sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

CACP E O PROCESSO DOS MUÇULMANOS


Enquanto o mundo anticristão inventa que vivemos uma "islamofobia", enquanto os cristãos continuam sendo trucidados, mulheres estupradas, pessoas mortas, e mortas cruelmente em países Islãs. Vemos o 'silêncio ensurdecedor' da mídia e políticos Esquerdistas - muito engraçado enquanto mulheres e homossexuais são também perseguidos, os HIPOCRETINA ESQUERDORRÉIA, que aqui no Brasil faz um estandarlhaço em torno desses temas (feminismo e homofobia) não se manifesta contra o que o Islã faz. Aliás, até o silêncio de (falsos) Protestantes Liberais, e até mesmo do Papa, deixa-nos atônitos. 

Mas não deveríamos esperar outra coisa. Jesus disse que seus seguidores seriam perseguidos. E nessa tacada de perseguição, estamos diante de um fato dos mais antagônicos possíveis. Um grupo de representantes Muçulmanos decidiu processar o Centro Apologético Cristão de Pesquisa (VEJA AQUI), por manifestação de opinião - e chamou isso de 'perseguição religiosa contra o Islã'.

Se o que o CACP publica é ou não representativo do mundo muçulmano, por qual motivo tal grupo se incomoda? Se a crítica do CACP é contra o terrorismo e crueldade islâ, o que - segundo os apologistas brandos do Islã, não é a maioria dos seguidores de Maomé, mas uma ala minoritária extremista - então não deveria se incomodar!? Talvez esses muçulmanos não entenderam o que é impossível entender em seus países de predominância Islã - a liberdade de expressão. O CACP não vilipendiou os símbolos da religião alheia, apenas apresentou críticas e informou o perigo presente no cerne da religião muçulmana, baseado no que está nos escritos sagrados do Islamismo.

Estou postando aqui o vídeo onde o Pr João Flávio fala sobre como ajudar o CACP nesse processo. A princpio o que eu posso fazer. Sabemos que a promessa divina, independente do que ocorrerá, é que 'nenhuma arma forjada contra ti, prevalerá' (Is 54.17). 




sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

A INCOMPATIBILIDADE ENTRE O FEMINISMO E O CRISTIANISMO


Ainda que sejam totalmente incompatíveis e opostos entre si, desde sua origem, o feminismo tem assediado o cristianismo, confrontando seus valores, corrompendo sua verdade e ao mesmo tempo se colocando como vítimas do “cristianismo opressor”. Entretanto, não são poucos os cristãos que flertam com a causa feminista, outros que lhes são simpáticos e ainda temos aqueles que temem o feminismo devido ao seu discurso vitimista.

De início, uso as palavras de Jones para expressar algo importante sobre o feminismo em relação a fé cristã: “Os cristãos devem entender que o movimento religioso feminista carrega em si um ataque frontal à normatividade da heterossexualidade criacional e, além disso, ao próprio Deus como o Criador.” (JONES, 2002, p.235). Julgo necessário estabelecer tal premissa para deixar claro que não pode haver diálogo entre feminismo e fé cristã genuína.

Dito isto, podemos voltar nos primórdios do movimento feminista para mostrarmos que desde sua origem a sua ideologia busca o confronto com o cristianismo e com sua Regra de Fé e prática, que é a Bíblia Sagrada. A Convenção dos Direitos da Mulheres apresentaram como parte de suas reivindicações a participação das mulheres na igreja:

O homem permite à mulher, na igreja assim como na sociedade, apenas uma posição subordinada, afirmando autoridade apostólica para sua exclusão do ministério, e, com algumas exceções, de qualquer participação pública nas questões da igreja [...]. Resolve-se que, por muito tempo, a mulher permaneceu satisfeita nos limites circunscritos que costumes corrompidos e uma aplicação pervertida das Escrituras estabeleceram para ela, e que é hora para que ela se mova em direção à esfera abrangente que o grande Criador lhe designou. (MAcCULLEY, 2017, p.50, 51)

Mediante esta citação, fica claro as intenções do feminismo desde seus primórdios. Reinterpretar as Escrituras para fazê-la favorável ao ministério feminino. Ainda sobre este assunto, as conquistas e reivindicações da primeira onda do movimento feminista, MacCulley (2017, p.52) afirma: “[...] misturado àquelas reformas sociais necessárias estava um desafio para o cristianismo – o governo da igreja, o ensinamento bíblico e o culto público.” O problema é que parece que a igreja não atentou-se para isso como deveria. Pois “[...] embora as conquistas triunfantes da primeira onda do movimento feminista tenha sido as reformas legais na cobertura e no sufrágio, o escritos de Stanton revelam que o contínuo alvo era a autoridade da Escritura.” (MAcCULLEY, 2017, p.57, 58).

