quarta-feira, 8 de agosto de 2018

CURSO DE DISCIPULADO BÍBLICO EM CINCO TÓPICOS

CURSO DE DISCIPULADO BÍBLICO EM CINCO TÓPICOS

I. BÍBLIASalmos 19.7-10. Veja o índice dos nomes dos livros bíblicos – O  Velho Testamento: Registra a origem do mundo e o pacto de Deus com Israel. Novo Testamento: A vida e ministério de Jesus Cristo e as atividades da Igreja.
Ø   Inspirada– II Tm 3.16; Infalível - Is 55.10,11. Inerrante – Jo 17.17; Suficiente - II Tm 3.17
ü  Para entender a Bíblia: Orar para que o Espírito Santo nos guie (Jo 16. 7-15).
ü  Ler a Bíblia em seu contexto (literário e cultural). Fazer as seguintes perguntas:
·         O que aprendo sobre Deus? O que Deus requer de mim?

II. DEUS - O que é e quem é?

Ø  Espírito - Jo 4.24. Soberano - Dt 32.39. Amor - I Jo 4.8. Criador - Ap 4.11. Santo – Is 6.3 [At 4.24 – Soberano e Criador]. Atributos que pertencem apenas a Deus: Onisciente, Onipresente e Onipotente.
ü  UM DEUS – Dt 6.5. TRÊS PESSOAS – Mt 28.19; II Co 13.13; Jd 20.21. UM SENHOR – Pai é Senhor – Mt 11.25; Filho é Senhor – Jd 4. Espírito Santo é Senhor – II Co 3.17,18

III. SALVAÇÃO– Pela graça por meio da fé em Cristo Jesus Ef 2.8

Ø  Todos nós somos pecadores, condenados- Rm 3.10,23; Rm 5.12; Jo 3.36
Ø  O Salvador é Deus e Homem – Rm 9.5; Tt2.13,14
Ø  Confessar para ser salvo – Rm 10.9
Ø  Novo nascimento/ Arrependimento - Jo1.13; 3.3,5; Mt 4.17
Ø  Perdoados e Justificados – Rm 5.1; I Jo 1.7
Ø  Adotados como filhos de Deus para a glória eterna – Rm 8.15-17; Jo 14.1-3

IV. VIDA CRISTÖ Uma vida voltada para Deus I Co 10.31

Ø  Uma vida santa, no Espírito – Gl 5.16-26; Cl3.1-4.1
Ø  Oração – Mt 6.9-13; Cl 4.2; I Ts 5.7
Ø  Ler a Palavra – Sl 1.1,2 (Sl 119.105)
Ø  Amor ao próximo – Jo 15.12; I Co 13.1-8
Ø  Resistir ao diabo – Tg 4.7; Mt 4.1-11

V. IGREJA – O povo que glorifica a Deus Ef 3.21

Ø  Cultua – Mt 4.10; Sl 27.4
Ø  Chamados para proclamar e manter a missão – IPe 2.9,10
Ø  Realiza os dois sacramentos – Mt 26. 26-28; 28.19
Vive em comunhão – Hb 10.24,25

sábado, 28 de julho de 2018

TRÊS OBJEÇÕES CONTRA A DOUTRINA DO DECRETO RESPONDIDAS POR LOUIS BERKHOF.


Três objeções comuns lançadas contra a doutrina Bíblica Reformada dos Decretos Divinos [incluindo a Predestinação], são – “1. É incoerente com a liberdade humana?” “2. Elimina todos os motivos de esforços piedosos?” “3. Faz de Deus autor do pecado?” Com a palavra o renomado dogmático:

