domingo, 19 de agosto de 2012

DEBATE: JUSTIFICATIVAS PARA O ATEÍSMO E PARA O TEÍSMO (parte 1)

DEBATE: JUSTIFICATIVAS PARA O ATEÍSMO E PARA O TEÍSMO

INTRODUÇÃO
Recentemente, eu, Lucio, membro do MCA, estive envolvido em alguns debates contra neo-ateus (que, ou não sabem que pertencem a esse grupo, ou não aceitam ser nele incluídos, apesar de deterem todas as características de um neo-ateu - a saber, a militância ateísta baseada na premissa de que a religião é perniciosa para o bem social, dentre outras coisas que não nos compete abordar aqui).

Como os debates foram (e estão sendo) públicos, me vejo no direito de usá-los e postá-los aqui. Infelizmente, nos deparamos com, além dos equívocos lógicos, analfabetismo ortográfico. Por isso, iremos modificar o texto somente a título de estética, retirando as abreviações e corrigindo os erros de português (bem como colocando vírgulas para que as orações façam sentido). Faremos o máximo esforço para preservar o texto do oponente, que poderá ser disponibilizado a qualquer um que pedir (que, garanto, ficará espantado...).
Também não usaremos o nome do dito cujo. Trocaremos por ATEU.
Esse debate, em particular, que vamos colocar aqui ainda está rolando. Está sendo moderado por um aspirante a membro do MCA (meu irmão). Houve grandes interferência no começo, mas agora, no decorrer do debate, ele está aparecendo somente em casos extremamente necessários.

Um dos objetivos que tenho em expor este debate aqui é pra mostrar que o neo-ateísmo se vale mais de persuasão psicológica, patrulhamentos ideológicos e afins para convencerem as massas. Quando se depura os fatos, vemos argumentos completamente inconsistentes, falaciosos, ilógicos e até, em muitos casos, ridículos. As doses de ironia; as elaborações imponentes; a expressividade e afins são tudo que eles têm. Este que estamos debatendo, infelizmente, representa uma grande massa de pseudo-pensadores iludidos com a propaganda de Dawkins e cia., comprada nas escolas, faculdades e afins.

O debate é extenso. Então, colocaremos periódicamente partes dele aqui. Começemos com as apresentações.