Pensando um pouco adiante, Lopes (2014) acredita que “[...] o livro de Katherine Bliss, The Service and Status of Women in the Church (O Trabalho e o Status da Mulher na Igreja, 1952) como o marco inicial do moderno movimento feminista dentro da cristandade.” Ela questionou os papeis do homem e da mulher dentro da igreja e propôs a reavaliação dos mesmos. Em 1961 as ativistas cristãs associam-se com as feministas de segunda onda para buscarem juntas uma participação mais significativa em suas respectivas esferas. Devemos lembrar que, nesta altura, as feministas de segunda onda questionavam o patriarcado considerando-o como mera construção social. Questão que rapidamente foi incorporada aos debates conciliares, inclusive no Concilio Mundial de Igrejas de 1961. Lopes (2014) afirma que: “Muitos católicos, metodistas, batistas, episcopais, presbiterianos, congregacionais e luteranos concordaram: a mulher na Igreja precisa de libertação.” Isso as colocou no caminho para a busca da ordenação feminina. E sem qualquer base Escriturística, assumiram a máxima de que os padrões bíblicos eram sexistas, influenciados pela cultura, e deveriam ser mudados.

Depois desta abertura, Lopes (2014) nos mostra que “[...] as feministas cristãs passaram a afirmar que a Bíblia dava suporte à plena igualdade das mulheres e que os homens haviam negligenciado estes conceitos bíblicos.” Isso é a expressão do igualitarismo, idêntico ao defendido pelo feminismo de segunda onda. Os efeitos nocivos do igualitarismo na sociedade já foram apresentados. Mas dentro do cristianismo seus efeitos são ainda mais catastróficos. Wayne Grudem, em seu livro “Feminismo Evangélico: Um novo caminho para o liberalismo”, nos chama a atenção para o fato do feminismo evangélico ter se tornado uma brecha para o liberalismo teológico. (GRUDEM, 2009, p.15) E é fácil perceber porque o igualitarismo conduz ao liberalismo: “A ordenação das mulheres requer o desenvolvimento de uma nova teologia, de uma nova visão sobre Deus, sobre a Bíblia, o culto e o mundo. A teologia deve se redefinir, alinhando-se com o ponto de vista feminino.” (LOPES, 2014).

Com isso, a autoridade bíblica fica enfraquecida e relativizada para atender uma causa ao invés de mostrar a verdadeira Revelação divina. É verdade que nem todos aqueles favoráveis a ordenação feminina sejam liberais. Mas independente disto, a ordenação feminina força a interpretação de textos bíblicos e abrem precedente para questionamentos posteriores. Tokashiki (2017) afirma que a Hermenêutica Feminista é resultado do abandono da autoridade final da Escritura. Pra ele, “A Teologia Feminista é um ramo dentro da conhecida Teologia da Libertação.” Veja como Tokashiki (2017) define a leitura feminista das Escrituras:

A interpretação feminista das Escrituras tem o seu ponto de partida num dos seus pressupostos básicos: a teologia deve fundamentar-se sobre a análise da realidade sociopolítica. Ela não começa com o texto e contexto da Escritura Sagrada, mas com o contexto social da mulher, como sendo oprimida numa sociedade de cosmovisão machista.

Isso evidencia o fato de que o feminismo não parte do princípio que a Bíblia é a Palavra de Deus inspirada para assim interpretá-la, mas abraçam o subjetivismo sob a óptica do oprimido montar todo o seu sistema interpretativo. Tokashiki (2017) ainda afirma: “Na nova hermenêutica a interpretação e sistematização do ensino não é algo extraído das Escrituras, mas da experiência subjetiva do intérprete que impõe sobre o texto sagrado a sua opinião.”

