sábado, 10 de dezembro de 2011

“As ‘NOVAS’ línguas”... segundo o irmão Clóvis

O nosso irmão Clóvis, do excelentíssimo Blog Cinco Solas, defende que o termo, para ‘novas’, usado por Jesus em Mc 16.17 é uma evidência que as línguas faladas nas igrejas pentecostais, é um tipo de língua não conhecida em nosso mundo (Veja AQUI). Nova em sentido de origem. Nos dizeres dele:

... as novas línguas não são a mesma coisa que idiomas terrenos que os que cressem iriam passar a falar, mas sim línguas novas no sentido que são distintas e mais elevadas em natureza.

Visto que os que não são pentecostais dizem que as ‘novas’ línguas seriam novas para quem fala. O assunto em mira parece ser bem essencial para estabelecer legitimidade da prática atual de falar em línguas.

Pretendo usar duas linhas de argumentação para mostrar que o irmão Clóvis, e de fato, todos os pentecostais, estão equivocados nesse ponto. Usarei um argumento bíblico e o linguistico.

1º) O que a Bíblia diz sobre as novas línguas não apóia o argumento do irmão Clóvis. Onde e quando se cumpriu, ou pelo menos começou a se cumprir, o que Jesus prometeu em Mc 16.17? Podemos dizer que Atos 2  descreve o cenário do começo do Dom de Línguas, decorrente, naquele caso, do Batismo com o Espírito Santo sobre a Igreja. E lemos alguns trechos ali:

“... os ouvia falar em sua própria língua.”

“... em nossa própria língua materna?”

“... como ouvimos falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus?”

O caso é diferente do que pretende os pentecostais, e o irmão Clóvis, ao defenderem que ‘nova’ seria um idioma não conhecido no mundo inteiro. Aqui encontramos um descompasso com a existência até mesmo da nomenclatura ‘pentecostal’ (At 2.1).

Se esse não é o caso que Jesus predisse, então vocês não são pentecostais! Seria mais próprio dizer que quando se fala em idiomas conhecidos sob a influência do Espírito, aí sim seria pentecostal. Não o que o Clóvis pretende, falar línguas desconhecidas mundialmente (= ‘novas’). Mas é exatamente em At 2 que o movimento ‘pentecostal’ se estriba para exibir sua identidade.

O uso que a Bíblia faz do assunto em 1 Co 14 não muda de figura. Para começar, se esse aspecto do termo ‘novas’ (línguas) fosse um fator preponderante no assunto em pauta, o que é necessário para o argumento do irmão Clóvis, não o era para Apóstolo Paulo. Ele não usa “novas” línguas em parte alguma de 1 Co 14 onde ele trata exaustivamente sobre o dom de línguas. Para piorar a situação do argumento de nosso irmão, no contexto aparece uma clara referência aos idiomas ‘estrangeiros’. Veja o que a Palavra diz:

“... Falarei a este povo por homens de outras* línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor.” (v. 21).
*Faz alguma diferença se aqui é állos ou héteros?

O argumento bíblico é que o uso de novas línguas em Mc 16.17 não está carregado de mistério, antes é o seu uso natural. Jesus está dizendo que a Igreja atingiria novas terras, novas nações, novos povos, por meios extraordinários [ou não] (Mt 28.19).

2º) “Novas” em que sentido?: Um erro muito comum é você pegar um dicionário bíblico, ver o sentido primário e sair aplicando em todos os lugares em que você encontra a palavra na Bíblia. Nós não usamos assim os vocábulos, verbos, etc. Talvez a melhor sugestão é que ouvi de um professor de grego: “O contexto é soberano. É ele que determina qual o sentido que o autor usa-o.”

Existem várias definições acopladas em um termo. Por vezes, a carga semântica é tão grande, e mutante, que pode ocorrer sentidos nunca pretendidos na filologia e/ou etimológica da palavra.