“1. É INCOERENTE COM A LIBERDADE MORAL DO HOMEM. O homem é um agente livre, com capacidade de autodeterminação racional. Ele pode refletir sobre uma inteligente escolha de certos fins, e também pode determinar sua ação com respeito a eles.1 Contudo, o decreto leva necessidade consigo. Deus decretou realizar todas as coisas, ou, se não as decretou, ao menos determinou que isso viesse a acontecer. Ele decidiu qual o curso da vida do homem por meio disso. Em resposta a esta objeção, pode-se dizer que a Bíblia certamente não parte da suposição de que o decreto divino é incoerente com a livre ação de homem. Ela revela claramente que Deus decretou os atos livres do homem, mas também que os seus fatores não são menos livres e, portanto, responsáveis por seus atos, Gn 50.19, 20; At 2.23; 4.27, 28. Foi determinado que os judeus levassem a efeito a crucificação de Jesus; todavia, foram perfeitamente livres em seu procedimento, e foram responsabilizados por este crime. Não há nem uma só indicação na Escritura de que os escritores vêem alguma contradição quanto a esses pontos. Eles jamais procuram harmonizar ambos. Isto bem poderia levar-nos a conter-nos, não supondo uma contradição aqui, mesmo que não consigamos conciliar as duas verdades. Além disso, deve-se em mente que Deus não decretou realizar por Sua ação pessoal e direta o que quer que venha a acontecer. O decreto divino só dá certeza aos eventos, mas não implica que Deus os realizará ativamente, de modo que a questão se reduz a isto: se a certeza prévia se coaduna com a livre ação. Ora, a experiência nos ensina que podemos estar razoavelmente certos quanto ao curso de ação que alguém que conhecemos seguira, sem infringir em nada a sua liberdade. O profeta Jeremias predisse que os caldeus tomariam Jerusalém. Para ele, o evento por vir era uma certeza e, contudo, os caldeus seguiram livremente os seus desejos ao cumprirem a predição. Essa certeza é, na verdade, incoerente com a liberdade da indiferença, no conceito pelagiano, segundo o qual a vontade do homem não é determinada de modo algum, mas é inteiramente indeterminada, de sorte que, em cada volição, ela pode decidir, não somente face a toda indução externa, mas também a todos os desejos, inclinações, julgamentos e considerações internos, e mesmo a todo o caráter e estado interior do homem. Mas agora se reconhece em geral que tal liberdade da vontade é uma ficção psicológica. Todavia, o decreto não é necessariamente incoerente com a liberdade humana no sentido de autodeterminação racional, segundo a qual o homem age livremente em harmonia com os seus pensamentos e julgamentos anteriores, suas inclinações e desejos, e com todo o seu caráter. Esta liberdade também tem suas leis, e quanto mais familiarizados estivermos com elas, mais seguros poderemos estar do que um agente livre fará em certas circunstâncias. Foi Deus que estabeleceu essas leis. Naturalmente, devemos precaver-nos contra todo determinismo - materialista, panteísta e racionalista – em nossa concepção da liberdade no sentido de autodeterminação racional. O decreto não é mais incoerente com a livre ação que a presciência e, contudo, os seus oponentes, que geralmente são dos tipos semipelagiano e arminiano, professam a fé na presciência divina. Por Sua presciência Deus conhece desde toda a eternidade a futurição certa de todos os eventos. Ela está baseada em Sua predeterminação, pela qual Deus determinou a certeza futura deles. Naturalmente, o arminiano dirá que não acredita numa presciência baseada num decreto que torna certas todas as coisas, mas numa presciência de fatos e eventos contingentes, que dependem do livre arbítrio do homem e, portanto, são indeterminados. Pois bem, tal presciência das livres ações do homem é possível, se o homem, mesmo com a sua liberdade, age em harmonia com as leis divinamente estabelecidas, o que de novo introduz o elemento de certeza; mas, ao que parece, é impossível conhecer antecipadamente eventos que dependem por completo da decisão casual de uma vontade alheia a principio que podem em qualquer ocasião, independentemente do estado de espírito, das condições existentes, e dos motivos que se apresentam à mente, seguir diferentes direções. Eventos dessa natureza só podem ser conhecidos previamente como puras possibilidades. (1 Cf. Watson, Theological Institutes, Part II, Chap. XXVIII; Miley, Systematic Theology, II, p.271 s.)

2. O DECRETO ELIMINA TODOS OS MOTIVOS PARA ESFORÇO. Esta objeção tem que ver com aquelas pessoas que dizem com naturalidade que, se todas as coisas têm que acontecer como Deus as determinou, elas não necessitam preocupar-se com o futuro e não precisam fazer nenhum esforço para obter a salvação. Mas isso não está certo. No caso das pessoas que falam desse modo, geralmente a coisa não passa de mera desculpa para indolência e desobediência. Os decretos divinos não são dirigidos aos homens como uma regra de ação, e não podem constituir uma regra assim, visto que o conteúdo deles só se torna conhecido pela sua concretização, e depois desta. Há, porem, uma regra de ação incorporada na Lei e no Evangelho, e essa regra dá aos homens a obrigação de empregar os meios que Deus ordenou. Esta objeção também ignora a relação lógica, determinada pelo decreto de Deus, entre os meios e o fim a ser obtido. O decreto inclui não somente os diversos fatos da vida humana, mas também as livres ações humanas, logicamente anteriores aos resultados e destinadas a produzilos. Era absolutamente certo que os que estavam no navio com Paulo (At 27) seriam salvos,mas era igualmente certo que, para assegurar este fim, os marinheiros tinham que permanecer a bordo. E desde que o decreto estabeleceu uma interrelação entre os meios e os fins, os fins são decretados somente como resultados dos meios, o decreto incentiva esforço, em vez de desestimula-lo. A firme crença no fato de que, segundo o decreto divino, o sucesso será a recompensa do labor, estimula esforços corajosos e perseverantes. Com base direta no decreto, a Escritura nos concita a utilizar diligentemente os meios designados, Fp 2.13; Ef 2.10.

3. O DECRETO FAZ DE DEUS O AUTOR DO PECADO. Esta, se fosse verdadeira, seria naturalmente uma objeção insuperável, pois Deus não pode ser o autor do pecado. Isto se infere igualmente na Escritura, Sl 92.15; Ec 7.29; Tg 1.13; 1 Jo 1.5, da lei de Deus que proíbe todo 98 pecado, e da santidade de Deus. Mas a acusação não é verdadeira; o decreto simplesmente faz de Deus o Autor de seres morais livres, eles próprios os autores do pecado. Deus decreta sustentar a livre agencia deles, regular as circunstâncias da sua vida, e permitir que a livre agencia seja exercida numa multidão de atos, dos quais alguns são pecaminosos. Por boas e santas razões, Ele dá certeza ao acontecimento desses atos, mas não decreta acionar efetivamente esses maus desejos ou más escolhas no homem. O decreto concernente ao pecado não é um decreto efetivo mas permissivo, ou seja, um decreto para permitir o pecado, em distinção de um decreto para produzir o pecado sendo Deus a sua causa eficiente. Não há dificuldade ligada ao decreto que não se ligue a uma simples permissão passiva daquilo que Ele poderia muito bem impedir, como os arminianos, que geralmente levantam essa objeção, supõem. O problema da relação de Deus com o pecado continua sendo um mistério para nos, mistério que não somos capazes de resolver. Pode-se dizer, porem, que o Seu decreto para permitir o pecado, embora as segure a entrada do pecado no mundo, não significa que Ele tem prazer nele; significa somente que Ele considerou sábio, com o propósito da Sua auto-revelação, permitir o mal moral, por mais detestável que seja à Sua natureza.”