Com tal ponto de vista hermenêutico fica fácil entender o que Grudem (2009, p.26, 27) aponta: “Se olharmos para as denominações que aprovaram a ordenação de mulheres, de 1956 a 1976, vamos descobrir que algumas delas, [...] têm grandes contingentes pressionando para a aprovação da conduta homossexual [...] e a aprovação da ordenação de homossexuais.”  Para este autor existe um caminho obvio traçado por aqueles que abandonam a visão Reformada das Escrituras:

1 deixar de crer na inerrância da Bíblia;
2 aprovar a ordenação de mulheres;
3 abandonar os ensinos da Bíblia sobre o homem como cabeça no casamento;
4 excluir os clérigos que se opõem à ordenação de mulheres;
5 aprovar o comportamento homossexual como moralmente válido em alguns casos;
6 aprovar a ordenação de homossexuais;
7 ordenação de homossexuais para posições de alta liderança na denominação; (GRUDEM, 2009, p.27)

Depois de compreendermos as implicações do feminismo em relação às Escrituras, especialmente sua relativização e o comprometimento desta como inerrante Palavra de Deus, há outros sérios problemas causados pelo feminismo dentro da igreja e das famílias que a compõe.

No campo teológico, a identidade de Deus Pai e de seu Filho, Jesus Cristo são atacadas. John M. Frame, no artigo Deus e Gênero: Macho e Fêmea, apresenta uma discussão levantada por feministas, as quais advogam que também devemos atribuir a Deus gênero feminino. Depois de expor os argumentos feministas, Frame os refuta de uma clara e objetiva perspectiva reformada. Mas ele não é o único a apresentar e tratar deste problema. Wayne Grudem também aponta o fato de que igualitaristas tendem a obscurecer e negar a identidade de Deus como Pai, chamando-o de mãe. Nesse interim, ele explica: “Chamar Deus de ‘Mãe’ é mudar a descrição que o próprio Deus faz de si na Bíblia. É chamar Deus por um nome que ele não tomou para si.” (GRUDEM, 2009, p.197). Todavia isso não é problema para as teólogas do feminismo. Pois, em última análise, isso não passa de uma construção social machista e precisa ser mudada. Assim, Grudem fecha essa questão dizendo:

O igualitarismo leva à abolição de qualquer coisa distintamente masculina. Um Adão andrógino. Um Jesus cuja masculinidade não é importante – apenas sua ‘humanidade’. Um Deus que é ao mesmo tempo Pai e Mãe, e então um Deus que é Mãe, mas não pode ser chamado de Pai. (GRUDEM, 2009, p.198)

Lopes (2014) nos mostra o quão longe a audácia feminista pode chegar, e os absurdos que são capazes de produzir a partir de uma hermenêutica fraudulenta:

O passo mais ousado dado pelo movimento feminista cristão radical foi a "reinvenção de Deus". Mais de 800 feministas, gays e lésbicas do mundo inteiro reuniram-se nos Estados Unidos em 1998 num Congresso chamado Reimaginando Deus. Os participantes chegaram a conclusões tremendas: o verdadeiro deus de Israel era uma deusa chamada Sofia, que os autores masculinos transformaram no deus masculino Javé, homem de guerra. Jesus Cristo não era Deus, mas era a encarnação desta deusa Sofia, que é a personificação da sabedoria feminina. Esta deusa pode ser encontrada dentro de qualquer mulher e é identificada com o ego feminino. No Congresso celebraram uma “Ceia” onde o pão e o vinho foram substituídos por leite e mel, e conclamaram as igrejas tradicionais a pedir perdão por terem se referido a Deus sempre no masculino. Amaldiçoaram os que são contra o aborto e abençoaram os que defendem os gays e as lésbicas.

Se o próprio Deus é alvo da Revolução feminista, o que resta para os homens? Vimos anteriormente que o patriarcado é um dos grandes alvos do feminismo. Isso não é diferente dentro da igreja e nas famílias que a compõe. Para as feministas cristãs, as mulheres são melhores e mais aptas para o governo da igreja, bem como dos lares. Como isso, negam o ensino bíblico basilar da complementação entre os sexos.