ABERTURA DO MODERADOR: De um lado, Ateu vai defender a não existência de Deus, bem como demonstrar a insustentabilidade dos argumentos a favor da existência desse ser denominado Deus. Para isso, além dessa parte negativa em sua argumentação, apresentará também provas, argumentos positivos de que esse Deus não existe. Do outro lado, Lucio vai apresentar provas, argumentos à favor da existência de Deus, mostrando que é racional acreditar nesse ser transcendente que avoca atributos exclusivos, bem como demonstrar que o ateísmo é irracional.
DISCURSO INICIAL DO LUCIO:
Neste debate iremos proceder da seguinte forma: (i) vamos apontar um argumento positivo sobre a existência de Deus, bem como defendê-lo; (ii) apontaremos um argumento positivo (que colocará o oponente na defensiva) para a inviabilidade da cosmovisão naturalista (que abarca o ateísmo); (iii) mostraremos que os argumentos contra o teísmo não se sustentam, ou, pelo menos, não ferem os argumentos que colocamos; (iv)  demonstraremos que não se pode provar que Deus não existe, logo, ainda que nossas provas sejam inválidas, ou que não haja provas, ele pode ser crido (‘se não há razões para não crer, posso crer’); (v)  vamos expor como é impraticável o ateísmo, e que o ateu toma elementos injustificados com base em sua cosmovisão, para viver, ou seja, que é incoerente.
É interessante salientar alguns pontos. O ateísmo é a posição filosófica que afirma a não-existência de Deus. Qualquer definição de divindade, transcendência e afins, é negada. Temos de ouvir, antes de mais nada, da parte do oponente, o que o motiva, quais as razões, para pensar assim. Se ele não apresentar nada, no mínimo, não teríamos provas positivas, o que não quer dizer que não existe. Em forma de frase de efeito, costumamos falar que ‘ausência de evidência não é sinônimo de evidência de ausência’. Portanto, se não houver evidência da ausência, ficamos, no máximo, com um agnosticismo do tipo que declara incompetência intelectual, e não epistemológica (no primeiro, declara-se que não há informações suficientes para uma decisão; enquanto que no segundo, afirma-se que não se pode opinar sobre a questão, pois foge do escopo cognitivo do homem).
Queremos observar neste discurso inicial mais um ponto. Como se prova que Deus existe? Para isso, claro, usaremos a lógica. Mas não podemos pedir uma prova empírica da existência de Deus. Deus é um ser transcendente, não-material. Pedir para ver, ou ouvir, ou sentir, ou mesmo cheirar (nunca vi ninguém chegar a esse ponto, mas...) a Deus é um contrassenso. É petição de princípio. Se a forma que o oponente propõe que se deve provar faz com que a prova seja impossível, ele já, desde o começo, ganhou a argumentação. O que faremos se tal falácia for ensejada será debater, epistemologicamente, a forma correta de se discutir a questão (o âmbito correto de pesquisa, a metodologia específica).
Por fim, temos de definir o que está em voga aqui. O que queremos dizer ao usar o termo ‘Deus’. Estamos evocando o conceito de uma ontologia perfeita e infinita. Uma substância (usando o termo no sentido clássico, aristotélico) espiritual com todas as perfeições infinitas, e um ser pessoal. Também salientamos que, nisso, está incluso sua transcendência [embora também imanência]. Podemos, a título de recurso pedagógico, conclamar Anselmo, e dizer que Deus é [no mínimo] aquele ser que não se pode imaginar outro ser maior. Assim, temos por base a existência do quê iremos debater. Se o oponente usar argumentos contra um conceito inferior sobre Deus, apenas coadunaremos, e ressaltaremos que isso não toca num ‘fio de cabelo’ do conceito próprio de Deus.
DISCURSO INICIAL DO ATEU:
Neste debate espero abrir suas mentes para a verdade, mostrando que: 1º não tem sentido acreditar em Deus se não o motivo de que há algo mais e será em descanço e prazeres no "paraiso", ao inves de cair na real. Ao invéz de perder tempo adorando, usá-lo pra algo mais produtivo para sua vida e pro próximo, tornando melhor esse mundo que ja esta em decadência. 2º Ao inves de recorrer ou misticismo, tentar compreender o que esta ao nosso redor de uma manera lógica, racional, bom senso.... 3º Vou apontar argumentos positivos, mostrando que, na medida que as ciências avançam, mais respostas se tem ( e menos misticismo), mostrando que o "misticismo" é apenas falta de resposta lógica, racional, bom senso... 4º Espero que esse debate abra os olhos de quem estiver errado e que saia aprendendo mais do que como iniciou.
PARTE 2 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Leandro Quadros: cair no ‘espírito’ não pode... mas Ellen White podia?!

Os adventistas perderam o senso crítico e de julgamento imparcial. Dois pesos e duas medidas. Isso pode ser visto na postagem que o Titã Adventista, Leandro Quadros, colocou no site Na Mira da Verdade.


Ali ele criticou os pentecostais (e a 'demagogia é impressionante, chamou os pentecostais de 'irmãos'!... seria um sentimento verdadeiro?). Na postagem, ele critica 'o cair no ‘espírito' tão comum em muitos cultos pentecostais.


Primeiro, tenho certeza que tal prática é um exagero litúrgico e falta de equilíbrio entre o emocional e o espiritual. Essa é a minha opinião, jamais saí disso. Podem procurar no Blog o que eu sempre disse a respeito dos pentecostais. E aqui não tem hipocrisia para disfarçar o proselitismo. São meus irmãos em Cristo mesmo, evangelizo com eles e tomo a Santa Ceia com eles. Agora, adventistas chamar outros de ‘irmãos’... bem, sabemos a ladainha.


