(Bom, não temos tempo para esperar a mediação nos responder [...] sobre o procedimento. Por isso, responderemos a todas as objeções do oponente. Se estiver fora dos padrões, que se nos exija uma nova resposta.)
Qualquer um pode perceber que foi completamente sem sentido as observações sobre escatologia. Certamente o cristão, bem como qualquer ateu, GOSTARIA que as coisas não acabassem aqui, e que tivessem um futuro próspero no pós-túmulo. Mas isso nunca foi apresentado como a única motivação para nos tornarmos cristãos. Da forma que foi declarado, dava a entender isso. Como não defendemos tal argumento em prol da veracidade do cristianismo, é irrelevante lidar com o assunto.
A=“Se só porque tem final que não há motivos pra fazer alguma coisa, então ninguém vai fazer nada.”
L=Em forma silógica ficaria assim:
⦁ Se algo não tiver motivações racionais porque acaba, então ninguém fará nada.
⦁ Alguém faz alguma coisa.
⦁ Logo, existem motivações racionais.
Isso se chama falácia da afirmação do consequente. As pessoas podem agir como se houvesse algum sentido no que faz; como se houvesse algum propósito, mesmo que isso tudo seja inconsistente com sua cosmovisão. Aliás, elas podem (como presumimos que seja o caso do oponente) nunca ter pensado na questão, e se quer percebido que estão agindo sob pressupostos injustificados em sua cosmovisão. Sim, se o ateísmo for verdadeiro, não há sentido em fazer coisa alguma.
Pois bem, a relevância da ação, segundo o oponente discorre, está em fazer algo que se orgulha, um benefício a si ou a alguém. Portanto, a relevância da ação tem fundamentos SUBJETIVOS, e não objetivos. O valor é pessoal. Não se pode, com essa perspectiva, provar pra alguém que é egoísta ou com depressão-suicida, que ele está errado. Somente que não estaríamos satisfeitos com essa perspectiva. Também não poderíamos incentivar outras pessoas a fazer algo produtivo (como o oponente nos incentivou), pois, fazê-lo é algo que produz satisfação pessoal, e só.
Bom, respondendo à questão do porquê não fazer nada visto que tudo termina, é simples. O todo não faz sentido, logo as partes também não. Ilustraremos: imagine que você está fazendo um bolo para comer, e descobre que um dos elementos essenciais para sua confecção está estragado. Não importa se mexeu direitinho os ovos, se deixou o tempo certo no forno, etc., tudo aquilo foi uma completa perda de tempo. Um non-sense. No máximo, você pôde brincar durante a produção, de que aquilo tinha algum objetivo. Mas se alguém quiser abandonar o ato, ou sequer começar (sob as mesmas condições), você não poderia culpá-lo, nem incentivá-lo a mudar de idéia.
Como prova cabal de que o oponente está mais perdido que cego em tiroteio, ele usou uma definição de dicionário (sem citar qual) para definir misticismo, após declarar que o teísmo (principalmente o teísmo cristão, a qual nos atemos) se enquadra nesta perspectiva filosófica. O grande problema é que ‘misticismo’, na história do pensamento, tem vários significados. O que foi colado pelo oponente está relacionado a uma forma de panteísmo (“Místico é todo aquele que concebe a não-separatividade entre o Universo e os seres” ou “perceber todas as coisas como sendo parte de uma infinita e essencial Unidade de tudo o que existe”) que não tem nada a ver com o teísmo. Está mais relacionado à experiência mística do monismo panteísta oriental, ou ao neo-platonismo.
Agora, o mais interessante é ver que a definição de místico que o adversário apresentou, e a resposta à segunda questão não tem nada a ver. “"O místico procura a presença do Ser Supremo e Real" usa o ser "sagrado" como forma de respostas que não tem (exemplo um avião é um pássaro gigante dos deuses ou um deus (pros indios que nunca viram o "homem branco").”. Aqui ele confunde as bolas entre mito (no sentido pré-socrático, pelo menos) e místico, pois define-o como que colocando ‘Deus nas lacunas’. Primeiro, não tem nada a ver com sua definição de místico. Segundo, não tem nada a ver com a proposta teísta. É verdade que temos na história do pensamento quem tenha usado Deus para preencher lacunas. Mas isso não pode ser cotado como proposta da cosmovisão teísta em si.
