Aprecio muito o trabalho que o CACP faz em
nome da verdade. São preciosos irmãos em Cristo, militantes pela causa da
Igreja. Ultimamente, porém, o presidente do Centro assumiu uma guerra contra o
calvinismo sem precedentes na história dos trabalhos apologéticos no Brasil.
Não que os que são arminianos não assumiriam firmemente sua posição, mas o que
temos visto no último ano no site do CACP saiu do campo apologético até então
trabalhado.
Bom lembrar aqui, que as IPBs sempre
convidaram o CACP para divulgação e edificação das atividades apologéticas do
CACP. Quando ele diz que está ‘pagando caro’ por ser anticalvinista, não é um
tratamento que ele recebeu da maior denominação calvinista do Brasil. Em São
José do Rio Preto, por exemplo, no passado um Sínodo concedeu uma carta para o
CACP, aprovando e recomendando as atividades do CACP. Destaco ainda que o CACP
sempre foi arminiano, e jamais a IPB o tratou da forma como ele agora tem
assumido – nem mesmo ministrar encontros apologéticos em Igrejas Presbiterianas
por causa do calvinismo!! O exclusivismo acusatório pode ser visto nessa
postura, não em presbiterianos.
Lamento muito por isso. Mas essa é a postura
que ele assumiu. Ainda tenho esperança que um dia ele repensará tal
comportamento, e perceberá que calvinismo é uma vertente do protestantismo
histórico e magistral. Chegando ou não esse tempo, o terei como um irmão...
quero provar com essa postagem de que posso discordar publicamente dele, e ainda
continuarmos amigos.
Talvez um grande defensor da ortodoxia cristã
contra o liberalismo teológico ‘seria’ um bom exemplo para o presidente do
CACP, se ele não fosse calvinista, é claro!!
“Um
calvinista é constrangido a considerar a teologia Arminiana como um
empobrecimento sério da doutrina cristã da graça divina; e igualmente séria é a
visão que o arminiano deve sustentar quanto à doutrina das igrejas das igrejas
reformadas. Mesmo assim, aqui novamente, a verdadeira comunhão evangélica é
possível entre aqueles que sustentam, com relação a algumas questões
excessivamente importantes, visões aguçadas." (Cristianismo e Liberalismo,
p. 57[Note que J. G. Machen não minimiza
a diferença, mas acentua a semelhança - provavelmente ele pensa na infabilidade
bíblica, na pessoa de Cristo, seu nascimento virginal, etc., assuntos que a
teologia liberal nega]).
Talvez uma opinião de um arminiano
pentecostal possa ser mais valiosa para o CACP. A. W. Tozer relata que John
Wesley terminou sua carreira cristã cantando um hino de autoria calvinista (de
Issac Watts: “Louvarei o meu Criador enquanto fôlego tiver, e, quando a minha
voz estiver morrendo, com nobres forças adorarei.”) escreveu o seguinte:
“Pode-se
dizer que atravessando a cerca teológica, Issac Watts e John Wesley se
alcançaram, deram um abraço apertado e cantaram juntos.” (Recuperando o
Cristianismo, p. 201).
Mais adiante no mesmo livro o arauto de Deus,
Tozer, adverte:
“não pense,
nem por um instante, que existem cristãos inferiores a você só por que não
pertencem ao seu grupo.” (p. 248).
Pois bem, recentemente em uma postagem [e em
várias outras] no site do CACP (http://www.cacp.org.br/o-calvinismo-e-as-criancas-no-inferno/) demonstra
que ele alimentou um oposicionismo ao calvinismo que beira oposição às heresias
das seitas. Infelizmente, meu querido irmão e amigo, não separou o que é
periférico com o que é essencial no cristianismo. O assunto da postagem é a
salvação de crianças.
Ele escreveu: “Calvino, como todos os homens, não foi infalível (1 Pe 1.24,25), e a
sua teologia não é tão biblicocêntrica como se acredita. Alguns dos seus
pensamentos quanto às doutrinas da salvação, por exemplo, são incongruentes,
ilógicos, irracionais, inadequados e, consequentemente, antibíblicos.”
Primeiro agradecemos
ao CACP por nos lembrar que Calvino não era infalível. Bom destacar que
provavelmente não há na terra nem um calviniano,
calvinista ou Reformado, que concorde com tudo que Calvino fez ou escreveu. Mas parece que o autor da
postagem fez o que chamamos em apologética de “monstro de palha”.
Segundo, dizer que Calvino não possuía uma teologia 'tão bibliocêntrica', talvez, talvez, foi a coisa mais alienada que o nosso amigo
já escreveu na vida. Nem mesmo Armínio chegaria a essa conclusão tão exagerada.
Sinceramente. O acusador nunca na vida escreveu um comentário bíblico com
domínio exegético, como fez Calvino, em um tempo que não se existia nem caneta
esferográfica, muito menos computador, e ter a duração e utilidade mesmo após
séculos de oposição. Dizer que a
teologia de Calvino possuía falhas, sem dúvidas, mas dizer que o Reformador
Genebrino não tinha a Escritura como centro autoritativo de sua doutrina, é
algo estranho.
Terceiro, afirma ele a respeito de Calvino: “Alguns dos seus pensamentos quanto às
doutrinas da salvação, por exemplo, são incongruentes, ilógicos, irracionais,
inadequados e, consequentemente, antibíblicos.” Vamos lá. Se Calvino não tinha uma teologia
bibiocêntrica, automaticamente todas as suas doutrinas não estariam corretas,
mas nosso irmão diz “algumas de suas doutrinas da salvação”. Algo melhorou aí. Então
temos algumas outras que são lógicas
e coerentes? Mais complicado, é que meu ‘companheiro’ na causa apologética, diz
que por não ser lógico, coerente, adequado, resulta em não ser bíblico. Outro
erro de apologistas seguidores de W. Lane Craig, Norman Geisler, entre
outros [N. Geisler por exemplo diz que o
homem é livre, mas não é livre para perder a salvação. Seria muito apropriado
escrever dizendo então que o N. Geisler é incoerente com sua lógica, pois se um
salvo não tem opção de escolher voltar a ser filho de Satanás, então obviamente
ele não seria livre? Mas seria Eleito?]
Uma doutrina
por ser bíblica não precisa ser necessariamente lógica. Para
muitos a doutrina do inferno não é lógica, mas
é bíblica. Nem tudo que um Deus Eterno afirma, será decifrado pela mente
humano falível e finita. Portanto, era melhor dizer simplesmente que algumas
doutrinas soteriológicas de Calvino não são bíblicas – pelo menos na opinião
dele. Isso seria melhor para quem tem a Escritura acima da lógica.
·
A SALVAÇÃO
DE CRIANÇAS
Depois da introdução anticalvinista, ele continua
com o objetivo da postagem: “Vejamos o
que disse Calvino acerca da salvação de crianças: “Os pequeninos que recebem o
sinal da regeneração e da renovação, se passam deste mundo antes de chegarem à
idade da razão, caso tenham sido escolhidos pelo Senhor, são regenerados e
renovados pelo seu Espírito, como lhe apraz, segundo o seu poder, para nós
oculto e incompreensível” (As Institutas [2006], III.11).”
Para refutar Calvino, ele diz: “É o amoroso Deus injusto? Não seria melhor
Ele impedir a concepção desse infante? Teria o soberano Senhor prazer em
permitir que uma criança viesse ao mundo apenas para ser condenada eternamente?”
Os argumentos do autor da postagem são
humanistas, e parecem muito com os sentimentos de Ateus, Espíritas, Adventistas
e Testemunhas de Jeová, ao rejeitarem a verdade do inferno.
“Que acharia
de um genitor que segurasse a mão de seu
filho sobre o fogo para castigá-lo por causa de uma transgressão? “Deus é
amor” (1 João 4:8). Será que ele faria aquilo que um genitor humano com mente
sã não faria? Certamente que não!” (Raciocínios, p. 196[grifo meu]).
Então após preparar o terreno sentimental,
ele continua: “Como se vê, a teoria
calvinista acerca da salvação das crianças não resiste a uma análise bíblica.
Primeiro, porque o Senhor é justo e julgará a todos com justiça e retidão (Gn
18.25; Rm 3.5; 2 Tm 4.8). Segundo, porque, no Juízo Final, os réus serão
condenados de acordo com as suas obras (Ap 20.12,13; 21.8). Que obras más tem
um recém-nascido? Terceiro, porque em Marcos 16.16 está escrito: “… quem não
crer será condenado”. Como um recém-nascido será condenado, uma vez que morreu
antes de alcançar a maturidade necessária para crer?”
