Azenilto Brito é um adventista bem conhecido,
especialmente por sua disposição apologética em adentrar em debates com tudo e com todos que não pensam em
conformidade com as Crenças Adventistas. Nas redes sociais sua atuação é
ardente. Ele fez muito pelo Adventismo antes do advento da internet e da TV
Novo Tempo. Azenilto ainda continua trabalhando em defesa da IASD como um
cavaleiro templário – ‘não existe argumentos contra a Igreja Remanescente’, é o
espírito que podemos perceber facilmente na sua força argumentativa.
Em 1992 ele escreveu um livro sobre as
Testemunhas de Jeová intitulado O Desafio
da Torre de Vigia, onde apresenta um estudo detalhado a respeito das
crenças da comunidade TJ. O livro é substancial, e ganhou apreciação de vários.
O prefácio foi escrito na época por Caio Fábio, e até mesmo o especialista em
assuntos TJ, o pastor Esequias Soares, escreveu um elogio ao trabalho de
Azenilto, recomendando o livro. O livro está esgotado e terá uma segunda
edição.
O que farei é uma reflexão de sua abordagem a
respeito das crenças TJs tendo em vista uma realidade que ele não atinou, ou
desconsiderou, a história e as crenças do próprio adventismo em comparação ao
que ele criticou do jeovismo. Por isso o tema da postagem, que terá várias
partes, permitindo Deus. Meu objeticvo só será um: mostrar que Azenilto, que garante ter gabarito suficiente, usou dois
pesos e duas medidas no livro O Desafio
da Torre. Isso, entendo, ele fez por ser também escravo de um sistema que
afirma ser a única igreja verdadeira, tanto como a Torre de Vigia. Espero
que Deus o liberte dessa mentira.
Boa leitura!
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Capítulo inicial do livro: INTRODUÇÃO
O Desafio, p.9 diz a
respeito das Testemunhas: “Tornaram-se
presa de um sistema doutrinário de incrível falsificação, originado de
especulações humanas e interpretações arbitrárias das Escrituras...” O
argumento é válido, mas os fatos revelam que esse também é o caso dos
adventistas. Afinal, todo o império doutrinário da seita IASD está construída
em interpretações e visões da profetisa Ellen White. O que irei novamente
provar em outras postagens, mas que posso adiantar algo:
“Os adventistas do sétimo dia creem que Ellen G. White foi uma verdadeira profetisa
de Deus, enviada para guiar e aconselhar a Igreja nestes últimos dias. Um
dos princípios fundamentais mantidos pela igreja é o de que “o dom do Espírito
de Profecia é um dos sinais distintivos da igreja remanescente”, e “este dom
foi manifestado na vida e no ministério de Ellen G. White” (SDA Church Manual, Revised
1976, p. 37).” http://centrowhite.org.br/pesquisa/artigos/o-uso-de-fontes-nao-inspiradas-por-ellen-white/
“Muitos de
nosso povo”, escreveu Ellen White em 1904, “não reconhecem quão firmemente
foram lançados os alicerces de nossa fé. Meu esposo, o Pastor José Bates, o Pai
Pierce, o Pastor Hirã Edson, e outros que eram inteligentes, nobres e
verdadeiros achavam-se entre os que... buscavam a verdade como tesouros
escondidos. Reunia-me com eles, e estudávamos e orávamos fervorosamente. Muitas
vezes ficávamos reunidos até alta noite, e às vezes a noite toda, pedindo luz e
estudando a Palavra. Repetidas vezes esses irmãos se reuniram para estudar a
Bíblia, a fim de que conhecessem seu sentido e estivessem preparados para
ensiná-la com poder.” O próprio papel de Ellen White era limitado, mas valioso.
“Quando chegavam ao ponto em seu em que
diziam: ‘Nada mais podemos fazer’, o Espírito do Senhor vinha sobre mim”, ela
recorda, “eu era tomada em visão, e uma clara explanação das passagens que
tínhamos estado estudando me era dada, com instrução de como devíamos trabalhar
e ensinar eficazmente.”( C. M. Maxwell. História do Adventismo, p. 98,99.)
Como estratégia para evangelizar as
Testemunhas de Jeová, o nosso cavaleiro Azenilto escreveu que vale a pena
investir na investigação crítica, junto a Testemunha, a respeito de 1914 (p.14). É curioso ler isso. Ele garante
que se você destruir o ensino sobre 1914 terá grande êxito, pois
“O assunto
do Segundo Advento, ligado à revelação de fatos
comprometedores da história denominacional da seita (que teve origem exatamente
com o estudo especulativo do tema, com as distorções de uma interpretação fantasiosa
deste), [...]”.
Para os que conhecem um pouco do livro Grande
Conflito, da História profética de 1844 e suas subsequentes formatações, sabe
que o que Brito escreveu aplica-se perfeitamente ao seu movimento também – os fatos
de 1844 não são comprometedores para a IASD?
Embora o adventismo tem usado a mensagem do
movimento milerita a respeito de 22 de outubro de 1844 para seus interesses, e
descartado-o para sua honra – dizendo que “foi o batista Miller que predisse a
volta de Cristo, não a Igreja Adventista”(Mostro essa incongruência nos
capítulos 3 e 4 do livro A Conspiração
Adventista), Ellen White, de maneira contrária, jamais descarta o valor
profético de Miller. A única coisa que ela diz é que o seu campeão apenas errou
“no que esperava”. Se o Adventismo atual não quer sentir vergonha com a falsa
mensagem de 1844, deveria antes de tudo rejeitar o vinculo que Ellen White. Ela
chega a dizer que uma parábola profética bíblica foi cumprida no evento decepcionante
de 1844:
“A
proclamação: ‘Aí vem o Esposo!’[Mt 25.6] foi feita no verão de 1844.” (O Grande
Conflito, p. 425).
