segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Batismo Infantil e a ‘imersiolatria’: O tropeço Batista.

Não fosse os hereges anabatistas, a doutrina do Batismo Infantil talvez jamais seria questionada. Caso a heresia da regeneração batismal não fosse fomentada por Tertuliano, o batismo dos filhos de crentes não seriam protelados. Não fosse o gradual abandono da correta concepção da unidade entre o VT e o NT, abrindo o caminho para o dispensacionalismo, teríamos um consenso nesse assunto.


Mas infelizmente não podemos desfrutar dessa paz sacramental. Seria uma paz, pois no assunto da Santa Ceia as igrejas não estão divididas se o vinho é alcoólico ou não, se o pão tem fermento ou não, se a ceia pode ou não ser de dia ou à noite, todo domingo, uma vez no mês ou anualmente, etc.


TEM ALGUMA IGREJA CRISTÃ QUE REJEITA A VALIDADE DE OUTRA COM BASE NA FORMA QUE SE MINISTRA A SANTA CEIA?


É um conto de fadas, ouvir os batistas dizerem que ‘o rastro de sangue’ (lamentamos) não tenha um rastro de heresias também. Servetus era um anabatista. Nem mesmo a forma do batismo poderia ser discutida como herança ‘anabatista primitiva’. O caso era mais a expressão de fé do que, imersão ou derramamento. No passado os Batistas foram mais exclusivistas (mas muitos ainda são) a ponto de dizerem: ‘Não somos protestantes!’ isso eles diziam muito por causa do Batismo infantil...


Mas não é sobre os anabatistas que quero discorrer. É sobre o Batismo Infantil. Perguntar se existe base bíblica para o batismo infantil, quando inúmeros pedobatistas dizem que ‘não existe um exemplo claro’, não seria chover no molhado?


Começo a dizer a esses pedobatistas, que em nome de uma união submissa, e medo de serem identificados com a mentira que somos ‘iguais aos católicos’, e ficam se escondendo desse assunto. Seria bom agirem com coragem. Quero postar algumas coisas que acho interessante sobre o batismo infantil.


As objeções:


‘AS CRIANÇAS NÃO TÊM FÉ, LOGO NÃO DEVEM SER BATIZADAS!’ – Visto que o batismo é precedido por fé, essa objeção parece ser a que mais tem intimidado os pedobatistas.


Sem rodeios podemos apresentar algumas respostas:


1) O reino de Deus pertence às crianças (que vão à Cristo). Mas ninguém que não nasce de novo entrará no Reino do Céu. Quando uma criança (eleita) morre, ela vai para o céu sem nascer de novo? O novo nascimento também não é precedido pela fé?


2) Romanos 4.11 que Abraão “recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé ...”. Se A BÍBLIA diz que a circuncisão era ‘um selo da justificação da fé’, e esse mesmo selo foi dado ao filho pequeno de Abraão que não tinha fé aos 8 dias de nascido, qual motivo teria eu de negar o batismo aos meu filhos? Visto que A BÍBLIA mostra que a real circuncisão é hoje cumprida na comunidade cristã: ‘Nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus’ Fl 3.3.


‘Nós é que somos a circuncisão’... ora, ora, irmãos batistas, somos a circuncisão excluindo nossos filhos do sinal de ingresso na igreja visível???


‘NÃO EXISTE ORDEM NO NT PARA BATIZAR CRIANÇAS’!


Essa indagação é inútil. Quantas coisas podem ser concluídas da Escritura corretamente? Mas como resposta, dizemos que o NT não precisa repetir aquilo que está no VT, embora faça em muitos casos. O Batismo Infantil é pressuposto, praticado e teologicamente substanciado no NT. Por isso não existe uma ordem!


‘NÃO EXISTE UM EXEMPLO DE BATISMO INFANTIL DO NT’!


Na verdade não existe um exemplo sequer de um crente que nasceu em um lar Cristão e foi batizado apenas na idade adulta !!!


Mas temos vários exemplos do Batismo Infantil no NT.


