segunda-feira, 24 de março de 2014

“Seria possível que Jesus pecasse?”

Infelizmente, muitos acham que pelo fato de Jesus ter sido tentado, subentende-se que ele estava sujeito a cair em pecado. Isso não é apenas heresia da cabeça de Adventistas, Testemunhas de Jeová, Mórmons, Espíritas e Teólogos Liberais. Cristãos genuínos podem falhar nisso, espero que essa elucidação ajude a esses, visto que aqueles estão sob o domínio de ‘seus profetas’ e espíritos malignos, até que Deus os livres (Jo 8.32).

“A impecabilidade de Cristo

Seria possível que Jesus pecasse? Sua tentação foi genuína ou somente uma farsa? Pode­mos resumir, da seguinte forma, os argumentos usados pelos defensores da pecabilidade de Jesus: (1) Por ter uma verdadeira natureza humana, Jesus era capaz de pecar; (2) Por ter sido realmente tentado, como o homem é tentado, Jesus era capaz de pecar; (3) A tentabilidade exige a susceptibilidade ao pecado; (4) Se Jesus foi realmente um segundo Adão, ele teria que ser capaz de pecar; (5) A afirmação "ninguém é bom senão um, que é Deus" (Mt 19.17; Mc 10.18; Lc 18.19) sugere que Jesus seria capaz de pecar; (6) O batismo de Jesus, feito por João, sugere que Jesus era capaz de pecar; (7) Hebreus 5.7-8 sugere que Jesus não era sempre obediente, portanto, era capaz de pecar.136

Podemos fazer as seguintes críticas àqueles que defendem esta posição: (1) afirmam que Cristo é menos do que Deus; (2) afirmam a possibilidade de conflito entre as suas duas naturezas santas; (3) pregam um outro Cristo e (4) facilitam o aparecimento de outras heresias.137 Portanto, podemos concluir que não há qualquer argumento forte na Escritura que dê base para a crença na pecabilidade de Cristo.

Por outro lado, as Escrituras dão testemunho da impecabilidade de Cristo. Podemos observar isso no testemunho dos apóstolos (cf. Jo 6.69; Hb 4.15; 7.26; 9.14; IPe 2.22; Uo 3.5; 2Co 5.21), no testemunho de Cristo (cf. Jo 8.46) e no testemunho dos incrédulos (Mt 27.4, 19; Lc 23.41). Por essa razão, precisamos atribuir a Cristo não somente integridade natural, mas também perfeição moral, isto é, impecabilidade. Isso "significa não apenas que Cristo pode evitar o pecado (potuit non peccare), e que de fato evitou, mas também que Lhe era impossível pecar (non potuit peccare), devido à ligação essencial entre as naturezas humana e divina". Apesar de Jesus ter-se feito pecado representativamente (2Co 5.21), entretanto, estava livre tanto do pecado hereditário como do pecado real.138 Por isso, de acordo com o ensino bíblico, Jesus Cristo não era passível de cometer pecado (non positpeccare), possuindo, portanto, a impecabilidade.

Essa Pessoa teve acrescida sobre si uma natureza humana (que, se pudesse estar isolada e independente da outra natureza, concederia possibilidade de pecado em Jesus Cristo). Todavia, essa Pessoa não somente não era manchada pelo pecado, como não poderia ser manchada por ele. Portanto, a natureza humana de Jesus Cristo, que o torna sujeito à tentação, não traz a possibilidade de ele ser sujeito ao pecado. Essa Pessoa não poderia pecar em hipótese alguma. Aquele que não conheceu pecado não poderia conhecer o pecado. Ele nada tinha a ver com o príncipe deste mundo, que o tentou sobremaneira. Não havia algo, dentro ou fora de Jesus, que pudesse levá-lo a pecar. Deus não deu a Jesus Cristo o que havia dado ao primeiro Adão, a saber, a possibilidade de agir de forma contrária à sua natureza santa. Se o fizesse, Deus daria a Cristo a possibilidade de deixar de ser aquilo que desde o ventre materno ele foi: um ente santo (Lc 1.35), e ele não poderia ser o objeto de nossa santa adoração.139

