segunda-feira, 30 de abril de 2012

Os milagres de Valdemiro Santiago


Já faz algum tempo que venho assistindo os programas do Valdemiro. No início fiquei impressionado com o número de pessoas. Depois fiquei impressionado com a indelicadeza dele com algumas pessoas (até mesmo com pessoas de idade). Mas eu me interessei pelos milagres...

Observei algumas coisas nos milagres ali relatados e testemunhados. Farei minhas observações tendo em vista o modelo bíblico de cura:

1) As pessoas estão em pleno tratamento médico: Obviamente que todo mundo que está doente, em pleno juízo, irá buscar a cura da parte de Deus por meio dos médicos e pelos meios extraordinários. O que Valdemiro explora parece que nenhum resultado ali possa ter sido resultado de tratamento médico. Por exemplo, ele mostrou uma mulher que teve trigêmeos, embora não podia engravidar, segundo os médicos. No meio do testemunho ela dizia que estava fazendo tratamento. E todos sabem que os tratamentos para engravidar resultam, não raro, em gestação de gêmeos, etc.

Louvo a Deus por ela conseguir ser mãe, mas a exploração do ocorrido desconsidera o evidente. Deus usou os meios ordinários (que também são extraordinários).

2) Nunca houve um milagre instantâneo: As tentativas de milagres instantâneos sempre foram (e são) frustrantes. Ele passou as lágrimas (nos dias da reportagem da Record) na perna de uma senhora e mandou ela andar! Ela já estava andando com muita dificuldade e continuou, com muito esforço. Mas Valdemiro disse que ela estava curada, pois a unção estava nele. As pessoas recebem orações e por algum tempo depois, continuando o tratamento médico, remédios, etc. testemunham a cura.

A cura do leproso: Valdemiro tem explorado muito a cura de um homem que tinha lepra (ou algo semelhante). Pelo que parece, ele sofria muito. Era uma oportunidade muito grande para confirmar o que Valdemiro tem afirmado: “Os milagres da Bíblia” ... “Só vi esses milagres na Bíblia”. Pois bem, leio na Bíblia que todas as curas de lepra foram instantâneas: Mt 8.2,3; Mc 1.40-42; Lc 5.13. O caso dos dez leprosos também foi instantâneo, é só ler com atenção Lc 17.11-16.

3) Restauração de marcas visíveis: Jesus chamou o homem com a mão ressequida no meio da casa (Mc 3.1), diante de incrédulos, opositores, e disse: “Estende a mão. Estendeu-a, e a mão lhe foi restaurada.” (Mc 3.5). Os milagres que Valdemiro mostra, quando a natureza da doença deixam marcas na carne, não são restauradas. Os milagres são, pelo que parece, o modo que Deus tem feito em muitos casos. Usando os meios ordinários (os mecanismos de defesa do corpo, estimulados por remédios, ou mesmo, sendo resultado dos mesmos).

É o demônio que cura? Quando a entrevista de Edir Macedo com o demônio foi ao ‘ar’, eu fiquei impressionado com a desonestidade ali exibida. Dei risada, pois aquele demônio não sabia falar direito o nome de Valdemiro. Ele dizia ValdOmiro. Em um momento o demônio disse que o Edir tirou ele, ValdOmiro, da Universal... depois teria sido ele mesmo, o próprio demônio... Parei de ouvir a palhaçada.

ATENÇÃO: Valdemiro, na manhã de sábado, orou pelo cantor acidentado dizendo: 'Senhor, se for da tua vontade reverta o quadro, e onde o médico não consegue alcançar, que a Tua mão alcance.' Parece que a situação do jovem cantor era complicada demais, e muito pública, para Valdemiro colocar a unção em risco e dizer que ele ‘vai ser curado’.

Deus é Bom. E jamais duvidarei que Ele cura. Quer seja na Mundial, Universal, Internacional, no hospital, etc. Da mesma maneira, não sei se todas as curas ali, são fieis ao que se propagam.

(Além disso nesse Blog AQUI, mostra evidência que o 'Apóstolo' andou perto do esgoto Ariano.)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Satanás na Expiação: A Grande Asneira de Ellen White

Muitos apologistas e teólogos acusam o Adventismo de fazer de Satanás um co-redentor. Precisamos ser bem honestos que essa é uma conclusão inevitável se levarmos em conta a Teologia Cristã, em seus postulados teológicos, bíblicos históricos e protestantes. Visto que os Adventistas não dizem isso, pois tratam da questão em ‘outro’ ângulo, devemos deixar bem claro que é um erro de princípio interpretativo. Eles não confessam isso: ‘Satanás é um redentor com Cristo’.

Mas é só isso que a Igreja Adventista não faz... dizer!

Vejamos as declarações de Ellen White e do egrégio grupo de eruditos Adventistas no livro Nisto Cremos sobre esse assunto polêmico. Os destaques em negritos são meus.

Ellen White: “O sangue de Cristo, oferecido em favor dos crentes arrependidos, assegurava-lhes perdão e aceitação perante o Pai; contudo, ainda permaneciam seus pecados nos livros de registro. Como no serviço típico havia uma expiação ao fim do ano, semelhantemente, antes que se complete a obra de Cristo para a redenção do homem, há também uma expiação para tirar o pecado do santuário”.

“Em o novo concerto, os pecados dos que se arrependem são, pela fé, colocados sobre Cristo e transferidos, de fato, para o santuário celeste. E como a purificação típica do santuário terrestre se efetuava mediante a remoção dos pecados pelos quais se poluíra, igualmente a purificação real do santuário celeste deve efetuar-se pela remoção, ou pagamento, dos pecados que ali estão registrados. Mas antes que isso se possa cumprir, deve haver um exame dos livros de registro para determinar quem, pelo arrependimento dos pecados e fé em Cristo, tem direito aos benefícios de expiação. A purificação do santuário, portanto, envolve uma investigação- um julgamento”(O Conflito, p.420; 486 e 548).

“Como o sacerdote, ao remover do santuário os pecados, confessa-os sobre a cabeça do bode emissário, semelhantemente Cristo porá todos esses pecados sobre Satanás, o originador e instigador do pecado”(O Grande Conflito, p.485).

“Ao completar-se a obra de expiação no santuário celestial, na presença de Deus e dos anjos do Céu e dos exércitos reunidos, serão postos sobre Satanás os pecados do povo de Deus”(O Grande Conflito, p. 655).

Tendo sido os pecados dos justos transferidos para Satanás, tem ele de sofrer não somente pela própria rebelião, mas por todos os pecados que fez o povo de Deus cometer”(O Grande Conflito, p. 669,70).

Nisto Cremos:“Passo seguinte, representando a Cristo como mediador, o sumo sacerdote assumia sobre si próprio os pecados que haviam poluído o santuário e os transferia para o bode vivo, Azazel, o qual era então conduzido para fora do acampamento do povo de Deus [...] é mais coerente ver o bode do Senhor como símbolo de Cristo e o bode emissário – Azazel – como símbolo de Satanás.” (Nisto Cremos, p. 414,415).

Se Azazel representa Satanás, como podem as Escrituras (Lev. 16:10) conectá-lo com a expiação? Assim como o sumo sacerdote, depois de haver purificado o santuário, colocava os pecados sobre Azazel – o qual era para sempre removido dentre o povo de Deus – assim Cristo, depois de haver purificado o santuário celestial, colocará os pecados confessados e perdoados de Seu povo sobre Satanás, que será então removido para sempre dos santos. “Quão apropriado é que o último ato de Deus no trato com o pecado, seja fazer retornar sobre a cabeça de Satanás todos os pecados e culpas que, partindo originalmente dele, causaram uma vez tal tragédia na vida daqueles que agora foram libertados pelo sangue expiatório de Cristo. Completa-se desta forma o ciclo, encerra-se o drama. Somente quando Satanás, o instigador do pecado, for finalmente removido, poder-se-á afirmar apropriadamente que o pecado foi erradicado do Universo de Deus. Neste sentido harmonizado podemos entender de que modo o bode emissário tomava parte na ‘expiação’ (Lev. 16:10). Com os justos estando salvos, os pecadores ‘desarraigados’ e Satanás não mais existindo, então – e somente então – estará o Universo no mesmo estado de harmonia em que se encontrava antes do surgimento do pecado” (SDA Bible Commentary, edição revista, vol. 1, pág. 778).” (Nisto Cremos, p. 428).

