sábado, 8 de fevereiro de 2020

FEMINISMO - DEFINIÇÕES E PERÍODOS


1 O que é o Feminismo

 De início, é preciso dizer que o feminismo, ou movimento feminista, vai muito além do que o senso comum, o facebook e as demais mídias sociais informam. Trata-se de um movimento mais antigo e abrangente do que a presente geração tem vivenciado. Informações desconhecidas até mesmo por muitas mulheres que se dizem adeptas deste movimento. Para ilustrar esta afirmação, veja o que o google aponta para a definição de “feminismo”: “doutrina que preconiza o aprimoramento e a ampliação do papel e dos direitos das mulheres na sociedade.”[1] Embora esta informação não esteja errada, ela está incompleta, abarcando apenas a primeira onda do feminismo. E por falar em onda, desde já, é importante salientar que o movimento feminista pode ser estudado por suas ondas, que são três. A primeira situa-se entre a primeira metade do século XVIII até 1920, a segunda onda está entre a década de 30 até o final da década de 80, e, por fim, a terceira onda da década de 90 até agora.

Tendo estas três ondas em mente, segue-se a apresentação das mesmas.

1.1 Primeira Onda do Feminismo

O feminismo como conhecemos hoje teve seu início com o movimento sufragista, que nos idos de 1920, lutou para que as mulheres tivessem direito ao voto. Entretanto, é possível voltar um pouco mais no tempo para se encontrar fortes evidências de que a luta das mulheres remontam a séculos anteriores (séc. XVIII e XIX). Em 1776, Abigail Adams, esposa de John Adams[2], já reivindicava de seu marido que este lembrasse das mulheres na promulgação da constituição estadunidense. Em carta pessoal endereçada ao marido, Abigail chama os homens de “naturalmente tiranos” e afirma: “[...] estamos determinadas a fomentar uma rebelião e não nos prenderemos a quaisquer leis quais não temos voz ou representação.” (ADAMS, apud MCCULLEY, 2017, p.45). Ainda que seu apelo não tenha sido correspondido, é preciso reconhecer a ousadia desta mulher ao fazer tal reivindicação e dizer que ela estava certa.

Augustus Nicodemus Lopes faz um levantamento abrangente sobre o movimento feminista e nos faz os seguintes apontamentos sobre as raízes deste movimento:

A “Primeira Onda” do feminismo teve início na primeira metade dos anos de 1700 quando uma inglesa, Mary Wollstonecraft, escreveu A Vindication of the Rights of Woman (A Vindicação dos Direitos da Mulher). Um ano depois desta publicação, Olimpe de Gouges publicou um panfleto em Paris intitulado Le Droits de La Femme (Os Direitos da Mulher) e uma americana, Judith Sargent Murray, publicou On the Equality of the Sexes (Sobre a Igualdade dos Sexos). Outras pensadoras feministas surgiram em pouco tempo tais como Frances Wright, Sarah Grimke, Sojourner Truth, Elizabeth Cady Stanton, Susan B. Anthony, Harriet Taylor e também John Stuart Mill. Seus pensamentos e obras foram defendidos com fervor e pouco a pouco foram deitando profunda influência na sociedade moderna contemporânea do mundo ocidental. (LOPES, 2014)

Enquanto Lopes situa a primeira onda do feminismo na primeira metade do século XVIII, para MacCulley, a “Declaração dos Sentimentos” [3] de 1848 (mesmo ano da publicação do Manifesto do Partido Comunista) foi o ponto de partida da primeira onda feminista.

A Convenção de Direitos das Mulheres, reunidas em Seneca Falls, Nova Iorque, buscavam tratamento igualitário perante a lei, que nada mais era que um eco do pedido da senhora Adams. Neste interim, é importante salientar que muitas das reivindicações eram pertinentes e justas, visto que:

Naquele tempo, antes do matrimônio, a mulher poderia livremente executar um testamento, assinar contrato, processar ou ser processada em nome próprio, e vender ou doar suas posses ou propriedades pessoais conforme desejasse. Com o matrimônio, porém, sua existência e identidade legal como indivíduo eram suspensas. (MCCULLEY, 2017, p.49 grifo nosso)

As principais envolvidas nesta convenção foram Elizabeth Cady Stanton e Lucretia Mott e outras três mulheres. Por fim, a “Declaração dos Sentimentos” foi assinada por 100 pessoas, das quais 32 eram homens que apoiavam a causa. É preciso ressaltar que as reivindicações desta convenção serviram de combustível para as sufragistas de 1920.