No artigo com o título de “Irremediavelmente Patriarcal”, Steve M. Schlissel defende que “Qualquer tentativa de abandonar o governo dos homens precisa começar com a renúncia do governo de Deus, isto é, a Santa Bíblia.” Pois é o próprio Deus que se revelou assim e usou o homem como cabeça. Ele ainda diz:

[...] as feministas estão certas quando reconhecem que a Bíblia é irremediavelmente patriarcal, pois nela encontramos que os homens são nomeados presbíteros (sem exceção), juízes (com uma exceção interessante), profetas (com poucas exceções), sacerdotes e apóstolos (sem exceções). Além disso, tentar encontrar uma anja se manifestando de forma feminina é procurar em vão. (Schlissel)

Concordamos com este autor e precisamos ser categóricos em afirmar que foi Deus que criou o homem e a mulher, iguais em dignidade e no sentido de ambos portarem a imagem de Deus. Todavia, eles possuem papeis diferentes, não estamos falando de competências, mas de papeis a serem desempenhados. “Deus criou os homens para serem cabeças pactuais. A rejeição do patriarcalismo exige a rejeição da Bíblia e do Deus da Bíblia. Aceitar a Bíblia requer aceitar o patriarcalismo. Não é possível interpretar de qualquer outra maneira.” (SCHLISSEL).

Referências

 BAUCHAM, Voddie Jr. As Consequências do Feminismo. Disponível em: http://bereianos.blogspot.com.br/2013/06/as-consequencias-do-feminismo.html

CAMARGO, Edson. De Machorras Militantes e Mal-amadas no mercado. Disponível em: http://bereianos.blogspot.com.br/2012/09/de-machorras-militantes-e-mal-amadas-no.html

CAMARGO, Edson. De Volta ao Lar, De Volta a Realidade. Disponível em: http://bereianos.blogspot.com.br/2012/09/de-volta-ao-lar-de-volta-realidade.html

EINWECHTER, William. A Feminização da Família. Disponível em:
http://bereianos.blogspot.com.br/2013/12/a-feminizacao-da-familia.html

FRAME, John M. Deus e o Gênero: Macho e Fêmea. Disponível em:
http://bereianos.blogspot.com.br/2014/12/deus-e-o-genero-macho-e-femea.html

GRUDEM, Wayne. Confrontado o Feminismo Evangélico: Respostas Bíblicas para perguntas cruciais. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. 336p.

GRUDEM, Wayne. O Feminismo Evangélico: Um novo caminho para o liberalismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. 256p.

JONES, Peter. A Ameaça Pagã: Velhas heresias para uma nova era. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. 394p.

LOPES, Augustus Nicodemus. O Feminismo Cristão: Como tudo começou. Disponível em:
http://tempora-mores.blogspot.com.br/2014/05/o-feminismo-cristao-como-tudo-comecou.html

MAcCULLEY, Carolyn. Feminilidade Radical: Fé Feminina em um mundo feminista. São José dos Campos: FIEL, 2017. 362p.

OLIVETTI, Odayr. A Bíblia é Machista? Disponível em: http://bereianos.blogspot.com.br/2013/09/a-biblia-e-machista.html

PIPER, John. Deus Criou o ser humano homem e mulher: o que significa ser complementarista? Disponível em: http://bereianos.blogspot.com.br/2014/11/deus-criou-o-ser-humano-homem-e-mulher.html

PRIDE, Mary. De Volta ao Lar. São Paulo: Edições Cristãs, 2004. 199p.

SCHLISSEL, Steve M. Irremediavelmente Patriarcal. Disponível em:
http://monergismo.com/steve-schlissel/irremediavelmente-patriarcal/

TOKASHIKI, Ewerton B. Uma Crítica à Hermenêutica Feminista. Disponível em:
http://bereianos.blogspot.com.br/2017/01/uma-critica-hermeneutica-feminista.html



