terça-feira, 13 de setembro de 2016

25 PERGUNTAS AOS AMILENISTAS

1º) Para o Amilenista, os eventos de Apocalipse 19,20 são análogos aos capítulos 11 e 12. Porém, o diabo em Apocalipse 12 foi lançado para a terra (no tempo do ministério de Cristo), é dito que ele ‘engana todo o mundo’ e ai da ‘terra, pois ele tem grande ira’ (v. 9,12) - Acha mesmo que isso seja análogo à realidade descrita em Apocalipse 20.3 que diz que o diabo foi preso para não mais enganar as nações?

2º) O que é dito do diabo em Apocalipse 12  tem correspondência com II Co 4.4; I Jo 5.19, textos esses escritos após o ministério terrestre de Cristo (portanto, após o inicio do evento de Ap 20.1-3)?

3º) Em Apocalipse 12.9 e 12, diz que o diabo foi lançado para a terra. O anjo de Apocalipse 20.1 ‘desce’ para prender o diabo em que lugar?

4º) O ministério terrestre de Cristo restringiu o poder do diabo, onde o Evangelho chega, e também onde o evangelho não chega? – leia I Jo 5.18,19.

5º)Em Apocalipse 9.1,2 quem é a ‘estrela’ que recebe a chave do abismo? O tempo da visão de Ap 9 e a natureza do abismo, sendo no mesmo livro, não causa dificuldades a sua interpretação Amilenista de Ap 20.1,2,3? Se não, explique com o texto de Ap 9.

6º) Com sua consciência tranquila, e fazendo uso dos símbolos do livro bíblico em questão, acha que no relato de Ap 20.1,2,3 – ao descrever, “corrente”, “chave”, “trancar no abismo”, “selar”, “para não mais”, descreve apenas a limitação circunstancial defendida pelo Amilenismo? Obs: Sinceramente, não creio que o Amilenista lê esses termos sem uma ‘camisa de força hermenêutica’.

7º) Usando a figura de linguagem de Jesus em Mateus 12.29, é possível dizer que a realidade descrita em Apocalipse 20.1,2,3 é a mesma? Leia Mateus 12.45.

8º) O relato de Apocalipse 20 é mesmo obscuro? O que você entende por obscuro?

9º) Você crê na revelação progressiva? Por qual motivo não aplicar esse princípio no caso em tela? Por exemplo: Compare João 14.1,2 com Apocalipse 22.9-22.5. Informações posteriores são acumulativas.

10º) A ressurreição de Apocalipse 20.4, é interpretada pelos amilenistas como sendo o estado intermediário. Sem nenhuma base bíblica para isso. Acredita ser uma interpretação consistente atribuir um sentido diferente e estranho a um termo que está tão bem definido na Escritura?

11º) Qual dicionário linguístico dá o sentido etimológico de ressurreição como ‘estado intermediário’? Isso é uma interpretação dogmática?

12º) Alguns Amilenistas, fazendo coro com Pós-milenistas, dizem que se trata de regeneração. O que é de fato incomparavelmente melhor do que dizer estado intermediário. Mas o texto diz que eles foram mortos porque eram cristãos. Ou seja, já eram regenerados! Então, eles eram regenerados e foram mortos para serem regenerados? Essa morte se fosse o caso, é a conversão?

13º) O reinado e juízo dos santos revelado em Apocalipse 20, é descrito em outras partes da Escritura? (Mt 19.28; Rm 16.20; I Co 4.8; 6.2, etc.)

14º) O fato de não termos detalhes da natureza exata desses mil anos, é um erro dos Pré-Milenistas importarem textos da Nova Terra para esse período. Mas também, os Amilenistas não cometem erro semelhante por fazer que esse período seja o período da Igreja Militante, enquanto claramente temos em Apocalipse 20. 1-6, um relato da Igreja Triunfante?

15º) Os números em Apocalipse não devem ser interpretados literalmente. Mas se 1000 anos para o Amilenismo já dura 2000 mil anos, qual problema teria de pensar em um tempo bem menor de 1000 anos? [Às vezes Amilenistas fazem caricaturas, dizendo que todos os Pré-Milenistas pensam em 1000 anos literais. O Dr. Russel Shedd, pré-milenista histórico, escreveu: “se esse tempo é literal ou não, não nos preocupa.” (Escatologia do Novo Testamento, p.80).]

16º) Em Apocalipse 19.20 fala que a besta e o falso profeta são lançados no lago de fogo. Em Apocalipse 20.15 diz que o diabo foi lançado onde estão (ou já estavam) a besta e o falso profeta. Não é uma prova clara no texto que foram em momentos diferentes, ainda que dentro do mesmo Dia escatológico diferentes?

17º) Qual leitor da Bíblia, livre de uma concepção Amilenista, não veria uma sequência do Ap 19 para o 20?

18º) O último dia abarca todos os desdobramentos da volta de Cristo. Esse “dia” terá 24 horas? Ou podemos entender que a expressão dia aqui é uma descrição figurada do último momento da história desse mundo?

19º) O Paralelismo Progressivo aceito pelos Amilenistas, não seria como uma concepção importada para o livro de Apocalipse? Obs: Que há paralelismo no livro e que há progresso, isso qualquer leitor perceberia. Mas a uniformidade rígida imposta pela escola Amilenista, não é extraída do texto, mas uma inferência a ele.

20º) Fazendo uma concessão ao argumento do Paralelismo Progressivo, por qual motivo encerrar a última sessão em Apocalipse 19.18 e não em Ap 20.15, sendo que o relato do caso acrescentou uma informação que não foi colocada em sessões anteriores, a saber – a eliminação do Dragão?

21º) O reinado dos santos a quem foi dado o julgamento, nesse período chamado de mil anos, dentro do último dia, não corresponde às passagens bíblicas onde é dito que os santos ‘julgarão o mundo e os anjos’? Obs: Mesmo o Catecismo Maior (90) infere esse juízo como doutrina escatológica. O grande problema dos Pré-Milenistas é acrescentar como será a terra nesse momento. Prefiro manter o mesmo silencio da Escritura, apenas dizer o que ela diz no texto em tela.

22º) Os mil anos que aparece no texto tem o mesmo sentido (no quesito tempo) para o diabo e para os santos? Se sim, que implicações terá no estado intermediário, pois é dito que ele terminará (v 3,7)?