[Obs: O livro diz em uma nota que esse entendimento é ‘semelhante ‘de vários Protestantes: “Ao longo dos séculos os expositores bíblicos têm chegado a conclusões similares. Na Septuaginta, azazel aparece como apopompaios, termo grego para uma divindade maligna. Autores judeus antigos e os primeiros Pais da Igreja referiram-se a ele como o demônio (DAS Encyclopedia, edição revista, págs. 1.291 e 1.292). Expositores do décimo nono e vigésimo séculos, possuindo visão semelhante, incluem Samuel M. Zwemer, William Milligan, James Hastings, e William Smith, da Igreja Presbiteriana; E. W. Hengstenberg, Elmer Flack e H. C. Alleman, da Igreja Luterana; William Jenks, Charles Beecher e F. N. PeLoubet, da Igreja Congregacional; John M’Clintock e James Strong, da Igreja Metodista; James M. Gray, da Igreja Reformada Episcopal; J. B. Rotherhorn, dos discípulos de Cristo; e George A. Barton, da Sociedade de Amigos. Muitos outros têm expressado pontos de vista semelhantes (Questions on Doctrine, págs. 394 e 395).” (página 428). Quero dizer duas coisas sobre essa citação: 1) Não foi expresso até que ponto há semelhança entre esses autores e o ensino Adventista. Qual a real correspondência para dizerem que havia uma semelhança. 2) Tais teólogos não representam as Confissões históricas protestantes sobre o assunto. Gleason Archer diz: “A tradição segundo a qual o bode emissário era o nome de um demônio do deserto originar-se-ia muito tempo depois e estaria totalmente em desacordo com os princípios da redenção ensinados na Torá.” (Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas, p. 137).]

Obviamente isso difere essencialmente do ensino Bíblico a respeito da expiação em Cristo, única e suficientemente Nele. Como o Rev. Onézio Figueiredo corretamente afirma: “Quem verdadeiramente expia os pecados, para o adventista, é Satanás. O sangue do Cordeiro vicário apenas credencia o Juiz investigador, no final da investigação, a transferi-los para o Satã sofredor, que os carregará, penando, durante mil anos numa terra desolada (Cf CS, pág. 670). Se tudo será feito, conforme a senhora White, seguindo o ritual do sacrifício típico do santuário terrestre, segue-se que Cristo imporá as mãos sobre a cabeça de Satanás para transferir-lhe os pecados dos justificados, repetindo, literalmente, o procedimento sacerdotal para com o “bode emissário”, Azazel. Isto é algo tanto deduzível dessa esdrúxula doutrina como inimaginável.” (Estudo sobre o Adventismo de autoria dele AQUI, de onde tirei as citações de Ellen White neste post).

[Obs: me disseram que o Adventismo assevera que essa ‘expiação’ é num sentido punitivo e não substitutivo. Na verdade (?) um castigo ao Instigador universal do pecado. Acho que isso é uma tentativa de deslocar o óbvio, pois o elemento punitivo na Expiação é intrínseco à vítima no sacrifício, para então, e somente assim, servir como substituto. Não sei se o livro autorizado de doutrinas, o Nisto Cremos, faz alusões a isso nos seguintes dizeres: “Muitos cristãos limitam o significado do termo “expiação” exclusivamente aos efeitos redentores da experiência de Cristo manifestados pela encarnação, sofrimentos e morte. Nos serviços do santuário, contudo, a expiação envolvia não apenas a morte de um cordeiro sacrifical como também incluía o ministério sacerdotal em que o sangue era conduzido até o santuário (cf. Lev. 4:20, 26 e 35; 16:15-18, 32 e 33). De acordo com esse uso bíblico, portanto, a expiação pode referir-se tanto à morte de Cristo quanto ao Seu trabalho intercessório no santuário celestial. Ali, como Sumo Sacerdote, Ele aplica os benefícios de Seu perfeito e completo sacrifício expiatório à tarefa de alcançar a reconciliação dos seres humanos com Deus.” (páginas 157,158). Não vemos problemas heréticos nisso. Mas a questão citada (o serviço sacerdotal) camufla o que ensinarão em relação ao que o sacerdote fazia com o bode emissário (ou, segundo eles, o bode Azazel):“A expiação associada ao Seu ministério sumo sacerdotal, será analisada num capítulo posterior (veja o capítulo 23 deste livro)” E é nesse capítulo (23) que o ensino de Azazel é introduzido. É bom destacar que a expiação é feita pelo sacerdote por meio da vítima sacrificada. Dizendo de uma maneira bem restrita; Cristo como Cordeiro foi sacrificado e após sua ressurreição (ascenção) apresentou-se como Sacerdote, oferecendo o seu próprio sacrifício, ao Pai. Concordo que tudo isso está englobado na expiação. Mas a projeção Adventista vai além de uma simplificação terminológica de um leque doutrinal.]



Nossas objeções contra o ensino herético em mira são:



1º) O bode para Azazel serviria de oferta para o pecado: A Bíblia diz: “Da congregação dos filhos de Israel tomará dois bodes, para a oferta pelo pecado [...] ” (Lv 16.5). Esse segundo bode sofreria de maneira diferente. Mas é dito dele que seria “apresentado vivo perante o SENHOR, para fazer expiação por meio dele e enviá-lo ao deserto como bode emissário.” (Lv 16.10).


2º) Paralelo bíblico: A Bíblia faz alusão ao acontecimento que envolvia o bode emissário quando diz que Jesus “... tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si... o castigo que nos traz a paz estava sobre ele... e pelas suas pisaduras fomos sarados... mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós” (Is 53. 4,5,6).


Agora observe bem Levítico 16.21,22: “Arão porá ambas as mãos sobre a cabeça do bode vivo e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de Israel, todas as suas transgressões e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode vivo e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem à disposição para isso. Assim aquele bode levará sobre si todas as iniquidades deles para a terra solitária; e o home soltará o bode no deserto.”

M. R. Turnbull lembra que esse evento está em harmonia com a ideia de que Deus não apenas nos perdoará e justificará, mas também que por que meio de Cristo levará para longe o pecado da Sua presença e da nossa. Um processo pedagógico que ilustra bem o ensino bíblico do perdão incondicional de Deus (Estudando o livro de Levítico e a epístola aos Hebreus, p. 57-59).

3º) O hebraico diz que o bode era para Azazel e não que era Azazel: Na versão Almeida Atualizada essa realidade é ocultada. Pois traduz apenas ‘o bode emissário’. Mas a Edição Pastoral traduz: “Bode para Azazel”.

Novamente, recorro ao Rev. Onézio Figueiredo: “Em todas as incidências, o termo azazel aparece com a preposição prefixal “para”. Portanto, a palavra significa: “para Azazel”. Desta maneira, o bode emissário, carregando os pecados do povo de Deus, é levado “para Azazel”, isto é, para um local ou para um espírito maléfico com esse nome. Dona White sustenta que Azazel é protótipo de Satã no sacrifício expiatório prefigurativo; sendo, portanto, o próprio Satanás, na expiação final do juízo investigativo, quem levará os pecados dos justos para a terra milenar desolada. Assim, o bode emissário, em vez de ser “para Azazel”, convertese em “Azazel”, o Demônio expiatório”.

4º) O ensino do Novo Testamento sobre a expiação: Se um adventista ler com atenção o ensino do NT sobre a maneira como A) Deus reconcilia o mundo, B) como Cristo está engajado plena e suficientemente nesse tema, C) para quem o pecado deve ser pago, D) como o pecado é pago, E) como a exclusividade de Cristo na expiação faz de uma participação alheia auto-excludente. Se fizesse isso, jamais essa ABERRAÇÃO WHITEANA teria espaço na mente dele. Leia Romanos capítulos 3 e 5, e Hebreus 7 ao 10.22. E isso basta.

5º) Qual a necessidade de ensinar isso diante da Crença Fundamental número 9? Interessante, que apesar de algumas proposições serem insinuadas nas palavras que foram usadas, podemos dizer que não existe necessidade alguma ensinar essa intromissão de Satanás na expiação, tendo em vista a Crença Fundamental nove, que citaremos logo a seguir. Observe bem os destaques (crença essa que os Adventistas herdaram dos protestantes, por isso está certa):

“Na vida de Cristo, de perfeita obediência à vontade de Deus, e em Seu sofrimento, morte e ressurreição, Deus proveu o único meio de expiação do pecado humano, de modo que os que aceitam essa expiação pela fé, possam ter vida eterna, e toda a criação compreenda melhor o infinito e santo amor do Criador. Esta expiação perfeita vindica a justiça da lei de Deus e a benignidade de Seu caráter; pois ela não somente condena o nosso pecado, mas também garante o nosso perdão. A morte de Cristo é substituinte e expiatória, reconciliadora e transformadora. A ressurreição de Cristo proclama a vitória de Deus sobre as forças do mal, e assegura a vitória final sobre o pecado* e a morte para os que aceitam a expiação. Proclama a soberania de Jesus Cristo, diante do qual se dobrará todo joelho, no Céu e na Terra. – Crenças Fundamentais, 9”

* Essas palavras estão fazendo a ligação com a demanda final do pecado sobre Satanás. No demais, nem temos objeção, nem haveria necessidade de ‘complemento’ tal expiação.


CONCLUSÃO

‘Um abismo chama outro abismo’, ‘uma mentira pede outra mentira’, etc. Isso aconteceu quando Ellen White deixou o cristianismo ortodoxo. Um jeito místico de ler a Bíblia, com o exclusivismo profético, justificando erros escandalosos, fez com que um leque de ensinos falsos requeresse, ou gerasse, uma porção de doutrinas estranhas ao que os Fieis servos de Deus creram em todos os tempos (Jd 3,4).

