quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Stephen Charnock: O Conhecimento de Deus e a Vontade do Homem

"Agora, vamos considerar resumidamente seis princípios a respeito do conhecimento de Deus e a vontade do homem.

1. O fato de alguma coisa necessariamente tenha que ocorrer, não tira a liberdade do executor. Podemos agir livremente, mesmo que Deus determine nossas ações de antemão.

2. A vontade não pode ser compelida, pois então deixaria de ser vontade. Quando fazemos o que desejamos, não podemos honestamente dizer que fomos forçados a isso. Adão não ousou acusar a Deus por forçá-lo a pecar. Judas, que ouviu Cristo profetizar sobre a sua traição, não ousou acusar a Cristo pelo seu pecado, pois agiu livremente, ficando cheio de um insuportável sentimento de culpa.

3. Considerada em si mesma, a presciência de Deus não é a causa de nada. Até o homem, com seu pré-conhecimento limitado das coisas, não pode determinar o futuro delas. Eu posso até saber que se um bêbado entrar em um bar, ele ficará embriagado, mas o meu conhecimento deste fato não é o causador disso. O pré-conhecimento de Deus não tira a liberdade da vontade do homem.

4. Deus conhece de antemão todas as coisas porque elas irão ocorrer, mas elas não irão ocorrer porque Ele as conhece de antemão. Algumas coisas Deus determinou fazer por si mesmo, enquanto outras, Ele permitiu que Suas criaturas fizessem, retirando assim o seu poder restritor sobre elas. (Isso elimina Deus de qualquer cumplicidade ou autoria com relação ao pecado).

5. Deus não somente previu as ações dos homens, mas também a vontade dos homens. O conhecimento de Deus do homem não faz com que o homem seja menos homem. Embora Deus conheça os agentes livres, eles permanecem na posição de liberdade, não de compulsão. Em outras palavras, o conhecimento de Deus estabelece a liberdade do homem ao invés de destruí-la.

6. A fim de defender a liberdade da vontade do homem, não devemos negar a perfeição do conhecimento de Deus. Devemos esperar até aquele último dia para que possamos conciliar melhor estas duas verdades. Na verdade, Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos (Romanos 11: 33)! Devemos evitar o fatalismo por um lado, e o ateísmo do outro."

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