Segundo o Titã Quadros, existe a influência demoníaca sob tais manifestações. Além do próprio exagero. O problema é: Será que ele diria o mesmo da profetisa alucinada do Adventismo? Veja se Ellen White iria se identificar com o Adventismo atual ou com o Benny Hinn:


“o fundador dos mórmons, Joseph Smith, recebia "revelações" de Deus. Na década de 1830, propagou-se verdadeira epidemia de visões pelas comunidades dos quacres; mocinhas "começaram a cantar, a falar de anjo, e a descrever uma viagem que faziam, sob condução espiritual, a lugares celestiais”. Com freqüência, os afetados "caíam ao solo, onde jaziam como mortos, ou lutavam angustiados, até que alguém que estava próximo os levantava, e então começavam a falar com grande claridade e compostura." O movimento milerita teve sua própria quota de profetas. John Starkweather, um milerita, e pastor assistente na Capela de Joshua Himes, em Chardon Street, experimentava o que alguns críticos descreviam como ataques "catalépticos e epilépticos" que desconcertavam a seus colegas mais calmos. Finalmente, foi expulso da congregação quando seus dons espirituais resultaram ser contagiosos. Foi durante esses anos impressionáveis da adolescência que a jovem Ellen teve a oportunidade de associar-se com os "profetas" do movimento milerita. Estava bastante familiarizada pelo menos com os profetas mileritas. Em 1842, um milerita afroamericano chamado William Foy começou a receber o que cria serem visões de Deus. Passou a percorrer a Nova Inglaterra pregando, e Ellen foi ouvi-lo falar não Beethoven Hall de sua cidade natal de Portland, Maine. Mais tarde, ela também viajou com seu pai para ouvi-lo falar na cidade próxima de Cape Elizabeth.”

Esse foi o contexto religioso que ‘formatou’ e espiritualidade dessa adolescente. Veja o seu comportamento:

“Isaac Wellcome, um ministro adventista que presenciou várias das primeiras visões, descreve-as como segue: "Ellen G. Harmon... estava estranhamente inquieta em corpo e mente... caindo sobre o soalho... (recordamos que a seguramos duas vezes para impedir que caísse sobre o piso)... Nas reuniões falava com grande veemência e rapidez até que caía; nesse momento, como ela afirmava, eram-lhe mostradas maravilhosas cenas do céu e o que sucedia ali. Afirmava haver visto que Cristo tinha deixado o ofício de mediador e assumido o de Juiz, havia fechado a porta da misericórdia, e estava apagando os nomes do livro da vida... Vimo-la em Poland, Portland, Topsham, e Brunswick durante o começo de sua carreira, e a ouvimos falar amiúde, e a vimos cair várias vezes, e a ouvimos relatar maravilhas que dizia que seu Pai celestial lhe permitia ver. Suas visões sobrenaturais ou anormais não foram entendidas em seguida como visões, mas como cenas espirituais de coisas invisíveis, o que era bastante comum entre os metodistas... Essas visões não eram senão os ecos do Pr. [Joseph] Turner e a pregação de outros, e as consideramos como resultado da sobre-excitada imaginação de sua mente, e não como fatos.”

 
"Amiúde, estive em reuniões com Ellen G. Harmon e Tiago White em 1844 e 1845. Várias vezes a sustive enquanto caía ao solo, -- às vezes quando desmaiava durante uma visão.”

(*As citações foram extraídas de A Nuvem Branca).

Talvez, para Ellen White serviria o conselho de Leandro Quadros: “cair no Espírito” não é um fenômeno de origem divina e, portanto, deve ser abandonado, antes que a vida espiritual do cristão seja ainda mais comprometida.”



CONCLUSÃO

Obviamente o Titã dirá: ‘O mentiroso MCA não usou as fontes primárias, mas usou afirmações de um apóstata, perseguidor, cego e orgulhoso’... sei lá, acho que o ‘mensalão’ e ‘o cachoreira’ também seriam justos com as fontes primárias!

