aqui, o erro do Sr Brito está em desconsiderar o
que eu já disse a respeito da carga
semântica presente nos termos bíblicos. Não há apenas um sentido nos termos
espírito e/ou alma, dado nos Léxicos e Dicionários Bíblicos. Já que para os
adventistas, os termos, espírito e alma, não podem significar algo imaterial,
assim tais perguntas surgem, com certo grau de dificuldade lógica, no entanto,
sem correspondência com a realidade. Até mesmo a tradução para o simples termo alma, um erudito em hebraico diz:
“Ainda que sirva para dar sentido na maioria das passagens, é uma
infeliz tradução incorreta do termo. A real dificuldade do termo é vista na
inabilidade de quase todas as traduções de encontrar um equivalente consistente
ou mesmo um grupo pequeno de equivalentes de alta freqüência para o termo. O
problema com o termo “alma”, é que nenhum equivalente do termo ou da idéia por
trás dele é representado no idioma hebraico.” (Dicionário E. W. Vine, p. 34).
Portanto é claro que no uso de “alma” no texto de
Jó, citado por Brito, alguma das várias facetas do sentido do termo foi usada,
conforme notificado no texto, porém, não no sentido que ele está questionando –
não por que não exista, mas esse não era o foco do uso naquele contexto.
13ª: Por que Jesus diz a Seus seguidores que iria subir para lhes
“preparar lugar”, mas a ênfase está no momento do reencontro com eles quando
retornasse para os receber, e não quando morressem e suas almas fossem para o
céu para as irem ocupando (João 14:1-3)? Observações: A opinião popular é de que na morte a alma dos falecidos salvos
vai para o céu, quando encontram a Cristo e todos os demais que para lá foram
antes. Contudo, é estranho que Jesus não diga nada sobre essas moradas estarem
disponíveis antes do tempo de Seu retorno, deixando implícito que só então
levará os Seus consigo para ocuparem ditas moradas.
Já respondi argumento
semelhante. Como eu disse, Azenilto Brito é repetitivo, para engrossar o caldo.
Pois bem, há uma diferença entre o estado intermediário e o estado glorificado.
Um é de descanso e espera (Ap 6.9,10), o outro é de reinado e julgamento (Ap
20.4,5). Em João 14.1-3, Jesus está falando do usufruto do céu na glorificação, visto que ele fala de voltar para buscar os seus. Aqui, os apologistas adventistas simplesmente desconsideram a
Escatologia Protestante Reformada a respeito do assunto. Não preciso ir mais adiante
a respeito desse tema aqui, por falta de conexão entre a objeção e o objeto.
14ª: As palavras de Jesus em João 5:28 e 29, sobre a ressurreição
final de salvos e perdidos, são antecedidas pela Sua declaração: “. . . vem a
hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a
ouvirem, viverão” (vs. 25). Por que VIVERÃO só a partir de então, quando deviam
estar vivos num estado intermediário, como “almas imortais”?
Observação: A linguagem de Cristo pelo contexto torna
claro que os que VIVERÃO são os que estiverem nas sepulturas, não em alguma
parte do universo—céu, inferno, purgatório, hades. . .
Cada argumento... aqui cabe duas colocações, para depois
mostrar a fraqueza da objeção. Em primeiro
lugar, como eu já disse, o homem não foi criado para viver sem alma, o corpo
faz parte da constituição humana. Ele será incompleto, enquanto não estiver com
seu corpo. Daí a preocupação bíblica da ressurreição, esperança essa que nos
alenta. Em segundo lugar, a ênfase da
ressurreição é dada ao que morre, isto é o corpo. Jesus mostrou que não
precisamos temer quem mata o corpo, mas não pode matar a alma. Devemos temer
quem pode fazer perecer ambos. Corpo e alma. Portanto, a ressurreição é benção
para o homem todo, mas o objeto de sua atividade é o corpo, afinal só
ressuscita o que morre. Jesus está falando exatamente o que ocorrerá ao corpo
na ressurreição. E o que o questionamento exige? Nada que seja tratado no
texto, mas a velha exigência do que supostamente ele deveria ter dito ou que
está subentendido como refutação.