Fonte: Teologia Sistemática, pp. 100, 101,102


quinta-feira, 26 de julho de 2018

Os críticos desesperados – segundo Leandro Quadros


Leandro Quadros escreveu um artigo (http://novotempo.com/namiradaverdade/porque-os-criticos-se-desesperam-quando-afirmamos-que-moises-ressuscitou/)  intitulado “Porque os críticos se desesperam quando afirmamos que Moisés ressuscitou” afirmando o seguinte:

“Ao participar de dois debates na RIT TV sobre a ressurreição de Moisés percebi que imortalistas fazem de tudo para negarem tal ressurreição porque, se provarmos que Moisés ressuscitou, provamos que ninguém pode ir para o Céu apenas com sua alma. Veja nossa linha de raciocínio baseada na Bíblia: Enoque foi trasladado para o Céu com o corpo (Gn 5:24; Hb 11:5). Elias foi trasladado para o Céu com o corpo (2Rs 2:9-14). Logo, se Moisés foi ressuscitado (Jd 1:9; Mt 17:1-8; Lc 9:28-36), isso prova que ele também foi para o Céu com o corpo. Portanto, é impossível, à luz da Bíblia, existir algum “espírito” ou “alma desencarnada” que esteja desfrutando da eternidade ou “castigo eterno” sem antes ressuscitar dos mortos (1Ts 4:13-18; Jo 5:28-29). Isso prova que a morte é um “sono” até a volta de Jesus (Jr 51:57; Dn 12:2, 12; Jo 11:11-14; 1Co 15:18, 51, etc) e que os imortalistas da atualidade precisam rever seus conceitos, assim como têm feito muitos outros teólogos protestantes e católicos. A Ressurreição de Moisés é um duro golpe na doutrina da imortalidade natural da alma, porque ela confirma que não existe ninguém no Céu “em espírito” ou com sua alma (sem o corpo). É por esse motivo que os críticos se desesperam para provar que a presença de Moisés no Monte da Transfiguração foi apenas “uma visão”, ou que ele apareceu “em espírito” (o que não deixaria de ser um espiritismo disfarçado de judaísmo cristão). Quero lhe dar de presente um e-book que preparei para refutar as alegações dos críticos. Com a leitura do material você terá a certeza de que a doutrina bíblica holística sobre a natureza humana – que ensina que não existe redenção fora do corpo (ler 1Co 15) – está em total harmonia com a esperança apostólica de receber a recompensa eterna somente no dia da segunda vinda de Cristo: Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará NAQUELE DIA; e não somente a mim, mas também a todos os que amam A SUA VINDA” (2 Timóteo 4:8).”

Argumentos frágeis e até estranhos. Vamos lá:

1. Os ‘imortalistas’ não teriam nenhuma dificuldade com a doutrina bíblica da imortalidade da alma (Lc 16.19-31, etc, etc) se o caso da transfiguração fosse mesmo conforme o Adventismo defende. Seria um caso de alguém que ressuscitou, foi para céu em um tempo passado e voltou com seu corpo e apareceu ali – qual a dificuldade disso com a imortalidade da alma? Ah sim, tem uma linha de raciocínio... vamos lá

   1.1. Enoque, Elias, foram para o céu com seus corpos [não vou entrar nesse debate aqui, mas assumamos que seja esse o fato para efeitos de sintonia com o argumento de Leandro Quadros] e o que isso depõem contra a doutrina da imortalidade da alma? Não existe nenhuma conexão que provaria tal disparidade nesses casos com essa doutrina claramente ensinada no NT.

2. Diante disso ele conclui vitoriosamente: “Portanto, é impossível, à luz da Bíblia, existir algum “espírito” ou “alma desencarnada” que esteja desfrutando da eternidade ou “castigo eterno” sem antes ressuscitar dos mortos...”

 Será mesmo que é à luz da Bíblia? Vejamos apenas alguns textos -

“Jesus lhe respondeu: "Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso".
... Jesus bradou em alta voz: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito". Tendo dito isso, expirou.” Lc 23.43, 46

“Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que deram.Apocalipse 6:9

“Vi as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus.” Apocalipse 20:4

O ‘portanto’ dele não possui “tanto” assim! Na verdade Leandro tem que seguir a sua profetisa que diabolizou essa doutrina bíblica:

... a declaração da serpente a Eva, no Éden – ‘Certamente não morrereis’ – foi o primeiro sermão pregado acerca da imortalidade da alma. Todavia, essa declaração repousando apenas na autoridade de Satanás, ecoa dos púlpitos da cristandade, e é recebida pela maior parte da humanidade tão facilmente como o foi pelos nossos primeiros pais [...] depois da queda, Satanás ordenou a seus anjos que fizessem um esforço especial a fim de inculcar a crença da imortalidade inerente do homem [...]” (Grande Conflito, p. 539,540).

