terça-feira, 19 de março de 2013

A Salvação no Antigo Testamento: tipos e profecias


COMO DEUS SALVOU OS ELEITOS NO AT?


Sempre dizemos, lemos e ouvimos que a salvação é pela graça. Muitos, no entanto, não estão dispostos a pensar assim com respeito ao Velho Testamento. Até mesmo o dito:‘no VT a salvação era pela Lei, agora é pela graça’, tão comum no meio evangélico, é aceito como uma verdade estabelecida.


A Confissão de Fé de Westminster(CFW) aborda essa questão de modo bem claro. Tratando a respeito da doutrina do Pacto da Graça a Confissão afirma: 


Este pacto, no tempo da Lei, não foi administrado como no tempo do Evangelho. Sob Lei, foi administrado por meio de promessas, profecias, sacrifícios, da circuncisão, do cordeiro pascoal e de outros tipos e ordenanças dados ao povo judeu, tudo prefigurando Cristo que havia de vir. Por aquele tempo, essas coisas, pela operação do Espírito Santo, foram suficientes e eficazes para instruir e edificar os eleitos na fé do Messias prometido, por quem tinham plena remissão dos pecados e a salvação eterna; este se chama Antigo Testamento.”( CFW cap. VII,5).


Essa posição da CFW estabelece o princípio que norteia esse assunto. Dividindo de modo simples a CFW afirma:

 A) A salvação no AT foi pela graça em Cristo, este ainda prometido.
 B) De várias maneiras essa salvação em Cristo foi prefigurada.
 C) Pelos meios ordinários o Espírito Santo aplicou a salvação nos eleitos.
 D) Os meios usados pelo Espírito Santo foram suficiente para aquela época.


Algumas passagens bíblicas proposta pela Confissão serão estudadas. Mas fica claro que a salvação no AT foi dessa maneira administrada. A CFW não deixa duvidas quanto a posição Reformada sobre a salvação no AT. Deus sempre salvou pela sua graça, conforme pré-garantida na eternidade em Cristo.


COMO O MESSIAS FOI PREDITO


Duas maneiras principais que houve revelação messiânica no AT foram os tipos e profecias.


A) Tipo: tipo é uma relação representativa preordenada que certas pessoas, eventos e instituições tem com pessoas, eventos e instituições correspondentes que ocorrem em uma época futura (Hermenêutica Avançada p.141). Uma busca especifica de algum personagem no AT que tenha correspondência em aspectos específicos com o Messias e/ou sua obra redentora, corresponderia a essa classificação. O estudo dos tipos, a tipologia, está bem associada com a Cristologia ( Hermenêutica Reformada, p.187). O correspondente é chamado de antítipo.


A CFW refere-se a esse recurso na parte já citada. Mostrando que a circuncisão, o cordeiro pascoal, ordenanças são todos tipos que pré-anunciaram a redenção de e em Cristo. Mas não apenas isso, aqueles tipos foram eficazes para a instrumentalidade do Espírito Santo aplicar a salvação que futuramente foi garantida em Cristo na cruz.


Um grande perigo que não raro assombra os que identificam os tipos é a alegoria. O Dr Anglada faz uma observação que é muito importante para evitar esse erro que é por vezes decorrente da tipologia. Aceitar como tipo somente aquilo que os autores do NT indicaram como tipo no AT (Hermenêutica Reformada, p.189). Ele ainda lembra, recorrendo a outros teólogos, que existem tipos explícitos e implícitos.


Existem listas grandes de alegorias envolvendo a pessoa de Cristo. Algumas absurdas a ponto de perderem qualquer limite, e sem referencial algum. Certa vez vi uma lista muito infantil que dizia que Cristo era a arca de Noé, que era a força de Sansão, etc.


B) Profecia: uma predição divina especifica da vinda do messias e de sua obra, “[...] são declarações divinas autoritativas [...] e o anúncio antecipado de promessas e ameaças futuras .”(Hermenêutica Reformada, p.215). 


Profecia é uma declaração verbal. Vários textos bíblicos são explicitamente messiânicos. Outros, porém, não são tão explícitos. Gerando assim polêmicas visto que outro recurso hermenêutico entra em questão, o sensus plenior. Esse é um recurso que atribuí um sentido mais profundo e em outro tempo de certa passagem. Alguns autores dizem que esse sensus plenior é a melhor resposta para contextualização e aplicação de muitas profecias bíblicas. Porém, o sensus plenior sofre resistência por parte de alguns teólogos ortodoxos, como D. A. Carson, por exemplo, mas defendida por J. I. Packer.


Um comentário:

  1. Olá, vc conhece algum livro ou algo do tipo que prove detalhadamente a salvação pela fé ou as doutrinas da graça no Velho Testamento?

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