Podemos oferecer os seguintes argumentos para a impecabilidade de Cristo: (1) O fato de Jesus Cristo ser Deus, possuindo o atributo da santidade, torna-o absolutamente impecável, pois o pecado sugere o fato de que sua natureza poderia ser alterada, o que o colocaria na mesma posição do ser, como os seres humanos, uma criatura passível de mudança. Nesse caso, Deus deixaria de ser Deus; (2) O fato de Jesus Cristo ser Deus, possuindo o atributo de onisciência, aponta também para a sua impecabilidade, pois a onisciência o livra de pecar; (3) O fato de Jesus Cristo ser Deus, possuindo o atributo de onipotência, aponta para o fato de ser impossível que Jesus Cristo pudesse pecar; (4) O fato de Jesus Cristo ser Deus, possuindo o atributo de onipresença, aponta para o fato de ele não ser passível de pecar. (5) O fato de Jesus Cristo ser uma pessoa única que tem um desejo onipotente de fazer a vontade do Pai implica que ele é impecável (cf. Jo 4.34; 5.30; 6.38;); (6) O fato de Jesus ter sido enviado como oferta e sacrifício em lugar dos homens implica que ele é impecável; (7) As próprias afirmações que Jesus fez de si mesmo apontam para a sua impecabilidade.140

Por isso tudo, concluímos que Cristo não somente não pecou, mas que ele não poderia pecar, em virtude de quem ele é e do que veio fazer. Por outro lado, devemos destacar que as tentações de Cristo foram reais, embora fossem insuficientes para vencê-lo, pois a natureza divina torna a pecabilidade impossível. Mas será que uma pessoa que não cai em tentação é, de fato, tentada? Podemos argumentar que a pessoa que resiste à tentação conhece todo o poder da tentação. A impecabilidade de Cristo "aponta para uma tentação muito mais intensa, não menos intensa". Alguém que cede à tentação não sente todo o seu poder, pois cede enquanto a tentação ainda não chegou à sua força total, não chegou ao seu extremo. Somente o homem que não cede a uma tentação, "no que diz respeito àquela tentação em particular, é impecável, [e] conhece aquela tentação em toda sua extensão".141

Mas uma pessoa que não peca é realmente humana? Como Erickson destaca, "se dissermos não, estamos sustentando que o pecado faz parte da essência da natureza humana". Indo um pouco além, "tal concepção deve ser considerada uma heresia por qualquer pessoa que creia que a humanidade foi criada por Deus, já que Deus seria então a causa do pecado, o criador de uma natureza essencialmente má".142 Como abordado no capítulo 11, segundo as Escrituras, o pecado não faz parte da essência da natureza humana. Erickson destaca que a pergunta correta é: somos tão humanos quanto Jesus? "Pois o tipo de natureza humana que cada um de nós possui não é a natureza humana pura. A verdadeira humanidade criada por Deus foi, no nosso caso, corrompida e danificada. No fim, só houve três seres humanos puros: Adão e Eva, antes da queda — e Jesus".143 Após a queda, os seres humanos não passam de versões corrompidas da humanidade. Como Ericskson conclui: "Jesus não é apenas tão humano quanto nós; ele é mais humano. Nossa humanidade não é um padrão pelo qual possamos medir a dele. Sua humanidade, verdadeira e não adulterada, é o padrão pelo qual nós seremos medidos".144

136Heber Carlos de Campos, A pessoa de Cristo; união das naturezas do Redentor, p. 370-379. 137Heber Carlos de Campos, A pessoa de Cristo; união das naturezas do Redentor, p. 379-382. 138Louis Berkhof, Teologia sistemática, p. 292. 139Heber Carlos de Campos, A pessoa de Cristo; união das naturezas do Redentor, p. 370. 140Heber Carlos de Campos, A pessoa de Cristo; união das naturezas do Redentor, p. 383-395. 141Leon Morris, Lord of heaven; a study of the New Testament teaching on the deity and humanity of Jesus (Grand Rapids: Eerdmans, 1958), p. 51-52, apud: Millard J. Erickson, Introdução à teologia sistemática, p. 296. l42Millard J. Erickson, Introdução à teologia sistemática, p. 296. l43Millard J. Erickson, Introdução à teologia sistemática, p. 296. l44Millard J. Erickson, Introdução à teologia sistemática, p. 297.


