Azenilto Brito, mostra que a expectativa da
volta de Cristo para certa época foi um aspecto febril em muitos por volta de
1840 (O Desafio da Torre, p.21). Mas Azenilto desconsidera um fato importante. Todos
eles, e Guilherme Miller, evidentemente desconsideraram
o que Jesus disse em Mateus 24.36. Não existe ali no livro Desafio da Torre, uma reflexão do obvio
– aquele movimento, aquele alvoroço mundial, que surgiu no berço protestante, e
em outros, era um contrassenso ao que Jesus normatizou em Mateus 24.36.
Sem dizer que as confissões das igrejas
tradicionais estavam em total desacordo com essas especulações. Os Trinta e Nove
Artigos da Igreja Anglicana já dizia apenas que a volta de Cristo seria no
“último dia”(Art. IV). A Confissão de Fé de Westminster impediria qualquer
Reformado legítimo a se envolver com aquela celeuma histérica: “ [...] assim quer também que esse dia não seja
conhecido dos homens, a fim de que ele se despojem de toda confiança carnal,
sejam sempre vigilantes, não sabendo a que hora virá o Senhor, e estejam
prontos a dizer: “Vem logo Senhor Jesus!” Amém.” (Cap. 33). [Teologia
Sistemática, W. Grudem].
A Profetisa Adventista considerava Miller seu
“pai” espiritual e mentor da mensagem que teve uma formatação posterior. Dos três grupos básicos decepcionados com a
mensagem de Miller, apenas um teve um comportamento sadio e bíblico – mas para
Azenilto não. Aqueles que como Miller,
reconheceram o erro e se arrependeram são os que entendemos que foram realmente
cristãos e não apóstatas. Os demais grupos – um que ‘reformatou’ a mensagem
de Miller (que é hoje a Igreja Adventista do Sétimo Dia) e outro que saiu
marcando mais datas para a volta de Cristo (que acabou influenciando o
surgimento das Testemunhas de Jeová), foram os remanescentes da desobediência.
Daí, Azenilto diz que o grupo da
‘reformatação de 1844’ adotou algumas doutrinas
“não admitida pelas denominações religiosas tradicionais: a
observância do sábado, o estado de inconsciência dos mortos até a ressurreição,
o ministério sacerdotal de Cristo no santuário (que seria um ponto abordado em
Daniel 8:14 – um santuário a ser purificado no Céu, não na Terra), etc. (p.22).
George Kenight, respeitado historiador
adventista, diz:
“A
maioria dos fundadores do adventismo do sétimo dia não poderia unir-se à igreja
hoje se tivesse de concordar com as “27 Crenças Fundamentais” da denominação
[...] Para ser mais específico, eles não poderiam aceitar a crença número 2,
que trata da doutrina da trindade [...] Semelhantemente, a maioria dos
fundadores do adventismo do sétimo dia teria dificuldade em aceitar e crença
fundamental número 4, que afirma a eternidade e a divindade de Jesus [...] A
maioria dos líderes adventistas também não endossaria a crença fundamental
número 5, que trata da personalidade do Espírito Santo.” (Em Busca de
Idnetidade, pp. 16,17).
Podemos então concluir que tudo que foi escrito no livro O Desafio da Torre, a respeito das
Testemunhas de Jeová relativo à divindade, também
se aplica a “maioria dos fundadores” da Igreja Adventista do Sétimo Dia. O
mínimo de coerência exigiria isso. Mas o tema da postagem sugere que Azenilto
não fará isso de maneira alguma. Esse é um desafio e tanto!!!
Quando é que o grupo ‘remanufaturado’ - a chamada Igreja
Remanescente= Igreja Adventista do Sétimo Dia foi organizado como “igreja”?
Azenilto diz que foi
“Em 1863 organizaram-se para formar a igreja que recebe o nome de
Igreja Adventista do Sétimo Dia.” (p.22).
Vamos ‘linkar’
alguns fatos interessantes. A falsa profecia de 1844, que nunca é dita que era uma falsa profecia, pois Ellen White dá o
selo de aprovação ao movimento e sua mensagem, no geral é despachada, como
não tendo nada com a Igreja Adventista do Sétimo Dia já que essa foi organizada
apenas em 1863. Veja a resposta a respeito desse assunto que a IASD
deu ao o ICP (Instituto Cristão de Pesquisa):
“Os
Adventistas nunca marcaram uma data para a Volta de Jesus. Foram os Mileritas (
seguidores de Guilherme Miller, um pregador batista) que fizeram isto. Eles
anunciaram que Jesus viria no ano de 1843; depois, deduziram que seria em 1844;
como os Adventistas do 7º Dia iriam marcar uma data, se eles ainda não
existiam? Surgimos como movimento organizado no ano de 1863 (declaração
constante da carta em apreço). Pagina 12”( ICP - Série Apologética. 2001, p. 12. [grifo meu]).
Um
outro teólogo e apologista Adventista muito conhecido, Francis Nichol, também
estabeleceu essa linha de defesa:
“Os adventistas, ao longo
de toda a sua história, não marcaram data para o advento.” (Respostas a Objeções, 2004, p. 234).
No
livro A Conspiração Adventista eu mostro em dois capítulos que essa
linha de defesa é inócua, pois Ellen White dá a mão e alma para o movimento de
Miller o legitimando como o movimento divino. Mas, para efeitos de reflexão,
vamos então ceder terreno para essa justificativa. Já que a organização em
1863 tira da IASD a culpa de 1844, como então tirar da dela a culpa de ter em
seus burgos FUNDADORES/LÍDERES que era antitrinitarianos enquanto ‘igreja
organizada’? Na postagem anterior já vimos que somente após 1940 é que esse tema
deixou de ser um problema sério no contexto adventista.
E
desconsiderando tudo isso, Azenilto então critica as Testemunhas de Jeová como
organização não trinitariana. De fato, um desafio e tanto.