23º) Em Apocalipse 6.9,10 temos um registro do estado intermediário. A realidade espritual descrita nesse texto é bem diferente de Apocalipse 20.4,5 – e oposta ao rumo da interpretação Amilenista. Como você resolve essa diferença?

24º) Segundo os Amilenistas, o texto de Apocalipse 20.11-15 é uma descrição diferente do mesmo evento de Apocalipse 19.11-18. Porém,  uma comparação com Mt 25.31-46, temos uma semelhança de todo o texto de Apocalipse 19.11 a 20.15. Esse texto de Mateus, não une e sincroniza os acontecimentos na mesma ordem cronológica?

25º) É verdade que Apocalipse 20 é o único trecho que fala de “mil anos”. Mas os assuntos ali descritos são exclusivos desse capítulo? Reinado dos santos, anjo guerreando com o diabo, julgamento de Satanás, ressurreição, estão em outras partes da Bíblia?!
  •  ESCLARECIMENTOS: 

*Sou da tradição Reformada Confessional, mas não sou Amilenista, por convicção. Embora fiz um esforço em anos passados a aceitar essa interpretação, que carrega com ela algumas garantias de manter-se coesa com as confissões reformadas. Infelizmente alguns pensam que o Amilenismo é posição oficial da Fé Confessional Presbiteriana. O que não é. A tradição de vultos reformados teria uma identificação com o que é mais conhecido como Pós-Milenismo, mas eles pessoalmente, nãos as Confissões Reformadas. Nenhuma Confissão reformada esboça favorecimento a um Milênio judaico, ao mesmo tempo, não há também um tipo de Amilenismo nas Confissões. Uma Confissão Reformada nega de forma clara um ‘milênio judaico’. Porém, para o espanto de muitos, alguns teólogos da Assembleia de Westminster, que produziram a Confissão, eram pré-milenistas (VEJA - Alegrem-se os povos, p. 55). O respeitadíssimo calvinista J. C. Ryle era pré-milenista.


O que devemos ver claramente é que Apocalipse 19 vem antes do 20, não apenas em número, mas em eventos, e também deixar de achar que para pensar assim temos que ser exaustivamente pré-milenistas. Não precisamos, nem podemos compartilhar de tudo que os Pré-Milenistas ensinam – entre ser um pré-milenista pleno (mesmo o histórico), melhor ser sim Amilenista, mas não por causa do texto de Apocalipse 20, mas dado ao fato que a escola pré-milenista contém compromissos estranhos a um reino ‘meio santo e meio pecador’ de Cristo na terra e em por vezes, associado a Jerusalém literal. 

Ao mesmo tempo, apresentei perguntas aos Amilenistas que se posicionam no presbiterianismo brasileiro, como que se fossem os herdeiros da herança reformada nesse quesito. De fato, eles tem lugar na herança reformada, mas essa escola é recente – comparada ao pós-milenarismo, se assim ele se codificou no passado. Mas devo dizer, honestamente, que nem de longe o Amilenismo possui um sistema hermenêutico à prova de fogo. Essa escola tem graves dificuldades, é que nós no arraial Reformada, queremos diluir tais dificuldades não dando muita importância a assuntos escatológicos.

sábado, 3 de setembro de 2016

A Justiça do Tormento Eterno – o Inferno.

A Bíblia é clara em ensinar que a punição de Deus inclui um “tormento eterno”.No geral, chamamos isso de inferno. Alguns grupos, que se afastaram do cristianismo bíblico, rejeitam essa doutrina. Como Os Adventistas do Sétimo Dia, Espiritas, Testemunhas de Jeová, (alguma duvida) a respeito dos seguidores de W. M. Branham. Há cristãos nas fileiras do protestantismo ortodoxo, infelizmente, que também fracassaram em ceder às pressões humanistas e rejeitam tal doutrina. Quantos aos Teólogos Liberais, não me causa espanto, esses pertencem ao mesmo bojo espiritual dos grupos heréticos mencionados no do paragrafo.

No geral, o argumento desses está sobre uma suposta ‘injustiça’ que implica no tormento eterno. No caso dos adventistas, eles pensam em um tormento momentâneo (horas, meses, anos, décadas e séculos), dependendo do grau de pecado que a pessoa tiver cometido. As Testemunhas, por sua vez, creem numa aniquilação instantânea. Os Espíritas, negam o inferno, mas visto que a pessoa ‘paga’ o que faz de mau em uma outra reencarnação, isso de certa forma é um ‘inferno’, mas no caso, não consciente. 

A Bíblia ensina o tormento eterno de forma explicita e em uma clareza tal, que ela ‘grita’ em alto e bom som:

-     E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Mt 13.50
-         E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Mt 8.12
-         E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Mt 13.42
-         Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Mt 25.3
-         Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora. Lc 13.28
-     E separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes. Mt 24.51
-         Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Mat 22.13
  -       Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. Lc 16.28
-      Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado. Lc 16.25
-     Vemos, portanto, que o Senhor sabe livrar os piedosos da provação e manter em castigo os ímpios para o dia do juízo,2 Pedro 2.9
-  E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome. Ap 14.11
-      E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre. Ap 20.10

Há injustiça no tormento eterno? Tentarei responder a essa inquietação.

1. O seu autor não é injusto. Para efeitos de argumentação lógica, já que o inferno foi criado por Deus, não há espaço para se falar em ‘injustiça’. O argumento falha por desconsiderar a santidade e justiça de Deus, atributos de sua própria essência. Por definição, o que ele faz, é justo e santo. Deus não é avaliado por suas obras, mas seus atributos é que definem as qualificações de Suas obras.

Jesus disse que o lago de fogo foi preparado para o diabo e seus anjos, o mesmo lugar para onde vão os desobedientes (Mt 25.41, 46). Dizer que há injustiça diante desse julgamento e punição, é desqualificar o Juiz Supremo (Mt 25.31; Ap 20.11). Pela sua autoria, o tormento é justo, justíssimo.

O salmista nos ensina a pensar assim:

“Os juízos do SENHOR são verdadeiros e todos igualmente justos.” (Sl 19.9, b).