Segundo o irmão Clóvis, o termo que Jesus usou em Mc 16.17 foi aplicado com o fim de representar uma novidade linguística. Ele prossegue dizendo que "novas línguas em Mc 16:17 também não são os já existentes idiomas."

Mas gostaria de mostrar algo, para expandir o tema, que a meu ver, desloca a interpretação pentecostal do Clóvis para a área de especulação dogmática.

Veja como os autores bíblicos, inspirados por Deus, usaram o termo  (kainos)como sinônimo de (neos).

“... Este é o cálice da nova (o mesmo termo em Mc 16.17) aliança no meu sangue derramado em favor de vós.” (Lc 22.20).

“...diz o Senhor, e firmarei nova (o mesmo usado em Mc 16.17) aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá.” (Hb 8.8)

“... e a Jesus, o Mediador da nova (termo diferente do que foi usado em Mc 16.17) aliança ..."

Visto que os textos falam da mesma Aliança, o termo não serve ao que o irmão Clóvis almejou!
Mas alguém pode responder dizendo que ‘os termos são diferentes, mas não completamente diferentes. Existe um, ou alguns, aspectos semelhantes, por isso que eles podem figurar como sinônimos em alguns textos’. Tudo bem... Mas pelo que foi posto no argumento 1, pode-se inferir um outro problema por causa desta resposta: Quem garante que Jesus não usou o termo tendo em mente o ponto de semelhança? (Na verdade, Atos 2 me garante que sim!)

CONCLUSÃO
A prova apresentada pelo irmão Clóvis não é conclusiva. E é aparentemente, uma falácia. O que ele precisa se perguntar é como o autor bíblico usou o termo, com base no contexto, imediato e geral, para depois decidir em segundo plano, qual das possibilidades etimológicas, deve ser destacada.

18 comentários:

  1. Graça e paz do SENHOR aos irmãos do blog...

    Muito bom artigo irmão Luciano. E, melhor ainda: Isso só vem confirmar o que afirmei no outro artigo: o uso displicente e negligente do DOM BÍBLICO DE LÍNGUAS pelos irmãos pentecostais não é prova de que o verdadeiro DOM DE LÍNGUAS tenha cessado.

    Que Deus nos abençoe!

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  2. Bem, o foco da postagem não era isso. Poderia inferir que, visto que ISSO não é AQUILO, logo...

    obrigado pelo comentário...

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  3. Luciano,

    Em primeiro lugar, obrigado pela forma amável que se refere a mim, e elogiosa ao Cinco Solas. Não preciso lhe dizer que a estima é recíproca e é de fato uma pena que divirjamos nesta questão, mas se isto serve para mostrar que é possível discordar sem separar-se, Deus já está sendo loucado.

    1. Sobre as línguas de Atos, o relato não diz que os discípulos falaram nas línguas das diversas nações presentes. Mas que estes ouviram os galileus falando no idioma materno deles. A ênfase nessa parte do relato é no ouvir e não no falar. Além disso, considere que os galileus falarem as línguas deles era desnecessário, portanto, foi apenas um sinal.

    2. O fato de Paulo não qualificar as línguas como novas não prova nada. Pois ele simplesmente não qualifica as línguas, exceto na citação de Isaías, que é uma citação.

    3. O termo Nova Aliança tanto pode significar nova no sentido de sucedânea da Antiga, e portanto, é neos, como nova no sentido de superior, de outra classe, portanto kainos. Assim, os dois termos se aplicam à expressão. Porém, uma leitura comparativa das 20 ocorrências de neos e 38 de kainos mostra as distinções que tem entre si.

    Num próximo artigo no Cinco Solas apresentarei esses pontos de forma mais fundamentada.

    Em Cristo,

    Clóvis

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    1. Onde escrevi loucado, leia-se louvado.

      Em Cristo,

      Clóvis

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    2. Nossa irmão Clovis, então o DOM de LÍNGUAS é falar uma língua estranha que não existe em nosso planeta, mas quem ouve a ouve em sua língua MATERNA!

      É isso mesmo o que você quis dizer?