Quando Ellen White é revestida de autoridade profética, então os erros de interpretação acabam sendo atribuídos, não aos limites de informações e/ou cognitivos, e sim, ao que eles advogam. A saber: O espírito de profecia!

E com um ensino que desonra a Cristo e a Sua obra, só posso perguntar:

Que ‘ESPÍRITO’ é esse?







segunda-feira, 23 de abril de 2012

Ricardo Nicotra explica como O Pai e o Filho, são ‘Um’

“Deus, o Pai e seu Filho, Jesus Cristo, compartilham o mesmo espírito (pneuma), por esta razão o Pai e o Filho são um. “Eu e o Pai somos um.” - João 10:30. “Tudo quanto o Pai tem é meu...” - João 16:15. Jesus Cristo e o seu Pai são duas pessoas distintas, mas são um em espírito. Jamais lemos na Bíblia “eu, o Pai e o Espírito Santo somos um”. Reiteramos: O Pai e o Filho são um porque possuem o mesmo pneuma (espírito). Trata-se de uma unidade espiritual. O Espírito de Cristo está no Pai e o Espírito do Pai está no Filho: “Quem me vê a mim vê o Pai... Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim.” - João 14:9 e 11. Ora, é impossível aceitar que o Pai está no Filho e o Filho está no Pai de forma física. É claro que Cristo está dizendo que o Pai está espiritualmente no Filho e o Filho está espiritualmente no Pai. Da mesma forma podemos ser um com Deus e com Cristo se recebermos em nós o Espírito (pneuma) de Deus. Isso Jesus deixou bem claro em sua oração intercessória relatada em João 17: “A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.” - João 17:21. 28 “EU E O PAI SOMOS UM” O plano de Deus é que sejamos um com Ele e com seu Filho. Não uma única pessoa sob o aspecto físico, mas uma unidade espiritual, ou seja, que tenhamos o mesmo Espírito (pneuma) de Deus e de Cristo, mesmo sendo pessoas diferentes.” (EPSU, p. 27, 28).

Não entendi nada... ou entendi?

Para Nicotra é possível Jesus e o Pai terem o mesmo espírito, mas não é possível terem a mesma Divindade?

Nicotra tenta dar novas explicações, mas não pode ser objetivo. O que reproduzi acima é um exemplo da confusão teológica que alguém pode entrar, quando a abandona a fé verdadeira!

Irei me concentrar na alusão que ele faz de Jo 10.30 com 17.21, 23, 26. Em ser o Pai um com o Filho e os cristãos unir-se a Eles. Respondo da seguinte maneira:

1º) Existe uma união que o Filho tem com o Pai, que jamais será usufruída pelos discípulos ou por anjos. A plenitude da Divindade (Cl 2.9).

2º) Existe uma união que o Filho tem com o Pai, que jamais será usufruída pelo Espírito Santo, a filiação eterna (Jo 1.18).

3º) Existe uma união que o Filho tem com o Pai, que É usufruída pelos discípulos, a união pactual, recebida por meio de Cristo, na regeneração do Espírito Santo; a adoção (Gl 4. 4, 5, 6).

4º) A Bíblia diz também que nós somos de Deus, em Cristo (1 Co 1. 30). Essa é uma união forense.


Ricardo Nicotra desconsiderou essas distinções, por isso confundiu Jo 10.30 com 17.21,23,26. Os contextos de ambos os textos estabelecem o sentido que deve ser atribuído, conforme pretendido pelo Senhor Jesus.

O Contexto de João 10. 30, deixa explicito a igualdade de Jesus com o Pai, tal como em Jo 5.18. Em João 17, a oração de Jesus pelos discípulos, deixa explícito a unidade intencionada. Como povo de Deus, família do Senhor.



quinta-feira, 19 de abril de 2012

REFORMADO NÃO PREGA ‘A BENÇÃO E/OU A MALDIÇÃO DO DÍZIMO’

Já apresentei um argumento neotestamentário em favor do dízimo (AQUI).

Porém, o texto de Ml 3.10 apresenta "maldição e bênção" decorrente da prática dizimista. Sempre pensei que os Reformados criticam as práticas neopentecostais, batalha espiritual, etc. tropeçam quando pregam Ml 3.10 sem uma perspectiva correta. Penso que nenhum pastor Reformado tem autorização bíblica (nem confessional, é obvio) em dizer que o crente é amaldiçoado em deixar de pagar o dízimo ou abençoado por pagar o dízimo.


Existem os que são contra o termo ‘pagar’ o dízimo, dizendo que o certo é dizer devolver. Embora devolver seja ‘teologicamente correto’, A BÍBLIA diz que Abraão PAGOU O DÍZIMO (Hb7.4,9). Assim, não existe necessidade de evitar essa classificação.


Antes de escrever sobre o tema da postagem, eu preciso contar um testemunho: Conheço um irmão que tem sérios problemas de saúde, está encostado pelo INSS. O salário, todos sabemos a ‘miséria’ que é. Ele tem família e cuida de um parente que tem problemas de  saúde. Ou seja, tem ainda que gastar com remédios. Esse irmão é dizimista fiel, apóia a obra e é fiel como cristão. Na mesma igreja, um homem tem casas de aluguel, imóveis, carro e é aposentado com uma boa aposentadoria. Não cuida nem dos filhos, pois são independentes. Ele não é dizimista.

Não acha que alguma coisa está estranha nesse testemunho?

Será que o texto de Ml 3.10 promete benção e/ou maldição da decorrente prática dizimista?

1) “Cristo nos livrou da maldição da Lei.” (Gl 3.13). Nós não estamos livres da Lei de Deus. Ela é padrão normativo para vida do cristão e até capaz de governar uma nação. O texto de Gl não diz nada em favor da teoria dispensacionalista (compare com Rm 8.4). Mas a passagem é clara em dizer que estamos ‘livres da maldição’ acopladas na Lei de Deus. Não consigo ver Ml 3.10 tendo uma exceção.


2) Jesus e o NT não comentam sobre essa possibilidade na vida da Igreja na dispensação do NT. Quando ensinou a orar Jesus disse ‘o pão nosso de cada dia’. Não existe abundância sobrepujante nisso. Apenas o necessário. Cristo também disse que os pobres sempre existiriam entre nós, a Igreja, e o próprio dízimo em Israel era garantia que haviam pobres. Paulo disse que passou ‘nudez, privações’, sabia ter muito e ter pouco.

3) ConfessionalNão existe nos Símbolos de Westminster NENHUMA referência sobre o dízimo!!! (Eu não encontrei.)

4) As bênçãos físicas da Igreja do VT eram símbolos das bênçãos espirituais do Israel do NT. Essa é a perspectiva Reformada da Aliança. Inclusive é por isso que rejeitamos o Milênio terreno de bênçãos físicas. O dízimo está nessa perspectiva. Jesus disse aos que o confrontavam, que não deveriam deixar de pagar o dízimo (Mt 23.23), mas nada de tomar posse da benção é vista em Cristo ou nos escritos do NT.


CONCLUSÃO

Em linhas gerais, a Lei de Deus, toda ela que apresenta a maneira de adorar a Deus, o trato com o próximo, dedicação e santidade. Isso deve ser guardado pelos filhos de Deus. Mas visto que nem a justificação decorre disso por qual motivo seriam eles amaldiçoados? Somos abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais em Cristo (Ef 1.3)!

'Toda' a pregação do dizimo feita na atualidade está equivocada. Jesus convocava as pessoas a deixar tudo e entregar pelo Reino. A viúva deu tudo o que tinha, os discípulos venderam e entregaram aos pés dos apóstolos, que não ficavam com nada, igrejas ricas ajudavam igrejas pobres, etc. Isso é bem diferente do que se ouve hoje em torno da barganha dizimista, caso se pense desta maneira dele.

O pagamento do Dízimo no NT é na perspectiva de sustentar materialmente a obra de Deus (1Co 9.1-15) Uma obrigação de todos os servos de Deus. Uma obrigação, entenda, não por ameaças. Mas por 'plenificação' de nosso envolvimento com a Obra.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Apocalipse 1.8 NÃO fala de Jesus Cristo

Já li muitos trinitarianos dizerem que Apocalipse 1.8 é uma referência a respeito de Jesus Cristo, o Deus Filho. Tendo em vista que o ensino bíblico que diz sempre que quem voltará é ele, e não Deus Pai.

Creio que essa interpretação tem um amplo apoio. Mas ainda assim mantenho comigo que o texto está falando de Deus Pai.


Para o irmão Cláudio, autor de um dos mais completos trabalhos sobre a doutrina da trindade, o texto é uma alusão ao Deus Filho, como ele sugere na página 161 de seu trabalho. Que recomendo a todos solicitarem com ele o pdf: Teologia Sistemática Trinitariana (Blog @prendei).


Eu gostaria de colocar alguns motivos.


Primeiro, o texto reza assim:

“Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.”

De fato, a construção do texto nos lembra bem de Hb 13.8. E todo trinitariano tem razões bíblicas e doutrinárias para manter isso. No entanto, creio que o contexto imediato do capítulo tem em mira a Pessoa de Deus Pai no versículo oitavo.


