quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Um recado de D. A. Carson aos pregadores e aos ‘levitas*’

Postei recentemente um texto que Cheung critica Carson sobre ao estado do cristão em comparação ao descrente. Não significa que concordo com o que ele disse do teólogo Carson. É sem dúvida um dos maiores exegetas do NT na atualidade junto com Moisés Silva.

Estou lendo um livro de D. A. Carson intitulado A Cruz e o Ministério Cristão, da Editora Fiel. E o que ele diz aos pregadores e ‘ministros de louvor’ é pertinente:

“[2 Co 2.-1-5] advertem contra qualquer método que leva as pessoas dizerem: “Que pregador maravilhoso”, em vez de: “Que Salvador maravilhoso!”[...] Temos nos tornado tão direcionado por performance, que dificilmente percebemos como comprometemos o evangelho.Considere um exemplo. Em muitas de nossas igrejas, as orações nos cultos matinais servem, em grande parte para mudar o ambiente no santuário, As pessoas da congregação abaixam a cabeça, fecham os olhos e, quando olham alguns minutos depois, vêem os cantores nos lugares ou o grupo de teatro pronto para a apresentação. Tudo acontece tão calmamente. Mas é tão profano. Nominalmente estamos juntos em oração, dirigindo-nos ao Rei do céu, o soberano Senhor. Na realidade, alguns de nós estamos fazendo isso, enquanto outros andando apressadamente na ponta dos dedos ao redor da plataforma; e outros, com seus olhos fechados, estão ocupados, se perguntando que novo e agradável cenário os confrontará, quando chegar o momento de uma olhada furtiva.”

*Nem sei qual o motivo da igreja usar esse termo para aqueles animadores de auditório das igrejas. Os levitas ensinavam a lei, auxiliavam os sacerdotes, cantavam, cortavam madeiras, etc. Em uma comparação todo faxineiro da igreja é um levita. Todo diácono é um levita. Todo professor de escola dominical é um levita. Todo presbítero é um levita... toda igreja é a tribo Levi! Hoje o que vejo é que ‘os grupos’ de cantorias evangélicas é um serviço terceirizado, de música, nas igrejas e roubam o direito da igreja de cantar ao Senhor Jesus de maneira congregacional. Um clube social onde aos fins de semana você tem palestras motivacionais, lanches e música ao vivo! Ainda que tais grupos pudessem conduzir a congregação a louvar a Deus, eles deveriam respeitar o volume que as pessoas podem emitir para junto a eles, e louvar ao Deus da Verdade.

4 comentários:

  1. Meu caro amigo Luciano. Foi muito bom conhecer estes comentários do Dr. Carson, alguém cuja habilidade hermenêutica eu já acompanhava e admirava há muito tempo.

    Ainda mais agora sabendo as opiniões impactantes dele sobre um assunto delicado, o qual lido desde minha infância, que é a música na igreja, assunto que agora faz parte do blog APRENDEI.

    Concordo plenamente com estas palavras de Carson. A música na igreja tem sido "supersantificada" em detrimento dos demais ministérios e áreas da vida.

    Existe uma hipócrita e equivocada propagação da música nos "arrais" evangélicos hoje.

    Muitos vão ao cinema, lêem revistas, livros, TV, internet, admiram a pintura, a escultura, o teatro e a dança. Tudo isso em relação à cultura secular e realmente há muita coisa boa e verdadeira. Mas, quando o assunto é música, aí a "história" é diferente, aí deve-se ter discernimento e se afastar, pois podemos estar sendo contaminados espiritualmente. Ora, por que? Em todas as áreas mencionadas é preciso discernimento, não só na música.

    Tudo que Deus criou é bom (inclusive a música) e todas as expressões culturais e intelectuais vêm da inteligência a qual Deus nos dotou, mas tudo isso pode ser usado se forma errada, pois somos falhos pecadores.

    Os músicos e cantores cristãos evangélicos(há exceções, é evidente)estão envolvidos em uma "cultura pop gospel" onde (mesmo que inconscientemente) o que vale menos é uma boa interpretação bíblica do Antigo Testamento à luz do Novo Testamento e o que vale são as "teologias" propagadas pelas músicas, livros e todo tipo de material a respeito, muitas vezes de ótima qualidade, mas em outras vezes propagando falácias notórias no intuito de realmente adorar a Deus, tipo shofar que traz a unção, unção disso e daquilo, correndo atrás de adorações à arca da aliança, "gafanhotos" que destruirão nossos bens, "tomar posse da terra", angelologia equivocada, levitas, etc.

    Estes "levitas" muitas vezes se consideram acima do bem e do mal, superiores, intocáveis, ninguém pode criticá-los, nem o Pastor, eles querem na maioria das vezes apenas evidenciar o seu talento e não a Deus que lhes deu esse talento. Muitos não suportam a ideia de não "se apresentar" em determinada data pois deve dar lugar a outro irmão na escala.

    E em se falando do volume excessivo, nem vamos entrar em detalhes agora, mas nas próximas semanas o APRENDEI / MCA trará estudos sobre isso.

    Que Deus ilumine Sua Igreja, inclusive os líderes, começando de nós mesmos, para que voltemos a uma sadia visão da música na igreja.

    Cláudio
    blog APRENDEI / MCA

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  2. ERRATA: onde lê-se "arrais", eu quis dizer "arraiais".

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  3. Outra coisa: Se falando na "cultura pop gospel", é preciso muito cuidado, pois ela se atualiza de tempos em tempos, com novas "teologias".

    Muitos de nós certamente se recordarão de tantos modismos pelos quais a música evangélica atravessou nos últimos anos. E eu me incluo nisso, pois muitas vezes, ingenuamente, acreditei que eram autenticamente bíblicos (e alguns são, outros não, o problema é que esperamos alguém começar a fazer. Precisamos ser mais criativos).

    Exemplos como o famoso movimento de batalha espiritual e avivalista da década de 90. Os cânticos praticamente só tocavam nestes assuntos. Eram visões de anjos para lá e para cá, decretar o avivamento, "tá amarrado", marchar sobre a cidade, quebrar maldições hereditárias, cair no Espírito, paletó da unção, etc.

    De 2000 para cá tivemos muitos outros, como o modismo das águas. Quase todos os cânticos deviam falar de águas. Águas que curam, águas do trono, mergulhar nas águas, chuva aqui e ali, rios de unção, etc. É evidente que a água é um símbolo bíblico importantíssimo e verdadeiro para várias doutrinas como a salvação ("nascer da água e do Espírito"), mas eu estou apenas alertando para os modismos e a falta de criatividade.

    Em outra época, quase tudo nas músicas era sobre as gerações: gerações de adoradores, geração que dança, que canta, que pula, geração profética, geração que mudará o mundo, etc.

    Acho que nenhuma igreja possuía o "ministério de dança". Foi apenas um grupo iniciar, aí a "moda" se espalhou pelo país. Não estou criticando o ministério e nem entrando no mérito de sua doutrina, mas alertando para a falta de criatividade.

    Outras épocas vimos as músicas sobre prosperidade e restituição, e assim por diante.

    Mais uma vez enfatizo que em alguns casos, doutrinariamente as músicas estavam corretas e os autores estavam evidentemente bem intencionados em adorar a Deus, mas percebe-se claramente que a Igreja carece de discernimento e criatividade.

    A igreja atual aceita tudo que a "cultura pop gospel" dita, sem discernir biblicamente e sempre esperando qual será o próximo movimento da moda gospel, para poder seguir.

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  4. sem comentários... até pensei em postar seu comentário...kkkk

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