sábado, 7 de maio de 2016

Jesus não sabia o dia da sua vinda – 'por isso ele não era Deus'? Uma resposta às Testemunhas de Jeová

“Porém daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas unicamente o Pai.” (Mateus 24.36 [Mc 13.32*]).

Diante desse texto, os seguidores do Corpo Governante da Torre de Vigia, repetem o discurso de que Jesus não pode ser Deus, como o Pai Jeová, visto que com isso prova que ele, Jesus Cristo, não teria todo conhecimento, sendo assim limitado:

“Tivesse Jesus sido a parte igual do Filho numa Divindade, teria sabido o que o Pai sabia. Mas Jesus não sabia, pois não era igual a Deus.” (Deve-se crer na Trindade, p. 19).

“Naturalmente, não seria assim se o Pai, o Filho e o Espírito Santo fossem coiguais em só Deus.” (Raciocínios, p. 402).


Ø  O que podemos responder diante dessas objeções?

Devemos reconhecer que esse é um texto aparentemente difícil dentro da abordagem da doutrina de Cristo, PORÉM, não pela objeção dos opositores da divindade de Cristo, mas pela doutrina bíblica da unidade da Pessoa de Cristo. No entanto, já que os opositores da deidade de Cristo usam esse texto, devemos, portanto, responder.

Primeiro, não há duvida de que a Bíblia ensina a Divindade absoluta de Cristo (Jo 1.1; Cl 2.9). Sua Deidade é comprovada abundantemente na Escritura Sagrada (Fl 2.5; Rm 9.5; Tt 2.13; Hb 1.3,6,8,10). Ao mesmo tempo, a Bíblia, ensina que o Filho de Deus assumiu uma natureza humana, se revestiu de humanidade, tornando-se semelhante a nós:

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” Jo 1.14

“Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém.” Romanos 9.5

“Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo.” Hebreus 2:17

Há muitos outros textos que confirmam isso, mas creio que os citados já são suficientes. Deus se fez carne. Ou seja, o Verbo, o Filho de Deus, assumiu outra natureza, unida à sua natureza divina. Porém, não temos duas pessoas, mas uma só Pessoa – a pessoa do Filho.

O Credo de Calcedônia exprime o ensino bíblico, sendo assim assumido por todas as igrejas cristãs:

“(...) Todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, perfeito quanto à humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, constando de alma racional e de corpo; consubstancial [hommoysios] ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; “em todas as coisas semelhante a nós, excetuando o pecado”, gerado segundo a divindade antes dos séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da Virgem Maria, mãe de Deus [Theotókos]; Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, conseparáveis e indivisíveis;[1] a distinção da naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só pessoa e subsistência [hypóstasis]; não dividido ou separado em duas pessoas. Mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor; conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo nos ensinou e o credo dos padres nos transmitiu.” (Site www.monergismo.com)

O Credo Atanasiano já dizia antes de Calcedônia:

“também é necessário para a salvação eterna, que se creia fielmente na encarnação do nosso Senhor Jesus Cristo. É, portanto, fé verdadeira, que creiamos e confessemos que nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é tanto Deus como homem. Ele é Deus eternamente gerado da substância do Pai; homem nascido no tempo da substância da sua mãe. Perfeito Deus, perfeito homem, subsistindo de uma alma racional e carne humana. Igual ao Pai com relação à sua divindade, menor do que o Pai com relação à sua humanidade. O qual, embora seja Deus e homem, não é dois mas um só Cristo. Mas um, não pela conversão da sua divindade em carne, mas por sua divindade haver assumido sua humanidade. Um, não, de modo algum, pela confusão de substância, mas pela unidade de pessoa. Pois assim como uma alma racional e carne constituem um só homem, assim Deus e homem constituem um só Cristo.”

É possível Cristo ser uma única Pessoa – com duas naturezas, e ainda assim não saber o dia e hora de Seu retorno, visto que ele é Deus, e Deus sabe de todas as coisas?

A única explicação plausível é que é possível sim - segundo a sua humanidade. Observe que os Credos mostram que não houve mistura das duas naturezas, logo, cada uma continuou ser o que era – Deus e Homem. O grande teólogo Charles Hodge escreveu:

“[...] em relação à pessoa de Cristo consiste que nenhum atributo de uma natureza é transferido para outra.” (Teologia Sistemática, p. 773[grifo meu]).

Portanto, por um lado ilimitada, ao mesmo tempo que pelo outro, limitada. Como isso era processado em uma ÚNICA PESSOA, não é explicado na Bíblia, devemos apenas confessar assim (Dt 29.29). No texto em mira, Jesus podia estar falando em referencia à sua humanidade, o que é confirmada pelo contexto – no mesmo discurso Jesus, registrado por Mateus, se referiu ao Filho DO HOMEM nos versículos 27, 30, 37, 39 44; 25.13. 31.