Vejamos os versículos 4 e 5: “ João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra”.


Pois bem, nestes textos a Trindade está em plena atuação. Mas observe bem que aquele que recebe a seguinte identificação; ‘que é, que era e que há de vir’, é a primeira pessoa da Trindade, o Deus Pai. Jesus entra no relato no versículo quinto (5).


Mas se você me perguntar sobre o ensino bíblico englobado na expressão ‘o que há de vir’. Eu só posso lhe dizer que nesses dois textos em Apocalipse, a Bíblia está nos dizendo que Deus Pai virá.


Imagino que isso é mais ou menos como acontece nos títulos próprios de cada uma das Pessoas. O nome ‘Pai’ é uma identificação na Escritura da primeira Pessoa da Divindade (1 Co 8.6). No entanto, em Is 9.6 Jesus é chamado de ‘Pai’. No NT, o pronome de tratamento, título e nome ‘Senhor’, é aplicado com peso Divino ao Filho e ao Pai, mas por pelo menos uma vez é aplicado ao Espírito Santo (2 Co 3.17,18).


Os nomes e as propriedades de cada Pessoa não são sempre, 100% das vezes mencionadas, exclusivamente aplicada, em apenas uma Pessoa da Divindade. O Espírito Santo é o Consolador, esse é um dos nomes dele, e é uma das coisas que ele faz. Não seria correto dizer que o Pai e o Filho não consolam, embora só exista UM Consolador. ‘Mas eles fazem isso por meio do Espírito!’. Isso mesmo. Não seria o caso de pensarmos assim de Ap 1.8?

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O Cínico Leandro Quadros e seus 'leitores descuidados'

Ele chamou Walter Rea de cínico (AQUI), logo, não deve ser uma ofensa. Não é mesmo? Ou é?

Mas por qual motivo eu estou escrevendo dele usando esse termo? O Leandro Quadros, tem demonstrado um comportamento evasivo ao tratar de questões envolvendo Ellen White e a história Adventista. Ele está aproveitando do poder da mídia, e da melancólica assistência que sempre o elogia, mas não buscam além de conseguirem que seus comentários aparecçam ali no site Na Mira da Verdade.

Ele "convenceu" seus leitores que os críticos do Adventismo são mentirosos, desinformados, não buscam na fonte, etc.

Ele postou um texto (AQUI) procurando pessoas que foram 'libertas dos críticos' por verem que o Adventismo é alvo de uma contumaz e diabólica difamação religiosa por parte de Apologistas Protestantes!

Na postagem ele disse que os que dizem que Miller ensinou a volta de Cristo em 1844 são desinformados, pois na verdade foi Samuel Snow que marcou tal data:

"Para você ter uma ideia, praticamente todos os críticos do adventismo que analisei até agora (cerca de 30), afirmam que Miller “marcou a data de 22 de outubro de 1844” para a volta de Cristo, sendo que uma consulta a fontes primárias mostra que foi o milerita Samuel S. Snow quem definiu tal data, sendo Miller um dos últimos a aceitá-la!  Uma simples leitura do livro História do Adventismo, especialmente as páginas 13, 26 a 34, comprova esse fato."

Muito interessante...

Todo mundo sabe disso. 'Na Wikipédia' temos essa informação.

O foco do problema porém, não é esse. Leandro Quadros não diz aos seus seguidores o que Ellen White disse sobre Guilherme Miller em relação a 1844. Samuel Snow convenceu Miller deixar a data de 1843 para 22/10/1844. E qual diferença haveria? Até mesmo vocês jogam a culpa no "Pregador Batista Miller"!!!

Isso não justifica o que ele quer que justifique.

Samuel Snow é citado no Grande Conflito?

É Leandro Quadros, a profetisa que não deu essa informação, antes, segundo ela, "multidões se convenceram da exatidão dos princípios de interpretação profética adotados por Miller e seus companheiros, e maravilhoso impulso foi dado ao movimento do advento" (O Grande Conflito, 1975, p. 335).

“Anjos de Deus repetidamente visitavam aquele escolhido, para guiar seu espírito e abrir á sua compreensão profecias que sempre tinham sido obscuras para o povo de Deus.” (O Grande Conflito, 2010, p. 229).

Mas o Leandro Quadros pode ficar tranquilo, os leitores dele não irão ler o MCA. Nem mesmo compararão suas declarações com O Grande Conflito. O que você diz na sua postagem como sendo uma prova de seu 'pedantismo' é na verdade prova de como você tem norteado seus leitores com engano e dissimulação.

Ele não aceitou meu desafio, de colocar um link em seu site para as pessoas adquirirem o livro A Mentira Branca. Eu sei que pedi demais... mas não tanto para que tem ‘a verdade’!

Lastimável.

Continuarei meu trabalho de mostrar, aos interessados por informações verdadeiras, que a Igreja Adventistas do Sétimo Dia é um seita.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

COSMOVISÕES parte 6: o teste da abrangência na prática (o pastor reformado e o espírita)


Por Lucio A. de Oliveira

Estivemos observando em artigos anteriores que nossas pressuposições são extremamente influentes em nossas interpretações dos fatos ( leia esta série para saber de alguns exemplos ), e que nossas pressuposições fazem parte de um grande corpo de ideias inter-relacionadas chamado cosmovisão ( leia sobre isso aqui ).
Pois bem, existem várias formas de confrontar uma cosmovisão ( veja a série sobre cosmovisões parte 3, 4 e 5 ). Podemos fazê-lo apontando contradições na cosmovisão rival (um movimento chamado reductio ad absurdum).  Um exemplo disso é o argumento epistemológico, no qual confronta a epistemologia com a metafísica antropológica do naturalismo ( um exemplo [note que, na época, eu estava envolvido com a apologética clássica] ).
Uma outra forma que observamos, foi o teste da abrangência. A cosmovisão deve ajudar-nos a explicar o mundo. Funciona como óculos. Se não usarmos um óculos bom, não vamos perceber direito o mundo ao nosso redor, e tropeços, encontrões e demais perigos nos esperam.
Dessa forma, minha cosmovisão deve lidar com os fatos, e não negá-los. Uma cosmovisão que não consiga explicar os fatos não é uma cosmovisão verdadeira.
Com essa perspectiva, convido-os a observar uma aplicação prática e bíblica desse princípio e método apologético ante uma experiência sobrenatural de um espírita. Pra deixar claro, minha cosmovisão precisa enquadrar o fato sem artifícios ad hoc, explicá-los.

Bom, vamos aos ‘fatos’.

Imaginem um personagem. Vamos nomeá-lo de João (qualquer semelhança é pura coincidência). João está no seu quarto, e sua mãe, viúva agora, lhe segreda algo. Ou melhor, imaginemos um diálogo em que João, pequeno, ouve sua mãe prometer que um dia o levaria pra conhecer a universidade de Princeton (ok, imaginemos também que João é nerd...hehe). Era uma promessa que ela fez só pra ele. Ela havia lhe contado que estava juntando um dinheiro pra isso, mas que ele não contasse pra ninguém.
Bom, quando sua mãe estava saindo do quarto, ela morre. Seja lá qual for o motivo imaginado. Sei lá, ela leva um tiro; tem um taque cárdia; explode uma bomba e deixa o João ferido e ela morta... enfim, ela morreu (em breve vão entender por qual motivo a matei agora).
Logo depois, um caridoso senhor espírita, amigo da família, vem à sua casa prestar condolências. Numa oportunidade, esse senhor começa a explicar para o garoto que seu espírito vai se reencarnar, blá blá blá... (o básico sobre o que ensinam os espíritas todos nós sabemos). Ok, João não acredita de imediato naquilo.
Passado alguns dias, João estava em casa, assistindo televisão, e eis que surge, na sua frente, um fantasma. Do nada! João fica um pouco desorientado, derruba algumas coisas com o susto, mas se recompõe, e, o que ele vê? Ninguém mais, ninguém menos, que sua mãe!
João resolve ser um pouco mais cético. Ele já tinha ouvido falar que isso não era de Deus. Mas o espírito se aproxima, com cautela, com delicadeza. Era o andar de sua mãe...
O espírito olha bem nos seus olhos, com um olhar amoroso, e diz:
_ Meu filhinho, não reconhece a mamãe?
Ao que João responde:
_ M... ma... mas como vou saber que é a senhora? – fala ele, gaguejando, trêmulo.
_ Bom... você contou aquilo que conversei com você, naquela última noite, pra alguém? – pergunta o espírito.
_ Não! Nunca falei com ninguém. Só eu sei! É mesmo! Me diga, se você é minha mãe, o que eu conversei com minha mãe naquele último dia? – pergunta João em tom triunfal. Aquela seria a prova cabal, pensa João. Se fosse ela, saberia responder. Somente eles dois sabiam!
O espírito delicadamente se aproxima, e com ternura materna diz:
_ Eu havia lhe prometido que o levaria à Princeton; e que eu estava juntando dinheiro pra isso.