AUTOR: Rev. Vanderson Scherre - Integrante da Equipe do Ministério Cristão Apologético

sábado, 8 de fevereiro de 2020

FEMINISMO - DEFINIÇÕES E PERÍODOS


1 O que é o Feminismo

 De início, é preciso dizer que o feminismo, ou movimento feminista, vai muito além do que o senso comum, o facebook e as demais mídias sociais informam. Trata-se de um movimento mais antigo e abrangente do que a presente geração tem vivenciado. Informações desconhecidas até mesmo por muitas mulheres que se dizem adeptas deste movimento. Para ilustrar esta afirmação, veja o que o google aponta para a definição de “feminismo”: “doutrina que preconiza o aprimoramento e a ampliação do papel e dos direitos das mulheres na sociedade.”[1] Embora esta informação não esteja errada, ela está incompleta, abarcando apenas a primeira onda do feminismo. E por falar em onda, desde já, é importante salientar que o movimento feminista pode ser estudado por suas ondas, que são três. A primeira situa-se entre a primeira metade do século XVIII até 1920, a segunda onda está entre a década de 30 até o final da década de 80, e, por fim, a terceira onda da década de 90 até agora.

Tendo estas três ondas em mente, segue-se a apresentação das mesmas.

1.1 Primeira Onda do Feminismo

O feminismo como conhecemos hoje teve seu início com o movimento sufragista, que nos idos de 1920, lutou para que as mulheres tivessem direito ao voto. Entretanto, é possível voltar um pouco mais no tempo para se encontrar fortes evidências de que a luta das mulheres remontam a séculos anteriores (séc. XVIII e XIX). Em 1776, Abigail Adams, esposa de John Adams[2], já reivindicava de seu marido que este lembrasse das mulheres na promulgação da constituição estadunidense. Em carta pessoal endereçada ao marido, Abigail chama os homens de “naturalmente tiranos” e afirma: “[...] estamos determinadas a fomentar uma rebelião e não nos prenderemos a quaisquer leis quais não temos voz ou representação.” (ADAMS, apud MCCULLEY, 2017, p.45). Ainda que seu apelo não tenha sido correspondido, é preciso reconhecer a ousadia desta mulher ao fazer tal reivindicação e dizer que ela estava certa.

Augustus Nicodemus Lopes faz um levantamento abrangente sobre o movimento feminista e nos faz os seguintes apontamentos sobre as raízes deste movimento:

A “Primeira Onda” do feminismo teve início na primeira metade dos anos de 1700 quando uma inglesa, Mary Wollstonecraft, escreveu A Vindication of the Rights of Woman (A Vindicação dos Direitos da Mulher). Um ano depois desta publicação, Olimpe de Gouges publicou um panfleto em Paris intitulado Le Droits de La Femme (Os Direitos da Mulher) e uma americana, Judith Sargent Murray, publicou On the Equality of the Sexes (Sobre a Igualdade dos Sexos). Outras pensadoras feministas surgiram em pouco tempo tais como Frances Wright, Sarah Grimke, Sojourner Truth, Elizabeth Cady Stanton, Susan B. Anthony, Harriet Taylor e também John Stuart Mill. Seus pensamentos e obras foram defendidos com fervor e pouco a pouco foram deitando profunda influência na sociedade moderna contemporânea do mundo ocidental. (LOPES, 2014)

Enquanto Lopes situa a primeira onda do feminismo na primeira metade do século XVIII, para MacCulley, a “Declaração dos Sentimentos” [3] de 1848 (mesmo ano da publicação do Manifesto do Partido Comunista) foi o ponto de partida da primeira onda feminista.

A Convenção de Direitos das Mulheres, reunidas em Seneca Falls, Nova Iorque, buscavam tratamento igualitário perante a lei, que nada mais era que um eco do pedido da senhora Adams. Neste interim, é importante salientar que muitas das reivindicações eram pertinentes e justas, visto que:

Naquele tempo, antes do matrimônio, a mulher poderia livremente executar um testamento, assinar contrato, processar ou ser processada em nome próprio, e vender ou doar suas posses ou propriedades pessoais conforme desejasse. Com o matrimônio, porém, sua existência e identidade legal como indivíduo eram suspensas. (MCCULLEY, 2017, p.49 grifo nosso)

As principais envolvidas nesta convenção foram Elizabeth Cady Stanton e Lucretia Mott e outras três mulheres. Por fim, a “Declaração dos Sentimentos” foi assinada por 100 pessoas, das quais 32 eram homens que apoiavam a causa. É preciso ressaltar que as reivindicações desta convenção serviram de combustível para as sufragistas de 1920.

