sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Poligamia e casamento misto: um impasse missiológico e teológico.


POLIGAMIA...

Esse é um assunto muito sério e delicadíssimo. Pois pode gerar maus entendidos destrutivos para pessoas, famílias e ministérios.

Em vários países a poligamia é uma prática comum. Sob a dispensação do NT o casamento polígamo não é autorizado (1 Co 7.2). O sexo com mais de uma mulher segundo o Novo Testamento é: fornicação, caso os praticantes sejam solteiros. Ou adultério, se os praticantes forem casados ( 1 Co 6.18; Gl 5.19; Hb 13.4).

Para os da herança reformada, temos uma posição confessional que diz:

“I. O casamento deve ser entre um homem e uma mulher; ao homem não é licito ter mais de uma mulher nem à mulher mais de um marido, ao mesmo tempo”. Ref. Gen. 2:24; Mat. 19:4-6; Rom. 7:3. – CFW 24.1

(Vai aqui meu recado aos presbiterianos: qualquer posição contrária é anti-bíblica e anti-confessional, logo, é ilegítima!)

Bom lembrar que na dispensação do VT Deus fez uma concessão, tolerou a prática polígama. Além disso, o sexo entre namorados (ou noivos) não eram punidos tal como o adultério. Eles eram exigidos casarem-se, caso o pai dela aceitasse, sem nunca divorciarem (por qualquer motivo, além do adultério).

Pois bem, como resolver um problema da poligamia em um contexto transcultural? Talvez você possa pensar que um missionário transcultural tem autorização e propriedade para falar sobre isso, não qualquer pessoa, como é o meu caso. Lembro que qualquer cristão é autorizado em emitir opiniões com base na Bíblia. Diante a Palavra suprema de Deus, qualquer doutor ou leigo, deve ser render.

POSIÇÃO TELÓGICA: Levando em consideração a classificação de adultério, segundo o NT, se um missionário ou Concílio autorizar a permanência do relacionamento polígamo, é uma afronta ao Evangelho, uma desobediência ao sétimo mandamento. Isso não é a vontade de Deus e é pecado.

IMPASSE MISSIOLOGICO: Crianças e mulheres morrerão por abandono e serão  hostilizados por causa de um divórcio. Em certo sentido. a estrutura familiar nessas culturas está interligada à poligamia, sendo que uma destruição familiar em massa seria um caos em vários lugares, caso praticassem a postura neotestamentária.

Solução Bíblica: Visto que as Leis bíblicas são normativas e incondicionais para todos os cristãos, penso que não temos opção alguma além eliminar a poligamia. O cristão não deve ter relação sexual com mais de uma mulher, mas apenas com uma esposa após sua conversão. Me parece que ele deve ter separação de corpos urgentemente e escolherá como esposa a primeira, “a esposa da sua mocidade” (Ml 2.14). Visto que as demais, segundo a perspectiva do NT, foi um relacionamento espúrio. 

E para salvaguardar crianças e mulheres, o sustento financeiro deve continuar sendo concedido. Um divórcio público dependeria de cada caso cultural. Se a morte, por exemplo, estiver em jogo, deverá ser evitado. 

E se uma mulher se torna cristã sendo ela uma de várias ‘esposas’ de algum homem polígamo? Mais uma vez a verdade é normativa. Se ela não é a primeira esposa, ela é uma adúltera. Temos que fazer como o Senhor Jesus fez: ‘O homem com quem estás não é teu marido!’ (Jo 4.17,18). 

E se caso ela for a primeira esposa? Eu acredito que duas opções são coerentes: 1) Deixar (divorciar-se dele) o marido como um homem infiel. 2) Continuar com ele, perdoando seu relacionamento extraconjugal.

“Dizer isso em blog é fácil. Viver a situação é outra coisa!”

Isso é verdade, e não estou insensível a isso. Não vivo essa situação, nem tenho que aconselhar pessoas sobre tal assunto. Aceitaria a rejeição de tal postagem se fosse depender disso.
Ao mesmo tempo estou convencido que estamos vivendo um ‘evangelho’ sem renúncias, e sem preço, por isso achamos isso um absurdo. Mas Cristo disse que os que perdem a vida por amor ao Seu nome na verdade, ganha a vida (Lc 9.24).
Visto que a maioria, se não todos nós, não estamos dispostos nem mesmo de deixar um emprego, abandonar uma carreira, deixar de assistir TV, por algum mandamento bíblico que em nosso contexto não nos custa a vida, o que dizer obedecer a Deus e evitar o pecado “até o sangue”? (Hb 12.4)

Parece mais fácil produzirmos ‘subterfúgios-hermenêuticos’ para escaparmos da decisão de amar ao Senhor acima de tudo.

