quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Norma Braga: A teologia da prosperidade e a teologia da libertação

“De um lado, Teologia da Prosperidade; de outro, Teologia da Libertação. Uns odeiam a pobreza e buscam sair dela pela porta da religião; outros não estão nela, mas a adoram porque essa adoração lhes assegura um lugar cativo no céu terreno do marxismo: um atalho rápido para um arremedo de santificação. Do lado "popular", confirmando a máxima (irônica) conservadora, "pobre não gosta de pobre" e tenta usar Deus como um ídolo papainoélico pra subir na vida; do lado "chique", o esquerdista cristão do tipo caviar se prostra em adoração à própria autoimagem de pessoa muito piedosa que ama os pobres - mas só de longe, só de língua.

Diante disso, é claro que precisamos confrontar a ambas as teologias igualmente. Em comum, têm entre si a ênfase material: a redenção prometida em ambas passa pela economia.

Mas minha preferência recai sobre a confrontação da segunda, por vários motivos. A natureza do primeiro erro é mais simples: quem se deixa seduzir pela Teologia da Prosperidade é tentado pela própria cobiça - que, uma vez reconhecida, torna-se facilmente combatível.

Já quem cai nas malhas da Teologia da Libertação (ou da Missão Integral, ou de qualquer amálgama entre cristianismo e marxismo) a duras penas enxergará suas motivações, pois estão encobertas pela aparência do altruísmo e dos bons sentimentos: quer-se redenção econômica não para si, mas para o pobre. O correlato óbvio - estimular a cobiça de outrem em vez da própria - é soterrado sob os protestos de uma autoestima que resiste a ver ruírem suas bases. Como inferiu Schlossberg em Idols for Destruction, o assistencialista precisa desesperadamente dos necessitados para sentir-se útil, elogiado - e sim, redimido. A redenção é econômica para o pobre (só idealmente, pois nunca se concretiza), mas religiosa para o pregador marxista, uma religião que é culto a si mesmo: sua pregação o faz encarnar o Sumo Bem.

Para fazê-lo desistir de todas as benesses emocionais dessa crença, muito tempo e saliva são requeridos. A demolição do marxismo sintético com o cristianismo requer longas considerações teológicas, filosóficas, sociológicas, históricas, psicológicas e por aí vai.

É nisso que entra alguém como eu, para auxiliar aqueles que lidam diretamente com teologia e ensino da Bíblia, mas, sendo pastores em 99,9% dos casos, não têm tempo nem vocação para a multidisciplinaridade. Meu sonho é que a igreja brasileira possa contar com um número cada vez maior de cristãos que se identifiquem com essa proposta, que é própria da apologética: encontrando lugar entre a teologia e a cultura, promover um intercâmbio saudável e barrar aqueles conteúdos que desfiguram o cristianismo bíblico.”


Fonte: http://normabraga.blogspot.com.br/ - Tema original: Polarização

2 comentários:

  1. Olá Luciano, lendo seu post me lembrei de uma mensagem clássica pregada em um congresso da Vinde nos tempos áureos de um Caio Fábio diferente do que conhecemos hoje, disponível a partir do link e subseqüentes: http://www.youtube.com/watch?v=-N5Y-OrBoKY
    Me recordo que em algum ponto das partes dessa mensagem onde ele trata das tendências teológicas presentes na teologia brasileira no começo da década de 90, ele menciona que seria ótimo "que o pessoal da libertação fizesse um congresso com o pessoal da batalha espiritual e disso provavelmente emergiria uma teologia bíblica".
    Infelizmente o tempo passou e a igreja seguiu as tendências negativas da mensagem do Caio... Uma pena realmente. Mas,... nunca é tarde... Parabéns pelo excelente artigo. abs

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  2. Talvez, mas acho que é (seria) impossível barrar uma tendência teológica, por pior que seja. Ela ganha adeptos pois tem um grande promotor. Nem mesmo o antigo Caio a barraria... veja, até mesmo o antigamente admirado por nós nós, Silas, cedeu alguns pontos...

    Deus é Soberano, e continuará tendo seus profetas no meio da apostasia... mas ela, só deixará de existir, na volta de Cristo.

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