2. ‘Não é amoroso’! Dois erros nessa objeção. Primeiro que, assim como foi destacado no tema anterior, Deus é o autor do inferno, do tormento eterno. Sendo Deus Amor (I Jo 4.8), devemos saber que de alguma forma e maneira, ele não deixa de ser amoroso ao inventar e manter o tormento eterno. Em sua forma de agir, ele mantém seus atributos em perfeita harmonia em si mesmo, ainda que tenhamos impressão que ele abandona uma ao aplicar outra – veja João 3.16 e compare com o versículo 36. Ele é o Deus que ‘fere e sara’, ‘mata e faz viver’, revelado na Escritura (Dt 32.39), sem nenhuma crise de identidade, apesar de causar perplexidades em nós, assim como causou aos autores inspirados. Todos eles, porém, foram piedosos.

O segundo erro na objeção, é desconsiderar que estamos diante de uma ação punitiva. Por exemplo, ao relatar a autoridade do Magistrado Civil, o autor inspirado de Romanos destaca bem que a punição carrega, necessariamente, uma faceta não ‘bondosa’, mas de dor (Rm13.3,4,5).

3. Os objetores desconsideram os atos de Deus. Ao alardear, que o inferno não revela a bondade de Deus, e macula seu caráter, os mesmos não tratam com a mesma visão, ou quando não, desconsideram as implicações desse argumento, em situações que a Bíblia revela. Na Bíblia há inúmeros casos de juízos de Deus, que são realmente fortes. Incluindo mesmo, crianças. Lembremo-nos que Deus afogou nos dias de Noé, toda a humanidade, e queimou os habitantes de Sodoma.

Os que questionam o ensino bíblico do inferno, estão em terreno escorregadio ao considerar os atos punitivos de Deus, ainda que em grau de tempo e intensidade, é menor ao que o tormento proporciona, ainda assim, são todos, passiveis de objeções semelhantes – se considerarmos esses argumentos falaciosos dos que são contrário ao inferno. Um pouco de leitura bíblica, desmantelaria os argumentos humanistas.

4. O erro é a falta de proporcionalidade? Por mais estranho que seja, um dos argumentos deles, na verdade, seria a solução para o questionamento. Alguns dizem que passar a eternidade no inferno por alguns anos de pecado, não faz justiça à proporcionalidade judicativa. Vejamos como ele é invocado de forma errada e como ele vira a mesa.

Em primeiro lugar, nenhum crime é avaliado pelo tempo que se levou a praticar, mas o ato em si que é avaliado. Uma pessoa pode todos os dias roubar um cafezinho em uma padaria, fazer isso por um ano, ao passo que o homicídio com arma de fogo pode durar apenas alguns segundos – como um juiz avaliará isso?

Em segundo lugar, o argumento considera apenas o ofensor, e desconsidera o OFENDIDO. A Santidade, Soberania, e a Justiça, de Deus são grandiosas e infinitas, e sendo assim eternas – elas são o peso que eleva a punição dos infratores. Um exemplo é os mandamentos (tome como exemplo o decálogo) que incorria em pena de morte. Nem todos eram punidos com pena de morte, mas quase todos que eram contra Deus acarretava em pena de morte. Não é o pecador a medida de sua punição, mas O desonrado.Se o pecado não fosse assim tratado, qual a razão do Filho de Deus ter sido punido e esmagado (Is 53.4-10)? A morte do Filho revela quão alto é a punição no tormento eterno, ao livrar do inferno aqueles que ofenderam a Deus. Os que não receberam Cristo como Senhor de suas vidas, como substitutos de si mesmos, no inferno da cruz, terão que enfrentar o inferno sozinhos, por todo vitupério causado contra o Deus Soberano, Justo e Santo.

5. O que aprendemos com a doutrina do tormento eterno? – devemos também ser positivos em relação a doutrina do inferno. Já que estamos diante de uma doutrina bíblica, de autoria divina, mas que nos assusta, e causa pavor, algumas lições positivas devem ser extraídas dessa crença:


A) O Ofendido é O Soberano Criador do Universo, e exige um alto e reverendo zelo e cuidado, por tudo que ele exige e por tudo que o representa. B) Aquilo que leva para o inferno deve ser, e é de fato, repugnante, isto é, o pecado.C) O inferno não é o reino de Satanás, ele será atormentado lá também.D) Apesar disso, ele adverte a todos, visto que todos estão condenados para lá, o caminho do arrependimento e abandono daquilo que garante a ida ao inferno. E) Por ultimo, a morte de seu Filho Jesus Cristo, é uma garantia, de que livrará de lá, todos os que o Pai lhe deu. 

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A um apologista TJ - sr. Pedro Calvache

Certa pessoa me disse a respeito de uma Testemunha de Jeová que disponibilizou alguns vídeos a respeito da Trindade, também debates com evangélicos, e defendendo a TNM. Ele me mandou o link e eu passei a assistir. A Testemunha de Jeová o sr. Pedro Calvache, da cidade de Sorocaba. Destaco aqui que essa postagem não visa agredir, ofender, ou humilhar. Tudo indica ser um homem digno, cidadão honesto, e religioso fiel, qualidades que está ausente hoje na sociedade. Meu objetivo é questionar sua teologia e apologética.

Apesar de demonstrar ser mais versátil que as Testemunhas medianas, e adquirir publicações que não são apenas da Torre de Vigia, ele demonstra os mesmos vícios dos autores autorizados da liderança TJ, e a maneira acusatória comum.  Apresento aqui algumas observações que pude constatar de seus vídeos, logo em seguida escrevo a ele uma ‘carta’:

1. Experiências com crentes: esse senhor cita exemplos de confrontos com crentes, que não foram lá tão exemplares, quer no trato, quer na argumentação, em que ele toma como exemplo geral. Infelizmente, um fato deprimente é saber que crentes não estão dispostos a estudarem a Bíblia, quanto deveriam e o quanto a teologia cristã oferece. No entanto, o s Pedro Calvache, também não gostaria de ser avaliado por Testemunhas de Jeová medianas. Creio que quando ele menciona casos de conversas que teve com crentes, e daí julga todos em um bojo só, é uma forma reducionista de tratar tudo e todos, em um mesmo nível e comportamento.