1) “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, e para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.” Atos 2.38,39


A teologia da Aliança responde satisfatoriamente o assunto do batismo infantil. Até mesmo os batistas, que não são ‘dispensacionalistas’, e subscrevem a teologia da Aliança, rejeitam a conclusão do batismo aos filhos menores, mesmo que a circuncisão tenha sido substituída pelo batismo.( Os ‘batistas reformados’ tem um maneira mais branda de tratar-nos, temos uma aproximação mais tranquila com eles. É o tipo de J. Bunyan que embora imersionista, olhava os aspersionistas como batizados no Espírito.)


Já foi dito, como objeção, que a Igreja continuou a praticar a circuncisão por algum tempo, e nunca os apóstolos argumentaram a nulidade da circuncisão por causa do batismo. Essas são questões interessantes.


Mas esse silêncio também pode nos favorecer. Sendo um argumento flexível. Por exemplo: O assunto não foi abordado nessa perspectiva porque a inclusão dos filhos dos crentes era evidente!

Posso também acrescentar que a circuncisão, quando era tratada, na maioria dos casos, tinha mais um pano de fundo negativo; a identificação nacional em detrimento com a universalidade da Igreja, do que com seu símbolo positivo – o ingresso na comunidade dos salvos. No entanto, em alguns casos percebemos essa interação positiva. Veja Cl 2.11; Fl 3.3; com At 15; Gl 6.15.


2) Atos 10.24,44-48;11.14: O texto confirma que ‘a casa’ foi batizada. Não teriam crianças? Antes de concluir qualquer coisa, parte do versículo 24 diz que Cornélio convidou ‘amigos e parentes’. Não tinha crianças? Vamos ver ainda alguns versículos para tirarmos conclusões evidentes...


3) Atos 16.15: “Depois de ser batizada, ela e toda a sua casa...” Segundo Phillipe Landes a antiga versão Peshita Siríaca traduziu assim esse texto: ‘Ela foi batizada e as crianças da sua casa.’ Isso é evidencia que a perspectiva pedobatista é tão antiga! A palavra ‘casa’ usada nesse texto significa ‘família’. E essa mesma palavra é usada para descrever família com crianças.


4) Atos 16.33 “... ele foi batizado e todos os seus.” A objeção mais comum que os batistas fazem do uso desse versículo é que no 34 esses ‘seus’ haviam crido em Deus. Logo, eram adultos. Ledo engano! Quando eu digo: Minha casa SERVE a Deus! Minha casa CRÊ em Deus! Mesmo tendo 2 filhos pequenos, todos sabem que essa é uma classificação genérica e inclusiva.


Tenho um filho de 3 anos. Falo do Senhor para ele, e sei que tudo é ‘fantasioso’ para ele. (Julguem-me corretamente! estou dizendo que quando conto histórias bíblicas para ele, e falo da morte de Cristo, a sua capacidade de percepção não é amadurecida ainda.) ‘Eu e minha casa cremos em Deus’, exclui esse meu filho? Obvio que não!


5) Atos 18.8 ‘Crispo com toda sua casa creram e foram batizados’ O versículo inclui ‘também vários dos coríntios’. O uso de ‘casa’ para representar a família de Crispo é relevante quando considerado que outras pessoas, várias delas, estavam sendo batizadas. Para que citar a casa de Crispo quando esses eram adultos responsáveis por si mesmos? Não havia escravos? Não havia crianças? Não tinha esposa? Todos estes submissos!? Compare com Atos 19.7 onde Paulo batizou 12 homens, discípulos. Esses eram independentes, mas não está incluindo família, ou casa.


6) 1 Co 1.16: “Batizei também a casa de Estéfanas...” Pense no motivo de Paulo incluir a casa ou família de Estéfanas. Caso tivessem crianças na família, e dizer que eles serviam ao Senhor, os Batistas não teriam dificuldades em pensar que, em uma época onde não havia métodos contraceptivos tão simples, seria evidente que o esforço de dizer ‘família’ não rejeita a inclusão de crianças. Mas quando diz ‘foram batizadas’, o pressuposto já determina que nessa casa devia ter apenas adultos!


‘O ARGUMENTO DE BATISMO DE FAMÍLIAS INTEIRAS É BASEADO NO SILÊNCIO!’