      Se for, totalmente sem sentido!

      Um forte abraço e fique com Deus!

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    3. Alexandre,

      Paz seja contigo. Obrigado por ler meu comentário. Respondo:

      1. O termo "língua estranha" não é biblicamente associado ao dom de línguas, pelo que o evito.

      2. O dom de línguas consiste em falar uma língua desconhecida por quem fala, e quem ouve, não sendo mera linguagem humana.

      3. A comunicação entre humanos em línguas é possível mediante outro dom, o de interpretação. Por isso que Paulo diz que, não havendo intérprete, deve-se ficar calado na igreja.

      4. No caso do Pentecostes, houve um sinal para os presentes, que consistiu em que cada um ouvia a nova língua falada pelos discípulos e a entendia em sua própria língua.

      5. Mesmo que fosse o caso de que o fenômeno de Atos 2 se repetissem em todos os detalhes, não haveria falta de sentido que alguém falasse numa língua desconhecida e alguém a entendesse no seu idioma materno. Pois foi exatamente isso que aconteceu. Falta de sentido, por outro lado, seria alguém falar num idioma humano conhecido de quem ouve e a presença de intérprete ser obrigatória.

      Em Cristo,

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  4. É o que merece.

    Quando postar uma explicaçao mais fundamentada, como promete, eu posto aqui também como resposta.

    Abraços

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    1. Eu já a escrevi, carecendo apenas de uma revisão. Mas não postarei de imediato, para não comprometer o "equilíbrio penteco-calvinsita" (rsrs) do Cinco Solas.

      Em Cristo,

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  5. Ola Irmão luciano, otima exposição

    Gostaria de acrescentar que existe um ponto fortísimo a respeito do que e ensinado por paulo na carta aos 1ºcorintios

    14:2 que diz: Pois o que fala em linguas não fala aos homens.

    1° então me explique como poderia ser uma lingua estrangeira como foi colocado no seu texto?
    Afinal se fosse uma lingua estrangeira como foi dito alguem deveria compreender o que ele esta dizedo, mas o texto diz que ninguem o entende.

    Ele tambem conclui dizendo.. que ninguem o intende...
    2º ora se ninguem o entendi então não pode ser uma lingua terrena.

    ...em espirito fala misterio...
    3º fica claro aqui que ele não esta orando com o entendimento, mas com o espirito... 1° corintios 14:15.


    14 -Pois se eu orar em lingua, o meu espirito ora de verdade.

    1°- Note que ele diz (orar) e não falar coisas, Ora de FATO.
    2º - Orar com o espirito.

    ...meu entendimento fica sem fruto...
    1ºconclui-se que ele não esta falando de falar coisas que sua mente(alma) entenda, mas coisas ditas por seu espirito.
    que sua mente não não vai entender e nem a de alguem que estiver te ouvindo, nem anjos nem principados só Deus e que quem vai entender.

    15 - que farei pois? orarei com o espirito, mas também orarei com o entendimento.

    1° ele faz distinção sobre estas coisa orar com o espirito e orar com o entendimento

    2º quando ele fala sobre orar em espirito ele esta falando sobre falar em lingua desconhecida ( não terrena )
    pois no contexto ele esta explicando sobre a lingua que ninguem entende...(se não Deus)...
    verso 2 de 1° corintios.

    3° orar com entendimento ele esta falando sobre falar palavras em uma lingua que todos entendam.


    O que acontece aqui e que as pessoas tiram o texto do seu contexto, e no contexto paulo esta ensinando como as pessoas
    deveriam usar este dom de linguas e o dom de profecia em um culto publico.

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  6. Irmão, se >>não<< há intérprete, ninguém entende. Logo, tudo o que vc disse se aplica ao ''chinês'' no meio do ''holandês''.

    Não existe essa língua "extraterrestre". Provei isso no texto ao comparar as passagens bíblicas.

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  7. 14:2 que diz: Pois o que fala em linguas não fala aos homens.