2. Testemunhas de Jeová e o resto do mundo: outro argumento evidentemente fraco, é o dividir o mundo em duas partes. Por um lado, as Testemunhas de Jeová, por outro, todo o resto. Esse também é uma avaliação medíocre das diferenças, mesmo em linhas gerais. O que dizer se realmente tratarmos a questão em suas bases? Com isso, o sr. Pedro Calvache fala com uma miopia digna de uma pessoa sabatinada, e quando faz isso, o faz para produzir na mente de seus ‘espectadores’, um problema – uma escolha, ou seguir a Torre de Vigia, ou tanto faz ser o que for. ‘Todo mundo é assim, menos nós, as Testemunhas de Jeová’ – é o raciocínio dele. Algo que ele explora muito nesse aspecto, é a doutrina da Trindade. O que ele não menciona é que várias denominações religiosas que também, não creem na trindade. Há, até, outras crenças diferentes a respeito. Mas o propósito dele não é dar informações, mas selecioná-las para produzir uma impressão, que de alguma forma favoreça as Testemunhas, por separá-las dos demais grupos religiosos, e desqualifique assim o resto. Algo muito próprio de seitas exclusivistas.

3. Tradução do Novo Mundo: ele também em algumas exposições defende a TNM com base em afirmações selecionadas, de assuntos que ele afirma tão categoricamente, sem um mínimo de tratamento sério. Por exemplo, quando fala do nome de Deus Jeová. E lê alguma tradução que usa Jeová no NT, parece que para ele está resolvido. Não haveria uma credibilidade mais pífia do que essa, com todo respeito ao sr Pedro. Ele busca citações recortadas, apenas para esse fim e propósito – alguns vestígio que seja igual a TNM e portanto, ele tem que estar certar no caso em mira. Triste, é saber que muitas vezes, os autores dessas citações, estão em desacordo com eles em outros pontos, e ele simplesmente passa por alto. Fora a questão desequilibrada, ao dizer que os trinitarianos fazem isso ou aquilo nas traduções, ao passo que apenas o que é feito na TNM, é feito sem nenhum pressuposto doutrinário, mas apenas baseado em evidencias linguísticas e da manuscritologia. No caso da TNM, é sabido por todos, que ela tem sérios problemas mesmo nessas áreas.

4. Pagando com o paganismo: por fim, ao falar de trindade, inferno, imortalidade da alma, ele martela enfaticamente que se trata de doutrinas pagãs, e cita autores que criticam essas doutrinas, como criticariam qualquer outra crença cristã, acusando de pagã. Interessante que Calvache, chega a dizer que qualquer pessoa “com o mínimo de conhecimento” sabe disso. Bem, embora desqualifique assim os que creem na trindade, na verdade ele demonstra que sabe é pouco mesmo a respeito desses assuntos. Ele até mesmo em um vídeo usou uma expressão errônea de um certo curso teológico, e disse que na verdade nós adoramos “três deuses” e que quando falamos que cremos em UM DEUS, é tudo uma conversa para ofuscar o obvio.
De fato, o sr Pedro Calvache não é tudo o que pensa ser. E como sou trinitariano, crença essa enxovalhada pelo sr, me sinto no direito de apresentar algumas objeções também.
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Vou escrever uma carta a ele de agora em diante, e quem sabe, ele que se diz um pesquisador, possa assim ler. Muito que vou escrever aqui, ele saberá, mas nem todos os leitores do blog. Recomendo ler com atenção e se possível pesquisar a respeito do assunto:

Prezado senhor Pedro Calvache, espero que ao ler essa breve mensagem, você e os seus, estejam bem, sob a graça de Deus.

Em primeiro lugar, creio que você acredita mesmo que a Torre de Vigia contém o Escravo Fiel e Discreto, que Jesus Miguel teria escolhido em 1919. Aliás, até mesmo a identidade desse Escravo já passou por mudanças que não sei como o sr lida com isso. Ele já foi Russel, já foi a diretoria da Torre, depois foi todo o restante ungido, que tinha um porta voz que era o Corpo Governante, que na verdade tinha alguns mais poderosos, mas agora, é apenas o Corpo Governante. Tudo bem, essas mudanças são assim mesmo, cheias de nuanças e justificativas. Assim como a geração que veria o fim.

Primeiro seria os conscientes que vivam em 1914, depois as crianças, depois os que nasceram, nessa época, o sr pregou isso de casa em casa e disse que isso era promessa de Jesus? Daí em 1995 seria apenas a classe ímpia que viu o sinal composto. Tudo bem, que agora a geração dos ungidos é a que viu o sinal, anos após a primeira geração...

Convenhamos, a Liderança TJ insistia que os ungidos veriam o fim do mundo, e reter a data do fim da chamada celestial em 1935 seria complicado demais, não é mesmo? Ok, quanto a isso, se o sr está feliz com isso... Já que essa data também recentemente foi abandonada...

A história doutrinária das Testemunhas acumula muitas mudanças. Geralmente tais mudanças se dão quando algum “potentado” da Torre morre. Foi assim quando Russel morreu, quando Rutherford morreu, quando Franz morreu. Mas de fato, se o Sr acredita que o Corpo Governante é o servo composto que daria alimento no tempo do fim, é uma decisão sua. Sei que para o Sr nem mesmo uma tonelada de mudanças proféticas e datas erroneamente calculadas, para eventos proféticos, com suas mudanças, causaria alguma duvida de que eles foram escolhidos por Jesus, que reina desde 1914 – se bem que ele voltaria segundo Russel, mas....Aliás, eu acho que o sr até duvida, mas é proibido de duvidar, não é mesmo? Ah, o sr seria sumariamente expulso por causa disso...

Tudo bem que datas, não foram muitas para te abalar, mas um bom número para isso...como 1874, 1878, 1881, 1914, 1915, 1918, 1920,1925, 1941, 1975, geração de 1914 e geração dos ungidos, ou mesmo dentro do século XX, abalaria sua fé na Liderança TJ = Corpo Governante...eu te admiro pela crença. De fato, isso é mesmo uma crença poderosa. Deve ter algum poder místico por detrás disso.