CASAMENTO MISTO:

Deus é contra o casamento misto. Deus não aprova e odeia o casamento entre crente e não crente. Isso é pecado, uma abominação ao Senhor (Ml 2.11,12;  1 Co 7.39).
A Confissão de Fé de Westminster diz: 

“ [...] é dever dos cristãos casar somente no Senhor; portanto, os que professam a verdadeira religião reformada não devem casar-se com infiéis, papistas ou outros idólatras [...]” 24.3

Não existe como entender esse preceito de outra maneira.

‘Mas irmão, dessa maneira muitos não se casarão! Existem lugares onde o número de mulheres é maior que o de homens cristãos’.

Mais uma vez, sabemos da luta que alguns amargarão para se conterem. Mas a Bíblia não dá alternativa. Ao contrário, quando a Bíblia tratou sobre a dificuldade de manter-se solteiro (1 Co 7.1,2) ela termina dizendo que, já que é difícil, então casa-se, mas dá o veredito: ‘que seja NO Senhor!’

Jesus sabendo disso, disse que alguns se fazem eunucos pelo Reino de Deus (Mt 19. 11,12). Estaria em jogo uma causa cristã ao ‘se fazerem’ eunucos. Obvio que nem todos estão preparados, como Jesus disse, para essa abstinência. Mas isso não é uma concessão ao casamento misto.


E A SOLUÇÃO?

Sempre quando um jovem começa frequentar uma igreja por causa da namorada, ele deve ser evangelizado e conduzido ao evangelho. Com o tempo é possível mostrar a ele, que a namorada dele está sendo infiel a Deus se o namoro prosseguir e se o casamento for consumado.

Embora casamento não é método evangelístico, como diz um certo pastor, eu não acredito que esse não seja um meio para a conversão dele. Muitos se converteram genuinamente a partir de um relacionamento amoroso com um cristão ou com uma cristã. Um relacionamento familiar, que teve como base um casamento misto, resultou em conversão a tal ponto de termos um livro bíblico, RUTE!

PASTOR/REVERENDO: Não perca a oportunidade evangelizar dentre essas situações, mas jamais desobedeça a Deus por aprovar um casamento misto!!!

Deus nos ajude!

4 comentários:

  1. Graça e paz do SENHOR aos irmãos do blog...

    Irmão, concordo em muito com você. Mas, infelizmente, ainda não vi a tal "dispensação" mencionada pelo irmão. Só consigo ver a mesma dispensação do evangelho administrada de dois modos (Teocrático e não teocrático) ou seja, como ser cristão nestas duas realidades. Tenho sérias resistências quanto estas duas dispensações... mas, isso é assunto para uma postagem que ainda vou elaborar. Só uma observação: VOCÊ PODERIA ACRESCENTAR O MODO DE DISCIPLINA PARA UM CRENTE QUE FAZ ISSO: EXCLUSÃO (Deuteronômio 13.6-11 - Considerando que, num estado laico, A PENA DE MORTE é considerada EXCLUSÃO da igreja).

    Que o SENHOR fortaleça as nossas mãos...

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  2. Meu irmão, ainda há algumas colocações que, caso fosse possível, gostaria que o irmão esclarecesse:

    1) "O sexo com mais de uma mulher segundo o Novo Testamento é: fornicação, caso os praticantes sejam solteiros"

    O Texto de Levítico 18.18 (Velho Testamento) já não aprovava este conceito: "E não tomarás com a tua mulher outra, de sorte que lhe seja rival, >>DESCOBRINDO SUA NUDEZ COM ELA DURANTE SUA VIDA<< (Até onde sei a expressão "Descobrir nudez" sempre se referiu a relação sexual). A Poligamia sempre foi reprovado nas Escrituras Sagradas!

    2) "Bom lembrar que na dispensação do VT Deus fez uma concessão, tolerou a prática polígama"

    Que concessão? (Por favor transcreva o texto vetero-testamentário onde Ele faz esta afirmativa)Em que sentido? No sentido de não castigar polígamos como Davi, e outros? O castigo deles foi a consequência já advertida em levítico: RIVALIDADE entre as famílias. Deus não condena à morte praticantes da poligamia, mas os castiga com a própria DIVISÃO dentro do lar, e os problemas provenientes desta divisão (É só analisar o exemplo bíblico: em TODOS os casos polígamos, houve problemas entre as esposas e os seus filhos)!