Já que é um ensino bíblico – como vimos nos textos acima, e essa senhora blasfemou a doutrina de tal forma, e se Leandro Quadros a segue, creio que ele corre o risco de estar enquadrado dentro de uma verdade bíblica muito séria:

“Ele [o diabo] fará uso de todas as formas de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar. Por essa razão Deus lhes envia um poder sedutor, a fim de que creiam na mentira, e sejam condenados todos os que não creram na verdade, mas tiveram prazer na injustiça.” 2 Tessalonicenses 2:10-12

Nota - Ressurreição e Estado Intermediário, são contraditórios? Os Adventistas e as Testemunhas de Jeová pensam que sim. Temos que começar nossa resposta mostrando que apesar da insatisfação de alguns, não existe tensão entre esses ensinos, de maneira alguma. No estado intermediário temos uma prévia demonstração ao espírito/alma, do que ele receberá após a ressurreição juntamente com o corpo. Em nenhum caso é a retribuição plena do que foi estabelecido para ele, mediante sua fé ou não no Evangelho, segundo a graça de Deus (Jo 3.16,36). É um estado de espera (Hb 12.23; Ap 6.9,10). Em segundo lugar, devemos destacar que o estado intermediário não é apresentado como esperança escatológica na Bíblia. Tal como a morte ‘não era’ do plano de Deus, em sua proposta no pacto de obras com Adão, o estado intermediário é um esquema temporário a isso que surgiu por causa da morte (Gn 3.19; Ec 12.7 [veja Mt 25.41]). Em terceiro, destaco que é impossível uma alma sem corpo desfrutar do Novo Céu e da Nova Terra, sem ter seu corpo glorificado. Somos pessoas com alma/espírito e corpo. Um todo, e não apenas partes, é a imagem de Deus. De igual maneira, é impossível uma punição plena aos ímpios, sem deflagrar também contra o instrumento da alma – o corpo (Mt 10.28; I Co 6.13). Não temos muitas evidências bíblicas de como serão os corpos dos ímpios, mas Cristo prometeu que os ímpios ressuscitarão (Lc 11.29-32). Portanto, a promessa escatológica só pode ser desfrutada após o retorno do Senhor Jesus, quando Ele glorificar os santos – dando-lhes um corpo glorificado- unindo a alma e o corpo (I Ts 4.16-18 Ap 20.4). Então, ele será capaz de desfrutar da presença de Deus de uma maneira que sua alma não podia. Afinal, agora ele está com um corpo semelhante ao que o Senhor Jesus tem! (I Jo 3.2). Já que o céu é chamado de paraíso na Bíblia (Lc 23.43; II Co 12.4; Ap 2.7) é correto dizer que quando um cristão morre ele vai para o paraíso. Ou mesmo dizer “estar com Cristo” é aceitável nos dizeres bíblicos (Fl 1.23). Os termos “descanso” ou “sonos dos justos” (I Ts 4.13) são linguagens figuradas que representam o descanso que nosso corpo recebe em relação aos trabalhos e sofrimentos na existência terrena atual [nesse caso, até mesmo o ímpio], e a completa inconsciência de nossa alma para com as tribulações desse mundo (Ec 9.4-6,10).
                          
                                    
                                Desta maneira, não existe desespero algum, caro Leandro Quadros...

quarta-feira, 27 de junho de 2018

O que é a Teologia da Prosperidade e Confissão Positiva?


1. O que é a teologia da prosperidade? É um conceito religioso, no cenário evangélico mundial, que defende a ideia de que Deus tem intenções definidas, para fazer com que as pessoas fiquem ricas, em suas várias facetas materiais, físicas e emocionais. No geral, pensa-se que Deus tem um compromisso, e assim uma obrigação consigo mesmo, e com os Seus filhos, ou por quem fez algo para Deus, em sentido material - uma oferta, dízimo, um sacrifício, uma campanha, etc – e esse compromisso é de recompensa imediata.

As vertentes dessa teologia ainda caminham em uma postura de “tomar posse da benção”, em um suposto exercício da fé, para se apoderarem daquilo, que segundo creem, “já nos foi dado”. Essa também é chamada de “confissão positiva”. Kenneth E. Hagin escreveu um livreto chamado “Pensamento Certo ou Errado”, que nada mais é que uma postura psicológica, com linguagem bíblica, que se assemelha bem ao positivismo que o mundo defende quando falam em “dar sorte”. Não muito tempo atrás, percebemos que um grande sucesso literário mundial foi O Segredo, onde essa força positivista é levada às suas perspectivas de posse.

Morris Cerullo, expoente da teologia da prosperidade, escreve:

“Cristo já conquistou a vitória e dividiu os “despojos” conosco. A escravidão da doença foi anulada! A escravidão das dívidas foi anulada! A escravidão da pobreza foi anulada. Para tomar os “despojos” do Inimigo – os recursos financeiros que roubou de nós -, precisamos receber uma revelação nova sobre a batalha que Cristo venceu, na qual destruiu as obras do Diabo.”1

2. Quais as bases bíblicas apresentadas pelos promotores dessa escola teológica? (1) as promessas de Deus aos patriarcas, (2) as promessas de bênçãos ao povo de Israel, (3) passagens bíblicas a respeito de dízimos e ofertas, e (4) algumas porções do Novo Testamento, são apresentadas como indicativos de que Deus promete e tem que fazer seus servos prosperarem materialmente. Faremos uma avaliação dessas supostas bases bíblicas, examinando tais porções das Escrituras dentro do seu contexto imediato e no progresso da revelação bíblica.

3. Onde nasceu a teologia da prosperidade? Segundo alguns

“Foi durante os avivamentos de cura (healing revivals) dos anos 1950 que a teologia da prosperidade ganhou proeminência nos Estados Unidos, apesar de especialistas terem ligado suas origens ao Movimento Novo Pensamento. Os ensinamentos da teologia da prosperidade mais tarde ganharam proeminência no Movimento Palavra de Fé e no televangelismo dos anos 1980. Nos anos 1990 e 2000, foi adotada por líderes influentes do Movimento Carismático e promovida por missionários cristãos em todo o mundo, levando à construção de megaigrejas. Líderes proeminentes no desenvolvimento da teologia da prosperidade incluem E. W. Kenyon, Oral Roberts, T. L. Osborn e Kenneth Hagin.”2

Outros como Benny Hinn, Morris Cerulo e Mike Murdock também são os proponentes referenciais.

