Um tempo atrás, eu (Lucio, colaborador do blog, que estive meio sumido devido aos estudos, entre outras coisas) me dediquei a pesquisar sobre a apologética clássica. O resultado disso foi um trabalho, que, por sua vez, resultou nos artigos desse blog: Crença ateísta parte 1-4. Depois disso, acompanhando e participando esporadicamente de debates na comunidade do orkut entitulada de 'Contradições do ateísmo', e conhecendo o trabalho de alguns apologistas (que, inclusive, foram reunidos no site 'teismo.net', dei-me por satisfeito quanto ao trabalho apologético clássico. Então, resolvi pesquisar sobre a apologética pressuposicionalista (também conhecida como apologética reformada, ou bíblica), inclusive comentando na comunidade. O conhecimento que obtive sobre história da filosofia enquanto estudava a apologética clássica me ajudou muito.
Desde então, passo a trabalhar e pesquisar sobre esta escola apologética. Esta, por sua vez, divide-se em duas escolas (clarkiana e vantiliana, que apresentam certos pontos em comum). Por hora, pesquisei sobre a clarkiana.
Passo a lhes apresentar os resultados de minhas pesquisas até aqui (enquanto vou pesquisando mais).
FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Os filósofos reformados perceberam que a tão estimada ciência possui crenças, passos de fé, que não podem ser justificados em suas cosmovisões. A ilusão positivista de que eles se atém aos fatos é exposta como equivocada, e a afirmação ‘Credo ut intelligam’ (creio para entender), passa a ser o princípio da ciência.
Mostraremos então, nestes artigos, os passos de fé da ciência:
1. Causalidade
Hume observa que pressupomos a causalidade. Ele notou que nós postulamos causalidade quando observamos um evento X acontecer antes do evento Y de maneira frequente. Porém, em momento algum observamos algo chamado causalidade em si. Alves, comentando sobre Hume, questiona: “Haverá algum dado sensório, dentro dessa experiência, que corresponda à ideia de causalidade? Não[...]Em nenhuma delas a relação causal parece como um dado empírico...” (ALVES, 2008, p. 130). Gaardner ajuda a esclarecer: “Você experimentou o fato de um acontecimento se suceder temporalmente ao outro, mas não experimentou que o segundo evento ocorre por causa do primeiro” (GAARDNER, 1996, p.297).
Podemos nos perguntar, como é, então, que chegamos à ideia de causalidade. Hume conclui, visto isto não ser é um dado empírico, nem uma derivação lógico-necessária, que simplesmente nos acostumamos com a sequência de eventos. Alves coloca da seguinte forma: “Será necessário que as experiências se repitam, se acumulem, criem hábitos mentais... mas é isso mesmo! Os hábitos e costumes nos fazem ver a realidade por meio das rotinas, das repetições” (ALVES, 2008, p.130).
Podemos ainda, a título de enriquecimento do trabalho, mencionar algumas conclusões a mais de Hume. Por exemplo, como observamos acima, Hume entendia que o que formulamos à parte de nossas experiências sensoriais, são meros construtos ideológicos, mentais (aqui surge um ponto controverso em Hume. Alguns entendem que Hume era ateu, e não cria que esses construtos pudessem existir; outros entendem que Hume era agnóstico quanto à essas coisas; outros entendem que ele reclusou intencionalmente estas questões à fé, e esse último ponto é o que podemos explorar em nosso trabalho, pois muitas coisas, como a causalidade que está em voga no momento, realmente são pressupostas, cridas). Por isso Gaardner ressalta: “Hume insiste em que a expectativa de que um evento se suceda ao outro não está nas coisas em si, mas em nossa mente” (GAARDNER, 1996, p.297).
Outra questão digna de menção é o fato que podemos estar cometendo a falácia post hoc, ergo propter hoc (depois de, por causa de). Sproul ilustra: “Se o galo canta ou o peru grasna imediatamente antes de o sol nascer, será que o galo ou o peru causaram o nascimento do sol? Será que, se todos os galos e perus fossem extintos, os sol deixaria de nascer?” (SPROUL, 2002, p.110). Ou seja, podemos estar atribuindo a causa errada para determinado efeito. De fato, esse é um grande perigo, que mina a confiança na ciência. “Temos a tendência de pensar que, quando uma coisa funciona bem, ela deva ser verdadeira” (ALVES, 2008, p.103). Mas podemos sempre estar enganados quanto ao apontamento de causas. É por isso que Alves afirma que “os ‘sim’ da natureza são sempre um talvez”.
Apesar de Hume estar correto em observar que pressupomos a causalidade, a forma que ele lida com esse pressuposto, relacionado ao resto de sua cosmovisão, está equivocado. Veremos doravante, que a cosmovisão bíblica fornece o pressuposto ideal para que a causalidade ganhe caráter ontológico real.
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ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e a suas regras. 13. ed. São Paulo: Loyola, 2008. 224 p.
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. Tradução de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 560 p. SPROUL, R. C. Filosofia para iniciantes. Tradução de Hans Udo Fuchs. São Paulo: Vida Nova, 2002, 208 p.
Graça e paz do SENHOR aos irmãos do blog...
ResponderExcluirContinue firme na propagação do evangelho pela apologética, irmão Lúcio. E, a propósito, li um artigo interessante sobre o Darwinismo. Dá uma olhada:
http://juliosevero.blogspot.com/2011/09/o-metodo-arrastao-de-investigacao.html
Que o ESPÍRITO SANTO nos conduza sempre à verdade!
Lucio, essa aboradagem vai ser bem extensa? Coloque toda semana para não perdermos 'o fio'...
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