Pronto. Depois disso, ela desaparece, ou eles conversam mais um pouco... não importa. Em determinado momento o ‘contato’ termina. João resolve procurar aquele senhor, que o identifica como um médium, ou alguma coisa assim, e lhe doutrina no espiritismo.

Depois de alguns anos, vem um pastor reformado, instruído na cosmovisão bíblica, conversar com João, tentando pregar o evangelho, e eis que surge o seguinte diálogo:
PASTOR: Mas João, o espiritismo não é de Deus, a Bíblia proíbe a consulta aos mortos...
JOÃO: Bom, a Bíblia proíbe, mas não diz que não existe. Se ela proíbe, é porque existe, não?
PASTOR: Não, não, de forma alguma. A Bíblia também diz em Êxodo 20:3 para não termos outros deuses diante de Deus. É uma proibição. Mas não quer dizer que existem, de fato, outros deuses. E isso é assumido pela Bíblia. Ela diz que os deuses das outras nações não eram deuses de verdade [Jeremias 2:11a, e.g., diz: ‘Acaso trocou alguma nação os seus deuses, que contudo não são deuses?’ ou Isaías 44:6 "Eu sou o primeiro e o último, e além de mim não há Deus"].
JOÃO: Ok, pastor, mas o senhor não sabe o que eu vi. Tenho a prova cabal de que eles existem e podem estabelecer contato conosco...
PASTOR: Antes, preciso corrigi-lo em um ponto. Não discordamos quanto à sua existência após a morte. Certamente eles existem. Mas como estão e o que lhes acontecerá no futuro é o ponto em que discordamos.
JOÃO: Pois bem, vou narrar-lhe uma experiência que autentica os ensinamentos que me foram dados. Eu já tive contatos com a minha mãe. Vai dizer que é mentira minha? Acredita?
PASTOR: Bom, eu e você sabemos que existem muitos charlatões por aí, alegando experiências místicas e tudo o mais, quando na verdade não viram nada. Mas, quanto a seu caso, não preciso negá-lo. Se você viu, está visto. Agora, que era sua mãe é outra história...
JOÃO: Bom, ela me provou ser ela! Antes dela morrer, me prometeu algo. Algo que só eu e ela sabíamos. Ela não havia contado pra ninguém, e nem eu. Estávamos só eu e ela ali no quarto, e quando ela saiu, morreu. Então, um dia, sua alma aparece a mim, e, ante meu ceticismo, fala daquele segredo, provando peremptoriamente ser minha mãe. Não tem como contestar!
PASTOR: João, perceba que, presumindo ter você realmente visto tudo isso, vou reinterpretar os fatos à luz de minha cosmovisão. Não negarei os fatos, só vou dar uma outra perspectiva dos mesmos. Quanto a qual perspectiva está correta, vai depender de qual cosmovisão é a correta. Por hora, vamos pensar se a cosmovisão cristã é capaz de abarcar sua experiência.
Bom, perceba que a Bíblia ensina sobre a existência de seres espirituais chamados ‘anjos’. Ela também ensina que uma parte deles caiu de seu estado de santidade, e agora servem ao líder da rebelião, que é Satanás. Esses anjos caídos são conhecidos como demônios. Perceba que eles são seres espirituais, e, portanto, não espaciais (o que não significa que são onipresentes) e invisíveis. Sob essa perspectiva, nada me impede de pensar no ente que lhe apareceu como um desses...
JOÃO: Mas isso é um absurdo! Demônios, segundo a concepção cristã, são criaturas terríveis. A que me apareceu era doce, delicada. Era minha mãe! Não era um espírito ruim. Me ensinou coisas boas, e me levou à prática da caridade. Como pode uma criatura dessas ser do mal?!
PASTOR: Acalme-se, João. A questão é que você parece estar interpretando o cristianismo segundo a teologia popular. Não há registros na Bíblia de que os demônios sejam parecido com monstros. Na verdade, seres espirituais não têm forma. Quando aparecem em uma, não passa de um modo de representação. Quanto a ser um ser de aparência boa, não há problemas. A Bíblia fala que Satanás se transforma até mesmo em anjo de luz! (2 Coríntios 11:14). E, em outra parte, Paulo, inspirado por Deus, afirma tacitamente que um anjo poderia vir com uma mensagem diferente da do Evangelho, e que, portanto, era maldito (Gálatas 1:8-9).  Portanto, não é a aparência que vai ditar sua natureza.
Agora, quanto ao teor benéfico dos ensinos que este espírito lhe instruiu, temos que fazer uma revisão. Primeiro, revisemos o que você entende por coisas boas. Partindo do pressuposto de que o objetivo de Satanás e suas hostes seja ‘roubar, matar e destruir’ (João 10:10), e de que isso  não poderia ser melhor concretizado fazendo outra coisa senão afastar o homem de Deus. Uma vez que o espiritismo confronta os ensinos da Palavra de Deus, ele leva, necessariamente, ao admiti-lo, à morte...
JOÃO: Então é errado praticar caridade?! Os espíritos nos instruem à prática do bem. Fazer o bem ao próximo, isso não e amor? Quem faz o bem não é de Deus?
PASTOR:  Novamente, recorro às Escrituras. Quero salientar que a moralidade não se restringe a ações para com os homens e demais criaturas. Ela se estende a Deus. Praticar cultos que ele abomina é completamente imoral. Percebemos isso ao notar que o primeiro e grande mandamento é amá-lo com todas as nossas faculdades mentais (Mateus 22:37). Amar o próximo é o segundo mandamento.
Respondendo à sua última questão, precisamos entender as motivações do coração. Primeiro, o que é o amor? Amor é sinônimo (ou inclui, as opiniões divergem) de altruísmo. A Bíblia fala que Deus prova seu amor, ou o evidencia, ao mandar Jesus (1 João 4:9, e.g.). Deus é auto-suficiente. Enviar Jesus foi algo sublime, que extrapola nosso entendimento. É o ato mais altruísta que se possa imaginar, um ser divino, auto-existente e auto-suficiente se colocar suscetível à dor e à morte por conta de criaturas rebeldes que o odeiam! E a teologia joanina prossegue dizendo que os únicos que conseguem praticar o amor semelhante a Deus são os cristãos. Perceba que a ética está não só na ação, como nas motivações. Paulo, em 1 Coríntios 13, versículo 3, diz que é possível distribuir todas as nossas posses, e até sermos queimados vivos sem que isso consista em uma atitude de amor! Agora, se não me engano, na caridade espírita não há nada de altruísta. A caridade que vocês fazem não seria uma forma de auto-ajuda, de auto-promoção? Com essa motivação, podem até dar tudo o que tem, como diria Paulo, nada disso tem proveito.
JOÃO: Tudo bem, pastor. O senhor acha, então, que o espírito que eu vi naquele dia não era minha, mãe; antes, era um demônio disfarçado, com a figura de minha mãe, buscando me levar para longe de Deus. Ele, como ser espiritual, poderia ter estado ali conosco enquanto minha mãe me segredava aquilo. Não é isso?
PASTOR: Exatamente. Essa seria a conclusão de minha argumentação.
JOÃO: Mas isso tudo é segundo a perspectiva da sua teologia. Estou de saída, pastor. Ainda não ficou provado que a Bíblia ensina algo diferente do que ensina o espiritismo...  uma hora a gente conversa sobre isso.
PASTOR: Ok. Fica para outra hora...

terça-feira, 3 de abril de 2012

Ellen White, A Mentirosa

Leandro Quadros, na tentativa de refutar o MCA disse que ‘Ellen White nunca ensinou nada sobre uma teoria da porta da graça fechada em 1844’.

Somente um desinformado, pedante, dopado pela propaganda ASD e promotor da inocência de Ellen White e do ‘papismo whiteano’, poderia dizer isso. Um mínimo de leitura além dos burgos adventistas descobriria que Ellen White [e outros pioneiros adventistas] ensinou que a porta da salvação fechou-se em 22 de outubro de 1844.

Guilherme Miller é uma testemunha que tal teoria estava em voga logo após a decepção de 1844: “Não tenho confiança alguma nas novas teorias que surgiram no movimento; isto é, que Cristo veio como Noivo, e que a porta da graça foi fechada; e que em seguida à sétima trombeta tocou, ou que foi o cumprimento da profecia em qualquer sentido."

Ellen White escreveu algo no livro O Grande Conflito, que podemos perceber isso. Veja ‘nas entrelinhas’: ““[...] não mais sentiam o dever de trabalhar pela salvação dos pecadores [...]” (O Grande Conflito, pg.428). Ela chega a dizer sem rodeios: “A proclamação:’ Ai vem o Esposo!’ foi feita no verão de 1844.”(WHITE,1975, p.425). Lembre que na parábola Jesus diz que ‘a porta se fechou’. Eu já mostrei isso em uma postagem (Veja AQUI).

Notamos que ela estava no bojo adventista da época. Mas ainda não é tudo, como veremos mais adiante.