4. Quais igrejas são as principais promotoras dessa teologia aqui no Brasil? Sabemos que as igrejas neopentecostais2, como a Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça, Igreja Mundial do Poder de Deus, são as mais conhecidas. Porém, em várias regiões do Brasil, apesar de não serem expressivas, muitos ensinam tão veementemente essa doutrina, que podemos ver em qualquer lugar igrejas seguindo essa teoria.

5. A teologia da prosperidade é vista apenas em igrejas neopentecostais?  Não, infelizmente não. Hoje, não é mais novidade dizer que essa teologia está penetrando em igrejas tradicionais, pentecostais e comunidades evangélicas independentes, e vestígios claros dessa teologia, são também percebidos especialmente em movimentos evangélicos, cantores gospels, pregadores de renomes, enfim. Não existe mais uma barreira que impeça o avanço desta influência. E até mesmo pastores fieis, sem perceberem, acabam fazendo a vez dessa teologia quando fazem uma má interpretação do texto de Malaquias 3.10.

6. Por que essa teoria é tão facilmente aceita? Ela está ligada aos interesses materialistas do ser humano, e onde houver pessoas, que sofrem pressão da mídia, e de suas necessidades, assim entram nas igrejas que estimulam isso. Nossos desejos e necessidades serão sempre uma locomotiva psicológica para nos levar a aceitar essa oferta teológica. Ainda mais, se ela for recebida como vindo de Deus, por meio de nossos esforços, ‘ou melhor ainda’, como recompensa de nosso labor sacrificial. Além do mais, é isso que queremos sempre – estar financeiramente melhores, pois vemos nisso segurança.

7. Quais são os recursos mais usados pelos pregadores da teologia da prosperidade e confissão positiva? Em primeiro lugar percebemos, ao acompanhar programas de TV, que carnês (boletos bancários para dar as ofertas estipuladas) são usados em muitas igrejas da prosperidade, e são exibidos como que um troféu, ou uma garantia da benção divina. Geralmente a multiplicação do que é doada, é exorbitante. Outro meio muito comum são os objetos ungidos, uma versão neopentecostal da prática católica de benzer. Tais objetos assim ‘ungidos’, são vistos como um detentor simbólico, visível, de um poder específico para deixar a pessoa rica, ou livre de doenças, problemas e demônios. E a criatividade vai desde uma rosa ungida, uma palmilha, tijolinhos, fronhas, toalhinhas e até balas para crianças desobedientes.

Ø  O que a Bíblia diz sobre a teologia da Prosperidade?

Veremos agora em três partes assuntos pertinentes ao ensino da Bíblia:

A. Como os promotores da prosperidade usam a Escritura?
B. O que a bíblia diz nesses textos à luz de todo contexto bíblico?
C. O que a bíblia diz da prosperidade, pobreza, saúde e doença?
O uso da Escritura por parte dos pregadores da prosperidade:

8. As bênçãos prometidas, e adquiridas, aos patriarcas, são nossas também?
Antes de responder, uma breve perspectiva da história bíblica a respeito deles se faz necessária: No livro bíblico de Gênesis, a história de Abraão, Isaque e Jacó, são exemplos de como Deus pode fazer que pessoas que não tem nada, em peregrinações, em grandes homens de negócio. Especialmente do capítulo 12 em diante do livro, percebemos como receberam posses materiais, e vitórias sobre grandes problemas, dos mais variados possíveis. Deus prometeu aos patriarcas, e aos seus descendentes, bênçãos materiais que seriam adquiridas, em especial, na terra de Canaã, onde manava leite e mel. Como era de interesse nacional, as guerras literais eram um dos mecanismos usados para se apoderarem dessas bênçãos no período especialmente posterior. A execução dos inimigos nacionais de Israel fazia parte desse avanço de domínio material e territorial, prometido por Deus.

Com esse pano de fundo histórico, retornemos à pergunta: As bênçãos prometidas, e adquiridas, pelos patriarcas, são nossas também? Nossa resposta inicia-se com as seguintes elucidações –

A. Como cristãos na dispensação da Nova Aliança, não recebemos de Deus promessa para adquirir algum território, terreno, especifico. Nem estamos em território estrangeiro, rumo à outra terra física:

Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.” (Hb 11.16 [grifo acrescentado]).

“Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos;” (Hb 12.22).

Perceba que o argumento do autor dessa carta bíblica, no capítulo 11º, mostra a história de todo povo de Deus que viveu pela fé no VT e alcançaram alguns feitos, porém, não era a promessa final e essencial que estava por detrás de todas as coisas que avistavam. Ele demonstra que a fé foi o instrumento que Deus usou para eles adquirirem algumas amostras do que de fato era o alvo – a pátria, os bens, celestiais! E ainda aponta que eles, como quem não havia alcançado. E no primeiro texto a advertência foi que isso não mais deveria ser esperado! Ideia repetida aqui:

“Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,” (Fl 3.20).

B. Não estamos adquirindo essas bênçãos por meio de batalhas/guerras literais, em nossas conquistas em nível de riquezas materiais:

“Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo; (2 Coríntios 10:3-5).

“Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus; E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.” (Mateus 8:11,12).

