Os princípios
que apresento aqui, o faço a leitores que são crentes regenerados, que creem na
inspiração e inerrância da Bíblia divinamente inspirada, pois apenas esses,
poderão compreender a importância final disso – a glória de Deus, em uma crença
e vida correta. Como ensina um antigo catecismo cristão: “5. Que
é o que as Escrituras principalmente ensinam? As Escrituras ensinam
principalmente o que o homem deve crer acerca de Deus e o dever que Deus requer
do homem. João 20:31; 11 Tim. 1:13.”
1. Toda interpretação de um texto
bíblico deve começar pelos caminhos gramático e histórico, isto é – o sentido linguístico captado pelo leitor
original deve ser o que o leitor moderno deve buscar.
1.1. Quando é dito 'linguístico’ deve
levar em consideração os gêneros e recursos incluídos na definição linguística.
Metáfora, simbólica, literal, poética, parábola, hipérbole, tipos (tipologia) profética
e até alegórica - quando o caso for demonstrado [Alegoria só devem ser assumida quando os autores inspirados indicaram
alegoria, como vemos em Galátas 4.21-31].
1.2. Ao dizer que depois de encontrar
as bases linguísticas, morfológicas e gramaticais, tarefa da Teologia Exegética, devemos buscar o sentido
histórico visto que os especialistas nos ensinam que o contexto imediato na carta é a
primeira pista de encontrar esse sentido original. O professor de Grego do NT,
do Instituto Bíblico Eduardo Lane, Rev. Gilson Altino*, dizia em sala de aula:
“O contexto é soberano”. E na verdade, é o contexto que determina qual a
intenção linguística.
[*Autor de
dois livros didáticos para aprender ler o grego do NT – Adquira AQUI ]
1.2.1. Caso você não domine os idiomas
originais da Bíblia (esse é o caso da maioria de nós) você deve procurar em um
dicionário e/ou léxico o sentido de um termo bíblico, você perceberá, (como
acontece em qualquer língua), que existe vários sentidos no termo em apreço.
Cito como exemplo a palavra “espírito” conforme apresentado nos dicionários
bíblicos, significa: ‘vento, espírito, hálito, ânimo, Espírito Santo, anjo,
demônio’ (Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, vol 1, p. 713-741).
Qual dessas várias definições você escolherá para dizer que aquele é o sentido
do uso? Quem determina o uso é o autor original no contexto que foi aplicado.
2. O próximo passo é buscar no
arcabouço geral bíblico se aquela interpretação bíblica está em harmonia com o
que a Bíblia disse a respeito do assunto. Isso, os especialistas bíblicos
chamam de “analogia da fé”, que em termos práticos, uma interpretação bíblica
não pode contradizer outra parte. Para tanto, precisamos usar clareza e
quantidade.
2.1. O melhor caminho a tomar aqui,
nos ensinam os intérpretes bíblicos, é usar passagens mais claras para
interpretar passagens menos claras. Também, se o assunto é tratado em maior
quantidade na bíblia.
2.2. É nesse ponto que a Teologia Bíblica nasce. A teologia
bíblica é a ciência que acompanha a atividade da Revelação em seus vários
estágios, e nesse campo constrói suas bases.
2.2.1. Um assunto que ilumina de forma
indispensável a compreensão bíblica é que a Revelação
é progressiva. De maneira simples, uma nova revelação – contemplando de
Genesis a Apocalipse – é acumulativa, executiva, aditiva, em comparação à
antiga disposição do assunto tratado.
2.2.2. O exemplo mais claro disso é ler
o livro bíblico de Levítico e depois ler o livro aos Hebreus. Notamos que Aos
Hebreus mostra a execução, ou o cumprimento das várias leis de Levíticos na
Soberania de Cristo sobre os anjos, sobre Moisés, sobre Abraão, sobre Arão, em
na obra messiânica e redentora. Nesse sentido que lemos o Evangelho de João
1.17.
3. A Bíblia é um livro de um autor divino com autores secundários
humanos (II Tm 3.15-17; II Pe 1.20,21). Portanto, existe um sentido pleno (sensus plenior), na abrangente revelação
do Autor Divino, que levou o autor humano a escrever aquilo que escreveu. Há um
proposito direto, específico em cada escrito bíblico, ao mesmo tempo em que há
um propósito do autor divino para a revelação geral de sua vontade e de sua
verdade.
