"Por causa da falta de
ensino sobre a “Apologia” na igreja, não há a percepção da importância que esta
faz na vida de um cristão que está inserido na sociedade. Por mais que se possa
imaginar a impossibilidade de alguma pessoa, durante uma caminhada na rua, ser
abordada e questionada: “Dê razão da sua fé, agora!” ela está numa sociedade
que questiona a existência de Deus. Uma seita que vem tomando espaço na
sociedade é o ateísmo. Sutilmente as pessoas aderem a esse tipo de pensamento e
começam a questionar se realmente há um deus supremo que governa todas as
coisas. A sociedade enxerga tanta desgraça, tanta destruição, tanto sofrimento
que a idéia é lançada: “Se existisse um deus, porque ele permite tanto
sofrimento?” Por mais que a sociedade brasileira se auto-intitule “católica”
esse tipo de questionamento, a partir do momento que souberem da existência de
um cristão em seu meio, será levantado e precisará ser respondida.
Por mais que seja uma
resposta coerente, a sociedade não aceitará a idéia que é apenas a fé o meio
para acreditarmos em Deus. A resposta não pode ficar no âmbito abstrato, mas a
sociedade quer algo concreto. Esse é o papel do cristão, esse é o papel do
“apologista”.
No local de trabalho
de um cristão, haverá outros funcionários. Haverá a possibilidade de ter várias
religiões. Haverá vários questionamentos das pessoas e, aquele que souber
responder, conseguirá conquistá-los. Ou melhor, as outras religiões
questionarão o cristão. Para isso, há duas saídas: ou saber responder, ou nunca
ninguém descobrir que há um cristão ali! Com certeza esta é inadequada para um
cristão, mas a outra só pode acontecer se houver conhecimento do assunto
questionado. Mas pode ser afirmado que a “apologética não é feita de algumas
maneiras, como por exemplo, pela força, impondo as suas idéias e no
negligenciar da fé, guardando-a apenas para si. Mas sim a praticando de modo
sadio, sendo fiel aos princípios básicos da fé cristã e traduzir a mensagem
para a línguagem/entendimento da pessoa.
Num artigo da revista
“Cristianismo Hoje”, o autor William Craig redigiu um artigo sobre a
“apologética” hoje, intitulado “Deus ainda não morreu”, ele diz: “É tarefa da
apologética cristã ajudar a criar e sustentar um ambiente cultural onde o
evangelho seja ouvido como opção intelectual viável para pessoas que pensam.”
(CRAIG, 2008, p. 25) A “apologética” não serve apenas como forma de defender o
evangelho, mas também como meio evangelístico. As pessoas poderão, através de
uma “apologética” bem feita, perceber que os cristãos são pessoas que pensam, e
que não ficam, apenas, na esfera do emocional, deixando todas as respostas para
a fé, ou seja, para a área abstrata. A “apologética” pode ter o poder de
mostrar um evangelho palpável para a sociedade, saindo de algo místico para uma
realidade, ou seja, para a vida que a pessoa vive.
A importância da
“apologética”, numa sociedade corrompida, é a válvula de escape para a única
Verdade. Não é mérito dela, sendo a heroína, mas daquilo que é defendido e
divulgado como algo que se possa pensar. Jesus! A única solução para o Homem.
Par qualquer direção que tomarmos algum tipo de dúvida sobre, “de onde eu vim?”
ou “para onde vou?” ou “para que estou aqui?” será levantada. As pessoas querem
respostas. Mas não querem algo abstrato, figurado, transcendental. Elas
precisam de um sentido para a vida, de uma direção, respostas para a sua vida.