Leandro Quadros, Deus sabe o quanto você está branqueando a história para fortalecer o mito ‘Ellen White’. Deus o sabe. Espero que você pense nisso, Deus te julgará por promover uma mentira. E você sabe disso. Arrependa-se, e confie no Cristo Gracioso e Profeta exclusivo da Igreja. Abandone essa causa, para servir a Cristo livre das interpolações religiosas e das heresias Adventistas. Cada vez que você usar sua capacidade intelectual para minimizar o que desabonaria o mito Ellen White, espero que Deus te lembre dessa advertência.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Jesus é o grande Deus de Tt 2.13? Ao Apologista da Verdade.

“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.” – Tito 2:13, Imprensa Bíblica Brasileira.
“do grande Deus e do Salvador Nosso, Jesus Cristo”. – Tito 2:13, Novo Testamento, de Mateus Hoepers, Editora Vozes Ltda., Petrópolis, RJ.”

Com a citação dessas duas traduções, um apologista das Testemunhas de Jeová, parte do seguinte pressuposto simples: ‘Se é possível gramaticalmente, é possível contextualmente e doutrinariamente’(AQUI).


Em primeiro lugar, é o pressuposto de um tradutor que estabelece sua preferência ao escolher uma dentre algumas possibilidades. O que precisa ser assentado é se o tal pressuposto é bíblico. Em segundo lugar, a leitura literal desse texto prefere a posição tradicional. Em terceiro, as possibilidades gramaticais não interagem necessariamente com o contexto imediato, ou com a doutrina geral bíblica. Levando isto em consideração, pode ser que a possibilidade gramatical seja uma ‘falácia’.


A discussão gramatical não apresenta de modo definitivo a solução da questão, pois se houve tradutores que entenderam daquela forma, dificilmente poderíamos caminhar positivamente, ou negativamente, nessa linha.

Vamos propor algumas observações como resposta ao Apologista TJ:

1) As informações em favor da tradução tradicional são abundantes. As bases históricas e eruditas correm em sua maioria do lado trinitariano. Sabemos, porém, que a visão trinitária dos eruditos poderia ser a força nevrálgica que os conduziriam a traduzir Tt 2.13 da maneira que conhecemos. Ao mesmo tempo, também, o tal texto em sua leitura literal e correta poderia ser, nos primórdios do cristianismo, uma das bases para o fortalecimento do trinitarianismo.


A leitura simples diz o “do grande Deus e Salvador nosso Jesus Cristo”. Essa leitura deixa a versão tradicional gramaticalmente correta. Um autor da patrística, Inácio (110), diversas vezes usa essa terminologia em suas cartas:


“...pela vontade do Pai e de Jesus Cristo, nosso Deus.” (Ao Efésios – saudação)


“...segundo a fé e o amor em Cristo Jesus, nosso Salvador...reanimados pelo sangue de Deus.” (Aos Efésios 1.1)


“...de fato, o nosso Deus Jesus Cristo, segundo a economia de Deus.” (Aos Efésios 18.1)


“...segundo a fé e o amor dela por Jesus Cristo, nosso Deus.” (Aos Romanos –saudação)


“...alegria pura em Jesus Cristo nosso Deus.” (Aos Romanos – saudação)


“...nosso Deus Jesus Cristo, estando agora com seu Pai...” (Aos Romanos 3.1)


“...desejo que estejais sempre bem em nosso Deus Jesus Cristo.” (A Policarpo 8.2)


(Os Padres Apostólicos, Ed. Paulus).


Inácio trata Jesus como Deus várias vezes. Mas destaquei aqui as partes que encontrei ele dizendo ‘nosso Deus’ que é obviamente uma confissão adorativa. Em Tt 2.13 a identificação do nosso Salvador é com o Grande Deus. Logo, nosso Deus!