Fraklin Ferreira; Alan Myat - Teologia Sistemática, p.522,523. Editora Vida Nova.

9 comentários:

  1. Bom dia,

    Quero colaborar com a postagem, citando algumas passagens que podem nos dar uma luz sobre isso.

    A Palavra de Deus diz:

    “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” - Hebreus 4:15-16

    “Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão. Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.” - Hebreus 2:16-18

    “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.” - Filipenses 2:5-11

    Veja bem:

    Jesus Cristo pode ajudar aqueles que são tentados, porque Ele também passou pelas mesmas tentações. Ele não olha para você de longe, sem saber como você pode se sentir. Ele sabe muito bem. Ele foi feito semelhante a nós em todos os aspectos que lemos. Alguns acreditam que Cristo era como um robô: Ele veio, fez o trabalho e partiu. Precisamos, no entanto, a imagem de um Cristo que foi feito semelhante a nós em todos os aspectos. Precisamos da imagem do Jesus Cristo HOMEM. Em I Timóteo 2:5, lemos:



    I Timóteo 2:5
    “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.”


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  2. A teologia adventista afirma que, enquanto seja claro que Jesus partilhou uma íntima afinidade conosco, as evidências bíblicas também indicam que Ele foi, ao mesmo tempo, radicalmente diferente de nós. Assim, por um lado, Ele sujeitou-Se às leis da hereditariedade, encarnando as “fraquezas inocentes” desta condição: Ele sentiu fome, sede, ficou cansado, frustrado e, às vezes, deprimido e triste. Tomou todas as limitações físicas dos descendentes de Adão. Por outro lado, em Sua natureza moral e espiritual, era como Adão antes da queda. Absolutamente puro, incontaminado de qualquer mancha. Do ponto de vista moral, Ele Se ergue como o nosso perfeito substituto. Sobre Sua encarnação miraculosa, Gabriel informa à virgem: “Descerá sobre ti o Espirito Santo. [...] Por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lc 1:35).

    Muitos creem que Jesus tinha que ser exatamente como nós, ter as mesmas propensões pecaminosas inerentes, para poder nos ajudar. É procedente esse tipo de raciocínio? Em última análise, essa é outra má compreensão. Em primeiro lugar, porque era impossível Jesus suportar cada tentação que sobrevém aos diferentes tipos de pessoas. Se Ele, por exemplo, era homem, solteiro e pobre, como poderia “ser tocado pelos sentimentos” das mulheres, dos casados e dos ricos? Uma pessoa não é tentada em termos daquilo que ela não é. Em segundo lugar, além de impossível, seria inútil que Jesus experimentasse cada tentação que cada pessoa enfrenta. A tentação tem significado apenas quando ela é adequada a uma pessoa em particular. O diabo tentou Jesus com apelos que se constituíram em tentação para Ele. O uso da Sua divindade em benefício próprio, por exemplo. Finalmente, além de impossível e inútil, seria desnecessário para Jesus lutar com cada tentação que sobrevém a cada pessoa. Cristo necessitou apenas vencer onde Adão falhou, sem necessitar ter as propensões para o pecado. A acusação de Satanás não era que seres pecaminosos não poderiam guardar a lei de Deus, mas que Adão, antes da queda, não podia fazê-lo. Jesus desfez o engano, assumindo a humanidade, não como qualquer descendente de Adão, mas como o segundo Adão (Rm 5:12-21; 1Co 15:45-47), ainda que, do ponto de vista físico, em condição de extrema desvantagem.