O Leandro Quadros, apologista adventista a qualquer custo, cita o que Ellen White escreveu sobre a acusação da porta fechada:

“... ninguém nunca me ouviu dizer ou leu da minha pena declarações que justifiquem [os críticos] nas acusações que tem feito contra mim nesse ponto [...] Jamais declarei ou escrevi que o mundo estava condenado ou reprovado. Nunca, sob nenhuma circunstância, empreguei tal linguagem para com alguém, por mais pecador que fosse [...]”

LEANDRO QUADROS TEM SUGERIDO QUE EU ESTOU MENTINDO... Mas vejamos quem é o mentiroso.

Além das provas acima, que essa teoria estava em vigor entre os adventistas, vejamos agora as pesquisas de Dik Anderson:



A Profetisa da Porta Fechada



Quando Cristo não regressou no tempo em que era esperado em 22 de outubro de 1844, houve grande confusão entre os seguidores de Guilherme Miller. Nos meses seguintes, a maioria dos mileritas regressou a suas igrejas, mas outros estavam demasiado envergonhados para admitir seu erro ou sentiam-se demasiado humilhados para regressar. Alguns sentiram que suas antigas igrejas os haviam tratado com um espírito nada cristão, e preferiram adorar com os que tinham experimentado uma peregrinação semelhante. Estas pessoas eram conhecidas como "adventistas", e foi entre elas que o ensino da "porta fechada" se desenvolveu por primeira vez. O ensino da "porta fechada" se baseia na parábola das dez virgens de Mateus 25. De acordo com a parábola, os mensageiros do Esposo clamam à meia-noite que o Esposo, que representa a Jesus, vem à festa das bodas. (Mat. 25:6). Muitos adventistas continuaram crendo que o movimento de 1844 anunciando o regresso de Cristo era o clamor da meia-noite. Os seguidores da porta fechada ensinavam que o Esposo veio à "ceia das bodas" em 22 de outubro de 1844:



E saindo elas [as virgens insensatas] para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com ele para as bodas; e fechou-se a porta!”Mat. 25:10”.



Ensinavam que o versículo anterior se cumpriu em 22 de outubro de 1844, quando Cristo se levantou no santuário celestial e passou do Lugar Santo ao Lugar Santíssimo. Ao fazê-lo, Cristo fechou a porta da salvação para todos, exceto para "as virgens prudentes", os crentes adventistas que haviam participado do movimento de Guilherme Miller de 1844. Criam que Jesus agora estava "encerrado" com seu povo especial, preparando-o e purificando-o por meio de uma série de provas e tribulações para que fosse digno de receber o Seu reino. Criam que, desde 22 de outubro de 1844, Cristo estava ministrando só a Israel – os crentes adventistas. Ensinavam que Cristo estava provando Seus filhos sobre certos pontos da verdade, como o sábado, e que Sua obra em favor da salvação dos perdidos havia terminado. A princípio, Guilherme Miller ensinou a doutrina da porta fechada, como se pode ver no artigo que escreveu em dezembro de 1844:



"Ao advertir os pecadores e tentar despertar uma igreja formal, cumprimos nossa obra. Em sua providência, Deus fechou a porta; só podemos instar-nos mutuamente a ser pacientes."30



Em 19 de fevereiro de 1845, Miller expressou sua crença de que nenhum pecador se havia convertido na terra durante os últimos cinco meses: "Não vi nenhuma conversão legítima desde então [22 de outubro de 1844]”.31

No entanto, pelo final de 1848 quase todos os crentes na porta fechada, incluindo Miller, haviam abandonado a doutrina. No entanto, havia uns poucos adventistas que persistiam na doutrina da porta fechada. Joseph Bates era um firme crente na doutrina da porta fechada. Sustentava que haveria um período de sete anos durante o qual Cristo provaria Seus filhos. Cria que ao final desse período, em 1851, Cristo regressaria à terra. Em 1847, Bates escreveu:



"A porta aberta de Paulo, então, era a pregação do evangelho aos gentios. Feche-se esta porta, e a pregação do evangelho não terá nenhum efeito. Isto é exatamente o que dissemos que ocorre. A mensagem do evangelho terminou no tempo assinalado com a terminação dos 2300 dias [em 1844]; e quase todos os crentes honestos que estão observando os sinais dos tempos o admitirão”.32



Como Bates, Tiago e Ellen White eram ardentes partidários da doutrina da porta fechada. Já em 1845, Ellen estava recebendo visões que mostravam que a porta da salvação estava fechada. Uma senhora que vivia no Maine, e que tinha mais ou menos a idade de Ellen, era Lucinda Burdick. Ela descreve como conheceu Ellen:



"Ouvi falar pela primeira vez da Srta. Ellen G. Harmon (depois Sra. Ellen G. White) em princípios do inverno (janeiro ou fevereiro) de 1845, quando meu tio Josiah Little veio à casa de meu pai e informou que havia visto uma tal Ellen Harmon no ato de ter visões que ela assegurava receber de Deus. Meu tio disse que ela afirmava que Deus lhe havia revelado que a porta da misericórdia tinha-se fechado para sempre, e que de agora em diante não havia mais salvação para os pecadores. Isto me causou grande inquietude e angústia mental, porque eu não havia sido batizada e meu jovem coração se preocupou muito pelo que sucederia com a minha salvação se a porta da misericórdia estivesse realmente fechada”.33


Ter a informação de que a porta da salvação estava fechada para os pecadores deve ter sido angustioso para a jovem Lucinda. Ela recorda mais experiências espantosas com a profetisa:



"Ellen estava tendo o que se conhecia como visões: Dizia que Deus lhe havia mostrado em visão que Cristo Jesus se levantou no dia décimo do sétimo mês de 1844 e fechou a porta da misericórdia; que havia abandonado para sempre o trono mediador; que o mundo inteiro estava condenado e perdido, e que jamais se salvaria qualquer outro pecador”.34



A mensagem de Ellen White para seus seguidores era de que não restava qualquer obra por fazer a favor dos não-adventistas. O ministro adventista Isaac Wellcome recorda tê-la ouvido relatar esta mensagem em visão em 1845:



"Amiúde, estive em reuniões com Ellen G. Harmon e Tiago White em 1844 e 1845. Várias vezes a sustive enquanto caía ao solo, -- às vezes quando desmaiava durante uma visão. Ouvi-a relatar suas visões destas datas. Várias foram publicadas em panfletos, dizendo que todos os que não apoiavam o movimento de 1844 estavam perdidos, que Cristo havia abandonado o trono da misericórdia, que todos os que seriam selados o haviam sido, e que ninguém mais se arrependeria. Ellen e Tiago ensinaram isto por um ou dois anos. Recentemente, em suas visões publicadas, chamadas ‘Testemunhos,’ suas visões diferem amplamente, e contradizem suas visões anteriores direta e patentemente”.35



Em princípios de 1846, Ellen escreveu acerca de uma experiência em que suas visões ajudaram a convencer almas que duvidavam de que a porta da salvação estava realmente fechada:



"Enquanto em Exeter, Maine, ao estar reunida com Israel Dammon, Tiago, e vários outros, e muitos deles não criam numa porta fechada. Eu sofria muito no início da reunião. A descrença parecia estar por todo lado. Havia uma irmã ali que era considerada muito espiritual. Tinha viajado e fora uma poderosa pregadora pela maior parte do tempo durante vinte anos. Ela havia sido verdadeiramente uma mãe em Israel. Mas uma divisão havia surgido no grupo sobre a questão da porta fechada. Ela tinha tido grande misericórdia, e não podia crer que a porta estava fechada. (Eu nada soubera da diferença entre eles). A irmã Durben levantou-se para falar. Sentia-me muito, muito triste. Minha alma parecia em agonia o tempo todo, e enquanto ela falava, caí de minha cadeira ao chão. Foi então que tive uma visão de Jesus erguendo-Se de Seu trono de Mediador e indo para o Lugar Santíssimo, como o Noivo indo receber o Seu reino. Todos estavam profundamente interessados na visão. Todos disseram que era algo inteiramente novo para eles. O Senhor operou com grande poder estabelecendo a verdade em seus corações. A irmã Durben sabia o que era o poder do Senhor, pois o havia sentido muitas vezes; e pouco tempo depois que eu caí, ela foi atingida, e caiu ao chão, clamando para que Deus tivesse misericórdia dela. Quando eu saí da visão, meus ouvidos foram saudados com o cântico e clamores da irmã Durben em alta voz. A maioria deles recebeu a visão, e ficaram estabelecidos quanto à porta fechada.”36”.