Obviamente, se o texto fosse ‘do grande Senhor e Salvador nosso Jesus Cristo’, não causaria incômodo às Testemunhas de Jeová, como veremos no ponto 4. Visto que o substantivo “Deus” aparece acoplado com ‘O GRANDE’, ficaria difícil usar “do grande deus”. Se bem que para as henoteístas Testemunhas de Jeová, isso não teria problema. Eles diriam: ‘Jesus é grande deus, mas não O Grande Deus!’.


Ou seja, mesmo que a gramática provasse definitivamente a tradução tradicional, o Apologista TJ disse que ‘não faria diferença’. Ele estabeleceu isso quando perguntou retoricamente: “O primeiro modo de traduzir essa passagem interfere no conceito geral que a Bíblia apresenta sobre a pessoa de Jesus Cristo, como subordinado ao seu Pai? Faz com que ele seja igual em poder, autoridade e eternidade a seu Pai celestial?” Ele ainda assegurou: “Assim sendo, o modo como Tito 2:13 é traduzido não compromete a clara doutrina bíblica de subordinacionismo do Filho em relação ao Pai.”


Fica difícil interagir com o Apologista TJ, pois pode existe uma falta de sintonia no que ele pensa em Cristo ser subordinado ao Pai, com o que os trinitários pensam.

2) A Glória de quem se manifestará? Descobrir isso na Bíblia pode ser de importância. Um texto que temos para um entendimento claro desse assunto é 1 Tm 6.14,15 que diz “Guarde este mandamento imaculado, irrepreensível, até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual Deus fará se cumprir no seu devido tempo. Ele é o bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que é imortal e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver. A ele sejam honra e poder para sempre. Amém.” (NVI)


As Testemunhas de Jeová, curiosamente, sob o comando do Corpo Governante, entendem que esse único Soberano do versículo 15 se refere a Cristo. A razão é a doutrina de 1914, o que não vem ao caso agora. Mas observe que a construção da ideia é semelhante ao de Tt 2.13. Para os cristãos trinitários, isso não causa pavor. Infelizmente, as Testemunhas de Jeová decidiram seguir os caminhos de Ário. E o que de fato interessa aqui é o termo “manifestação”.

A ‘manifestação da glória do...’ se refere ao retorno de Cristo. Ele foi humilhado como um homem fraco na cruz. Sua glória não foi manifesta ao mundo depois de sua humilhação na cruz.


Destaco ao Apologista TJ, segundo ele ‘apologista da verdade’, que a manifestação da glória na Bíblia é uma doutrina relacionada ao Filho, e não ao Pai, como você tentou mostrar em seu texto. O que não se nega é que a manifestação da glória de Cristo está sim, incluído a glória do Pai. No entanto, a expressão se aplica ao Filho como o objeto dessa manifestação. Veja: 2 Ts 2.8; 1 Tm 6.14, 4.1,8 e o texto em tela Tt 2.13.


3) Salvador e Deus. Observe que o problema para as Testemunhas é a força monoteísta nos dizeres ‘O Grande Deus’. A distorção disso seria um pedágio a mais para a teologia da Torre de Vigia, dentre tantos que ela já paga.


Em Tt 3.4,6 o apóstolo usou a mesma classificação “Nosso Salvador”, para o Pai, e para o Filho. O que impediria ele usar ‘Nosso Grande Deus’ para o Pai, e para o Filho em Tt 2.13? Mais uma vez voltemos ao texto de 1 Tm 6.14 e responda o Apologista TJ: Quem é o ÚNICO SOBERANO? Judas, irmão do Senhor, tem mais para nos dizer no verso 4 de sua carta.


4) A Tradução do Novo mundo em outros textos: Aldo Meneses indica esse fato em seu livro (Por que abandonei as Testemunhas de Jeová, p. 98-101).