Independente do ponto de partida exato, o importante é que a primeira onda do movimento feminista teve considerável respaldo devido a consistência e legitimidade das reivindicações, o que resultou na ampliação dos direitos das mulheres, inclusive direito ao voto, 1920 nos Estados Unidos da América e 12 anos depois no Brasil. MacCulley e Lopes concordam com a razoabilidade da maioria dos pontos reclamados.

Entretanto, a Declaração dos Sentimentos já dava indícios do que estava por vir, inclusive em relação à igreja, pois em seu conteúdo haviam pesadas críticas quanto a interpretação das Escrituras que mantinham as mulheres em papéis subordinados. Mas não trataremos disso agora, pois é matéria para o capítulo 03 Feminismo e Cristianismo.

1.2 Segunda Onda do Feminismo

Tendo apresentado o que foi a primeira onda do feminismo, segue-se a segunda onda. Suas principais expoentes, em ordem cronológica, foram Simone deBeauvoir, Betty Friedan e Kate Millett.
Depois das conquistas sufragistas e das Grandes Guerras, MacCulley entende que o feminismo norte-americano acalmou-se. Entretanto, “[...] na Europa, onde o feminismo estava mais diretamente ligado ao movimento socialista, ele continuou a infiltra-se – especialmente na ‘cultura das cafeterias’ de Paris [...]” (MACCULLEY, 2017, p.58). Foi deste contexto que surgiu Simone de Beauvoir, responsável por levar o feminismo para um próximo nível. Simone foi mulher de ninguém menos que Jean-Paul Sartre, filosofo existencialista do século passado e comprometido com a causa socialista.

Sendo coerentes com a proposta Marxista que defendiam, que é contrária a família tradicional, Sartre e de Beauvoir “[...] decidiram-se por um relacionamento radical. Abandonando os ‘limites do casamento burguês’ eles definiram sua união de toda a vida como um relacionamento aberto, não monogâmico, não marital, que somente exigia ‘completa transparência’.” (MACCULLEY, 2017, p.59). Tal prática é reflexo de suas crenças. Em 1949, ou seja, 20 anos após estarem juntos, de Beauvoir publicou a obra que a tornou mais conhecida: O segundo Sexo.

 Enquanto a primeira onda esteve focado na busca igualdade de direitos civis, a segunda onda foi muito mais ideológica. Pois mesmo depois de ter seus direitos conquistados, as feministas da segunda onda ainda viam-se limitadas, presas a um papel secundário, onde a primazia pertencia aos homens e até mesmo a identidade feminina era definida a partir do homem. Como MacCulley explica:

O segundo sexo é considerado a obra seminal do feminismo moderno. Beauvoir escreveu que a mulher ‘é definida e diferenciada com referência ao homem e não ele em referência a ela; ela é incidental, o não essencial em contraste ao essencial. Ele é o Sujeito, ele é o Absoluto – ela é o Outro’. Por causa desse status secundário, Beauvoir argumentou que as mulheres foram ‘aprisionadas’ pelos papéis de esposa, mãe e amante; portanto, ela defendia que ‘todas as formas de socialismo, ao separar a mulher da família, favorecem a sua libertação’”. (2017, p.60)

Ainda sobre este assunto, em sua leitura de Beauvoir, Lopes afirma: “As mulheres foram forçadas pelos homens a se conformar e se moldar àquilo que os homens criaram para seu próprio benefício e prazer. Às mulheres de seus dias não foi permitido ou não foram encorajadas a fazer ou se tornar qualquer outra coisa além do que o feminino eterno ditava” (LOPES, 2014).

A vida de Beauvoir foi muito diferente de sua ideologia. Enquanto defendia a liberdade das mulheres em relação aos homens, viveu aprisionada a um homem, “[...] ela mesma fez parte de seus relacionamentos predatórios com jovens mulheres – uma que sofreu crise nervosa, duas que cometeram suicídio e uma quarta que enfrentou três abortos para poupar Sartre do fardo da paternidade.” (MACCULLEY, 2017, p.61). Estes longos anos de parceria foram recompensados quando “Ele morreu em 1980, excluindo-a de seu testamento e deixando seu patrimônio à sua última amante.” (MACCULLEY, 2017, p.62). Estudiosos apontam que o relacionamento de Beauvoir com Sartre era a coisa mais importante de sua vida.