Pode ser que suas visões hajam convencido a Irmã Durben e outros presentes na reunião de que a porta da salvação estava fechada, mas outros ainda não estavam convencidos. Os White começaram a viajar num esforço por convencer outros adventistas, como o Irmão Stowell, de que a porta da salvação estava fechada. Ellen escreve:



"O primeiro sábado que passamos em Topsham [24 de março] foi doce e interessante. Parecia que Jesus mesmo passava pelo meio de nós e espalhava sua luz e sua glória sobre nós. Todos bebemos um grande sorvo do poço de Belém. O Espírito veio sobre mim e fui arrebatada em visão. Vi muitas coisas importantes, algumas das quais as descreverei antes de fechar esta carta. Vi que o irmão Stowell, de Paris, vacilava sobre a questão da porta fechada. Pareceu-me que devia visitá-los. Embora o lugar ficasse a cinqüenta milhas de distância e o caminho estivesse em condições muito más, cria que Deus me daria forças para fazer a viagem. Fomos e encontramos a necessária força. Não tinha havido uma reunião no lugar por mais de dois anos. Passamos uma semana com eles. Nossas reuniões foram muito interessantes. Tinham fome da verdade presente. Tivemos com eles reuniões livres e poderosas. Deus me deu duas visões enquanto estive ali, para grande consolo e fortaleza dos irmãos e irmãs. O Irmão Stowell foi firmado na doutrina da porta fechada e em toda a verdade presente de que havia duvidado”.37



Os esforços dos White para estabelecer a doutrina da porta fechada foram observados por outros adventistas. Um crente na porta fechada, Otis Nichols, escreveu a William Miller em abril de 1846 elogiando a Irmã White por suas visões acerca da porta fechada:



"Sua mensagem sempre era acompanhada pelo Espírito Santo, e onde quer que fosse recebida como de parte do Senhor, quebrantava e derretia seus corações como se fossem criancinhas, e alimentava, consolava, e fortalecia os débeis, e os animava a apegar-se à fé, e ao movimento do sétimo mês; e que nossa obra para a igreja nominal e o mundo estava terminada, e o que restava fazer era a favor da casa da fé”.38



Ellen teve algumas de suas visões sobre a porta fechada na casa de John Megquier, que vivia em Poland, Maine. Ele compartilha sua experiência como segue:



"Conhecemos bem a trajetória de Ellen G. White, a visionista, enquanto esteve no estado do Maine. Algumas das primeiras visões que teve ocorreram em minha casa de Poland. Dizia que Deus lhe havia dito em visão que a porta da misericórdia se havia fechado, que não havia mais oportunidade para o mundo, que ela podia dizer quem tinha manchas em sua veste, e que essas manchas eram obtidas pondo em dúvida se suas visões eram do Senhor ou não. Então, ela dizia o que fazer, o que cumprir, para recuperar outra vez o favor de Deus. Então Deus lhe mostrava, por meio de uma visão, quem estava perdido, e quem estava salvo em diferentes partes do estado, segundo houvessem aceitado ou rechaçado as visões." 39



Novamente encontramos a Sra. White predizendo quem estava perdido e quem era salvo, baseandose na receptividade de suas visões. Depois de um tempo, os White pensaram que simplesmente ir de localidade em localidade pregando a porta fechada não era suficiente. Em 1847, Tiago publicou um documento intitulado "A Word to the Little Flock" [Uma Palavra ao Pequeno Rebanho], no qual ele e Ellen promoviam sua doutrina da porta fechada. Nessa publicação, Ellen descreve uma assombrosa visão que recebeu de Deus:



“Enquanto orava no altar da família, o Espírito Santo veio sobre mim, e parecia que estava sendo transportada mais e mais para o alto, bem acima do escuro mundo. Ergui os olhos, e vi um caminho reto e estreito que se estendia muito acima do mundo. Nesse caminho o povo do Advento estava viajando para a cidade, que se situava na sua extremidade. Tinham por detrás e no princípio do caminho uma luz brilhante que um anjo me assegurou ser o clamor da meia-noite. Essa luz brilhava ao longo do caminho inteiro e fornecia luz para os seus pés de modo a que não tropeçassem. Se mantivessem os olhos fixos em Jesus, que estava à frente deles, conduzindo-os para a cidade, estariam seguros. Mas logo alguns negaram grosseiramente a luz atrás deles e disseram que não fora Deus quem os conduzira até tão distante”. A luz por detrás desses extinguiu-se hes deixando os pés em total escuridão, e tropeçaram e perderam de vista o marco e a Jesus, e caíram para fora do caminho, mergulhando para o mundo escuro e ímpio em baixo. Era tão impossível para eles alcançar o caminho novamente e seguir para a cidade, como também para todo o mundo ímpio que Deus havia rejeitado.”40.



De acordo com esta visão, os adventistas caídos não podiam retornar ao caminho que conduzia ao céu porque a porta da salvação estava fechada. Como o "mundo ímpio que Deus havia rejeitado”, os adventistas caídos não tinham esperança de salvação. No mesmo documento, Tiago acrescentou seus próprios pensamentos sobre a porta fechada:



"Jesus está claramente representado na Bíblia em seus diferentes caracteres, ofícios, e obras. Na crucifixão, foi o manso cordeiro que foi morto. Desde a ascensão até que a porta se fechou em outubro de 1844, Jesus continuou com seus braços de amor e misericórdia abertos, pronto para receber e advogar a causa de cada pecador que viesse a Deus por meio dEle. No dia décimo do mês sétimo de 1844, entrou ao Lugar Santíssimo, onde desde então tem sido um misericordioso ‘sumo sacerdote sobre a casa de Deus.’"41



Enquanto Tiago e Ellen continuavam ensinando que em 1847 Jesus já não advogava a causa dos pecadores, a maré estava começando a volver-se contra a doutrina. Pelo fim de 1848, a maioria dos adventistas se dera conta de que a doutrina estava errada abandonando-a. Nesse entretempo, a profetisa de Deus não estava disposta a abandoná-la. Esta era a mensagem que Deus lhe havia dado para pregar, e não ia renunciar a ela, apesar de que sua popularidade estava desaparecendo.

Deveriam os profetas alterar suas mensagens só porque são impopulares? Não! Por isso os White e Bates continuaram pregando a doutrina da porta fechada. Na realidade, Tiago iniciou uma nova revista mensal intitulada Present Truth [A Verdade Presente]. A doutrina da porta fechada recebeu atenção especial nessa revista quase todos os meses de sua curta publicação. No outono de 1849 tinham decorrido quase cinco anos desde que os adventistas da porta fechada recusaram trabalhar pela salvação dos perdidos. É doloroso imaginar quantas almas perdidas nunca ouviram falar do evangelho durante esse período. Quantos dos que se perderam poderiam ter-se salvado? Depois de cinco anos do dogma da porta fechada, alguns provavelmente se perguntavam quando iam os anjos tocar a Ellen no ombro e dizer-lhe que o ensino da porta fechada era ficção. Ao contrário, porém, os anjos lhe diziam que o dia da salvação para os perdidos havia terminado. Em agosto, Ellen compartilhou com os leitores de Present Truth o que o seu anjo acompanhante lhe havia dito:



"Meu anjo acompanhante me convidou a buscar ver o trabalho pelas almas dos pecadores, como antes existia. Olhei, mas não pude vê-lo, porque o tempo da salvação deles havia passado”.42



Em princípios de 1850, os adventistas da porta fechada enfrentaram um dilema. Sua doutrina capengava, e tinham dificuldade para atrair novos adeptos. De acordo com a maneira como Bates entendia a profecia, Jesus devia regressar no outono de 1851, e eles só tinham dezoito meses para se preparar! O mais preocupante de tudo era que seus seguidores somavam apenas centenas e eles necessitavam de 144.000 para o outono do próximo ano. Que iam fazer? Talvez houvessem fechado a porta de forma demasiado hermética! Em princípios de 1850, apareceram os primeiros sinais de que a porta fechada estava começando a se abrir um pouquinho. Numa carta escrita a alguns amigos em fevereiro, a Sra. White anunciava alguns novos conversos à mensagem adventista:



"As almas estão encontrando a verdade por toda parte aqui. São os que não ouviram a doutrina adventista, e alguns deles são os que saíram a encontrar o Esposo em 1844, mas que desde esse tempo foram enganados por falsos pastores até ao ponto de não saberem nem onde estavam nem no que criam."43



Aqui encontramos o primeiro indício de que os que não eram parte do movimento de 1844 podiam salvar-se. Logicamente, a Sra. White cuida em dizer que essas pessoas eram cristãos que nunca haviam ouvido falar da doutrina adventista. Ainda não havia esperança para os não cristãos e os cristãos que tinham rechaçado a mensagem de Miller de 1844 fixando uma data para a segunda vinda. Em abril de 1850, a porta fechada se abriu um pouquinho mais para deixar entrar os filhos dos santos. Tinham-se passado quase seis anos desde o grande Desapontamento, e muitas crianças foram nascidas durante esse período. Poderiam salvar-se essas crianças, posto que não fizeram parte do movimento de 1844? A questão foi decidida na revista Present Truth:



"Como elas [as crianças] estavam então [em 1844] num estado de inocência, tinham tanto direito a que seus nomes fossem registrados no peitoral do juízo como os que haviam pecado e tinham sido perdoados; portanto, estão sujeitos à presente intercessão de nosso grande sumo sacerdote”.44


Durante 1850, Tiago White continuou promovendo a mensagem da porta fechada em sua revista. Apesar da crescente impopularidade da mensagem da porta fechada, Tiago e Ellen estavam decididos a seguir promovendo-a. Em maio, Tiago escreveu:



