“A fé e a crença, tratados por mim anteriormente, são uma graça de
suma importância e serão, naturalmente, falsificadas, portanto, precisamos
estar preparados para isso. Assim como existe uma fé morta, também existe a fé
viva; a fé dos perversos, assim como a fé dos eleitos por Deus; a fé que é vã e
inútil e a fé que justifica e salva. Como o homem saberá se ele tem a fé
verdadeira ou não? Como ele saberá se acredita na salvação de sua alma? Há como
descobrir. Um etíope é reconhecido pela sua pele, assim como um leopardo por
suas manchas. A fé verdadeira pode ser reconhecida por algumas marcas. Elas
estão expostas claramente nas escrituras. Leitor, vou me esforçar para deixar
essas marcas de forma clara diante de você. Observe-as cuidadosamente e teste
sua própria alma com o que vou dizer.
1.
Aquele que acredita em Cristo tem, dentro de si, paz e esperança. Está
escrito “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por
nosso Senhor Jesus Cristo”, “Porque nós, os que temos crido,
entramos no repouso” (Rm 5:1, Hb 4: 3). Os pecados do cristão são perdoados e suas iniquidades são levadas
embora, sua consciência já não está mais carregada com o peso de suas
transgressões não perdoadas. Ele está reconciliado com Deus e tornou-se um de
seus amigos, podendo olhar para a morte, o julgamento e a eternidade sem temor.
A tormenta da morte é afastada e quando o julgamento do dia final for realizado
e os livros forem abertos, não haverá nada posto a seu cargo. Ele estará
preparado para quando a eternidade chegar, porque sua esperança está no céu e
na cidade sólida. Ele pode não ser completamente sensível a todos esses
privilégios, seu senso e visão sobre estas coisas podem variar enormemente
dependendo do momento e podem ser frequentemente obscurecidos por dúvidas e
medos. Como uma criança que ainda é muito nova, mas herda uma grande fortuna,
ele pode também não estar ciente do valor de suas posses, mas com todas as suas
dúvidas e temores, ele tem uma esperança verdadeira, sólida e real que o fará
suportar as provas e poderá dizer “Tenho uma esperança que faz com
que não me sinta envergonhado”. (Rm 5: 5.)
2.
Aquele que acredita em Cristo tem um novo coração. Está
escrito, “Assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas
já passaram, eis que tudo se fez novo“, “mas a
todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos
quais crêem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da
carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”, “Todo aquele que crê que Jesus é
o Cristo, é nascido de Deus” (2 Co 5:17, Jo 1:12,13, I Jo 5:1). Um cristão não tem mais a mesma natureza de antes. Ele está mudado,
renovado e transformado à imagem de seu Senhor e Salvador. Aquele que se preocupa
primeiro com os assuntos da carne, não tem fé. A verdadeira fé e regeneração
espiritual são companheiras inseparáveis. Uma pessoa não convertida não é
cristã!
3.
Aquele que acredita em Cristo é uma pessoa cujo coração e vida são santos. Está escrito que Deus
purifica “os seus corações pela fé” e que cristãos são “santificados pela fé”, “E qualquer que nele tem esta
esperança, purifica-se a si mesmo” (At
15: 9, 26: 18, I Jo 3: 3). Um cristão
ama aquilo que Deus ama e odeia o que Deus odeia. O desejo do seu coração é
caminhar segundo as ordenanças de Deus e se abster de qualquer costume maldoso.
Seu desejo é andar segundo o que é justo, puro, honesto, amável e de bom
testemunho e purificar-se de toda impureza da carne e do espírito. Por diversas
vezes ele está muito aquém de seus propósitos e vê sua vida diária como um
duelo constante contra a corrupção que habita nele. Ele luta e se recusa a
servir o pecado. Onde não há santidade, podemos ter certeza de que não há fé
salvífica. Um homem profano não é cristão!
4.
Aquele que acredita em Cristo trabalha na obra de Deus. Está
escrito que a “fé opera pelo amor” (Gl 5:6). Uma crença verdadeira nunca fará um homem perder tempo, nem
permitirá que ele fique imóvel, satisfeito com sua própria religião. Essa crença
o motivará a realizar atos de amor, bondade e caridade quando perceber uma
oportunidade. Ele será compelido a andar pelo mesmo caminho que seu Mestre, que
“andou fazendo o bem”. De uma forma ou de outra, fará
com que ele trabalhe. As obras que ele faz, talvez não atraiam os olhares do
mundo. Elas podem parecer insignificante para muitas pessoas, mas não serão
esquecidas por Ele, que nota até um copo de água gelada oferecida em Seu nome.