Quando O Segundo Sexo foi traduzido para o inglês, sua aceitação foi baixa. Mas é aqui que a segunda expoente desta onda do feminismo entra. Betty Friedan era jornalista e apresentou a filosofia de Beauvoir em 1963 com seu livro A Mística Feminina. Para ela havia uma “voz dentro das mulheres que diz: ‘eu quero algo mais que o meu marido, meus filhos e meu lar’”. (FRIEDAN apud MACCULLY, 2017, p.64). Lopes explica as ideias de Friedan nas seguintes palavras: “Ela afirmou que esta mística do ideal feminino tornou as mulheres infantis e frívolas, quase como crianças, levianas e femininas; passivas; garbosas no mundo da cama e da cozinha, do sexo, dos bebês e da casa.” (LOPES, 2014).

Contrastando as reivindicações da primeira onda do feminismo e os reclames de Friedan, MacCulley (2017, p.64) faz uma constatação, no mínimo, engraçada. Enquanto as antecessoras de Friedan lutaram por causas reais, direitos legais, ela se queixa do “[...] tédio feminino em meio a todos os bens de consumo!” Para fugir do seu tédio, Friedan foi uma militante intensa. Entre suas causas de militância estão as políticas pró-aborto. Como se dissessem, vamos curar nosso tedio assassinando crianças.

Esse mal tedioso que Beauvior e Friedan não atribuem nome, posteriormente, é nominado por Kate Millett no final da década de 60. E ela o atribuiu ao patriarcado (governo do pai). Lopes (2014) nos apresenta esta questão nos seguintes termos:

As feministas viram o patriarcado como a causa última do descontentamento das mulheres. [...] o patriarcado foi o poder dos homens que oprimiu as mulheres e que era responsável pela infelicidade delas. As feministas concluíram que a destruição do patriarcado traria de volta a plenitude das mulheres.

Com isso, podemos perceber que a segunda onda do movimento feminista consistiu numa luta identitária. Ou seja, a mulher tentando formar sua identidade a partir dela mesma, desvinculada do homem. Uma identidade autônoma, que não leva em consideração o sexo oposto, mas que busca recriar-se partindo de si mesma. Por isso lutavam contra o patriarcado e eram favoráveis ao aborto, elementos que notadamente contribuem para a formação da identidade feminina como mulher e mãe, em contraste com a masculina, pela relação marido-mulher e pai-mãe proporcionada pela maternidade. Uma consequência lógica desta reformulação identitária somada a aversão a figura masculina foi o lesbianismo.

1.3 Terceira Onda do Feminismo

A ex-feminista Carolyn MacCulley (2017, p.67) identifica a terceira onda do feminismo no início da década de 90. “Mais difícil de documentar enquanto movimento, a influência da terceira onda pode ser bem vista na cultura pop [...]”. Para esta autora, a terceira onda foi um ataque na sexualidade feminina, desencadeando na cultura da vulgaridade. Veja como ela se refere a este momento do feminismo: “Vivemos numa cultura de sexualidade feminina hiperagressiva, a qual é possivelmente a pior de todas já registradas na história.” (MACCULLEY, 2017, p.285).

De fato, a terceira onda do feminismo é muito mais danosa e perceptível do que documentável. Por não conseguir uma expressão mais clara daquilo que se tem vivido referente ao feminismo, cita-se aqui um parágrafo completo da obra de MacCulley (2017, p.287):

Então se você está se perguntando por que motivo meninas vestem camisetas de “estrela pornô”, por que os paparazzis oferecem cobertura ininterrupta dos últimos escândalos sexuais das celebridades que tiveram suas vidas devastadas, por que a academia local oferece "pole dance” e por que é quase impossível encontrar roupas atraentes e ainda assim modestas para você mesma e para suas filhas — você está experimentando os efeitos, em grande parte, do feminismo da terceira onda. Teorias do “sexo-positivo” ou “sexo-radical” são uma grande parte do feminismo de terceira onda. As feministas desta fase fizeram uma reviravolta, abolindo a oposição, da segunda onda, à pornografia e ao trabalho do sexo, afirmando que as profissionais do sexo ou pornografia podem ser “empoderadas”. As feministas da terceira onda também abraçaram um conceito fluido de gênero e rejeitaram qualquer definição universal de feminilidade.