15ª: Por que Jesus, quando confortava as irmãs do falecido Lázaro,
além de ter empregado antes a metáfora do sono—“Nosso amigo Lázaro está
dormindo. . .”—não lhes indicou que o falecido estava na glória celestial, mas
referiu-lhes a esperança da ressurreição (João 11:17-27)? Observações: É comum consolarem-se os enlutados falando de como seus falecidos estão
felizes por terem trocado este mundo de sofrimento e dor pela habitação nos
“páramos da glória. . .”. Contudo, não é este o quadro do diálogo de Cristo com
as irmãs de Lázaro. O tema da conversação deles não é o suposto destino
celestial do fiel seguidor de Cristo, mas a FUTURA ressurreição dos mortos.
O apologista causa
celeuma, em seus argumentos, mas não conteúdo. Se Jesus (em João 11) usou a
metáfora que Lázaro estava dormindo (v.11), quando estava morto, ao que os
discípulos entenderam ser um sono comum (v.12), depois Jesus falou claramente
que aquele sono era a morte (v.14), é obvio que Jesus está falando de alguém
que existia, mas estava em um sono. Por que a analogia do sono? Evidentemente,
que alguém está dormindo está inativo em relação ao mundo ao seu redor, mas que
está sim vivo em outra dimensão (Lc 16.22), e que em breve acordará.
Quanto à mesma exigência
falaciosa, de que aqui deveria ser dito o que eles dizem que deveria, é bom
lembrar que o Senhor Jesus disse ao ladrão na Cruz que eles estariam juntos
aquele dia no Paraíso (Lc 23.43). Já pensou, se fossemos tão presunçosos quanto
a esses dois adventistas e disséssemos: “Por
que Jesus não falou de ressurreição ao Ladrão arrependido?” Mas esse tipo
de questionamento, para interesses dogmáticos, e heréticos, nem sempre são
honestos com o texto em tela.
16ª: Quando Cristo ressuscitou Lázaro, já morto por quatro dias, tirou-o do
céu, do inferno ou do purgatório? Se foi do céu fez-lhe uma maldade trazendo-o
de volta para sofrer na Terra. Se do inferno (pouco provável, pois era um
seguidor do Mestre), concedeu-lhe uma segunda oportunidade de salvação, o que é
antibíblico. Observações: Lázaro ressuscitou e não trouxe nenhuma informação do mundo do
além. Se tivesse algo a contar, sem dúvida João teria o maior interesse em
reproduzir o seu testemunho no seu evangelho.
Pobre argumento do silêncio, vazio. Não há no
evangelho nenhuma palavra de Lázaro, e pelo jeito os Evangelhos não nos
informam nada de qualquer que sejam suas conversas com Jesus. Apesar de serem
amigos. Nem mesmo o conteúdo da conversa entre Moisés e Elias com Cristo, na
visão da Transfiguração (Mt 17.3). Esse é o argumento do silêncio, que o sr Brito
está recorrendo desde o começo de suas perguntas. Todo argumento baseado no
silêncio pode ser silenciosamente abandonado!
Mas o questionamento dos apologistas adventistas, podem ser
respondidos com mais dignidade do que eles aparentam. Em primeiro lugar, Deus não autoriza informações de quem morreu ser
trazidas para o mundo físico. Parece que esse princípio tem na parábola do Rico
e Lázaro. Que informação mais digna, um
pecador como Lázaro, podia trazer do que aquelas que o Senhor Já estava dando a
respeito do Pai? (Jo 1.17,18). Segundo
que é possível que nesse período a experiência do discípulo Lázaro, irmão de
Marta e Maria, tenha sido restrita e não mais comunicada à memória de Lázaro,
haja vista o propósito temporário de sua morte (Jo 11.4,6,11,23) quando ele
retornou ao mundo físico. Terceiro,
ele mesmo pode ter guardado as informações que teve se é que lembraria delas
(compare com Ap 10.4).
Continua...