Mas podemos pensar que
as pessoas, em geral, não querem respostas porque tudo depende das
circunstâncias. Nada é absoluto e tudo é relativo. O relativismo é um mal que
toma conta como vírus. Para essas pessoas, qualquer resposta dada, relativa à
religião, não será levada em conta. A posição de pessoas com esse pensamento será:
“depende...”. Willian Craig, no artigo citado acima, faz uma colocação sobre
tal pensamento:
A suposição de que vivemos
em uma cultura pós-moderna não passa de mito. Na verdade, esse tipo de cultura
é impossível; não poderíamos viver nela. Ninguém é relativista quando se trata
de ciência, engenharia tecnologia – o relativismo é seletivo, só surge quando o
assunto é religião e ética. (CRAIG, 2008, p. 25)
Isto é fato. As
pessoas escolhem o que é imutável, em seus pensamentos, e aquilo que é
relativo. Como a religião está se tornando algo banal e, como diz o ditado,
“religião e política não se discute”, as pessoas deixam de lado. A
“apologética”, em casos assim, precisa modificar a pessoa e seu pensamento.
Mas o objetivo deste
capítulo não é mostrar as linhas de pensamento que a “apologética” pode
enfrentar e suas respectivas refutações. O objetivo é mostrar a importância de
tal ato. Como já citado, a sociedade está tomando rumos muito diferentes dos
que conhecíamos. As pessoas estão buscando conhecimento através de livros,
internet, contato pessoal, mídia. O mundo está se unificando e com isso, todo
tipo de idéias estão voando esperando encontrar uma mente para aterrissar.
Para muitos, a fé é
algo absurdo de se acreditar, pois envolve fé, o sobrenatural, um livro
extremamente antigo, mas o autor Sproul fez uma afirmação muito feliz em
contra-resposta a este tipo de pensamento: “Seguir o absurdo é envolver-se não
com a fé, mas com a credulidade.” (SPROUL, 2007, p.7) Os cristãos não são
ingênuos, e cabe apenas a eles provarem. Provar que a fé não é um salto no
escuro, mas “A fé pela qual o Novo Testamento nos chama é a fé enraizada e
solidificada em algo que Deus fez de forma clara.” (SPROUL, 2007, p.20) É papel
do cristão mostrar isso para a sociedade.
Vamos entrar numa
questão muito séria. Se o cristão precisa mostrar a fé para a sociedade, se o
cristão precisa mostrar que não é ingênuo, se o cristão precisa mostrar que a
sua crença é algo real, não apenas imaginário, e é sustentável por si própria,
como fazer isso sem conhecer essa crença e quem a criou? Para ter tal resposta,
precisamos olhar para as igrejas. Infelizmente, também, podemos afirmar que os
membros não estão sendo preparados, intelectualmente, para defender sua fé com
coerência. As igrejas ensinam um conteúdo ralo que, na pratica, não faz muito
sentido.
Willian Craig diz que
os evangélicos estão na periferia da existência intelectual. Não há mais
pensadores cristãos em nossas igrejas. Não há mais estímulos para ter pessoas
que aprofundem intelectualmente no conteúdo da Bíblia. Em contrapartida, a
sociedade está cansada de um evangelho barato e com respostas ralas. Craig diz:
“...os evangélicos não podem se dar ao luxo de continuar vivendo na periferia
da existência intelectual responsável.” (CRAIG, 2004, p.13) Os cristãos se
acomodaram em viver suas vidas dentro da igreja, sem se importar com o que
acontece na sociedade, sem ouvir os questionamentos da população que clama por
respostas. Ainda mais perigoso, os cristãos não sabem responder aos
questionamentos porque vivem um cristianismo extremamente introspectivo.
Craig continua dizendo
que o cristianismo está sendo bombardeado por pensadores fora da igreja,
pessoas que questionam o cristianismo e suas bases. A idéia é que os cristãos
são irracionais e antiquados, e vários estudantes, por conseqüência nossos
futuros líderes, recebem essa perspectiva. Como no passado, era hora de
pessoas, de dentro da igreja, se levantarem e defenderem o que acreditam. Craig
faz o alerta: “Os cristãos em geral precisam estar intelectualmente envolvidos.
