A Bíblia é a inerrante, infalível e suficiente Palavra de Deus. Deus é Triúno. A salvação é pela graça por meio da fé em Cristo Jesus.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
A crença ateísta - parte 2
Proponho fazer uma refutação bíblica e lógica, das doutrinas ateístas, tal como foram definidas na postagem anterior. Deveríamos ter na Bíblia argumentos que evidenciassem a existência de Deus, a possibilidade de milagres... etc. Mas a Bíblia não tem isso. Ela começa pressupondo isso. Por quê? De acordo com a apologética clássica, isso acontece porque Deus encarregou outro livro (a revelação geral, ou natural) para tratar sobre esses assuntos. Berkhof, apesar de não ter nada de apologista clássico, afirma idéia semelhante: “ A revelação natural é comunicada pelos fenômenos da natureza, incluindo a própira constituição do homem. Não é um revelação dada em palavras, mas incorporada em fatos que falam por volumes. Figurativamente a natureza pode ser chamada um grande livro em que Deus escreveu, com letras grandes e pequenas, no qual o homem pode aprender sua bondade e sabedoria...” (BERKHOF, 1992, p. 27). Isso quer dizer que, segundo o apologista clássico, basilado em Romanos 1:20*¹ e Salmos 19:1-7, o estudo filosófico e científico podem provar a existência de Deus. Na verdade, pensam eles, que a criação tem por função isso mesmo. A objeção do Berkhof e Cia. parece não fazer muito sentido. Dizem eles: “Como resultado da queda do homem a ruína do pecado repousa sobre a criação em geral. O elemento da corrupção entrou na maravilhosa obra de Deus e a obscureceu, contudo sem apagar completamente o escrito de Deus. A natureza, é verdade, ainda mostra as marcas de sua origem divina, mas agora está plena de imperfeições e sujeita às forças destruidoras. Deixou de ser a revelação clara de Deus que uma vez fora”(BERKHOF, 1992, p. 30). De acordo com esta interpretação, os textos de Romanos 1:20 e Salmos 19: 1-7 deveria dizer coisas como ‘ os céus proclamaram a glória de Deus’ (no caso do Salmo) ou ‘ claramente se reconheciam’ (no caso de Romanos). Assim, estou convicto que os efeitos pecaminosos do pecado no cosmos (Romanos 8:19-22; Gêneses 3:17-19) não anulou sua capacidade de provar a existência de Deus; parece mais plausível nos referirmos a Romanos 8 para explicar a existência de catástrofes naturais e afins. O outro argumento contra a apologética clássica é o de que nosso raciocínio está debilitado pelo pecado (apoiado, além de por Berkhof, por Abraham Kuyper; Lloyd-Jones e tantos outros) e por isso não podemos perceber a revelação natural. Esse argumento comete uma falha epistemológica bem parecida com a que vamos acusar o naturalista: ele se destrói. Como? Ele acusa o homem caído de não ter capacidade de raciocinar, mas faz isso por meio de um raciocínio (!)... A apologética clássica, empreendida por reformados, diz que o homem realmente não pode perceber a revelação de Deus, não porque ela é ininteligível ou incognoscível, mas porque ele não quer ver.
Nós, portanto, afirmamos que Deus existe. Concordando com Russel, de que o ônus da prova caí sobre quem afirma, existem vários argumentos em prol da existência de Deus, levantados pela apologética clássica. Eles são debatidos até hoje com muito vigor. O presente trabalho não permite que trabalhemos com todos eles, por isso, citaremos os de nossa preferência e indicaremos fontes para aprofundar os estudos.
Argumento Epistemológico
Naturalistas cometem alguns erros gritantes como o de Richard Dawkins em seu argumento da improbabilidade da existência de Deus: “’Quem criou Deus?’, que a maioria das pessoas pensantes descobre por si só. Um Deus projetista não pode ser usado para explicar a complexidade organizada porque qualquer Deus capaz de projetar qualquer coisa teria que ser complexo o suficiente para exigir o mesmo tipo de explicação para si mesmo. A existência de Deus nos coloca diante de uma regressão infinita da qual ele não consegue nos ajudar a fugir. [ no capítulo 4 ele desenvolve esse argumento]"(DAWKINS, 2007, p. 153) No mesmo espírito (e gênero) questionador, (não entrando em argumentações cosmológicas que respondem parte dessas objeções), vem perguntas como ‘Deus é composto de quê?’ ou ‘onde está Deus?’. Alvin PlaNtinga mostra onde está o erro desse raciocínio no seu compromisso, a priori, com o materialismo: “...suponha que nós concedêssemos, ao menos para fins de argumentação, que Deus é complexo. Talvez nós pensemos que quanto mais um ser sabe, mais complexo é; Deus, sendo onisciente, seria então altamente complexo. Talvez sim, mas ainda, por que Dawkins acha que Deus é improvável? De uma perspectiva materialista e da idéia de que todos os objetos no nosso universo são constituídos de partículas físicas, talvez um ser que soubesse muito seria improvável – como poderia tais partículas se arranjar de tal forma capaz de constituir um ser com todo esse conhecimento? Claro, estamos falando sob uma ótica materialista. Dawkins está argumentando que o teísmo é improvável; seria dialeticamente deficiente in excelsis argumentar isso usando o materialismo como premissa. É claro que não existe um ser como Deus se o materialismo for verdadeiro; de fato, é implícito ao materialismo a não existência de Deus; mas seria obviamente uma petição de princípio argumentar que o teísmo é improvável porque o materialismo é verdadeiro." (PLANTINGA, < http://www.apologia.com.br/?p=53 > acesso em 17 de set. de 2010. Ás 21:20).