Não sei se ainda o Sr pode crer na data da ressurreição celestial em 1918, mas parece que essa data não ganhou mais notoriedade nas últimas duas décadas, mas se ela ainda está em vigor, é ótimo lembrar então que todos os ungidos do Escravo Fiel que morreram desde então, estão no reino celestial (do ensino da Torre) vendo tudo isso ocorrer, e como você deve crer, que eles estão orientando a Organização da Torre de Vigia. Sei lá se há alguma comunicação espírita entre esses ‘ressuscitados’ e o atual Corpo Governante...Deve ser por isso, que o Sr acredita mesmo neles...

Fico também pensando, como o Sr se sente em saber que o nome Jeová é uma produção posterior ao período bíblico, uma salada de letras, que hoje está mais que provado, que não é o nome divino... Afinal essa tradição de usar o nome Jeová, foi iniciada por católicos dominicanos e seguida pelos protestantes, e que mal há em seguir a tradição nesse caso, não é mesmo SrCalvache? Oh não, isso pode ser de Babilônia, mas foi purificado por Rutherford... interessante que o sr gosta muito do assunto Comma Joanino... não tem base nos MSS do NT... sim, nem nos mais antigos e nem na maioria, porém, quanto ao uso do nome hibrido Jeová no NT, sem nenhuma base nos milhares de MSS do NT... Ah, mas o Sr é um pesquisador sério, deve tirar isso de letra não é mesmo?

Quanto a Deus, fico admirado em ver como o Sr lê a Bíblia e ainda acredita no Corpo Governante que diz que o Deus Jeová, não é onipresente, nem ativamente onisciente! Esse de fato é um deus diferente do meu... o Salmo 139 acho que não se encaixa muito nesse ‘novo deus’ Sociano. Algo que me chama a atenção é que esse tipo de deus da Torre de Vigia, é poderoso para ter uma força ativa impessoal - que sente e age como pessoa, que vocês dizem ser o Espírito Santo, estando essa força em todo lugar, mas ele mesmo, Jeová, não é capaz de estar?! Deve ser muito empolgante crer em um mistério desse... tudo bem, que mistério é usado por você de forma negativa quando falamos da Trindade. Sei que a eternidade pode ser incompreensiva, como diz o Corpo Governante, mas a Trindade não pode ser? Pedro Calvache, entendo a seletividade.

Quanto a Jesus Cristo, esse também é um Jesus especialmente redefinido pela Torre de Vigia. Era Miguel, um anjo criado, que era adorado pelos anjos, mas era uma ‘adoração relativa’. Melhor foi mesmo dizer que adoração no caso dele deveria ser “prestar homenagem”, ainda bem que a edição posterior da TNM não colocou adorar... assim fica mais em harmonia com o ensino da Torre. Esse anjo, que se tornou homem, depois ressuscitou em outro corpo. Isso sempre é meio estranho... ressuscitou o que então? Morreu o quê? Em outro corpo espiritual, mas se materializou para convencer seus discípulos que ressuscitou dos mortos, mas seu corpo não se levantou? Tudo bem que Jesus negou que seria assim...mas se o Corpo Governante disse, dito está!!! Se não, como Jesus voltaria invisivelmente em 1914? Claro, está explicado...a única coisa que nunca será explicada será a data de partida para o calculo de 1914... destruição de Jerusalém em 607, e crença em Papai Noel, sr Calvache, é coisa fantasiosa... Imagino o esforço que o sr faz, ‘qual pesquisador da história’, encontrar alguma evidencia em favor de 607 como ano da queda de Jerusalém...

Seguimos com a contagem e doutrina dos 144 mil. Coisa estranha essa, para provar que os 144 mil são literais vocês fazem o contraste entre a grande multidão que ninguém podia contar, ao mesmo tempo que o contraste da nação não serve? Se a nacionalidade é espiritual, por qual motivo a numeração não seria? E vice versa... quanto a contagem, o coisa mais esdruxula não é mesmo? Hoje os ungidos superam o número de décadas e décadas atrás. Daqui a pouco terá 144 milhões pois não vai sobrar espaço para o cristãos da era apostólica... Dividir a esperança dos crentes salvos é algo que devo dizer – só mesmo na cabeça de J. F. Rutheford... se ele errou no caso “Casa dos Príncipes”, “Milhões que agora Vivem Jamais morrerão”, etc, corre-se sério perigo em tantos outros assuntos... e especialmente nesse assunto tão palpitante – a esperança terrestre! Claro, que se o sr lesse a Bíblia um pouco mais, perceberia que essa forma de fracionar a salvação eterna, é algo totalmente sem base na Palavra do Deus da Verdade.

Sim sr Pedro, o que dizer das doutrinas medicinais que a “Organização da verdade” já emitiu no decorrer dos anos... vacinas, transplantes de órgãos, frações de sangue, transfusões de sangue, doutrinas que eram “puro lixo”. O que dizer do serviço militar alternativo? Se não me engano em 1996 houve essa mudança... o livro Unidos na Adoração, depois quando foi revisado em Adore o Único Deus, tirou até mesmo a menção do serviço alternativo como causa de mortes/perseguições contra as “fieis testemunhas”... essas coisas realmente não são tão fáceis de se resolver... por isso é mesmo bom não mencioná-las em seus vídeos não é mesmo sr Pedro?

Vai lá falar do caso da ONU, México, Carta a Hitler, que as explicações só causam mais frenesi e confusões... se bem que essa questão de fazer o que querem, é coisa da autoridade do Escravo. O que dizer das citações que fazem de outros autores? Por que será que o livro Raciocínios tem duas edições? Por que também a Interlinear do Reino teve duas também? O que dizer da brochura Deve-se crer na Trindade... de fato, o Escravo faz as citações de outros fora do contexto, e quando é confrontada não dá satisfações para vocês, e muda a edição... coisa de Escravo FIEL e DISCRETO... ops, agora é Prudente? Novamente...

Não sr Pedro Calvache, a doutrina do inferno não é o espantalho da cristandade, nem pagã, é um ensino claro de Jesus e de seus apóstolos. Usar a doutrina de forma errada não a invalida, assim como o Corpo Governante várias vezes errou em relação a data do Armagedom, não acho que o sr acha que a doutrina do Armagedom é invalidade pelos erros deles... não é mesmo? Ou o Armagedom também serve de ameaça? E que com uma data em mãos, essa ameaça também se torna algo perigoso, ou não? Se bem que eles, os membros do Corpo Governante podem errar e continuar sendo Escravo... se o sr errar, e ensinar outra postura, a coisa pega, não é mesmo? Voltando ao assunto do inferno, perceba que a Bíblia usa uma linguagem que mais incomoda do que ajuda a sua doutrina? Imagina – a Bíblia usa o termo “tormento eterno”, ela mesma faz esse uso, por mais duro que seja, mas Jesus avisou. Deus continua sendo amoroso em dizer isso, e em fazer o inferno.