9. A as bênçãos da nação de Israel, no período bíblico, são as mesmas da Igreja?  Em Deuteronômio capítulos 27, 28, 29 temos um compêndio de bênçãos e maldições físicas ao povo de Deus na antiga aliança. Houve uma promessa divina de que os descendentes de Abraão possuiriam a Terra da Promessa, mas para que tais bênçãos fossem efetivadas no decorrer da história, na vida de cada geração subsequente, foram apresentados os termos da aliança feita no Sinai. Eles receberam tais promessas materiais, ao mesmo tempo que foram abundantemente abençoados com a Teocracia, onde Deus governava por meio da Lei ‘mosaica’, ao se instalarem na Terra Prometida, e na subsequente organização da nação em monarquia. Porém, esse povo quebrou os termos da aliança, várias vezes, e foram amaldiçoados consequentemente, deixaram de ser Israel de 12 tribos, foram deportados para Babilônia, o Templo destruído, a arca da aliança desapareceu, e com o tempo, até o ponto de não mais serem um Reino independente, no período de Jesus - e para piorar, ainda rejeitaram a Jesus como o Messias (Jo 1.11).

As bênçãos que recebemos agora em vida não são as mesmas. Elas são em um mesmo nível, mas em uma maior intensidade, na vida espiritual, com uma percepção e profundidade que o servos fieis de Deus não recebiam no período do Velho Testamento:

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;(Ef 1.3).

Ø  Que bênçãos são essas?

1.      O Batismo com o Espírito Santo: “De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.” (At 2.33).
2.      O testemunho do perdão imediato por confessar: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” (I Jo 1.9)
3.      A consciência intima da bendita reconciliação com Deus: “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” (Rm 5.10).
4.      A superlativa, soberana e santa justificação: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” (Rm 5.1,2).
5.      A desejável adoção: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” (Rm 8.16).
6.      A árdua e necessária santificação: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hb 12.14).
7.      A inegociável presença e habitação de Deus produzindo Seu fruto em nós: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.” (Gl 5.22-25).
8.      E promessa imutável da glorificação: “Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.” (Rm 8.30).

Prezado leitor, SE tais bênçãos e promessas não encher o nosso coração de alegria, mui provavelmente, precisamos de conversão genuína!

“Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” (1 Coríntios 2:14,15).

Notas
1.       Bíblia de Estudo – Batalha Espiritual e Vitória Financeira (2000) – Editora Central Gospel, p. 1301.
3.       Esse termo “novos pentecostais” – neopentecostais é usado pelas igrejas tradicionais protestantes para fazer uma distinção entre as igrejas da confissão positiva e os antigos pentecostais que surgiram entre os anos de 1910 e 1914. Na chamada primeira onda.


sexta-feira, 1 de junho de 2018

Jesus falou sobre a prática homossexual?


Introdução

Uma das questões que tem provocado debates teológicos acalorados e até mesmo cismas denominacionais, tem sido a questão da prática homossexual.  De um lado temos conservadores que abraçam a visão majoritária de toda a cristandade (católicos romanos, ortodoxos, protestantes) de que as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são proibidas por Deus, portanto, quem incorre nessa prática comete pecado. De outro, revisionistas que tentam a todo custo mudar essa compreensão, apelando para diversos argumentos e utilizando-se de métodos de interpretação que desconsideram a inspiração e a autoridade das Escrituras.  Um dos argumentos mais utilizados é o de que Jesus nada teria dito sobre esse tema, por tanto não haveria qualquer pecado nessa prática, relegando a uma influência meramente cultural todos os textos bíblicos que reprovam esse tipo de relação sexual.

Primeiramente, é preciso ter em mente, que as Escrituras não são um amontoado de  opiniões pessoais condicionadas pela cultura da época. Todos os escritores bíblicos  escreveram por inspiração Divina. Nenhuma só palavra  foi escrita na Bíblia fora da direção de Deus.  É como John Wesley afirma sobre as Escrituras: 

Com referência às Escrituras em geral, pode-se observar que a palavra do Deus vivo que dirigiu também os primeiros patriarcas foi escrita no tempo de Moisés. Foram adicionados a esta os escritos dos outros profetas em várias gerações posteriores. Depois os apóstolos e os evangelistas escreveram o que o Filho de Deus pregou e o que o Espírito Santo falou através dos apóstolos. Isto é o que nós agora chamamos de Escritura Sagrada. Esta é a palavra de Deus que permanece para sempre; dessa palavra não passará um til, embora passem os céus e a terra. Portanto, a Escritura do Antigo e do Novo Testamentos é o mais sólido e precioso sistema de verdade divina. Todas as partes da mesma são dignas de Deus, e todas juntas constituem um corpo total, no qual não há defeito nem excesso”.[1]  

Ele resume muito bem o que é, e qual o propósito da  Bíblia.   Portanto, o primeiro grande erro desse argumento é ser seletivo sobre o que deve ou não ser aceito das Escrituras como palavra de Deus. O apóstolo Paulo enfatiza a seu discípulo Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2. Tm. 3.16-17 NAA – SBB) Portanto, não podemos pinçar partes das Escrituras para determinar o que deve ou não ser aceito como inspirado de acordo com o que julgarmos mais palatável aos nossos dias.

É verdade que  existem questões culturais e circunstanciais na bíblia, mas isso fica evidente em uma analise dos textos à luz de seus respectivos contextos. A Bíblia é a fiel interprete de si mesma! Quando tratamos daquilo que a Bíblia classifica como pecado, tratamos de princípios eternos que são normas de conduta para o ser humano em todos os tempos e lugares.