Tudo bem, o argumento está pautado no naturalismo, mas por que não ser naturalista? Aqui está o nosso argumento epistemológico. O naturalismo e o materialismo são autodestrutivos, e é no campo da epistemologia que o tapete lhes é tirado. O argumento é o seguinte: de acordo com o naturalista, nosso ser por inteiro, incluindo as capacidades cognitivas que, para o naturalista são materiais, foi formado ao sabor do acaso. Dawkins deixa claro que entende as coisas assim: “Contra todas as aparências contrárias, o único relojoeiro na natureza são as forças cegas da física, ainda que organizadas de uma maneira muito especial. Um verdadeiro relojoeiro tem presciência: ele desenha as engrenagens, as molas, e planeja suas interconexões, com um propósito futuro em mente. A seleção natural, o processo cego e inconsciente que Darwin descobriu, e o qual nós agora sabemos que é a explicação para a existência e o propósito aparente de toda a forma de vida, não tem propósito algum. Se há um relojoeiro, certamente é um relojoeiro cego” (DAWKINS apud PLANTINGA, em < http://www.apologia.com.br/?p=132 >, acesso às 21:51, 17 de set. de 2010-09-17). Como poderíamos dizer então que o acaso e a necessidade formaram mentes com capacidades cognitivas aptas para enxergar o mundo? Todos pressupõe isso, o cristão têm uma base para isso, o naturalista, não! Dessa vez, C. S. Lewis pode nos ajudar a compreender a questão: “Tendo como certo que a Razão é anterior à matéria e que a luz dessa Razão principal ilumina as mentes finitas, posso entender como os homens viriam, por observação e inferência, a saber muito sobre o universo em que vivem. Se, por outro lado, eu engolir a cosmologia científica [naturalismo] por inteiro, eu não só não me enquadro no Cristianismo, mas também não posso enquadrar-me mesmo na ciência. Se a mente é completamente dependente do cérebro, e o cérebro, da bioquímica, e a bioquímica (no fim das contas), do fluxo sem sentido dos átomos, não posso entender por que o pensamento dessa mente deva ter mais importância que o som do vento nas árvores. E isso para mim é a prova definitiva. É assim que posso distinguir o sonho da vigília. Quando estou desperto, até certo ponto consigo explicar meu sonho e estudá-lo. O dragão que me perseguiu na noite passada pode acomodar-se no meu mundo do estado de vigília. Sei que existem essas coisas que se chamam de sonho; sei que comi algo indigesto no jantar; sei que se podem esperar sonhos com dragões de um homem que lê o tipo de literatura que eu leio. Mas, enquanto estava tendo o pesadelo, não podia acomodar-me na minha experiência de quando estou acordado. O mundo da vigília é considerado mais real porque ele pode conter o mundo dos sonhos; o mundo dos sonhos é considerado menos real porque não pode conter o mundo da vigília. Pelo mesmo motivo, estou certo de que, ao passar dos pontos de vista científicos para os teológicos, passei do sonho para a vigília. A Teologia cristã pode-se acomodar à ciência, à arte, à moralidade e às religiões sub-cristã. O ponto de vista científico não pode acomodar-se a nenhuma delas, nem mesmo à própria ciência. Acredito no Cristianismo como acredito que o Sol nasceu, não apenas porque eu o vejo, mas porque por meio dele eu vejo o resto.” (LEWIS, p. 133,134). Interessante notar que essa dúvida residia na mente do próprio Darwin: “Uma terrível dúvida sempre surge em mim, qual seja, se as convicções da mente do homem, que se desenvolveram a partir da mente de animais inferiores, são de algum valor ou confiáveis. Qualquer um confiaria nas convicções da mente de um macaco, se é que há quaisquer convicções em tal mente?” Carta a Wilham Graham (Down, 3 de Julho de 1881) em The life and Letters of Charles Darwin. Ed. Francis Darwin (London John Murray, 1887) Volume I, p. 315-316 ( citado no final desse video: < http://www.youtube.com/watch?v=jCnnRfho4PQ > acesso em 18 de set. de 2010, às 21:09. Sugerimos, para quem quer se aprofundar no argumento, que leiam os seguintes artigos: < http://www.monergismo.com/textos/apologetica/ateismo-cosmovisao_irracional_Jason-Lisle.pdf > (aqui o Dr. Jason Lisle mostra como o ateu materialista se contradiz ao pegar emprestado a lógica que só é possível na cosmovisão teísta); < http://www.apologia.com.br/?p=132 > (este é um dos melhores artigos sobre o argumento, defendido por Alvin Plantinga, que pode ser considerado o melhor defensor desse argumento).
Continuarei no na próxima postagem.
Lucio - MCA
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