Talvez, caro seguidor da Torre de Vigia, infelizmente a verdade não te atrai, a advertência de arrependimento e crença no Filho de Deus, para te tornar filho de Deus, também não te move a sair da Torre, o que resta-nos é apenas lembrar que a doutrina do tormento eterno é bíblica. Jesus Cristo algumas vezes lembrou aos seus ouvintes, especialmente quando estavam mais endurecidos pelo pecado. Acho ser conveniente fazer isso ao sr nesse momento. Deixe de ter a fé na Torre de Vigia, que para você é mediador entre você e Deus, e descanse na Graça salvadora do Cristo crucificado e ressurreto (Jo 14.6).

Ass. Luciano



sábado, 27 de agosto de 2016

A Mariolatria Católica

O que você acha desse tipo de devoção a Maria?

967 Por sua adesão total à vontade do Pai, à obra redentora de seu Filho, a cada moção do Espírito Santo, a Virgem Maria é para a Igreja o modelo da fé e da caridade. Com isso, ela é "membro super eminente e absolutamente único da Igreja", sendo até a "realização exemplar (typus)" da Igreja.(Parágrafos relacionados 2679,507).

968 Mas seu papel em relação à Igreja e a toda a humanidade vai ainda mais longe. "De modo inteiramente singular, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade, ela cooperou na obra do Salvador para a restauração da vida sobrenatural das almas. Por este motivo ela se tornou para nós mãe na ordem da graça." (Parágrafo relacionado 494).

969 "Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura ininterruptamente, a partir do consentimento que ela fielmente prestou na anunciação, que sob a cruz resolutamente manteve, até a perpétua consumação de todos os eleitos. Assunta aos céus, não abandonou este múnus salvífico, mas,por sua múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna. (...) Por isso, a bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada, auxiliadora. protetora,medianeira."* (Parágrafos relacionados 501,149,1370) (Catecismo da Igreja Católica Apostólica Romana).

*Podemos perguntar de forma simples aos católicos: Onde no Novo Testamento Maria é tratada assim?

O que é Idolatria para ICAR?

2113 A idolatria não diz respeito somente aos falsos cultos do paganismo. Ela é uma tentação constante da fé. Consiste em divinizar o que não é Deus. Existe idolatria quando o homem presta honra e veneração a uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de deuses ou de demônios (por exemplo, o satanismo), do poder, do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiro etc. "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro", diz Jesus (Mt 6,24). Numerosos mártires morreram por não adorar "a Besta", recusando-se até a simular seu culto. A idolatria nega o senhorio exclusivo de Deus; é, portanto, incompatível com a comunhão divina. 

2114 A vida humana unifica-se na adoração do Único. O mandamento de adorar o único Senhor simplifica o homem e o livra de uma dispersão infinita. A idolatria é uma perversão do sentimento religioso inato do homem. O idólatra é aquele que "refere a qualquer coisa que não seja Deus a sua indestrutível noção de Deus”. (Catecismo da ICAR).



segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Presbiterianismo e Pentecostalismo no Brasil – Tensões históricas e distensões recentes (parte 1)

Presbiterianismo e Pentecostalismo no Brasil – Tensões históricas e distensões recentes (parte 1)
Autor - Éber Ferreira Silveira Lima

Introdução

A relação entre presbiterianismo e pentecostalismo no Brasil, regra geral, tem sido rude. Tanto a igreja presbiteriana do Brasil quanto a Igreja Presbiteriana independente do Brasil (IPB e IPI respectivamente, as duas maiores confissões calvinistas do Pais enfrentam situações de dissidência que ocasionaram cismas importantes, especialmente na década de 70, em face de grupos pentecostalizados no seio dessas denominações.

As dificuldades do presbiterianismo com o pentecostalismo, no entanto, não se limitam a esses cismas. Pode-se dizer que, em termos de fé e ordem, executadas as questões políticas internas de desavenças com o catolicismo, as tensões com o pentecostalismo tem se constituído no principal problema do presbiterianismo brasileiro. Esse quadro possivelmente resultou do próprio modelo eclesiástico presbiteriano adotado no Brasil, baseado na figura do pastor que detém a primazia do ministério cristão. Ou ainda da forte herança racionalista que se concretiza no corpo doutrinário, mais valorizado do que experiência religiosa. Percebe-se, porém, na presente década, um movimento intenso, até de ordem institucional no sentido de acomodar tendência neopentecostais nas confissões presbiterianas brasileiras. Tal movimento responde ao avanço ao neo-pentecostalismo nas décadas 80 e 90, e procura atender consideráveis setores pertença protestante histórica insatisfeita com os modelos tradicionalmente adotados. O desgaste social das classes médias tem contribuído para lançar as mesmas nos braços de uma nova proposta de fé, onde o espaço eclesial se apresenta como um super mercado de bens religiosos. Por outro lado, as novas adesões ao protestantismo, já devidamente influenciadas pela mídia evangélica, tem exigências e expectativas religiosas que só podem satisfeitas pela teologia e pela prática pelo neo-pentecostalismo. Então a acomodação do neo-pentecostalismo por parte dos presbiterianos é uma atitude de sobrevivência no universo evangélico brasileiro, uma forma de atender o mesmo público ao qual historicamente está ligado.

Tem havido reações e resistências e tais distensões, especialmente por parte de setores com raízes mais profundas na história dessas denominações. Tais resistências, porém, não se encontram em condições de determinar a repulsão neopentecostal no presbiterianismo. Quando muito, tem diminuído a velocidade na absorção dos grupos carismáticos as suas praticas pelas comunidades presbiterianas locais. O presbiterianismo brasileiro está mudando institucional, doutrinária e liturgicamente, inspirado na versão recente do pentecostalismo que tanto combateu. Nosso trabalho procurará mapear, ainda que sinteticamente, a história dessas relações nas diferentes denominações presbiterianas brasileiras apontando para as transformações em curso.

