"O motivo pelo qual os cristãos são colocados na posição de
apresentar a razão da esperança que neles há é que nem todos os homens têm
fé. Porque há um mundo a ser evangelizado (homens que não são convertidos), há
a necessidade de que o crente defenda sua fé: evangelismo conduz naturalmente à
apologética. Isso indica que apologética não é mera questão de “duelo intelectual”;
é uma séria questão de vida e morte — vida e morte eterna.
O apologeta
que falha em perceber a natureza evangelística de sua argumentação é cruel e
arrogante. Cruel porque ignora a principal carência de seu oponente, e
arrogante porque está mais preocupado em demonstrar que ele não é um tolo
acadêmico do que em mostrar que toda glória pertence ao gracioso Deus de toda a
verdade.
Evangelismo nos faz lembrar quem somos (pecadores salvos pela graça) e
do que carecem nossos oponentes (conversão de coração, não apenas modificação
proposições modificadas). Acredito, portanto, que a natureza evangelística da
apologética nos indica a necessidade de adotar uma defesa pressuposicional da
fé. Em contraste a essa abordagem se colocam os vários sistemas de argumentação
autônoma neutra.
Algumas vezes ouve-se, na área da erudição cristã (seja no campo
da história, da ciência, da literatura, da filosofia ou em qualquer outro), a demanda por uma postura neutra, uma atitude não comprometida com a
veracidade das Escrituras. Com freqüência, professores, pesquisadores e escritores
são levados a pensar que, para serem honestos, devem pôr de lado todo
comprometimento distintamente cristão quando estudam uma área que não esteja
relacionada diretamente aos assuntos da adoração dominical. Eles raciocinam
que, visto que a verdade é verdade onde quer que possa ser encontrada, as
pessoas devem ser capazes de buscar a verdade pela orientação dos grandes
pensadores de cada área, ainda que esses tenham uma perspectiva secular. “É
realmente necessário considerar os ensinamentos bíblicos se você quer entender
corretamente a guerra de 1812, a composição química da água, as peças de
Shakespeare ou as regras da lógica?” Esse é o questionamento retórico deles.
Daí surge a demanda por neutralidade no reino da apologética (defesa da fé).
Alguns apologetas dizem que
deixariam de ser escutados pelo mundo descrente se abordassem a questão da
veracidade das Escrituras com uma resposta preconcebida. De acordo com essa perspectiva, devemos
estar dispostos a abordar o debate com descrentes com uma atitude comum de neutralidade
— uma atitude “ninguém sabe até agora”. Inicialmente , devemos assumir o mínimo
possível, é o que nos dizem; e isso significa que não podemos assumir premissas
cristãs ou ensinamentos bíblicos. Assim, o cristão é chamado a abrir mão de suas
crenças religiosas distintivas, a “deixá-las na estante” temporariamente, a
assumir uma atitude neutra em seu pensamento.
Satanás adoraria que isso acontecesse. Mais do que qualquer outra
coisa, isso evitaria a conquista do mundo para crer em Jesus Cristo como
Senhor. Mais do que qualquer outra coisa, isso faria dos cristãos professos
impotentes em seu testemunho, ineficazes em seu evangelismo e incapazes em sua apologética."
Continua...
(Fonte: Monergismo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário