quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

AS DUAS NATUREZAS DA PESSOA DE CRISTO

Na postagem anterior o irmão Lucio abordou se existe contradição na doutrina cristã das duas naturezas de Cristo. Agora veremos a evidência bíblica e teológica dessa doutrina por outro colaborador do MCA, o irmão Cláudio. (Vale a pena imprimir esses dois estudos e compartilhar em algum estudo cristão!)

“Conquanto o assunto da unio personalis [ou união pessoal] seja um mistério muito grande, somente precedido em profundidade pelo mistério da união das três pessoas da Trindade, não podemos nos furtar a estudá-lo...” (Héber C. Campos, “A união das naturezas do Redentor”, p. 16); [citação entre colchetes de nossa parte].

Quando Cristo esteve entre nós, passou por diversas situações tipicamente humanas, teve um crescimento físico normal como todo ser humano (Lc 2:7,39,52), passou fome e sede (Mt 4:2; Jo 4:7), desfrutou de uma amizade, da perda de um amigo (Jo 11:35-36; 13:23) e sofreu tentações (Mt 4:1-10; Hb 4:15; 5:7).

Porém, o Filho de Deus é eterno, assim como o Pai e o Espírito Santo também o são. Quando a Segunda Pessoa da Trindade encarnou, recebendo, assim, a natureza humana oriunda de Maria, que gerou a Jesus Cristo em seu ventre pelo poder do Espírito Santo (Lc 1:30-35), esta natureza humana foi unida à Sua já eterna natureza divina em uma só Pessoa.

Portanto, o Senhor Jesus Cristo, após a sua encarnação, passou a possuir duas naturezas concomitantemente: a humana e a divina, mas, sem que uma natureza comprometa a outra. A Sua divindade não o torna menos humano e a Sua humanidade não o torna menos divino (Rm 1:2-4; 9:5; Fp 2:5-7).

Este é mais um mistério dentro do grande mistério da Trindade. A união destas duas naturezas em Cristo foi possível pelo fato de que o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, ou seja, natural e moralmente parecido com Deus (Gn 1:26-27), por isso, possuidor de uma certa afinidade com Ele (2Pe 1:4).

Deus jamais iria se encarnar em um ser irracional e sem alma. É importante salientar, entretanto, que a natureza humana de Cristo não é decaída como a nossa, ela não compartilha da pecaminosidade que acompanha a humanidade desde a “queda” de Adão e Eva (Rm 5:20-21; Hb 4:15; 7:26) e que a Segunda Pessoa da Trindade não encarnou em um ser humano já existente, o que seria um absurdo. Neste caso então à Trindade teria se somado mais uma pessoa e passaria a ser uma “Tetrindade” (quatro pessoas). Héber Campos sabiamente trouxe considerações que nos auxiliam neste estudo:

“Jesus Cristo é o Verbo divino que se fez carne. Ele não é metade homem. Ele é plenamente Deus e plenamente homem. Na encarnação não houve nenhum acréscimo à sua natureza divina, mas o Verbo adquiriu uma natureza humana que não possuía antes da encarnação. Ele não é meramente um homem que possui certas qualidades divinas dentro de si, nem o Deus que possui algumas qualidades humanas, mas ele é perfeitamente Deus e perfeitamente homem, possuindo ambas as naturezas, a divina e a humana, de modo que ele é Deus cem por cento e homem cem por cento, possuindo todas as propriedades de cada natureza (...)” (“As duas naturezas do Redentor”, p. 101).

Mais adiante, Héber Campos complementou:

“...De Maria não iria nascer simplesmente e unicamente uma das naturezas do Redentor – a humana, porque esta natureza não seria personalizada, nem existiria antes e à parte de sua união com a Segunda Pessoa da Trindade, que possuía a natureza divina, o Verbo...Quando houve a união das duas naturezas numa manifestação poderosa do Espírito Santo no ventre da mãe, então passou a existir um ser pessoal em Maria que, depois de nove meses, saiu do seu ventre...” (p. 103).

Jesus Cristo é o Deus-homem, nosso Mediador diante de Deus Pai (1Tm 2:5). Jesus Cristo é o Filho de Deus, uma só essência com o Pai Celeste. Ele não só estava com Deus, mas também era (e é) Deus, Ele subsistia em forma de Deus (Jo 1:1; Fp 2:5-6). Jesus é o Deus unigênito que está em comunhão de essência com o Pai e O revelou ao mundo (Jo 1:18; 14:8-9).

Ele é a imagem de Deus Pai, que é invisível (Cl 1:12-15). Ele é o resplendor da glória e a expressão exata de Deus Pai (Hb 1:1-3a). O Filho assumiu a natureza humana, estava no princípio com Deus como o Verbo (a Palavra). O próprio Pai declara o Filho como Deus (Hb 1:8-9). Cristo é o Emanuel, o Deus conosco (Mt 1:23; Is 7:14). Ele é chamado de Deus Forte (Is 9:6). Ele é Deus bendito para todo o sempre (Rm 9:5). Em Seu corpo físico reside toda a plenitude da Divindade (Cl 2:8-9). Ele é o nosso grande Deus e Salvador (Tt 2:13; 2Pe 1:1b). Ele é o verdadeiro Deus e a vida eterna (1Jo 5:20).

Hermisten da Costa em sua obra “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo” apresentou evidências bíblicas sobre a união pessoal de Cristo. Estes textos indicam claramente as duas naturezas simultâneas do Redentor, unidas em uma só “Pessoa”. Observemos:

“1) Jesus Cristo fala de si mesmo como uma única pessoa; não havendo o intercâmbio entre um ‘Eu’ e um ‘Tu’ entre as duas naturezas (Jo 17.1, 4, 5, 22, 23); 2) Os pronomes pessoais atribuídos a ele são sempre referentes a uma pessoa; 3) Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, não havendo uma preponderância do divino sobre o humano nem do humano sobre o divino. Não podemos falar biblicamente – como muitas vezes somos tentados a pensar – em Jesus agindo, pensando e falando como homem em alguns textos, e em outros como Deus. Jesus é o Verbo de Deus encarnado que vive, sofre, morre e ressuscita como tal. Jesus Cristo não tem personalidade fragmentada, sendo em alguns momentos Deus e em outros homem. Por isso, os atributos de sua divindade, bem como de sua humanidade, são atribuídos a uma só Pessoa. Leia com atenção os seguintes textos: Lc 1.43 – Mãe do Senhor. Lc 2.11 – Nasceu o Senhor. Jo 3.13 – O Filho do Homem está aqui e no céu (vd. Jo 1.18; 6.62). At 3.15 – Mataram o Autor da Vida. At 20.28 – Sangue de Deus. Rm 9.5 – Cristo, Deus bendito. 1Co 2.8 – Crucificaram o Senhor da Glória. Gl 4.4 – O Filho foi enviado para nascer. Hb 1.1-2 – O Filho é herdeiro de todas as coisas. Cl 1.13-20 – ‘Nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho de seu amor...Ele é a imagem do Deus invisível...havendo feito a paz pelo sangue de sua cruz...’. Cl 2.8-9 – Em Cristo habita a plenitude da divindade. Além dos textos citados, leia também: Mt 1.21; Lc 1.31-33; Fp 2.6-11, entre outros. 4) Todos os que se referiam a Jesus Cristo faziam menção de uma só pessoa (Mt 16.16; 1Jo 4.2)” (pp. 247-248).

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