    Em nossa natureza existe uma afinidade natural com o pecado. Comentando a profecia da inimizade entre a mulher, sua descendência e o seu descendente (Gn 3:15), Ellen White enfatiza que, em nós, essa inimizade não é natural, de fato: “Não existe, por natureza, nenhuma inimizade entre o homem pecador e o originador do pecado” (O Grande Conflito, p. 505). Em relação a Jesus, contudo, Ellen White declara: “Com Cristo a inimizade era em certo sentido natural; em outro sentido foi sobrenatural, visto combinarem-se [nEle] humanidade e divindade. E nunca se desenvolveu a inimizade a ponto tão notável como quando Cristo Se tornou habitante da Terra” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 254). Portanto, “não devemos ter dúvidas acerca da perfeita ausência de pecado na natureza humana de Cristo” (Ibidem, v. 1, p. 256).




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  3. Gabriel, bom ler esse seu comentário, apesar de discordar que Jesus podia pecar. A natureza pecaminosa de Jesus sempre foi um problema para o adventismo, por causa da instabilidade de Ellen White nesse assunto.

    De qualquer forma, o tema é se era possível. Cremos que não.

    Deus te fortaleça em Cristo

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  4. Sabemos pela Palavra de Deus que a natureza humana de Jesus era real ( Fl. 2.7-8; Hb.2.17; 4.15; 1 Pe. 2.22 ) , mas nem por isso Jesus pecou. Não havia qualquer corrupção moral e espiritual em sua natureza. Se Jesus tivesse sido corrompido pelo pecado, em qualquer sentido, não poderia ter cumprido o padrão do Antigo Testamento, que requeria que toda a oferta pelo pecado fosse " SEM DEFEITO " ( Lv.4.3; Hb.7.26 ; 1 Pe.1.18,19 ).
    O Senhor Jesus não herdou a natureza pecaminosa de Adão, Rm.5.12 como os demais humanos herdaram. Ele foi concebido por Obra do Espirito Santo, sem a participação do homem, nasceu de uma virgem.
    A Ele toda Glória e para sempre, sempre.
    Em Cristo
    Wilton

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  5. Completa heresia, esta teoria de que Cristo poderia pecar.

    Lembremo-nos de que em Jesus Cristo co.existiam as duas naturezas, divina e humana. Quando o Senhor Jesus falava e atuava as duas naturezas agiam em uníssono, ao mesmo tempo, e não separadamente!

    Afirmar que havia uma "brecha" na natureza humana perfeita de Cristo, equiparando-o à Adão, antes da queda, é afirmar que existe uma "brecha" em Deus (Deus me livre!), que se descoberta poderia levá-lo a pecar, o que faria com que ele deixasse de ser o onipotente, Deus todo-poderoso.

    Isto não tem fundamento nas Escrituras, pois elas já previam a ressurreição de Cristo como um fato consumado. As pessoas que defendem essa heresia, não conhecem o que significa a "substituição" feita no Calvário, ou seja, Deus matou seu próprio Filho.

    É o que Abraão iria fazer se não fosse impedido pelo anjo!

    É um tipo de "Deus oferecendo o seu próprio Filho, pelos pecadores eleitos."

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  6. Pois é Paulo, parece que alguns não conseguem ver isso.

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  7. Luciano e Paulo, sinceramente não teria coragem de permanecer no seio de uma instituição que não reconhece meu Senhor Jesus Cristo como e quem Ele de fato é em toda Sua Glória e Natureza. Existem pontos Doutrinários que não mexem com a Glória do Senhor e Sua Essência, porém existem " aberrações " que tornam-se heresia. Como ovelhas de Seu pasto temos que nos posicionar.
    Deus nos guarde
    Em Cristo
    Vosso conservo
    Wilton

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    1. Wilton, não sei ao certo quantos pensam assim - da possibilidade de Jesus pecar... mas eu concordo com o irmãos, tb não ficaria.

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  8. Cadê que quiseram (os adventistas) se alongar aqui? Conheço bem isso. Vão dizer que ninguém disse isso. Isso é uma distorção dos escritos. Blablablá e blablablá... Quando vão a minha casa ou andam pela rua distribuindo livros nunca o fazem criando a todo pulmão que Jesustinha essa suposta passibilidade para o pecar... Revolta-me não só isso. escondem muito... muito mesmo!

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