Azenilto continua com a sua boa sugestão de
explorar a doutrina de 1914 das Testemunhas de Jeová:
“passando-se,
se houver oportunidade, a um estudo da sua cronologia irreal para justificar o
raciocínio que conduz a data básica de 1914 (básico para sua hermenêutica) terá um efeito devastador sobre a
estruturas fundamentais da teologia jeovista. Toda a tese do “Reino instalado em 1914” desmoronará ante um detalhado
estudo [...]”
Mais uma vez, existe semelhança entre o que
ele está propondo como estratégia evangelística aos TJs e uma realidade
Adventista envolvendo 1844. Especialmente usando o o argumento de Goldstein:
“
[...] se 1844 não for uma data bíblica, nossa mensagem é falsa: somos uma
igreja falsa ensinando uma falsa mensagem, e levando as pessoas por um caminho
enganoso. Ou a data de 1844 é verdadeira e temos a verdade, ou é falsa e nós
herdamos uma mentira e a temos propagado.” (1844 – uma explicação simples das
principais profecias de Daniel, p. 12,13).
A opinião desse escritor Adventista não é inútil, e
corresponde aos fatos, pois o Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia diz:
“A
doutrina do sacerdócio de Cristo, em conjunto com a interpretação profética de
Daniel 8.14, fornece uma identidade histórica à Igreja Adventista do Sétimo
Dia. Para os adventistas, seu movimento não é acidente histórico, mas resultado
da especial intervenção de Deus nos empreendimentos humanos. O cumprimento de
Daniel 8:14 em 1844 valida a presença
dos adventistas do sétimo dia no mundo e, principalmente, na comunidade cristã.
Assim como o início do ministério celestial de Cristo coincidiu com o
derramamento do Espírito Santo (At 2:33), assim
o começo do antítipo dia da expiação [22/10/1844] coincidiu com o nascimento da Igreja
Adventista do Sétimo Dia.”(p. 454).
Interessante que Azenilto recomenda a não
aceitar o desvio do assunto a um tema como a Trindade (p. 14), que é preferido
entre os seguidores da Torre. Interessante, ele diz que o tema da Volta de
Cristo é muito importante e que você pode explorar isso na evangelização aos
TJs (p. 15). Já pude ver algo nessa direção também no caso dos adventistas, quando
você vai conversar com eles sobre 1844 e Ellen White, e logo eles mudam para o
assunto “sábado”.
No tema “adventismo e arianismo” existe um
bloqueio diabólico. Não conseguem
acessar o “link” da igreja remanescente no momento que tratam desse
assunto...
Azenilto também fala da importância de
possuir obras antigas da seita (p. 16). Que bom, Ellen White também recomendou
os antigos marcos que o pioneiros adventistas arianos deixaram:
Quando o
homem vier mover um alfinete do nosso fundamento o qual Deus estabeleceu pelo seu Santo Espírito, deixem os homens de idade que foram os
pioneiros no nosso trabalho falar abertamente, e os que
estiverem mortos falem também, reimprimindo os seus artigos das nossas
revistas. Juntemos os raios da divina luz que Deus tem dado, e
como Ele guiou seu povo, passo a passo no caminho da verdade. Esta verdade permanecerá pelo
teste do tempo e da experiência.”(http://www.adventistas.com/dezembro2005/diagnostico_iasd.htm (24 de Maio de
1905 - Manuscript Release Vol. 1 pág. 55.).
“Dentre os
líderes mais preeminentes que saíram do movimento milerita e ajudaram a fundar
a Igreja Adventista do Sétimo Dia se destacam José Bates, Tiago White e Ellen White.” (Tratado de Teologia
Adventista do Sétimo Dia, p. 5.)
Agradecemos a indicação, ela será útil em
postagens futuras - o que ele sugere no caso
das Testemunhas de Jeová, será um problema para ele, tendo em vista a
orientação da Papisa Ellen White. E isso é tanto problema, que os autores do
polêmico livro Questões sobre Doutrina,
disseram a respeito da posição ariana dos pais da Igreja Remanescente e livros
antigos:
“Alguns
continuam a reunir citações extraídas de nossas publicações mais antigas, há
muito obsoletas, e que não mais são impressas.”(Questões sobre Doutrina, p.
56).
Sobre o arianismo adventista nas primeiras
décadas, o historiador George Knight diz:
“Essas
posições nem mesmo começariam a mudar até os anos de 1890, e as perspectivas
trinitarianas seriam um ponto de conflito até a década de 1940.” (Questões
sobre Doutrina, nota 1, p. 56).
Conclusão
As recomendações iniciais do livro O Desafio
da Torre de Vigia, aplicam-se perfeitamente ao Adventismo, assim como para as
Testemunhas de Jeová. Resta saber se assim como o TJ rejeita os argumentos de
Azenilto Brito, os adventistas também rejeitarão os argumentos que a eles forem
aplicados!
Próxima
postagem sobre o tema tratarei do Capítulo 1. A Teologia das “Testemunhas de
Jeová” Numa Perspectiva Histórica – do livro do Azenilto Brito O Desafio da Torre de Vigia.