Independente do ponto de partida exato, o importante é que a primeira onda do movimento feminista teve considerável respaldo devido a consistência e legitimidade das reivindicações, o que resultou na ampliação dos direitos das mulheres, inclusive direito ao voto, 1920 nos Estados Unidos da América e 12 anos depois no Brasil. MacCulley e Lopes concordam com a razoabilidade da maioria dos pontos reclamados.

Entretanto, a Declaração dos Sentimentos já dava indícios do que estava por vir, inclusive em relação à igreja, pois em seu conteúdo haviam pesadas críticas quanto a interpretação das Escrituras que mantinham as mulheres em papéis subordinados. Mas não trataremos disso agora, pois é matéria para o capítulo 03 Feminismo e Cristianismo.

1.2 Segunda Onda do Feminismo

Tendo apresentado o que foi a primeira onda do feminismo, segue-se a segunda onda. Suas principais expoentes, em ordem cronológica, foram Simone deBeauvoir, Betty Friedan e Kate Millett.
Depois das conquistas sufragistas e das Grandes Guerras, MacCulley entende que o feminismo norte-americano acalmou-se. Entretanto, “[...] na Europa, onde o feminismo estava mais diretamente ligado ao movimento socialista, ele continuou a infiltra-se – especialmente na ‘cultura das cafeterias’ de Paris [...]” (MACCULLEY, 2017, p.58). Foi deste contexto que surgiu Simone de Beauvoir, responsável por levar o feminismo para um próximo nível. Simone foi mulher de ninguém menos que Jean-Paul Sartre, filosofo existencialista do século passado e comprometido com a causa socialista.

Sendo coerentes com a proposta Marxista que defendiam, que é contrária a família tradicional, Sartre e de Beauvoir “[...] decidiram-se por um relacionamento radical. Abandonando os ‘limites do casamento burguês’ eles definiram sua união de toda a vida como um relacionamento aberto, não monogâmico, não marital, que somente exigia ‘completa transparência’.” (MACCULLEY, 2017, p.59). Tal prática é reflexo de suas crenças. Em 1949, ou seja, 20 anos após estarem juntos, de Beauvoir publicou a obra que a tornou mais conhecida: O segundo Sexo.

 Enquanto a primeira onda esteve focado na busca igualdade de direitos civis, a segunda onda foi muito mais ideológica. Pois mesmo depois de ter seus direitos conquistados, as feministas da segunda onda ainda viam-se limitadas, presas a um papel secundário, onde a primazia pertencia aos homens e até mesmo a identidade feminina era definida a partir do homem. Como MacCulley explica:

O segundo sexo é considerado a obra seminal do feminismo moderno. Beauvoir escreveu que a mulher ‘é definida e diferenciada com referência ao homem e não ele em referência a ela; ela é incidental, o não essencial em contraste ao essencial. Ele é o Sujeito, ele é o Absoluto – ela é o Outro’. Por causa desse status secundário, Beauvoir argumentou que as mulheres foram ‘aprisionadas’ pelos papéis de esposa, mãe e amante; portanto, ela defendia que ‘todas as formas de socialismo, ao separar a mulher da família, favorecem a sua libertação’”. (2017, p.60)

Ainda sobre este assunto, em sua leitura de Beauvoir, Lopes afirma: “As mulheres foram forçadas pelos homens a se conformar e se moldar àquilo que os homens criaram para seu próprio benefício e prazer. Às mulheres de seus dias não foi permitido ou não foram encorajadas a fazer ou se tornar qualquer outra coisa além do que o feminino eterno ditava” (LOPES, 2014).

A vida de Beauvoir foi muito diferente de sua ideologia. Enquanto defendia a liberdade das mulheres em relação aos homens, viveu aprisionada a um homem, “[...] ela mesma fez parte de seus relacionamentos predatórios com jovens mulheres – uma que sofreu crise nervosa, duas que cometeram suicídio e uma quarta que enfrentou três abortos para poupar Sartre do fardo da paternidade.” (MACCULLEY, 2017, p.61). Estes longos anos de parceria foram recompensados quando “Ele morreu em 1980, excluindo-a de seu testamento e deixando seu patrimônio à sua última amante.” (MACCULLEY, 2017, p.62). Estudiosos apontam que o relacionamento de Beauvoir com Sartre era a coisa mais importante de sua vida.

Quando O Segundo Sexo foi traduzido para o inglês, sua aceitação foi baixa. Mas é aqui que a segunda expoente desta onda do feminismo entra. Betty Friedan era jornalista e apresentou a filosofia de Beauvoir em 1963 com seu livro A Mística Feminina. Para ela havia uma “voz dentro das mulheres que diz: ‘eu quero algo mais que o meu marido, meus filhos e meu lar’”. (FRIEDAN apud MACCULLY, 2017, p.64). Lopes explica as ideias de Friedan nas seguintes palavras: “Ela afirmou que esta mística do ideal feminino tornou as mulheres infantis e frívolas, quase como crianças, levianas e femininas; passivas; garbosas no mundo da cama e da cozinha, do sexo, dos bebês e da casa.” (LOPES, 2014).