I-                   O pentecostalismo como heresia: as escaramuças iniciais

A chegada do pentecostalismo ao Brasil, no ano de 19101, ocorreu num contexto de consolidação do protestantismo histórico. Eram tempos em que a pregação protestante embora ainda longe de concorrer com o catolicismo majoritário já trazia preocupações ao clero católico, mormente quando enveredava para o campo das polemicas religiosas. Diante dos desafios que enfrentava para crescer, o protestantismo se tornava cada mais combativo. Face à busca, por parte do catolicismo, de uma intelectualidade católica leiga que bem pudesse representar a Igreja de Roma nossos tempos2, o protestantismo brasileiro se refinava, querendo atingir o mesmo público.

Dificilmente, os primeiro pentecostais no Brasil buscaram uma outra população. Daniel Berg e Gunnar Vingren foram evangelizar as populações ribeirinhas do Amazônia, e Luigi Francescon identificou-se com os operários italianos moradores do bairro do Brás, em São Paulo. Tais pregadores não estavam preocupados em refinar suas pregações ou em intelectualizar seu discurso. Ademais, usando de uma estratégia de atingir evangélicos para constituir suas igrejas, e depois estender sua pregação aos católicos, agiram como adversários, e não como aliados das igrejas protestantes já instaladas no Brasil. Diante desse quadro, acabaram sendo tratados como inimigos do protestantismo, seita nociva e heresia perigosa, no mesmo patamar do adventismo e do espiritismo3.

Émile Léonard registra que, mesmo antes da chegada do pentecostalismo ao Brasil, já teriam acontecido manifestações religiosas consideradas marginais pelo protestantismo brasileiro, na linha do que ele chamou de iluminismo4: os “Muckers” entre os luteranos no Rio Grande do Sul, e a Igreja Evangélica Brasileira5. Esta última se estabeleceu por iniciativa de Miguel Vieira Ferreira, convertido ao presbiterianismo na cidade do Rio de Janeiro. Sua compreensão iluminista do Evangelho chocou-se com a dos missionários presbiterianos americanos, o que o levou a abandonar a igreja onde se converteu e a fundar a sua própria comunidade no ano de 1879. Nisso foi acompanhado por mais vinte e sete membros presbiterianos. Foi a primeira cisão acontecida no presbiterianismo brasileiro, motivada por razões que se aproximaram das crises pentecostais do século seguinte. Traumática, possibilitou que os líderes presbiterianos julgassem a nossa comunidade eclesiástica como não representativa doa protestantes, e Miguel Vieira Ferreira como “cismático comprometedor”.6

De fato, o pentecostalismo passa a ser objeto de criticas e de adjetivação condenatória contundente pelos presbiterianos poucos anos depois de sua instalação no Brasil. O caso de Luigi Francescon e da Congregação cristã do Brasil. Aponta pata o começo das relações não amistosas: a primeira leva de crentes ganhos pelo pentecostal Francescon foram pessoas oriundas da Igreja Presbiteriana Italiana de São Paulo. A maior parte da pertença seguiu Francescon7. “O puritano”, periódico presbiteriano surgido em 1899, classificou tais pentecostais da Congregação cristã do Brasil de “fanáticos”.8

Da mesma forma seriam tratados os crentes pentecostais de Belém do Pará liderados pelos Berg e Vingren. Sobre isso acrescentou:

Diversos artigos denunciando o grupo (os crentes da Assembleia de Deus) apareceram nos jornais das Igreja mais tradicionais. Seu proselitismo, ignorância, barulho e aparente falta de ordem em seus cultos ficaram sob fogo intenso. Um presbiteriano de Belém descreveu um encontro no qual tinha participado por curiosidade. O pregador que falava incorretamente o português, leu um salmo, dirigiu um hino e fez uma rápida exposição do texto, que incluiu muita repetição da frase ‘gloria a Jesus’. Então, segue-se uma oração cheia de frenesi pela cura de uma mulher que parecia ser cega, tudo acompanhado por um ‘barulho infernal’. Após isso, houve testemunhos que repetiram o tema ‘Jesus é bom. Ele me salvou, Ele me curou. Glória a Jesus.’ O escritor concluiu que a reunião foi uma blasfêmia.9

A IPB, através de seus líderes e de seus concílios oficiais, por mais de duas décadas (as de 20 e 30) continuou a não poupar os pentecostais. Perdendo, aqui e ali membros para tais igreja, embora tais perdas não fossem significativas (lembremo-nos de que erma basicamente, diferentes), a Igreja Presbiteriana discursava a condenação dos pentecostais visando sua própria integridade doutrinária e institucional. Uma resolução do Sínodo Presbiteriano, em 1924, recomendava “aos presbiterianos que se acautelem contra as influencias heréticas, como o Pentecostalismo e o Sabatismo.”10O campeão da lista contra o pentecostalismo foi, no entanto, o reverendo Valério Silva, formado nos primeiros anos da décadas de 30 no Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas. Seu trabalho constituía em dar palestras sobre o pentecostalismo nas igrejas locais (e isso, não somente em Igrejas presbiterianas) ou ainda, em enfrentar lideranças pentecostais em debates públicos. Num livrinho seu, publicado em São Paulo, no ano de 1934, com o título O systema pentecostal analysado à luz dos ensinos de Christo, Silva afirma:

A nova doutrina vem desorientar o povo que precisa do Salvador e Mestre – Jesus, como um poder na vida; enevoar a verdade e lançar a confusão; a própria personalidade, desequilibrando o senso moral e tornando o homem dependente da ação de forças que lhe são alheias, que ele bem não pode identificar, tirando o uso da razão e do bom senso nas coisas divinas e humanas, tornando-o incapaz de expressão individual a mercê do espirito...11

Para Silva, como se vê, os pentecostais desenvolviam um trabalho de manipulação de seus ouvintes às técnicas do hipnotismo12. Somente isso poderia explicar o grau de convencimento aos qual chegavam os crentes conquistados por eles.