3.1. Como prova apresenta-se as
várias citações do Velho Testamento feita pelos autores do Novo Testamento.
Isso é o resultado direto pela revelação progressiva identificada na teologia
Bíblica, porém, como produto final e conclusivo. Vejamos apenas um exemplo –
Isaias 7.14.
3.1.1. No contexto imediato da profecia
de Isaias o oráculo está inserido no contexto histórico no sítio de Judá, no
período do reinado de Acaz. O nascimento de um menino mostraria um sinal de que
“Deus está conosco”, isto é, como Reino de Judá diante da ameaça de inimigos
(veja Is 7.1,10).
3.1.2. Para tanto, precisa-se
compreender que ‘donzela’ em Isaias deve significar uma jovem virgem recém casada. Esse sentido está presente no termo
usado em Isaias 7.14. Quando o Evangelista Mateus cita a profecia de Isaias
7.14, (Mt 1.22,23) em relação a Jesus, uma compreensão plena do objetivo da profecia de Isaias é revelada.
4. Depois desses primeiros passos
de uma interpretação bíblica, precisamos nos lembrar que a Igreja de Cristo já
está sendo orientada pelo Espírito Santo há séculos (Jo 16.7-15; Mt 28.20).
Devemos nos lembrar que os princípios que aqui foram mencionados, estão
orientando muitos cristãos no decorrer da história. Os dogmas que a igreja cristã aponta como sistematização das suas
conclusões devem ser considerados por nós, em nosso século XXI.
4.1. Não é sábio desconsiderarmos os
Credos cristãos e Confissões, sem uma base abalizada e fundamentada na
Escritura. Talvez seja até um sinal de presunção, que às vezes estamos lendo a Bíblia apenas por alguns anos, já nos sentimos capazes de não considerarmos, nem usarmos os credos e confissões cristãs.
4.2. Credos e Confissões cristãs
devem servir de orientações, não de normas inspiradas, nem são eles de
interpretações bíblicas, antes, eles são resultados de interpretações bíblicas
confessadas pela igreja como produto final. Pode nos revelar que outros já
descobriram o caminho que por hora estamos trilhando, e comprovar que nossas
interpretações podem estar certas ou
erradas.
CONCLUSÃO
5. Por último, e mais importante.
Devemos ter nosso coração submisso às Escrituras que é Deus falando nela e por
meio dela. Os princípios de interpretação bíblica pode produzir em nós um
sentimento perigoso, que somos nós que estamos determinando o sentido bíblico.
Os princípios apresentados não servem para isso e são na verdade são contra
isso! Nós devemos buscar o sentido já pressuposto pelo Auto Divino.
5.1. Para subjugar nosso coração
precisamos orar por graça do Espírito Santo. Temos um capítulo bíblico inteiro
que demonstra magistralmente qual é a disposição hermenêutica que devemos ter
no coração. Se possível, leia, copie e
ore, o Salmo 119 para imprimir no seu coração e em sua alma, aquilo que deve
dominar sua mente, ao ler e interpretar a Bíblia.
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Obras
consultadas:
Introdução à
Hermenêutica Reformada. Paulo Anglada – Knox Publicações
Manual
Bíblico de Haley – Editora Vida
Dicionário
Internacional de Teologia do Novo Testamento – Edições Vida Nova
Dicionário
Bíblico W. E. Vine - CPAD
Teologia
Bíblica. Geerhardus Vos – Editora Cultura Cristã
Teologia
Sistemática. Louis Berkhof – Editora Cultura Cristã
História das
Doutrinas Cristã. Louis Berkhof – Publicações Evangélicas Selecionadas
Como
Interpretar a Bíblia. Pedro Gilhuis – CEIBEL
Novo
Dicionário de Teologia – Editora Hagnos
Ouvindo a
Deus – Shedd Publicações
Luciano, é muito interessante esse site CIEBEL. Gostaria muito de fazer o curso, mas agora não posso, acabei de perder meu emprego e estou com um pouco de dificuldades financeiras.
ResponderExcluirLogo logo isso se resolve.
Excluir"Deus cuidará de ti"