Contrastando as reivindicações da primeira onda do feminismo e os reclames de Friedan, MacCulley (2017, p.64) faz uma constatação, no mínimo, engraçada. Enquanto as antecessoras de Friedan lutaram por causas reais, direitos legais, ela se queixa do “[...] tédio feminino em meio a todos os bens de consumo!” Para fugir do seu tédio, Friedan foi uma militante intensa. Entre suas causas de militância estão as políticas pró-aborto. Como se dissessem, vamos curar nosso tedio assassinando crianças.

Esse mal tedioso que Beauvior e Friedan não atribuem nome, posteriormente, é nominado por Kate Millett no final da década de 60. E ela o atribuiu ao patriarcado (governo do pai). Lopes (2014) nos apresenta esta questão nos seguintes termos:

As feministas viram o patriarcado como a causa última do descontentamento das mulheres. [...] o patriarcado foi o poder dos homens que oprimiu as mulheres e que era responsável pela infelicidade delas. As feministas concluíram que a destruição do patriarcado traria de volta a plenitude das mulheres.

Com isso, podemos perceber que a segunda onda do movimento feminista consistiu numa luta identitária. Ou seja, a mulher tentando formar sua identidade a partir dela mesma, desvinculada do homem. Uma identidade autônoma, que não leva em consideração o sexo oposto, mas que busca recriar-se partindo de si mesma. Por isso lutavam contra o patriarcado e eram favoráveis ao aborto, elementos que notadamente contribuem para a formação da identidade feminina como mulher e mãe, em contraste com a masculina, pela relação marido-mulher e pai-mãe proporcionada pela maternidade. Uma consequência lógica desta reformulação identitária somada a aversão a figura masculina foi o lesbianismo.

1.3 Terceira Onda do Feminismo

A ex-feminista Carolyn MacCulley (2017, p.67) identifica a terceira onda do feminismo no início da década de 90. “Mais difícil de documentar enquanto movimento, a influência da terceira onda pode ser bem vista na cultura pop [...]”. Para esta autora, a terceira onda foi um ataque na sexualidade feminina, desencadeando na cultura da vulgaridade. Veja como ela se refere a este momento do feminismo: “Vivemos numa cultura de sexualidade feminina hiperagressiva, a qual é possivelmente a pior de todas já registradas na história.” (MACCULLEY, 2017, p.285).

De fato, a terceira onda do feminismo é muito mais danosa e perceptível do que documentável. Por não conseguir uma expressão mais clara daquilo que se tem vivido referente ao feminismo, cita-se aqui um parágrafo completo da obra de MacCulley (2017, p.287):

Então se você está se perguntando por que motivo meninas vestem camisetas de “estrela pornô”, por que os paparazzis oferecem cobertura ininterrupta dos últimos escândalos sexuais das celebridades que tiveram suas vidas devastadas, por que a academia local oferece "pole dance” e por que é quase impossível encontrar roupas atraentes e ainda assim modestas para você mesma e para suas filhas — você está experimentando os efeitos, em grande parte, do feminismo da terceira onda. Teorias do “sexo-positivo” ou “sexo-radical” são uma grande parte do feminismo de terceira onda. As feministas desta fase fizeram uma reviravolta, abolindo a oposição, da segunda onda, à pornografia e ao trabalho do sexo, afirmando que as profissionais do sexo ou pornografia podem ser “empoderadas”. As feministas da terceira onda também abraçaram um conceito fluido de gênero e rejeitaram qualquer definição universal de feminilidade.

Esta terceira onda do feminismo é de tal maneira agressiva, que entrou em conflito com o próprio feminismo de segunda onda. Pois enquanto estas viam na pornografia e na prostituição meios de subjugação feminina[4], aquelas viam na hipersexualidade um instrumento de libertação. Ou seja, a mulher só é totalmente livre quando libera sua sexualidade ao máximo. Por isso vemos feministas de terceira onda exigindo supostos direitos e se manifestando nuas, com expressões sexuais apelativas e agressivas, como documentado pelo portal de notícias G1[5]. Mas este não é um incidente isolado, pelo contrário, esta vem sendo a prática comum deste movimento.