Estaria correta a afirmação de que Jesus nada teria dito sobre a prática homossexual? Uma leitura atenciosa dos Evangelhos nos mostra que não!  Jesus em diversos momentos se referiu aos princípios de santidade sexual estabelecidos no Antigo Testamento. Vejamos:

1.   Jesus e o cumprimento da Lei

O próprio Jesus declarou que não veio subverter a lei. Diferente do que algumas (re)leituras bíblicas propõe, ele não veio ser a antítese da lei, mas sua fiel expressão, tanto no obedecer, quanto no ensinar. Ele afirmou sua origem divina e seu propósito. Lemos em Mateus 5.17-19

Não pensem que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, mas para cumprir. Porque em verdade lhes digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que desrespeitar um destes mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado mínimo no Reino dos Céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no Reino dos Céus.” (NAA – SBB)

Com essas Palavras Jesus confirma a procedência divina da Torah, a lei de Moisés. Ele, mesmo sendo o infinito Deus-homem se coloca como cumpridor da mesma. Esse cumprir tem diversas implicações. A lei mosaica (Torah) era composta por 613 mandamentos, dentre eles, mandamentos morais, civis e cerimoniais.

 Os mandamentos cerimoniais tratavam de tudo aquilo que estava ligado ao culto, suas simbologias sacrifícios e cerimonias. Incluem-se nisso os ofícios sacerdotais, os dias sagrados, os objetos do templo, as leis sobre pureza e impureza, etc.  Tudo isso apontava para Cristo, seu ministério e sacrifício. Na pessoa e obra de Cristo tudo isso foi cumprido e não mais é exigido do ser humano.  Eram sombras das coisas futuras. (Gl. 3.24-25, Cl.2.16-17, Hb.7.11-19).

            Os mandamentos civis tinham a função de regular a vida cotidiana na sociedade israelita. Israel era uma Teocracia e, portanto, Deus ditou as leis que regiam a nação. Isso incluía normas de higiene, segurança, punições especificas para diversos pecados e crimes, indenizações por prejuízos causados ao próximo etc. Essas leis vigoraram enquanto vigorou a Teocracia israelita. Com a vinda de Cristo,  veio também o Reino de Deus. Não um reino físico, mas espiritual, governado por princípios espirituais. Vivemos sob a ética do reino de Deus e sua abundante graça, onde o “olho por olho e dente por dente” deu lugar ao “se alguém e bater na face direita ofereça também a esquerda” (Mt.5.38,39)  O preceito de apedrejar quem adulterava deu lugar a: “Quem não tiver pecado atire a primeira pedra!”(Jo.8.1-11) A lei condenava pecadores a morte, mas Cristo morreu nossa morte para que vivamos sua vida.  Ele veio para dar vida e vida em abundância! Esses mandamentos assim como os cerimoniais eram transitórios e não vigoram mais.

            Os mandamentos morais tratam daquilo que Deus estabelece e espera para a conduta humana. Estes tem seu cumprimento na pessoa perfeita de Cristo, o qual devemos imitar. A obra santificadora dos Espírito Santo em nossa vida nos torna conforme o caráter de Cristo, ao restaurar a imagem de Deus em nós.  Quando Deus anunciou por meio do profeta Jeremias, que renovaria sua aliança com seu povo, mas, sob uma nova forma, ele diz que suas leis (referindo-se aos seus princípios morais) seriam escritas nos corações das pessoas. Isso se refere à regeneração, ao novo nascimento que experimentamos quando entregamos nossa vida à Cristo: Porque esta é a aliança que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no seu coração as inscreverei; eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. (Jr.31.33  NAA - SBB ) .

            Os princípios morais da lei podem ser sintetizados em dois: Amar à Deus e ao próximo (Mt.22.37-40 – Rm. 13.8-10). Esse amor (ágape) não é de sentimento, mas de entrega. É um amor de decisão e atitude. Se eu amo a Deus, o honro e busco não fazer nada que ofenda sua santidade. Se eu amo meu próximo, busco agir da melhor forma com ele. Todos os princípios morais estão incluídos nestes dois mandamentos. Por tanto, se sei que determinada prática é proibida por Deus e mesmo assim insisto nela, estaria amando a Deus?

            Jesus, portanto, não desprezou a lei, antes trouxe seu verdadeiro sentido. Dessa forma podemos compreender o que era transitório e o que permanece. Os céus e a terra passarão, mas os princípios morais estabelecidos por Deus jamais.  Os princípios morais da lei  dentre outras coisas, tratam de praticas sexuais as quais Deus proíbe, por exemplo: Ex.20.14, Lv.18.6-24. Jesus ao enfatizar o espirito da lei, ao invés de somente sua letra tratou o pecado de forma mais ampla e profunda: Mt.5.21-28 .                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        
2.    Falas de Jesus sobre Sodoma e Gomorra

Jesus diversas vezes se referiu a Sodoma e Gomorra como exemplo de impiedade e alvo do juízo divino: Mt.10.15, 11.24, Lc.17.28-29. Se o relato sobre Sodoma e Gomorra fosse apenas uma lenda ou mito judaico, Jesus não as citaria dessa forma. O juízo sobre essas cidades se deu por causa se seus pecados sexuais: “Igualmente Sodoma, Gomorra e as cidades vizinhas, que também se entregaram à imoralidade e adotaram práticas contrárias à natureza, foram postas como exemplo do castigo de um fogo eterno.” (Jd.1.7  NAA – SBB)

O pecado que mais se destacou de Sodoma e Gomorra foi justamente a prática homossexual: E chamaram Ló e lhe disseram: Onde estão os homens que, à noitinha, entraram na sua casa? Traga-os aqui fora para que abusemos deles. (Gn.19.5 NAA – SBB). Cada vez que Jesus se refere à condenação de Sodoma e Gomorra, ele está se referindo aos pecados sexuais predominantes nelas, como é bem enfatizado por Judas em sua epístola.