Responder a essa questão não é tão simples,
mas possível. Em um primeiro momento, e para desconforto do autor da postagem,
nem todo calvinista pensa da mesma maneira. Isso significa, que no bojo
calvinista nem todos estão de acordo com Calvino – o que meu amigo João Flávio
parece deixar de lado nesta postagem. Calvinistas como A. A. Hodge, J. C. Ryle,
John Piper, entre outros, não compartilham dessa ideia de Calvino. Seria mais
correto então dizer que “alguns calvinistas” não pensam assim. O objetivo da
postagem, porém, não foi ser abrangente e imparcial... O que é mais importante,
não é se fulano ou beltrano defende isso ou não. Temos que recorrer à Bíblia.
Ninguém até hoje mostrou na Bíblia, se Deus poupou os filhos daqueles
que ele condenou no registro bíblico.
Preste atenção, não estou ainda afirmando
nada, nem negando. Mas se nosso pensamento deve estar cativo ao que a Escritura
revela, então devemos lembrar que Deus destruiu Sodoma e Gomorra e aquilo foi
um modelo, exemplo da condenação eterna. Judas escreveu:
“Assim como
Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação
como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena
do fogo eterno.” (Jd 7).
Deus livrou Ló e sua família ‘à força’ da
destruição. Os anjos não foram naquelas cidades
retirar de lá as crianças. Os pais foram punidos também por causa da condenação
das crianças. Será que as crianças estão isentas da condenação eterna? A Bíblia
não revela, antes disso, nos dá margem para concluir que não.
Outro exemplo bíblico é o caso do Dilúvio.
Jesus disse que ‘assim como foram nos
dias de Noé, assim será na vinda do Filho do Homem’ (Mt 24.38). E mostra a
amplitude da condenação:
“varreu a todos, assim será na vinda
do Filho do Homem.” (Mt 24.39)
Se o nosso irmão do CACP pensasse assim: ‘Puxa
Deus poderia ter feito uma arca para salvar as crianças, mas preferiu animais!?’
Seria também um questionamento recorrente da justiça invocada contra a
condenação eterna das crianças!!
Outros exemplos bíblicos poderiam ser
citados, como quando Deus mandou matar todos das cidades na jornada à Canaã, Jerusalém
em 70, etc. Alguns argumentam que nesses casos as crianças foram salvas, mas
qual a base bíblica para afirmarem isso? Nenhuma!!!
A doutrina da Queda não conclui a questão,
segundo meu irmão em Cristo, Pr. João Flávio, pois será necessário ainda o crescimento
para justificar a condenação uma
condenação justa (!). Porém, ele esquece que a morte física é análoga da
morte espiritual da Queda e subsequentemente condenação. Por isso “todos
morrem” (Rm 5.12). Por não se lembrar disso, talvez, ele faz a objeção inócua: “No caso de um infante não-eleito que morre ao nascer, seria ele condenado
pelo pecado herdado de Adão, mesmo sem ter chegado à idade madura?” Ora, se
o infante morreu, morreu por que?
Por fim, ele comete uma falta de atenção em
uma citação bíblica da postagem:
“Com todo
respeito a Calvino, Jesus deixou claro que a salvação das crianças que não
atingem a idade da razão nada tem que ver com eleição arbitrária ou
predestinação incondicional. Em Mateus
18.2,3 está escrito: “E Jesus, chamando uma criança, a pôs no meio deles e
disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como
crianças, de modo algum entrareis no Reino dos céus”.
Com todo respeito ao João Flávio Martinez, o
problema é que esse texto tem um contexto. No versículo seis (6), três adiante
que citou, Jesus mostrou que o caso em mira não pode ser citado para crianças
que não atingiram a idade da razão. Pois Jesus disse:
“Mas qualquer que escandalizar um destes
pequeninos que creem em
mim [...]” (Mt 18.6).
Sobre o texto de Mateus 19.14, aí
sim, temos um exemplo melhor para o tema. Com base nesse, J. C. Ryle
também diz que, por causa dessa passagem, podemos esperar sem dúvida a salvação
de todas as crianças (Meditações no Evangelho de Matheus, p. 157).
- Porém, na minha limitada visão, Jesus não está dizendo que todas as crianças serão salvas. Ele está dizendo que as crianças que são levadas a ele, mesmo não sabendo quem é o Senhor, é que serão salvas. Creio que, apenas os filhos dos cristãos serão salvos, e dos que levam seus filhos e outras crianças ao Senhor Jesus.