“...no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”(2 Pe 1.11)


“...pelo conhecimento exato do Senhor e Salvador Jesus Cristo...” (2 Pe 2.20)


“...e do mandamento do Senhor e Salvador por intermédio dos...” (2 Pe 3.2)


“...e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” (2 Pe 3.18)


Se Tito 2.13 tivesse a nomenclatura acima, jamais o Apologista TJ se preocuparia em desacreditar (ou não) a tradução cristã tradicional. Obviamente que o grande barulho que o Apologista da Verdade fez com ‘a regra’, não se aplicaria nesses casos...??? ‘Observe que quando o problema não é doutrinário’, a Tradução do Novo Mundo segue outra linha. É um tipo de acusação que ele faz aos tradutores trinitários e que se aplica de fato aos Líderes TJ.


CONCLUSÃO


A tradução tradicional de Tt 2.13 é apoiada por fatos ‘científicos’ em todos os seus quadrantes, a saber: gramatical, contextual, doutrinal e histórico. Não existe objeção alguma que deveria ser levada a sério.

A verdade é que Jesus é o nosso Grande Deus e Salvador. Na verdade, O Apologista da Verdade, infelizmente, tem sido um apologista da mentira.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Antes Adventista, agora Presbiteriano

Meu nome é Rodrigo Alves. Fui membro da IASD por quatro anos a contar do dia em que eu e minha família começamos a congregar, no inicio de 2006. Hoje sou membro da Igreja Presbiteriana do Brasil e gostaria de contar-lhes meu testemunho, para que outras pessoas sejam advertidas sobre tais engodos...

Muitas pessoas me perguntam como foi ter mudado de religião... Muitos até se surpreendem quando declaro ser um ex-adventista, mas, eu acredito que essa mudança signifique mais que uma troca de nomes, tem mais a ver com minha busca pessoal por Deus.

 
Conheci uma espécie de adventismo ainda criança, quando aos três anos eu e meus familiares fomos incentivados por parentes a freqüentar os cultos da Igreja Adventista da Promessa (dissidente carismática do adventismo), onde permanecemos até meus 11 anos. Por iniciativa materna nos desligamos sem nunca termos sido batizados; isso devido a incompatibilidade com a liderança da congregação local.

 
Meu despertar religioso começou a intensificar-se aos 13 anos, quando em 26 de Setembro de 2006, fui batizado em uma Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Guarulhos (SP). Sempre apaixonado por missões, estava à frente da ação missionária e no período de um ano (2008) prestei auxílio ao pastor na visita de lares, estudos bíblicos e apelos batismais. Em uma só conferência conseguimos reunir 30 pessoas de diferentes famílias, entre essas, 25 foram batizadas.

 
Enfrentei perseguição na escola por ministrar estudos bíblicos na classe e tive que transferi-los para uma praça pública onde nos reuníamos com freqüência, além disso, nas sextas-feiras estávamos todos na igreja; posteriormente, um dos amigos da escola também foi batizado.

 
Fui um defensor ferrenho do adventismo, debatendo sempre que necessário com pessoas de outras religiões, o Sábado era sempre o tema mais polêmico. Tudo começou a mudar quando cheguei a escola certo dia e uma colega católica me presenteou com uma pequena revista chamada "Fé para Hoje" (Editora Fiel) que comentava as doutrinas da graça sob o tema "O novo nascimento". No início eu até pensei que fosse um material adventista pelo nome ser semelhante a um programa de TV desta igreja, mas, ao ler, notei que se tratava de algo completamente novo, uma coisa que nunca tinha ouvido falar antes.

A colega me contou que ia jogar a revista no lixo, pois ela já havia ganhado de outra pessoa, uma senhora de religião espírita que também jogaria no lixo, sendo assim, o material foi resgatado de virar lixo duas vezes; até chegar as minhas mãos. Mesmo não sabendo bem do que se tratava, pude reconhecer alguns aspectos que me intrigavam como predestinação e monergismo, ainda assim, as palavras pareciam invadir cada centímetro da minha alma e fui-me enchendo das palavras de graça.


Na devoção do pôr do sol às sextas-feiras, eu costumava ler a revista e mesmo depois de ler várias vezes não pude enjoar, porque a palavra de vida renovava-se sempre que a lia. Cheguei a levar parte do tema a um sermão meu ainda na Igreja Adventista e as pessoas também foram inflamadas pelas chamas da verdade, ao final recebi muitos agradecimentos.