Ao contrario, a inclusão do termo família, ou casa, em cerca de 5 casos relacionado ao batismo, para nós, é suficiente para rejeitar o absurdo que em todos esses casos não havia crianças!


‘BATISMO INFANTIL É HERANÇA CATÓLICA’!


Os batistas e pentecostais ficam tão perto dos adventistas nesse ponto, quando estes dizem que o Domingo é herança católica! Rejeitam a evidência Histórica e a legitima conclusão bíblica. O místico Champlin chega a dizer que ‘a tradição que confirma a apostolicidade do batismo infantil apenas atesta que os apóstolos podem ter errado!’ Mas qualquer leitor, livre de preconceito, verá que o batismo infantil estava no ceio do cristianismo mesmo antes de surgir o catolicismo romano. Orígenes foi batizado na infância por volta do ano 185 AD!



A FORMA: IMERSIOLATRIA


Somos tão agredidos pelos nossos irmãos batistas e pentecostais nesse assunto, que em alguns momentos fico pensando se vale a pena ser tão inclusivo e aberto, como é praxe da fé Presbiteriana Brasileira.


Mas pensando sobre a forma do batismo, temos outra coisa a dizer. Primeiro que se o batismo por imersão é tolerado por nós presbiterianos, ele é quase idolatrado nos círculos batistas e por ‘seus filhos’, os pentecostais.


O sermão é o mesmo: ‘Batismo significa imersão!’ Mas o significado etimológico inclui outros sentidos, não só esse. Mas o que nos importa são duas questões:


1) Houve orientação de como devia ser o batismo?

2) O NT usa batismo no sentido de imersão?


Antes de tratarmos essas duas indagações, gostaria de dizer o motivo de postar ‘imersiolatria’. Infelizmente, os batistas afastam da comunhão cristã os que não batizam por imersão (dependendo de qual ‘Convenção’, eles não aceitam nem o batismo de imersão de outra igreja, quer seja batista ou pentecostal!). Os batistas entram em Igrejas Presbiterianas, Metodistas, etc e desfrutam da ‘mesa’ do Senhor desses que eles mesmos não aceitam em sua comunhão. Como se ‘A Mesa’ fosse deles e não do Senhor. Não importa o que tentam minimizar com essa atitude medíocre e exclusivista. Existe aí uma ambivalência, dois pesos e duas medidas. Triste, muito triste.


1) Houve orientação de como devia ser o batismo?


Resposta: Não houve! Na Santa Ceia ‘Cristo tomou o pão, deu graças partiu e disse... Semelhantemente tomou o cálice’, etc... Mas como foi instruído o batismo? O que eu li na Bíblia é que Jesus mandou Batizar assim: ‘em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’ mais nada! – em uma polêmica discussão ainda temos a prática de batizar em Nome de Jesus amplamente, praticado em Atos dos Apóstolos. Em todos esses casos não existe ordem de como batizar, muito menos exemplificado!

ATENÇÃO: Existem mais evidências do batismo infantil, quando se fala de batismo de famílias inteiras, do que a maneira que era realizado o batismo!


2) O NT usa batismo no sentido de imersão?


Pode usar em alguns casos, isso prova que os autores bíblicos usaram o termo batismo tendo em mente o sentido de lavar ou molhar, porém com uma conotação sacramental e não ‘profana’, comum. ‘Você não pode dizer isso sem apoio de um Dicionário linguitico!’ Talvez me questionem. Mas ninguém precisa de dicionários para saber disso. As traduções da Bíblia, cujos tradutores eram e são peritos em línguas originais, são provas à mão. Irei usar uma prova bíblica:


“E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao principio. E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João certamente batizou com água; mas vós sereis batizados com Espírito Santo.” Atos 11.15,16


Lucas e o apóstolo Pedro não eram batistas. Afinal, como Pedro se lembraria do BATISMO com Espírito Santo quando esse CAIU sobre as pessoas na casa de Cornélio?


Estou usando um texto cujo contexto é o uso da palavra Batismo. Não estou forçando o texto. Ele é simples e conclusivo.