Declara ser o empirismo a principal forma de se obter conhecimento. Para não haver confusão, quero que responda à seguinte questão: podemos saber de todo tipo de verdade pelo método empírico? Em outras palavras: existem categorias de conhecimento que fogem à alçada do empirismo?
Não querendo ser enfadonho, mas seria necessário definir o que você quer dizer com ser o empirismo a ‘principal’ forma de conhecimento. Uma prolepse para poupar tempo: se responder que há outras categorias que fogem ao escopo empírico, mas que esse é o principal, precisamos saber o porquê da definição de ‘principal’. E ainda: você é cientificista?
Essa questão inicial não foi abordada (pode ficar para o próximo tema do oponente): “Ainda gostaríamos de ver como é que o avanço da ciência para explicar a realidade nos leva ao ateísmo. Esteja à vontade para expor sua argumentação.”
Como justificado previamente ao moderador, estamos seguindo a seguinte metodologia: mostrar que o ateísmo está calcado em pressuposições teístas (na ética, na metafísica, na epistemologia), e que ele tem de abdicar-se delas. Porém, ao fazê-lo, sua cosmovisão ruirá. Também aproveitamos, como bônus de argumentação, observar a técnica do espantalho usada pelo oponente.
Este debate está disponivel na intrega em alguma outra mídia?
ResponderExcluirOu isto é pressupostamente fictício?
De fato, "neo-ateus" existem, mas tenho boas razões para duvidar da veracidade ou da validade desse debate. É como se fosse "chutar cachorro morto", uma luta arranjada.
Ah desculpe, aviso que não li as partes 2 e 3. Não sei se é comigo, mas não consigo ler os posts aqui. Poderia postá-las novamente?
ResponderExcluirGrato desde já!
Quais são essas razões para duvidar desse debate?
ResponderExcluir.Não cita fontes e dados precisos do debate(nome do debatedor ateu, local ou rede de comunicação, etc);
Excluir.Li algum post neste blog que tinha um caráter semelhante com este debate, que era fictício;
.Os argumentos postos pelo tal "ateu" são banais e mal formulados até demais, facilitando a réplica do oponente, atacando um espantalho;
Tais "neo-ateus" bitoladinhos existem, mas obiviamente eles não representam o ateísmo como um todo. Além do mais, o ateísmo em si é apenas uma posição de descrença, nada mais que isso.
Fabrício, resolvi preservar a integridade do debatedor. Mas o debate foi público, no youtube, e eu poderia trazer algumas testemunhas, se for o caso.
ExcluirAgora, quanto aos argumentos dele serem toscos, isto é bem ao sabor neo-ateísta. É assim com Richard Dawkins; C. Hitchens; Sagan... etc. Não deveríamos ficar impressionados se suas crias são piores ainda...
Mas o debate trará à baila o argumento moral, no final. Acompanhe.
Pra mim será ótimo postar estes debates aqui. Quando um outro 'gênio' neo-ateísta vier usar os mesmos argumentos, só falo: 'já resolvi isto aqui', e linko este e/ou outros debates.
Nenhum de meus oponentes foram fictícios. Tenho, inclusive, o nome deles e os debates todos registrados aqui... :)
Aliás, o debate foi no facebook... ^^
ExcluirHam, facebook...:)
ExcluirFabrício, por incrível que pareça, é um debate completamente real. Fiz este e muitos outros que ainda pretendo postar no blog.
ResponderExcluirO cara ainda é uma espécie de guruzinho ateísta, apesar de escrever como um analfabeto (aliás, como é mítica a visão de que ateístas são seres de superioridade intelectual... os neo-ateus estão mais no nível de neo-pentecostais)!
Eu chequei, e os links estão bons. Tente procurar o debate no 'search', no canto superior esquerdo. :)
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