"Um homem pode ser
um ateísta de coração sem que o seja de cabeça. Ele pode não questionar a
existência de Deus, e até mesmo defendê-Lo, enquanto o seu coração se encontra
vazio de emoções para com Ele
Isso se chama
ateísmo prático, ou seja, ateísmo em prática. O próprio diabo é um ateísta
prático, pois ele sabe que existe um Deus, mas age como se não houvesse. No
mundo, são poucas as pessoas que negam a existência de Deus, mas nenhum homem
naturalmente o reverencia em seu coração. Todos os homens são ateístas
práticos. Eles são descritos em Tito 1: 16 que diz: Confessam que conhecem a
Deus, mas negam-no com as obras. Desde que ações falam mais alto do que
palavras, aqueles que dizem conhecer a Deus, mas vivem como se Ele não
existisse, são mais dignos de receberem o título de ateísta, do que aqueles que
negam a Deus e vivem como se Ele existisse.
Esse ateísmo
secreto é o espírito de todo pecado. Toda ação pecaminosa despreza a lei e a
soberania de Deus, declarando-O indigno de ser o que é. Se nos fosse permitido
chegar a sua conclusão lógica, cada pecado da humanidade iria impugnar,
destronar, e aniquilar a Deus, enquanto promovesse o pecador ao status de a
mais sábia das autoridades.
Quando pecamos, no
fundo desejamos que Deus não existisse, ou que Ele não possuísse Suas
qualidades e perfeições, o que seria o mesmo que dizer que Deus não existe.
Além disso, aqueles que somente o adoram exteriormente, por causa de um temor
escravizador, murmurando o tempo todo, manifestam o mesmo desejo.
Qualquer desejo
que houver para que Deus mude, ou para que Ele mude a maneira de tratar
conosco, é a própria essência do ateísmo prático. O problema do
homem pode ser resumido em duas declarações:
I. O Homem Deseja
Ser o seu Próprio Deus.
Ele faz de si
mesmo a sua própria lei, ao invés de Deus. Isso significa destronar totalmente
a Deus, pois Deus não pode existir à parte de sua própria prerrogativa de
autoridade.
O homem
primeiramente nega o governo de Deus. O homem naturalmente não tem disposição
para aprender as verdades de Deus. Ele se recusa a utilizar os meios que lhe
estão disponíveis para aprender sobre Deus. Ele rejeita qualquer pensamento a
respeito de Deus que ocasionalmente vêem em sua mente, desejando que a Bíblia
não diga o que ela tem a dizer. O único pensamento que ele tem interesse a
respeito de Deus é proveniente da mera e carnal curiosidade, e não de um desejo
genuíno de obediência.
Interiormente, o
homem que está em pecado se opõe ativamente à verdade de Deus. Quanto mais ele
conhece da vontade de Deus, mais ele luta contra ela. O apóstolo descreve isso
em Romanos 7: 8, Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim
toda a concupiscência; porquanto sem a lei estava morto o pecado. O pecado que
habita em nós aproveita do conhecimento que temos da lei de Deus e se opõe a
isso com mais ferocidade.
Exteriormente, o
homem persegue aqueles que proclamam a verdade. Cada canto da face da terra tem
sido manchado com o sangue daqueles que defendem a Deus e Sua autoridade. Em
tempos de calmaria, o povo tolera o som da verdade, simplesmente porque
procedem dos lábios de um vizinho ou amigo.
Alguns ateístas
práticos até estão dispostos a abraçarem algumas verdades, desde que eles
tenham a liberdade de escolha. De fato, eles estão dizendo: “A verdade que me
favorece é legal, mas eu me reservo ao direito de rejeitar qualquer verdade que
me reprove!”
Muitas pessoas
pervertem a Palavra de Deus a fim de se desculparem dos seus pecados. Por
exemplo, a longanimidade de Deus é interpretada erradamente como falta de
interesse de Sua parte. A justificação pela fé é torcida em licença para pecar.
A conversa de Cristo com os pecadores se transforma em uma defesa para fazer
parte de más companhias.
Este mau uso da
verdade revela que elegemos a nossa própria vontade má, e não a vontade de
Deus, como nossa regra. Isso nos faz lembrar o método de torcer as escrituras
que Satanás utilizou para tentar a Cristo.
O homem natural
não deseja um Deus santo e nem uma santa lei. Qualquer conhecimento a respeito
de qualquer coisa é aceitável a ele, exceto o conhecimento de Deus. Por quê?
Porque o conhecimento de Deus humilha o homem e o seu orgulho não suporta isso.
A verdade que o
homem não pode evitar, ele despreza e desonra. Se ele quebra qualquer parte da
lei de Deus, acaba se achando no direito de desprezar todo restante (Tiago 2:
10). Mesmo que ele pareça guardar alguns preceitos de Deus, isso ocorre
incidentalmente e por motivos egoístas, e não por ser o fruto de um coração
obediente. Adão insistiu em sua liberdade, apesar de isso ter causado o seu
próprio dano. Sendo assim, todo homem em Adão é um perfeito tolo. Ele é inimigo
de sua própria felicidade. Os homens insistem em se afastar de Deus a qualquer
custo. O lema do pecador é: “Melhor servir ao pecado do que servir a Deus.” Ele
sofre uma dor muito maior por violar a lei de Deus do que sofreria se a
cumprisse!
O homem odeia
aqueles mandamentos que são mais espirituais, mais íntimos, e que mais
glorificam a Deus. Ele quase não suporta o que é mais externo, aquelas partes
cerimoniais da adoração. Ele tem pensamentos fugazes sobre Deus e encontra
pouca satisfação nEle. Ele precisa ser constrangido a fazer o bem, e dá uma série
de desculpas para não fazer isso. Ele odeia chegar na presença de Deus, e sai o
mais rápido que pode. Ele oferece a Deus as sobras. Ele serve a Deus com medo
de que Seu governo seja estabelecido em seu coração.
Se o homem natural
chega a servir a Deus de alguma maneira, é somente por motivos interesseiros.
Se Deus não concede aquilo que ele deseja, então ele o abandona e deixa de
servi-Lo. Ele tem a Deus como o seu servo, e não o seu Senhor.
O homem mostra o
seu desprezo a Deus nas muitas promessas que ele quebra. Em tempos de perigo ou
aflição, ele rapidamente faz um voto a Deus, mas após isso, relaxa. Assim ele
prova que é filho do pai da mentira (João 8: 44). Poderia existir uma evidência
mais clara do que esta, a de renegar o governo de Deus?
O homem busca
estabelecer a si mesmo como seu próprio Deus.
Ele faz da sua
própria vontade um ídolo. O amor próprio e a independência são a base do
ateísmo, e também a raiz de todo o pecado no mundo. Adão cobiçou a igualdade
com Deus. Ele pensou em usurpar o trono de Deus. Desde a queda, a grande
controvérsia entre Deus e o homem tem sido: Quem realmente é Deus? Deus ou o
homem?
Graças a Deus pelo
segundo Adão, pois não levou em conta Seus privilégios Divinos, mas humilhou-se
a si mesmo, vindo a terra e morrendo (Filipenses 2: 5-8) a fim de fazer o que o
primeiro Adão não fez!
Quando o homem
peca, sua consciência o acusa, por isso ele procura eliminá-la. Ele não gosta
de reter qualquer conhecimento sobre o Deus verdadeiro (Romanos 1: 28). Isso é
um grande mal, pois destruir sua consciência é o mesmo que tentar destruir a
Deus. Ela é Seu mensageiro.
O bem que o homem
natural faz é relativo, pois ele faz isso para agradar a si próprio, ao invés
de honrar a Deus. Ele faz o que é bom somente pelo fato de sua vontade coincidir
com a vontade de Deus naquele ponto. Entretanto, o principio governante em sua
alma não diz respeito a Deus, mas a si mesmo. A reputação diante dos homens, ou
outras vantagens egoístas, é que motiva os homens. Sendo assim, aquilo que para
nós parece ser obediência, muitas vezes não passa de desobediência aos olhos de
Deus. Quando o homem traça o curso de sua vida sem considerar a Palavra e
vontade de Deus sobre o assunto, ele age como seu próprio Deus. Ele prefere
agradar a si mesmo ao invés de Deus. O ateísta prático, com efeito, se torna o
seu próprio soberano.
E por último, o
homem deseja ser um Deus para Deus. Ele deseja ser todo poderoso sobre o Todo
Poderoso. Até onde Deus caminhe sob nossas regras, nós o reconheceremos.
Estamos dispostos a deixar que Deus seja o nosso benfeitor, mas não o nosso
governante. Queremos experimentar um Deus novo e aprimorado. Mas isso é uma
fantasia que somente existe em nossa imaginação. Deus nos diz: “Estas coisas
tens feito, e eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas eu te argüirei, e
as porei por ordem diante dos teus olhos: Ouvi pois isto, vós que vos esqueceis
de Deus; para que eu vos não faça em pedaços, sem haver quem vos livre.” Vamos
considerar algumas maneiras como o homem tenta reconstruir a Deus em sua
imaginação.