Onde não há um trabalho por amor, não há fé. Um cristão preguiçoso e egoísta
não pode caracterizar-se como cristão!
5.
Aquele que acredita em Cristo vence o mundo. Está
escrito que “todo o que é nascido de Deus, vence o mundo, e esta é a vitória
que vence o mundo: a nossa fé” (I
Jo 5:4). Um verdadeiro cristão não se regra pelos
padrões mundanos de certo e errado, verdade ou mentira, não depende da opinião
do mundo e não se importa com o reconhecimento do mundo. Ele não é movido pela
censura do mundo, nem busca seus prazeres, tampouco ambiciona as recompensas
dele. Ele olha para o que não se pode ver. Ele vê um Salvador invisível, um
julgamento por vir e uma coroa de glória que não se desvanece. Tudo isso faz
com que ele pense pouco do mundo. Onde o mundo reina no coração, não há fé. Um
homem conformado com esse mundo, não pode se denominar cristão!
6.
Aquele que acredita em Cristo, tem um testemunho interno de
sua crença. Está escrito que “quem crê no Filho de Deus, em
si mesmo tem o testemunho” (I Jo 5:10). A marca diante de nós, requer um manejo delicado. A testemunha do
Espírito é, inquestionavelmente, um assunto muito difícil, mas não posso temer
em declarar minha própria convicção, de que verdadeiros cristãos sempre têm
sentimentos dentro de si que são peculiares a eles, sentimentos que estão
conectados com sua fé e que fluem dela, sentimentos que descrentes desconhecem.
Ele tem o Espírito da adoção, pelo qual ele olha para Deus como o Pai
reconciliador e o observa sem temor. Ele tem o testemunho de sua consciência,
borrifada pelo sangue de Cristo, de que, tão fraco quanto possa ser, ele
descansa em Cristo. Ele agora tem esperança, alegria, medo, dor, consolação e
expectativa, coisas que não conhecia antes de crer. Ele recolheu evidências que
o mundo não consegue entender, mas que são bem melhores para ele, mais do que
qualquer livro de evidências existente. Os sentimentos são, sem dúvida alguma,
muito enganosos. Mas onde não há sentimentos religiosos, não há fé. Um homem
que não sabe nada sobre religião interna, espiritual e experimental, não é,
ainda, um cristão!
7. Por
último, aquele que acredita em Cristo, tem um olhar especial em sua religião à pessoa de Cristo. Está escrito, “E assim para vós, os que credes, é preciosa” (I Pe 2: 7). Esse texto merece uma atenção especial. Ele não diz que o
cristianismo é precioso, ou que o evangelho é precioso, ou que a salvação é
preciosa, mas que Cristo é
precioso. A religião de um cristão não consiste em mero consentimento
intelectual a algumas afirmações e doutrinas, não é uma crença fria de um
conjunto de verdades e fatos concernentes a Cristo. Ela consiste em união,
comunhão e camaradagem com uma Pessoa que vive: Jesus, o Filho de Deus. É uma
vida de fé, confiança e descanso em Jesus; uma vida de sugar o máximo dEle,
falar com Ele, trabalhar para Ele, amá-lO e ansiar pela Sua segunda vinda. Essa
vida parece entusiasmar a muitos, mas onde há fé verdadeira, Cristo será sempre
conhecido e visto como um amigo vivo e pessoal. Aquele que não vê a Cristo como
seu pastor, médico e redentor, não tem conhecimento algum sobre crer!
Leitor,
agora coloquei diante de você, as sete marcas de quem crê e peço para que
considerem-nas. Não estou dizendo que todos os cristãos as têm igualmente, e
também não estou dizendo que aquele que não tiver todas essas marcas, não será
salvo. Sei que muitos cristãos são tão fracos na fé, que passam todos os dias
de sua vida duvidando até deles mesmo. Digo apenas que existem marcas para as
quais o homem deveria direcionar-se primeiro, caso queira responder à questão:
você crê?”
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