“[Mc 13.32] sendo oculto nos conselhos do Pai de tal modo que o próprio Filho, na Sua aceitação voluntária das limitações da encarnação, não participa do segredo.” (O Novo Comentário da Bíblia, p. 1018[grifo meu]).

Não significa que quando Jesus usava o termo Filho do Homem ele estava se referindo à sua humanidade e dispensando a sua divindade, não em absoluto. Muito menos como sendo outra personalidade (Charles Hodge, Teologia Sistemática, p. 767). O que é dito de certa natureza é dito da Pessoa, e o que é dito da Pessoa é dito da natureza. Mas significava que sua humanidade era real e o que dela ele falava era de fato e em realidade, e que por homem, algumas coisas estavam incluídas – sua limitação por exemplo, naquela natureza, para que ela não fosse Divinizada, e assim ele deixaria de ser homem.

 Outra sugestão implícita é a missão do Filho. Segundo o teólogo Louis Berkhof essa passagem

“[...]provavelmente significa que este conhecimento não estava incluído na revelação que Ele, na qualidade de Mediador, tinha que realizar.” (Teologia Sistemática, p.649).

O uso de Mateus 24.36, pelo Corpo Governante, cai na classe da crítica do teólogo assembleiano Esequias Soares:

“Os grupos religiosos contrários à divindade absoluta de Jesus costumam usar fora de contexto, como ponta de lança, as passagens bíblicas que revelam as características humanas [de Cristo]. Isso vem desde os primeiros séculos da Era Cristã.” (Cristologia – a doutrina de Jesus Cristo, p. 50).


*Saber que o Senhor virá em data muito distante, poderia ser mal usada por nós, conforme explicou J. C. Ryle (Meditações em Marcos, p. 173,174).



9 comentários:

  1. Sabedores somos da limitação de Jesus como ser humano que era e é; sendo que após Sua ressurreição o corpo dele é incorruptível, glorificado, não sujeito a morte.( Rm.6.9 ). Com sua natureza 100% humana ele estava limitado no espaço , tempo e conhecimento. Por este fato declarou não saber o dia nem a hora de sua volta à terra. Porém ao mesmo tempo, que não sabia como homem , o sabia como Deus, pois " nele habita toda plenitude da divindade " ( Cl.2.9 )As duas natureza estão presentes em Jesus e elas não se misturam . Ele é O Emanuel. As vezes agia como Deus e as vezes como homem, na realidade um grande Mistério para nós finitos e limitados pecadores depravados que somos.
    Sabemos que como O Verbo encarnado Ele sabia, pois é Deus e sabe de todas as coisas . Ele é Onisciênte. ( Jo.21.17 )
    Não nos esqueçamos que O Senhor Jesus tem um nome que somente Ele sabe ( Ap.19.12 ).
    Deus ilumine Seu povo e traga para Cristo Suas ovelhas.
    Em Cristo
    Wilton

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  2. Um dos melhores sites apologetico do Brasil, irmão Luciano excelente matéria que seita maluca, omal das seitas é texto fora do contexto arma fatal o brasil precisa urgentemente duma nova safra de apologistas sãos que ensinem a palavra sadia Parabéns Luciano biblia neles .

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  3. Também dou meus parabéns a Luciano.muito bom!

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  4. Também dou meus parabéns a Luciano.muito bom!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Luciano! Você conhece o "apologista" João Flávio Martinez, da CACP?
    Pois bem, ele tem tratado os Reformados como seita herética. Constantemente tem levantado uma guerra contra nós.
    Isso é triste.
    Depois, escreve algo a respeito.
    Abraço.

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    1. Sim...conheço e lamento que ele assumiu essa cruzada sem sentido algum.
      Já comentei algo aqui no blog sobre isso...

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  7. Deus colocou Abraão a prova .
    Pediu que imolasse seu filho Isaque.
    Após se colocar de forma a cumprir a ordem do altíssimo , o Deus Eterno e onisciente declara que : " Agora sei que ... "
    Claro que o Deus Eterno sabia da decisão de Abraão.
    Jesus como Divino , sabia e sabe o dia de Sua volta gloriosa à terra dos viventes.
    Como homem não tinha conhecimento, nosso querido e Eterno Salvador que deixou Sua glória ao encarnar-se e " abriu mão " de Seus atributos divinos, porém NUNCA de Sua Divindade.
    Como dito acima na postagem Ele era e é 100% Deus e 100% homem. As duas naturezas não se misturam. Precisamos observar este fato ao meditarmos nas Santas Letras.
    Deus nos ilumine
    Em Cristo
    Wilton

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