A máxima do Reverendo Valério Silva, expressa ao final do seu livreto “Amemos aos pentecostais, mas rejeitemos suas heresias”13 expressa bem as dificuldades no convívio de presbiterianos e pentecostais nesse período, dificuldades essas também experimentadas pela Igreja Presbiteriana Independente. Os primeiros choques ocorreram exatamente no nascedouro das Assembleias de Deus: a cidade de Belém do Pará14. A IPI local, pastoradas pelo Reverendo Manoel Machado, passou a ser assediada por crentes da Assembleia de Deus. O Reverendo Manoel, responsável por todo campo eclesiástico da IPI no norte e no nordeste (de igrejas na época, de Manaus a Salvador), não tinha condições materiais de deter o tal assédio, face ao modelo presbiteriano de lideranças, sempre centrado no pastor. Ocorreu, então, o inevitável: muitos crentes, inclusive o principal líder leigo das igrejas passaram a frequentar a Assembleia de Deus. Machado, que a princípio não se posicionou a respeito dos pentecostais, até porque desconhecida completamente o seu pensamento e procedimento, mudou de atitude. No jornal oficial da igreja, O Estandarte, publicou entre março e 30 de outubro de 1919, vinte e três textos sobre o assunto, denunciando os pentecostais de Belém do Pará como presunçosos, proselitistas, aproveitadores: “sectários perigosos com aparência de piedade.”15

Manifestações e dificuldades isoladas, como a que descrevemos acima, continuaram a acontecer, aumentando na medida que os pentecostais se espalhavam: a Assembleia de Deus, a partir do norte, irradiando-se para o sul, na direção do Rio de Janeiro; a Congregação Cristã no Brasil, crescendo no estado de São Paulo e espraiando-se para o Panará. De qualquer maneira, a temática do Espírito Santo passou a ser mais enfatizada pelos pastores da IPI, na busca da superação interna do discurso pentecostal que continuava a incomodar.

Foi exatamente a temática do avivalismo, palpável para todo o protestantismo histórico brasileiro, que acabou por monopolizar a preocupação dos pastores presbiterianos nas décadas de 30 e 40. De certa forma, pode-se dizer que o ardor dos pentecostais, bem como seu crescimento, foram fatores importantes, embora não os únicos 16, na mudança do enfoque presbiteriano. Pierson chamava isso de “nova atitude” dos presbiterianos, por que resultou, inclusive, num certo reconhecimento do valor dos pentecostais, e da legitimidade de sua fé evangélica17. Manifestações ainda tímidas, eram superadas pelas críticas contundentes aos “hereges” e pela negação de suas ligações com a família evangélica.

II – A gestação e o parto de um presbiterianismo pentecostal
(continua)

Notas

1. A primeira leva de missionários pentecostais principia em 1910, com a vinda de Luigi Francescon proveniente dos Estados Unidos. Francescon, foi responsável pela fundação da Congregação Cristã do Brasil. No ano seguinte chegariam os suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren, para organizar a Assembleia de Deus. Vinham também dos Estados Unidos da América.
2. Tal busca desembocou no rompimento de lideranças católicas do quilate de Jackson Figueiredo e Alceu Amoroso Lima.
3. O reverendo Manoel Machado, responsável por todas as IPIs do norte e do nordeste na primeira década do século passado, cogitou que as experiências pentecostais tivessem a mesma raiz do espiritismo, face à fenomenologia semelhante (O estandarte, 16.10.1919, p. 16).
4. Léonard não usa o termo “iluminismo” em sua conotação histórica, mas como “sinônimo de misticismo”. “O iluminismo num protestantismo de constituição recente” – São Paulo, Programa Ecumênico de Pós Graduação em Ciências da Religião, 1988, p.6, nota dos tradutores.
5. “O iluminismo num protestantismo de constituição recente”, p. 6.
6. “O iluminismo num protestantismo de constituição recente”, p. 35
7. Ver Pierson, Paul E., A Younger Church In Search Of Maturity. San Antonio, Trinity University Press, s.d., p. 70.
8. Pierson, Paul E., A Younger Church In Search Of Maturity, p. 70.
9. Pierson, Paul E., A Younger Church In Search Of Maturity, p. 71.
10. Neves, Mário. Digesto Presbiteriano. São Paulo, Casa Editora Presbiteriana, 1950, p. 188.
11. São Paulo, Estabelicimento Gráfico “Cruzeiro do Sul”, p. 5.
12. O systema pentecostal analysado à luz dos ensinos de Christo, p. 5.
13. O systema pentecostal analysado à luz dos ensinos de Christo, p. 47.
14. Escrevemos um trabalho no ano passado, A Igreja Independente do Brasil e o pentecostalismo, ainda não publicado, onde abordamos com maiores detalhes as controvérsias entre os missionários suecos, fundadores da Assembleia de Deus em Belém do Pará, o Reverendo Manoel Machado, da IPI.
15. Apud Lima, Éver Ferreira Silva A Igreja Presbiteriana do Brasil e o pentecostalismo, p. 4.
16. Na época muitos presbiterianos já reclamavam do intelectualismo, expresso especialmente nos cultos centrados nos sermões. Vários articulistas da época, em jornais como O Estandarte, já se mostravam preocupados com a situação.
17. Pierson, Paul E., A Younger Church In Search Of Maturity, p. 178.



sábado, 30 de julho de 2016

ORAÇÃO DE LIBERTAÇÃO

Ó Jesus, manso e humilde de coração, ouve-me! 
Livra-me Jesus,
Do desejo de ser estimado, 
do desejo de ser amado, 
do desejo de ser exaltado, 
do desejo de ser honrado, 
do desejo de ser louvado, 
do desejo de ser preferido a outros, 
do desejo de ser consultado.
Do medo de ser humilhado, 
do medo de ser desprezado, do medo de ser repreendido, 
do medo de ser esquecido, 
do medo de ser ridicularizado, 
do medo de ser prejudicado, 
do medo de ser alvo de suspeitas.
E, Jesus, concede-me a graça de desejar:
Que outros possam ser mais amados que eu, 
que outros possam ser mais estimados que eu, 
que na opinião do mundo outros possam crescer e eu diminuir, 
que outros possam ser escolhidos e eu posto de parte, 
que outros possam ser louvados e eu passe despercebido, 
que outros possam ser preferidos a mim em tudo, 
que outros possam tornar-se mais santos que eu,
Contanto que eu me torne tão santo quanto devo ser. 
Amém

(Fonte: Tara na Balança, Editora Ide).