Estou com o Sínodo de Dort
nesse ponto, por causa da doutrina bíblica da aliança.
“[...] os
pais que temem a Deus não devem ter dúvida da eleição e salvação de seus
filhos, que Deus chama desta vida ainda na infância.” (Artigo 17).
E triste ver tudo isso, cacp, iacs, e agora tambem mca guerra entre arminianos e calvinistas e lamentavel, estranho que nunca vi nenhum destes sites apologistas fazerem cursos apologeticos de gratis, e logico que existem custos por detras mas ta compilcado, o ano passado o iacs disse que ia ministrar um curso apologetico com videos gratis, sò foi balela, ta cada vez mais dificil na minha humilde opiniâo acho que apologetica cristâ brasileira ja foi, o que estamos vendo e uma guerra pessoal.
ResponderExcluirQuerido irmão, não é guerra de minha parte.
ExcluirPor favor, espere que seu sonho, que é o meu, surgirá.
Em Cristo.
Não creio que o MCA está guerreando contra o CACP. Entendo que o irmão Luciando está respondendo, e como primazia, aquilo que o CACP acusa.
ResponderExcluirEu não concordo com o arminianismo (inclusive quando eu ainda estava numa igreja arminiana!), mas não fico perdendo tempo em discussões secundárias. Procuremos viver as convergências, e deixarmos as divergências para o Dia do Senhor.
A demanda calvinista está em alta no Brasil e, consequentemente, surgirão apologistas arminianos saindo por todos os lados "caçando" os calvinistas.
Por fim, o meu temor em relação a essa apologia arminiana é começarem a tratar a Doutrina Reformada como heresia. Esse é o perigo! Portanto, que Deus tenha misericórdia de nós.
Em Cristo,
Robson Ribeiro
Irmão, eu guerrear com o CACP é lutar com irmãos... jamais faria isso. Além disso, no geral seria uma guerra perdida. Eu apenas apresentei uma resposta como irmão... já falei com ele algumas vezes a respeito. Mas ele está convicto desse oposicionismo. Compreendo o lado dele, mas não a dureza que assumiu... só isso.
ResponderExcluirGosto muito do pastor Flávio do CACP, mas não concordo com posição radical; amo os irmãos calvinistas e prefiro caminhar com as convergências que são bem mais benéficas para os irmãos.
Excluirlutar contra irmãos*
ResponderExcluirA Dupla Predestinação Calvinista ensina de que Crianças que não foram predestinadas à salvação, queimarão com satanás por toda eternidade, mesmo as recém nascidas.
ResponderExcluirNo final das contas, as pessoas queimam no inferno não porque pecaram ou deixaram de pecar, mas porque Deus as predestinou para tal.
O pecado se torna então apenas uma desculpa para que Deus possa predestinar alguns à perdição.
Temos então, na Dupla Predestinação Calvinista, um Deus de astúcia tão diabólica quanto o próprio diabo.
E no final das contas, o pecado nem seria causado por Satanás mas por Deus que, em sua soberania, usa o próprio Diabo como bode expiatório e instrumento para seu intento.
E somado a isto, a Dupla Predestinação Calvinista faz parecer de que Deus predestina alguns para fazerem as coisas que ELE mais odeia, como adorar a ídolos e sacrificar seus próprios filhos à entidades pagãs.
Seria este o Deus de amor que vemos em Jesus?
E conjuntamente a isto, teríamos então que mudar os versos bíblicos:
Deixai vir a mim os pequeninos (que foram predestinados à salvação) porque das tais é o reino dos céus!
Por que Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu único Filho para que todo aquele (predestinado à salvação) que crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
E o sacrifício de Cristo na cruz, seria então uma mera formalidade, pois o sangue de Cristo seria incapaz de mudar o destino de um indivíduo predestinado à perdição.
E assim caminha os ensinos da Dupla Predestinação Calvinista...
Parabéns Sr. Adventista, belas palavras!!!
ResponderExcluirPena que o Sr. Luciano Sena está com o coração duro e a mente fechada pelo Orgulho...
a IDEIA CALVINISTA, OS PONTOS DEFENDIDOS SÃO FALHOS EM QUASE TODOS OS ASPECTOS
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