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  3. Vamos lá irmão Luis:

    1)'Dispensação'- você pegou bronca do termo! (rsrs)temos duas dispensações, a que era, e para vc entender o que quero dizer: uma era 'Teocrática e a que não era teocrática'. O Uso que faço dessa palavra tem com A >>ADMINISTRAÇÃO<< DA ALIANÇA.
    Os Reformadores e a CFW usaram o termo sem mesmo existir essa 'doutrina dispensacionalista'.

    2) 'A poligamia era reprovada por Deus'... Irmão, tb acho, mas a reprovação de Deus não recebia punição TEOCRÁTICA! A punição que vc se refere, se é que é punição, apenas mostra natureza problemática de um casamento polígamo.

    3) 'Texto da concessão': Querido, Deus deu normas para o casamento polígamo, isso não é concessão???

    4) Não entendi o que disse do Texto de Lv 18.18.

    Abração



    3)

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  4. Graça e paz do SENHOR aos irmãos do blog...

    1) Já não era muito "fã" do termo. Depois daquele artigo do Rushdoony, Aí que eu peguei bronca mesmo! (rsrsrs) E, assim como o irmão não concorda com as marcas (bíblicas) para se verificar uma igreja genuinamente cristã da forma como os reformadores concebiam, também não concordo com a utilização deste termo para nossa era (Até porque eu penso que a Teonomia não deixa de ser uma forma de teocracia indireta).

    2) "Querido, Deus deu normas para o casamento polígamo"

    irmão... se Deus já proibia no VT (Lv: 18.18), mas deu normas para um relacionamento desses, existe uma razão plausível para isso. E, para mim, essas são as normas que devemos utilizar no caso de um "casamento polígamo transcultural" (Já que TODOS os textos mencionados pelo irmão na postagem - 1 Co 6.18; 1 Co 7.2; Gl 5.19; Hb 13.4 - se referem a proibição da imoralidade sexual: Sexo entre várias pessoas sem compromisso algum de vida a dois, um estilo de vida comum na sociedade greco-romana). O que quero dizer é que: Deus não muda (Mg: 3.6) e o caráter moral de Sua Lei também não (Mt: 5.17-20). Então, penso que o modo como Deus tratou o casamento polígamo (no VT), deve ser o modo que também devemos tratar em nossa época! E A LEI DELE... ELA NÃO MUDA!

    3)"O sexo com mais de uma mulher >>SEGUNDO O NOVO TESTAMENTO<< é: fornicação"

    E no Velho não??? Primeiro que o Novo Testamento não aborda (pelo menos até onde eu sei) em nenhum lugar o tema do casamento POLÍGAMO. Ele aborda o tema da imoralidade sexual (pessoas se relacionando sexualmente entre si, sem nenhum vínculo marital). A utilização do texto Levítico foi justamente para mostrar a concepção divina sobre o CASAMENTO polígamo:

    "E não tomarás com a tua mulher outra, de sorte que lhe seja rival, >>DESCOBRINDO SUA NUDEZ COM ELA DURANTE SUA VIDA<<"

    Em outras palavras: "não se case com outra mulher (ou com uma irmã de sua mulher) pois elas serão rivais (Como Sara e Agar, Raquel e Lia...), principalmente relacionar-se sexualmente com a outra (ou seja, haverá profanação sexual) se a primeira mulher estiver viva."

    Isso é uma PROIBIÇÃO! Agora, a CONDENAÇÃO para a infração desta ordenança não foi dado do mesmo modo como o Adultério (Sexo fora do casamento sem responsabilidade matrimonial), ou algo do tipo. O que quero dizer é que Deus NUNCA aprovou ou tolerou a poligamia, em nenhuma das dispensações (como o irmão costuma dizer). O pecado já aconteceu: Um compromisso matrimonial estabelecido por mais de duas pessoas! A consequência para tal pecado (Teocrática ou não) SEMPRE foi a rivalidade no lar e NUNCA a abstenção sexual por parte de um dos cônjuges.

    É o que penso... se o irmão mostrar textos que tratem de CASAMENTO POLÍGAMO no Novo testamento e não de imoralidade sexual (sexo sem compromisso), ficarei grato pela colaboração.

    Deus nos abençoe!

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