Um ponto a ser observado é a relação entranhada entre os ideias feministas e os Comunistas. Para Edson Camargo (2012), o feminismo é uma sub-ideologia auxiliar do socialismo. Veja ainda o que diz Mary Pride, ex-feminista, autora do livro “De Volta ao Lar”:

As feministas vêem claramente que não é possível as mulheres e os homens ocuparem um o papel do outro enquanto as funções de trabalho dentro da família continuam independentes do controle do governo. Em outras palavras, elas sabem que (1) só o socialismo torna possível que as mulheres trabalhem nos empregos dos homens e vice-versa e (2) a esposa que permanece no lar é o maior obstáculo para o socialismo. O socialismo procura eliminar tudo o que é particular: casas, filhos, etc. Conforme escreve certa feminista: “A principal preocupação da sociedade feminista e socialista do futuro será deixar o governo cuidar das funções de trabalho dentro da família”. (PRIDE, 2004, p.146)

Com a banalização e agressividade sexual, o feminismo tem avançado como nunca, tornando se “[...] a ideologia de gênero da nossa sociedade. Desde as universidades até as escolas públicas, da mídia até as Forças Armadas, o feminismo decide as questões, determina os termos do debate, e intimida oponentes em potencial ao ponto do silêncio absoluto.” (DAVIDSON, apud EINWECHTER, 2013).
Fechamos aqui nosso levantamento sobre o movimento feminista apresentando suas três ondas: 

A Primeira Onda é marcada pela busca dos direitos civis; A Segunda Onda é marcada pela reformulação identitária da mulher e sua liberdade; Por fim, A Terceira Onda tem por característica o “sexo-radical”, marcado pela cultura da vulgaridade e pela sexualidade hiperagressiva. Portanto, as mulheres que começaram sua luta buscando direitos civis igualitários e o direito à propriedade, passam a buscar a legitimidade para o assassinato de crianças ainda do útero materno, aceitação do lesbianismo como prática sexual normal e chegam nas portas do século XXI desconstruindo as bases da sociedade em nome da vulgaridade travestida de liberdade.



[1] Disponível em: https://www.google.com.br/search?q=feminismo&oq=feminismo&aqs=chrome..69i57j69i65j0l4.1105j0j3&sourceid=chrome&ie=UTF-8
[2] John Adams foi o segundo presidente dos Estados Unidos da América e exerceu seu mandato entre 4 de março de 1797 até 4 de março de 1801.
[3] Para mais informações e detalhes sobre este documento acesse: https://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_de_Sentimentos
[4] “Dworkin ganhou destaque na mídia em 1980 por colaborar com a jurista e feminista Catherine MacKinnon em favor de Linda Lovelace, estrela de filme pornográfico Garganta Profunda, cujos direitos civis elas estavam convencidas de que tinham sido violados. Dworkin fez frequente campanha sobre o tema, ajudando a elaborar uma lei em 1983 que definiu a pornografia como uma violação dos direitos civis contra as mulheres.” (MacCulley, 2017, p.303).
[5] No dia 14 de Novembro de 2014, Ativistas do Femen protestam contra visita do Papa a Estrasburgo.
As três manifestantes protestavam contra a visita do Papa ao Parlamento Europeu no dia 25 de novembro. Nas fotos do protesto, as manifestantes aparecem seminuas, introduzindo crucifixos por entre as nádegas. http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/11/ativistas-do-femen-protestam-contra-visita-do-papa-estrasburgo.html

AUTOR: Rev. Vanderson Scherre - Ministério Cristão Apologético

Um comentário:

  1. Como você se sente quando a pessoa com quem você planejava passar o resto da vida repentinamente diz que não está mais interessada no casamento do nada, que é o tipo de situação que eu estava quando me deparei com o lançador de feitiços chamado Dr. Ajayi, eu estava coração partido implorou ao meu marido por vários meses para voltar para casa, todos os meus apelos não foram correspondidos até que vi um testemunho de uma senhora que descreveu como o lançador de feitiços Dr. Ajayi a ajudou a conseguir um bom emprego remunerado e disse que ele é capaz de outros tipo de feitiço, ela soltou o número do Viber dele: +2347084887094 Peguei o número e enviei a mensagem O feitiço Caster Dr Ajayi explicou minha situação e como meu marido saiu de casa de repente, ele me disse por que meu marido saiu de casa depois de fazer um feitiço, ele levou apenas sete dias para trazer a felicidade de volta à minha vida, porque estou vivendo feliz com meu marido e estamos esperando nosso segundo filho. Se você precisar da ajuda de um lançador de feitiços para qualquer tipo de problema de vida em que possa pensar, entre em contato com o lançador de feitiços no seu número Viber ou WhatsApp: +2347084887094 ou E-mail: drajayi1990@gmail.com

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