Esta terceira onda do feminismo é de tal maneira agressiva, que entrou em conflito com o próprio feminismo de segunda onda. Pois enquanto estas viam na pornografia e na prostituição meios de subjugação feminina[4], aquelas viam na hipersexualidade um instrumento de libertação. Ou seja, a mulher só é totalmente livre quando libera sua sexualidade ao máximo. Por isso vemos feministas de terceira onda exigindo supostos direitos e se manifestando nuas, com expressões sexuais apelativas e agressivas, como documentado pelo portal de notícias G1[5]. Mas este não é um incidente isolado, pelo contrário, esta vem sendo a prática comum deste movimento.

Um ponto a ser observado é a relação entranhada entre os ideias feministas e os Comunistas. Para Edson Camargo (2012), o feminismo é uma sub-ideologia auxiliar do socialismo. Veja ainda o que diz Mary Pride, ex-feminista, autora do livro “De Volta ao Lar”:

As feministas vêem claramente que não é possível as mulheres e os homens ocuparem um o papel do outro enquanto as funções de trabalho dentro da família continuam independentes do controle do governo. Em outras palavras, elas sabem que (1) só o socialismo torna possível que as mulheres trabalhem nos empregos dos homens e vice-versa e (2) a esposa que permanece no lar é o maior obstáculo para o socialismo. O socialismo procura eliminar tudo o que é particular: casas, filhos, etc. Conforme escreve certa feminista: “A principal preocupação da sociedade feminista e socialista do futuro será deixar o governo cuidar das funções de trabalho dentro da família”. (PRIDE, 2004, p.146)

Com a banalização e agressividade sexual, o feminismo tem avançado como nunca, tornando se “[...] a ideologia de gênero da nossa sociedade. Desde as universidades até as escolas públicas, da mídia até as Forças Armadas, o feminismo decide as questões, determina os termos do debate, e intimida oponentes em potencial ao ponto do silêncio absoluto.” (DAVIDSON, apud EINWECHTER, 2013).
Fechamos aqui nosso levantamento sobre o movimento feminista apresentando suas três ondas: 

A Primeira Onda é marcada pela busca dos direitos civis; A Segunda Onda é marcada pela reformulação identitária da mulher e sua liberdade; Por fim, A Terceira Onda tem por característica o “sexo-radical”, marcado pela cultura da vulgaridade e pela sexualidade hiperagressiva. Portanto, as mulheres que começaram sua luta buscando direitos civis igualitários e o direito à propriedade, passam a buscar a legitimidade para o assassinato de crianças ainda do útero materno, aceitação do lesbianismo como prática sexual normal e chegam nas portas do século XXI desconstruindo as bases da sociedade em nome da vulgaridade travestida de liberdade.



[1] Disponível em: https://www.google.com.br/search?q=feminismo&oq=feminismo&aqs=chrome..69i57j69i65j0l4.1105j0j3&sourceid=chrome&ie=UTF-8
[2] John Adams foi o segundo presidente dos Estados Unidos da América e exerceu seu mandato entre 4 de março de 1797 até 4 de março de 1801.
[3] Para mais informações e detalhes sobre este documento acesse: https://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_de_Sentimentos
[4] “Dworkin ganhou destaque na mídia em 1980 por colaborar com a jurista e feminista Catherine MacKinnon em favor de Linda Lovelace, estrela de filme pornográfico Garganta Profunda, cujos direitos civis elas estavam convencidas de que tinham sido violados. Dworkin fez frequente campanha sobre o tema, ajudando a elaborar uma lei em 1983 que definiu a pornografia como uma violação dos direitos civis contra as mulheres.” (MacCulley, 2017, p.303).
[5] No dia 14 de Novembro de 2014, Ativistas do Femen protestam contra visita do Papa a Estrasburgo.
As três manifestantes protestavam contra a visita do Papa ao Parlamento Europeu no dia 25 de novembro. Nas fotos do protesto, as manifestantes aparecem seminuas, introduzindo crucifixos por entre as nádegas. http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/11/ativistas-do-femen-protestam-contra-visita-do-papa-estrasburgo.html

AUTOR: Rev. Vanderson Scherre - Ministério Cristão Apologético