Nossas igrejas estão cheias de cristãos intelectualmente neutros. Como
cristãos, a mente dessas pessoas está sendo desperdiçada. Um dos resultados disso
é uma fé imatura e superficial.” (CRAIG, 2004, p.14) A verdade é que cristãos
estão se voltando cada vez mais para a sua própria igreja. Tem o conhecimento
do que está acontecendo fora, mas prefere ter uma vida monástica em sua igreja.
A importância de se
fazer “apologética” é a importância de dizer para o mundo que somos seres
pensantes. Que sabemos no que acreditamos e podemos nos desenvolver
intelectualmente para dar razão da nossa fé. Mas esse empobrecimento
intelectual em relação à fé traz conseqüências para o cristão, pois isto pode
levá-los ao empobrecimento espiritual. (CRAIG, 2004, p.14) A seriedade disso é
muito grande. Futuros líderes que são intelectualmente pobres e espiritualmente
fracos.
Por que fazer
“Apologética”? Porque para tal atividade é preciso desenvolvimento intelectual
e, mais que isso, é preciso conhecer o que se defende. Sproul desenvolve essa
idéia quando diz que “Defender a fé da melhor forma que pudermos não é um
capricho ou deleite de vaidade intelectual. É a tarefa designada a cada um de
nós ao testemunharmos nossa fé perante o mundo.” (SPROUL, 2007, p. 8) Para
sermos “apologistas” eficazes é essencial que conheçamos o evangelho. É
essencial que tenhamos uma vida verdadeira com Deus. É essencial que tenhamos
uma vida de intimidade com o Senhor da Verdade. Ou seja, para o “apologista”,
uma vida espiritual sadia é essencial.
É preciso fazer
“Apologética” porque a sociedade clama por respostas concretas, pois todos
temos uma religião, todos temos deuses. Mas essa religião, esse deus só faz
sentido quando o sentido de acreditar nele faz sentido. Para muitos, o fazer
sentido é sustentado por sua própria mente, porque o homem precisa ter algo
para se segurar, para acreditar. Se sempre há uma religião na pessoa e, por
causa disso, todos têm o conhecimento do Deus, através de seus atributos
comunicáveis, então quando conversamos, buscamos que a pessoa deixe essa
religião e aceite a Verdade. Então, todos precisam de Deus e todos sentem isso,
mas alguns veem isso como fraqueza e colocam a razão no lugar de Deus, pois a
razão pode ser sustentada, direcionada por eles. O questionamento levantado é
que não pode haver apenas uma Verdade, não pode haver apenas uma religião
correta. Mas pode sim, pois todos têm acesso a ela e podem aderir; porque a
Verdade não se faz democraticamente.
Se a fé cristã for
verdadeira, então, por mais coerente que pareça o incrédulo viver sua posição,
não consegue nela permanecer. Em algum lugar há uma falha, porque de fato
vivemos no mundo de Deus. Pode ser uma falha de lógica, emoção ou simplesmente
a ironia do orgulho sem sucesso. O trabalho do apologista é descobrir a tensão
entre a descrença e o conhecimento de Deus que todos possuem. (EDGAR, 2000,
p.61)
Se o cristão não tiver
um conhecimento de mundo, do evangelho, a possibilidade dele descobrir a tensão
entre a descrença e conhecimento de Deus no indivíduo será extremamente
trabalhoso. Por isso que o evangelho precisa ser defendido: para que o cristão
não acabe, enfadonhamente, na periferia da existência intelectual; responder aos
questionamentos da sociedade; trazer aqueles que estão perdidos em uma religião
que não é a Verdade."
Glória a Deus! Que artigo! Eu louvo a Deus pela vida do irmão Sena e o irmão Romão pelo presente artigo. Qualifico o mesmo parafraseando Salomão, inspirado pelo Espírito de Deus:
ResponderExcluir"O homem se alegra em responder bem e quão boa é a palavra dita a seu tempo." (Provérbios 15:23)
Obs: Tomei a liberdade de postar seu artigo no meu blog, pois amo apologética e creio pela Palavra de Deus que um ministério sem uma visão apologética, não pode ser frutífero e estará escancarado para entrada das mais diversas e danosas heresias de perdição.
Apologeta