3.   O Ensino de Jesus sobre o Casamento

Ao tratar do casamento, quando foi questionado sobre a causa legitima para o divórcio, Jesus se remete à criação e diz: Vocês não leram que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: “Por isso o homem deixará o seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”? ( Mt.19.4,5  NAA - SBB) Jesus afirmou categoricamente que casamento é a união entre um homem  e uma mulher. Não disse: duas pessoas! Disse que Deus fez “homem e mulher” e que o homem “se unirá à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”.

Jesus em sua fala, não deixa espaço para outra concepção de casamento. Ele descreve o casamento como sendo uma união heterossexual. Não há qualquer recurso interpretativo coerente que abra espaço para outra compreensão da fala do Mestre. Portanto, o ensino de Jesus sobre casamento é a união entre um homem e uma mulher.

4.   O uso bíblico da palavra porneia

Jesus diz em Mateus 15.19:  Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais[porneia], os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias. (NVI)  A palavra traduzida como imoralidade sexual  é a grega porneia, que é utilizada para se referir a todos os tipos de práticas sexuais proibidas na lei (Lv.18.6-24). O concilio de Jerusalém enfatiza a permanência dessa moralidade sexual (Atos. 15.29)

No capítulo 19 do Evangelho de Mateus,  Jesus afirma que  a  causa legitima para o divorcio e novo casamento seria a infidelidade: Eu, porém, lhes digo: quem repudiar a sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas[porneia], e casar com outra comete adultério. (Mt.19.9 NAA – SBB)  Aqui, porneia tem o contexto de infidelidade conjugal, mas é utilizada em diversas partes do Novo Testamento para se referir a outros pecados de natureza sexual, como podemos conferir em diversas outras passagens.

Paulo orienta a  igreja de Corinto  sobre disciplinar alguém que incorria em pecado de natureza sexual. Lv. 18. 8 diz: Não tenha relações com a mulher de seu pai; este é um direito que somente o seu pai tem.(NAA- SBB)  Em 1 Corintios 5.1 Ouve-se por aí que entre vocês existe imoralidade [porneia], e imoralidade [porneia] tal como não existe nem mesmo entre os gentios, isto é, que alguém se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai. (NAA – SBB). Note-se que é chamado de porneia justamente a violação de um dos mandamentos de moralidade sexual do antigo testamento.

Hebreus 13.4 Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito conjugal sem mácula; porque Deus julgará os impuros [pornos] e os adúlteros. (NAA – SBB). Como pode alguém cometer porneia dentro do contexto do casamento? Aquelas relações sexuais proibidas poderiam acontecer no contexto de um casamento ilícito do ponto de vista da lei do Antigo Testamento.  O homem de Corinto a quem Paulo se refere, aparentemente tomou por esposa a própria madrasta! Esse leito conjugal estava maculado pela porneia. O mesmo principio podemos enxergar em uma união de pessoas do mesmo sexo (Lv.18.22) .

Judas usa a palavra porneia para se referir ao pecado de Sodoma e Gomorra: Igualmente Sodoma, Gomorra e as cidades vizinhas, que também se entregaram à imoralidade [porneia] e adotaram práticas contrárias à natureza, foram postas como exemplo do castigo de um fogo eterno. (Jd.1.7 NAA – SBB) Isso deixa claro que a prática homossexual é  uma forma de porneia. Portanto, Jesus ao falar sobre esse pecado ele esta incluindo esse tipo de relação sexual.

Conclusão

Podemos ver com muita clareza que o argumento de que Jesus nada teria dito sobre a prática homossexual não se sustenta. Mesmo que ele não tivesse falado nada que remetesse ao assunto, ainda assim, o Novo Testamento está cheio de referências que nos permitem compreender essa prática como contrária ao padrão sexual estabelecido por Deus.

 Não encontramos o Senhor tratando particularmente da prática homossexual, mas, falou varias coisas que remetem diretamente ao assunto em questão. Ele disse que não veio por fim a Lei. Também mencionou diversas vezes Sodoma e Gomorra como exemplo de cidades condenadas por seus pecados. Ao falar sobre o casamento, Jesus afirmou ser este uma união entre homem e mulher, não deixando margem para qualquer outra interpretação.   Ao listar diversos pecados que provém do coração humano, o Mestre cita a porneia que engloba todos tipos de relações  sexuais proibidas na Lei. Ou seja, Jesus de alguma forma tocou no assunto.
            
Meu desejo com esse artigo é desfazer essa concepção errônea, propagada por pessoas, muitas das quais desconsideram a autoridade das Escrituras, e que, tem sido abraçada como argumento válido por muita gente, que por desconhecer ou não se ater a certos detalhes bíblicos, acaba sendo facilmente influenciada.

            Cabe ressaltar que Jesus não veio chamar justos, mas pecadores ao arrependimento (Mt.9.13). A Escritura afirma que justo não há um sequer, todos dependemos da graça de Deus para alcançar gratuitamente por meio de Cristo o perdão e a salvação (Rm. 3.10-12, 22-24). Existe oportunidade de perdão e restauração para todos os que vierem com sinceridade buscar isso do Senhor.  Cristo continua sendo aquele que acolhe a todos os sinceros  e amorosamente diz “vá e não peques mais” (Jo.8.11),  Que o Senhor continue a iluminar cada um de nós para que não nos afastemos da verdade de sua palavra.



[1] Coletânea da Teologia de João Wesley. p.18
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               
Autor: Rev. Francisco Belvedere Neto