"Mas o pecador, a quem Jesus havia estendido seus braços todo o dia, e que havia desprezado a oferta da salvação, ficou sem advogado quando Jesus saiu do Lugar Santo e fechou essa porta em 1844”.45



Finalmente, pelo final de 1850, a porta fechada se abriu outro pouquinho. Abriu um pouco mais para deixar entrar Herman Churchill, um homem que havia sido inconverso em 1844. A decisão de Herman Churchill de unir-se aos crentes adventistas em agosto de 1850 causou considerável comoção entre os crentes da porta fechada. Tiago escreveu acerca do acontecimento numa carta:



"Um irmão [Herman Churchill], que não havia estado no Advento, e não havia feito profissão de religião até 1845, mostrava-se forte e claro na verdade inteira. Nunca se opusera ao Advento, e é evidente que o Senhor lhe havia estado guiando, embora sua experiência não tinha sido como a nossa. Os que, como ele, vêm para a verdade à hora undécima, podem esperar grandes provas."46



Quase seis anos depois do grande Desapontamento, os adventistas tinham feito o primeiro converso que não havia sido cristão em 1844. Os adventistas se surpreenderam de que alguém, que não era parte do movimento de 1844, estivesse interessado em unir-se a eles. George Butler, presidente da Associação Geral, escrevendo na Review and Herald de 7 de abril de 1885, recorda a assombrosa natureza da decisão de Churchill:



"O seu foi um dos primeiros casos de conversão do mundo à verdade presente, que ocorreram depois de 1844... Lembro-me bem quando chegou a Waterbury, Vermont, e assistiu às reuniões na casa de meu pai, onde uns poucos se reuniam de quando em quando. A princípio, ficaram bastante surpresos de que alguém que havia sido incrédulo manifestasse interesse na doutrina adventista. Não foi rejeitado, mas bem acolhido. Era fervoroso e zeloso, e ao discernir sua sinceridade, aceitaram-no como a um verdadeiro converso”.47



Ao transcorrer o ano de 1851, começou a ser mais e mais evidente para todos que Cristo já não ia regressar no outono. Esperavam sinais que não ocorriam, e sem dúvida as pessoas estavam se cansando de ouvir predições acerca do regresso de Cristo. Também se estavam cansando do ensino da porta fechada. Depois de quase sete anos, Tiago e Ellen finalmente abandonaram a doutrina da porta fechada. Nenhum anjo lhes advertiu de seu erro. Ellen não recebeu nenhuma visão mostrando-lhe seu engano. O tempo mesmo havia matado a doutrina. Simplesmente, já não fazia sentido. O abandono da doutrina da porta fechada pôs Ellen White numa situação em que todo profeta odeia estar. Como explica alguém a seus seguidores que suas visões estavam erradas? As pessoas esperam que um profeta corrija falsos ensinos, não que os estimule. Bem, a Sra. White permaneceu relativamente tranqüila durante os poucos anos seguintes. Felizmente, o dano foi de extensão limitada. É improvável que mais do que uns poucos milhares de pessoas tivessem sequer ouvido falar de Ellen White. Talvez esta fosse uma ferida que o tempo curaria. Mudar-se para uma nova localidade e a um novo campo de trabalho parecia ser o certo a fazer, posto que sua influência se havia perdido no nordeste do país. Em meados da década de 1850, os White se haviam mudado para o Michigan, e enfocavam seus esforços sobre os estados do meio-oeste norte-americano. Lucinda Burdick escreve acerca da perda da influência deles na área da Nova Inglaterra:



"Pouco tempo depois disso, a confiança e o interesse nesse fanático casal desapareceu, pois as visões, não só eram infantis e vazias de sentido, como absolutamente contraditórias... Havendo perdido tanto sua influência quanto seu campo de trabalho no Maine, logo partiram para o oeste, onde tiveram êxito em despertar considerável interesse e levantar um grande número de seguidores por meio de seus ensinos relativos ao sábado”.48



Imediatamente, Tiago se dispôs a restaurar a imagem de Ellen. Iniciou o que haveria de converter-se na tarefa de toda sua vida – revisar os escritos da esposa. Tiago revisou todos os artigos de sua esposa, e eliminou as partes objetáveis que tratavam da doutrina da porta fechada. Deu fim à revista Present Truth, que alguns haviam chegado a crer que era qualquer coisa, menos a verdade presente. Logo iniciou uma nova revista, chamada "Advent Review and Sabbath Herald”. Voltou a imprimir a versão "corrigida" das visões de sua esposa em 1851 num folheto de 64 páginas intitulado Vida e Ensinos. Enquanto Tiago aparentemente não sentia embaraço em eliminar os escritos de uma profetisa de Deus, isso não foi do agrado de todos os irmãos. Quando saiu o novo folheto com 19% do texto original faltando, tal fato ameaçou deflagrar uma crise. Como é de se imaginar, alguns membros da diminuta igreja se horrorizaram de que visões inteiras, que criam proceder diretamente de Deus, houvessem sido omitidas. Alguns dirigentes convocaram uma reunião com Tiago. A Sra. White descreve como Tiago acalmou a perigosa crise:



“Certa ocasião nos primeiros dias da mensagem, o Pai Butler e o Ancião Hart se sentiram confusos em relação com os testemunhos. Mui angustiados, gemeram e choraram, mas durante algum tempo não quiseram dar as razões de sua perplexidade. Todavia, pressionados para que explicassem a causa de sua conversação e comportamento sem fé, o Ancião Hart se referiu a um pequeno folheto que havia sido publicado como as visões da Irmã White, no qual, disse ele que sabia com certeza, que algumas visões não tinham sido incluídas. Diante de um grande auditório, estes irmãos falaram vigorosamente dizendo que haviam perdido a confiança na obra”. “Meu esposo entregou o folhetinho ao Ancião Hart, e lhe pediu que lesse o que estava impresso na página do título. ‘A Sketch of the Christian Experience and Views of Mrs. E. G. White’ [Um Bosquejo da Experiência Cristã e Visões da Sra. E. G. White], leu”. “Por um momento, houve silêncio, e a seguir meu esposo explicou que havíamos estado muito destituídos de meios econômicos, e que a princípio só pudemos imprimir um pequeno folheto, e prometeu aos irmãos que quando levantássemos os meios suficientes, as visões seriam publicadas mais completamente em forma de livro”. “O Ancião Butler ficou profundamente comovido, e depois de que se havia dado a explicação, disse: ‘Inclinemo-nos diante do Senhor.’ Seguiram-se orações, pranto, e confissões, como raras vezes temos ouvido. O Pai Butler disse: ‘Irmão White, perdoe-me; temia que nos estivesse ocultando algo da luz que devíamos ter. Perdoe-me, Irmã White.’”. "Então, o poder de Deus desceu sobre a reunião de uma maneira maravilhosa”.49



Nesse dia, o Irmão Butler aprendeu uma lição que muitos aprenderiam mais tarde. Quando Tiago White corrigia e eliminava partes dos escritos da Sra. White, não estava ocultando "a luz do céu”. Antes, estava ocultando erros e equívocos que, se examinados pelas pessoas, as levariam a indagarse se sua esposa era realmente profeta. Cumpriu Tiago alguma vez sua promessa de imprimir todas as visões quando tivessem mais dinheiro disponível? Apesar de sua posição financeira ter melhorado dramaticamente em anos posteriores, Tiago nunca reimprimiu as doutrinas. Gradualmente, foram esquecidas como relíquias do passado. A porta fechada foi "branqueada”, eliminada da história da igreja, e o tema raras vezes suscitado no princípio da década de 1850. A doutrina da porta fechada poderia ter descansado para sempre no cemitério do silêncio, se não tivesse sido pelos acontecimentos da década de 1880...

30. Advent Herald, 11 de dez. de 1844.


31. Voice of Truth, 19 de fev. de 1845.


32. Joseph Bates, Second Advent Waymarks, 1847, pp. 97-110.


33. Carta de Lucinda Burdick, Bridgeport, Connecticut, 26 de set. de 1908.


34. Miles Grant, An Examination of Mrs. Ellen White’s Visions, Boston: Advent Christian Publication Society,


1877.


35. Ibid.


36. Ellen White, Manuscript Releases, Vol. 5, p. 97


37. Ibid., p. 93.


38. DF 105, de Otis Nichols para Guilherme Miller, 20 de abril de 1846. (Extraída de The Early Years, Vol. 1,


pp. 75-76).


39. Ibid.


40. A Word to the Little Flock, 1847.


41. Ibid., pp. 1-2.


42. Present Truth, ago., 1849.


43. Carta 4, 1850, pp. 1, 2.


44. Present Truth, abril, 1850.


45. Present Truth, maio, 1850.


46. Tiago White, AR, ago., 1850, (Early Years, p. 191).


47. George Butler, Review and Herald, 7 de abril de 1885.


48. Carta de Lucinda Burdick, Bridgeport, Connecticut, 26 de set. de 1908.


49. Mensagens Escolhidas, Vol. 1, p. 53.


FONTE: A Nuvem Branca


Quem está mentindo? Eu, conforme acusou Leandro Quadros, ou Ellen White?