    Não <<>> Então não e chines e nem "holandês"
    e nem tão pouco e extraterestre e "espiritual".

    14 -Pois se eu orar em lingua, o meu espirito ora de verdade.


    1°corintios 2-14
    Ora o homem natural não compreende as coisas do espirito de Deus, pois lhe parecem loucura.

    Irmão vc não provou nada no texto, alem do que desperdiçou o contexto basendo em versiculos isolados que ignoram o resto do texto.
    exegeticamento incorreto quase toda a sua interpretação a lembrar que o contexto de 1 corintios 14 começa no capitulo 12
    a onde paulo começa a dizer que não queria que fossemos ignorantes a cerca dos dons " Espirituais " e não naturais, pois eu não preciso do Espirito Santo para falar uma lingua terrena isso qualquer mestre em uma lingua natural pode me ensinar.( Não ha nada de espiritual nisso ).

    Alias baseia-se no texto de atos 2 dois e simplesmente se ignora outros textos onde as pessoas falavam em linguas e profetizavam ao mesmo tempo, dentro do livro de atos lá nestes textos não haviam extragengeiros para ouvir as grandezas de Deus como em atos 2 então para que falariam em tão em uma lingua extrangeira sengundo a sua interpretação?

    A biblia deve ser observado como um todo e não apenas em partes regra geral para uma interpretação correta.

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  8. Atos 19:6
    Impondo-lhes as mãos, veio sobre eles o Espirito Santo, e falavam em línguas e profetizavam.
    7- eram ao todo 12 homens.

    Havia muitos estrangeiros ai com certeza para que eles lhes falasse acerca da grandeza de DEus não e ?
    A! o texto não diz,mas alguem com certeza vai acrescentar dizendo que eles tambem interpretavam as tais linguas terrenas que sem razão começaram a falar.

    Não e melhor dizer que linguas desconhecidas com interpretação e = a profecia como paulo disse em 1° corintios 14:5

    O que profetiza e maior do que o que fala em linguas, a não ser que a interprete. ( ai ficam em mesmo nivel).

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  9. Irmão:

    1)O termo pentecostal nasce em Atos 2 ou em 1 Co 14???

    2) O texto que citei: “... Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor.” (1 Co 14.21).O contexto!? Aqui está bem estabelecido que Deus falaria em línguas estrangeiras. Acho que está claro.

    3) O fato de falar em línguas (Atos 19) em texto descritivo, não estabelece um padrão. Compare com a profecia:

    "E falem >>dois ou três profetas<<, e os outros julguem.
    Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, >>cale-se o primeiro<<."
    1 Coríntios 14:29-30

    E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam.
    E estes eram, ao todo, uns doze homens.
    Atos 19:6-7

    O Texto de Atos não diz nada da natureza do que foi profetizado, nem se houve (ou se foi) a interpretação.

    Como o irmão deve saber, as línguas era um sinal da universalidade da Igreja. O caso de Atos 19 não é normativo mas descritivo.

    abraços

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  10. Irmão Luciano porque quando alguem lhe dá uma resposta á altura você responde com golpes baixos, e perde todo seu intelecto? Como fez com o irmão Garden, o que ele falou é verdade, está mesmo no contexto do texto, texto sem contexto é pretexto pra heresia!! Voce criar uma doutrina e isolar um versiculo sequer é HERESIA, é deturpar a hermeneutica da bíblia, e voce sabe disso. O problema de voces é que voces são só letra, e nada de graça, são sorveterianos, nos cultos de voces acontece só um milagre e sabe qual é? Cai neve de tão gelado que é, e a bíblia diz que a letra mata mas o Espirito vivifica. A paz

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    1. Engraçado é que ele não pensou assim. Nem que o ofendi, por isso continuamos o diálago.

      abraços

      (Quanto a crítica, eu nem perco tempo com esse 'dito', que tem MarcA(O) (in)'Feliciana'.)

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  11. Ótimo artigo irmão Luciano Sena, parabéns!

    Fique com Deus!

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