Quando lutamos
contra a santa lei de Deus e queremos estabelecer a nós mesmos como Deus. Na
prática estamos dizendo: “Eu sei melhor do que Deus aquilo que é bom para mim.”
Deus tem o direito de ditar leis para Suas criaturas. Mas nós queremos ditar
leis para Deus a qualquer momento que entremos em desacordo com os Seus
mandamentos.
Quando
desaprovamos o seu governo neste mundo e queremos estabelecer a nós mesmos como
Deus. É como se Deus tivesse a obrigação de nos prestar contas e, como se nós,
e não Ele, é que fossemos os únicos realmente interessados nos problemas. Damos
a nós mesmos o status de conselheiros e professores de Deus. Pensamos que Ele
está errado, e nós é que estamos certos.
Quando somos
impacientes durante as dificuldades e imaginamos que a nossa sabedoria,
justiça, e momento de agir são melhores do que os do próprio Deus. Pensamos que
somos superiores a Ele em matéria de providência.
Quando invejamos
aos homens e traímos a Deus em nosso coração. Dizemos: “Deus não me consultou
ao distribuir seus dons. Ele me deve isso ou aquilo.”
Quando oramos de
maneira egoísta, exigindo de Deus aquilo que Ele não prometeu e nem determinou
nos dar, evidenciando assim um grande pecado de orgulho. Orando como se
determinássemos que Deus fosse rebaixado aos nossos termos.
Quando
interpretamos de maneira apressada e descuidada a providência de Deus em algum
julgamento específico, nos fixando em nossa própria vontade como uma lei ou um
motivo para Deus agir. Por exemplo, em Lucas 13, Cristo fez uma advertência
contra a forma precipitada de julgamento, pois alguns assumiram que os
Galileus, mortos por Pilatos, eram mais pecadores do que os outros homens.
Vamos ser cuidadosos na maneira como interpretamos as aflições que ocorrem com
nossos inimigos.
Quando
desrespeitamos o princípio regulador da adoração a Deus, introduzindo nossas
próprias novidades, as quais somente agradam e atraem os homens, e praticamente
lançam a Deus para fora do Seu trono. Quando torcemos as
Escrituras para ajustá-las as nossas preferências, ao invés de seguir a
intenção da mente de Deus, nos colocando como uma autoridade superior ao
próprio Deus.
Qualquer um que
deixe de servir a Cristo, quando os problemas surgem, estão praticamente
deificando a si mesmos. Facilidades pessoais e cobiça se tornam o seu Deus.
Eles pensam que são melhores juízes do que Deus em tudo o que é verdadeiramente
proveitoso.
Poderíamos
acrescentar a esta lista a ingratidão, teimosia, e coisas semelhantes. Mas a
suma disso tudo é esta: o ateísmo prático se torna um Deus para si mesmo."
Bom Dia Luciano!
ResponderExcluirParabéns por esta ótima postagem, muito boa.
Destaco a parte que fala sobre a lei ou mandamentos de Deus.
Os 10 Mandamentos se resumem a 2 que são os 4 primeiros sendo Amor a Deus e os 6 últimos sendo Amor ao próximo.
O 4º Mandamento nos remete a obedecer porque é Amar a Deus sobre todas as coisas.
"Quando lutamos contra a santa lei de Deus e queremos estabelecer a nós mesmos como Deus. Na prática estamos dizendo: “Eu sei melhor do que Deus aquilo que é bom para mim.” Deus tem o direito de ditar leis para Suas criaturas. Mas nós queremos ditar leis para Deus a qualquer momento que entremos em desacordo com os Seus mandamentos."
Destaco outra parte onde mostra a influencia do Espirito Santo na vida de todas as pessoas.
"Quando o homem peca, sua consciência o acusa (É o Espirito influenciando a consciência), por isso ele procura eliminá-la (Quem quer eliminar a verdade de sua consciência está eliminando o Espirito Santo). Ele não gosta de reter qualquer conhecimento sobre o Deus verdadeiro (Romanos 1: 28). Isso é um grande mal, pois destruir sua consciência é o mesmo que tentar destruir a Deus (Perfeito, destruir a consciência é destruir ao Espirito Santo). Ela é Seu mensageiro."
Abraços