Agora usemos a forma literal, que segundo os batistas existe: ‘Quando caiu o Espírito Santo sobre eles lembrei-me da imersão’. Não é a imersão aqui ilustrada.


AS EVIDÊNCIASHITÓRICAS ANTERIORES AOS (ANA)BATISTAS


Eu estou muito satisfeito com Atos 11.15,16. Mas para corroborar a conclusão (não a evidencia, a Bíblia é suficiente) o Didaquê mostra como o uso da palavra ‘batismo’ não tinha ligação necessariamente e em todos casos com a imersão. Esse documento do início do segundo século (talvez 90 a 110 AD) diz que o batismo poderia ser efetuado por “derramar água na cabeça”!


Existe uma figura do batismo de João no segundo século onde ele batizava derramando água na cabeça de Jesus. Segundo o Rev. Herminsten Maia, esse ‘desenho’ aparecia na primeira edição do Dicionário Davis, quando esse não estava em domínio da Editora Batista Juerp. Depois foi removido! E ainda é interessante o tal Dicionário possui uma nota no verbete ‘Batismo’, rejeitando a conclusão de John Davis o batismo.


‘O BATISMO INFANTIL FARIA UMA GERAÇÃO DE PESSOAS NÃO CRENTES NA IGREJA’


Isso é risível. Quem diria isso aos puritanos? Quem diria isso aos Calvinistas de Genebra? Bem ao contrário, nunca antes na história tivemos tantos ‘batistas’ dentro do cristianismo (inclui-se os pentecostais) e ao mesmo tempo um cristianismo tão medíocre e carnal.


CONCLUSÃO:


Eu concluo essa postagem fazendo uma apologia militante em favor do Batismo Infantil. Que os pastores Reformados, (e apenas os que defendem o Batismo Infantil tem esse direito nato de ser, por isso agente vê por aí ‘spurgionistas de 5 pontos’) preguem mais isso. Ensinem mais isso como requisito de Deus para as famílias cristãs genuínas. Os que não fazem isso estão em desobediência ao pacto do Senhor, quer sejam Batistas ou Pentecostais. Nenhuma família que rejeita o batismo infantil aos filhos está dentro dos padrões divinos da Aliança.

6 comentários:

  1. "Na verdade não existe um exemplo sequer de um crente que nasceu em um lar Cristão e foi batizado apenas na idade adulta !!!"

    Então uma "omissão" biblica pode ser fundamento de uma teologia como o pedobatismo???

    Repito o comentario feito em outro blog sobre o mesmo assunto:

    É interessante que os reformados afirmam que os arminianos fazem uma "adaptação" bíblica para tornar a válida sua teologia, mas alguns reformados também fazem a para defender o pedobatismo!!!

    OBS: para ficarmos só no assunto do batismo, sou um cristão reformado!

    ResponderExcluir
  2. 'Protestante', sem duvida vc tb deve ter algumas adaptações... precisamos saber se são legítimas, só isso...
    de qual denominação vc é?

    ResponderExcluir
  3. Crianças não batizadas não entrarão no Reino dos Céus? E se uma pessoa morre sem nunca ter ouvido falar de Jesus também terá igual destino?
    Não creio nisso.

    ResponderExcluir
  4. Crianças 'não batizadas ou batizadas' só entraram no céu se forem conduzidas a Cristo, ou seja, se forem eleitas.
    O Espírito Santo pode conduzir uma criança a Cristo mesmo no ventre. Não sei como...

    Um adulto que nunca ouviu falar de Cristo irá para o inferno.

    ResponderExcluir
  5. Estou com dúvidas agora, afinal, é errado ou não batizar crianças e bebês?? Em algum momento da história da igreja, principalmente no início, tem algum relato sobre batismo infantil????

    Sou novo na teologia reformada.

    Abraços e parabéns pelo blog, é ótimo, glórias a Deus.

    ResponderExcluir
  6. Anderson, saudações em Cristo.

    http://presbiterianoscalvinistas.blogspot.com.br/2010/12/batismo-infantil-pratica-da-igreja.html

    Tem alguns apontamentos. Eu iria reproduzir aqui, e depois passar o link... mas assim, vc conhece mais um blog reformado.

    ResponderExcluir