 
Emprestei a revista a um pastor que não negou o monergismo, mas considerou o conteúdo da revista como avesso a opinião oficial da igreja, ele chegou até mesmo a pregar parte dele em um sermão de Santa Ceia e o xerocou, porque segundo ele, "era uma valiosa verdade!". Conforme me aproximava mais da fé reformada, os sermões adventistas coçavam ao meu ouvido, a regeneração que deveria ser atribuída ao Espírito Santo era desviada para o batismo, como se as águas do tanque fossem mágicas; a graça era sufocada pelas Leis baseadas no cerimonial judeu e instruções das literaturas da Sr.ª Ellen G. White; o juízo final que, segundo a Bíblia, será único, era esfacelado em três partes seguindo a teoria do “juízo pré-investigativo” que teria iniciado em 22 de Outubro de 1844.

 
Os adventistas crêem em duas ressurreições com intervalo de 1.000 anos entre uma e outra, contrariando a ortodoxia das Escrituras. Eles também comparam os escritos de Ellen White à Bíblia Sagrada, reivindicando a legitimidade do seu "dom profético" colocando-a em pé de igualdade com Profetas e autores bíblicos.

 
O sábado usurpava o lugar do Espírito Santo e era chamado de "selo de Deus"; que marca os seres humanos como fiéis e verdadeiros. Por isso, não pude desligar-me da instituição rapidamente; tive que passar por um processo doloroso de ruptura, porque no adventismo, negar o sábado, o juízo pré-investigativo e Ellen White; é motivo suficiente para condenação eterna.

 
Acompanhado de mais dois amigos, deixei de ir a escola sabatina e só freqüentava os cultos; além disso, iniciamos um estudo bíblico na minha casa; o primeiro chamamos de "seitas e heresias" que procurava desmascarar as falsas doutrinas e religiões (na época, opostas a “verdade iminente” do adventismo), o segundo, chamamos de "aceitando as seitas" que estudava movimentos do povo de Deus que por algum período foram taxados como "seita" no contexto religioso da afirmação (incluíamos até então o adventismo), nesse estudo. Nesses estudos descobrimos o calvinismo e finalmente pude perceber onde os autores daquela revista "Fé para Hoje" (Editora fiel) estavam embasados, até ali havia um ano que ela estava comigo.

 
Levou algum tempo ainda para que eu pudesse me desprender do "visgo do diabo", e por diversas vezes chorei pelo "grande conflito" em que se achava minha mente. Levou um tempo ainda, até que, no começo de 2010, resolvi pedir remoção da instituição; nesse tempo fazia meses que já não ia à igreja e mesmo não compreendendo bem, já aceitava os Cinco Pontos do Calvinismo (TULIP).

Por fim; escrevi uma carta para a igreja adventista; negando o adventismo e afirmando minha conversão ao Cristianismo Protestante de João Calvino, George Whitefield, John Knox, Guilaume Farel, Charles Spurgeon e tantos outros. A carta foi lida na comissão e aprovaram minha remoção. Recebi a visita de um Ancião (Presbítero) da igreja e um diácono na minha casa, ocasião em que pudemos expor as divergências entre as posições teológicas. Acabado, não me restava dúvida de que havia tomado à decisão correta renunciando o erro. No mesmo dia, fui até uma Igreja Presbiteriana para esclarecer os novos pontos e de primeira contei com a surpresa dos irmãos por ser ex-adventista.

Após receber instruções de um seminarista; comecei a ler um livro de Edward Donelly sobre o Céu e o Inferno, aceitei a doutrina e os credos históricos; também passei a estudar as confissões e os catecismos de Westminster. Talvez o que tenha me influenciado bastante nesse período tenham sido as opiniões de um amigo adventista de Caruaru (PE), que antes havia sido presbiteriano e naquele momento estava arrependido da mudança.

 
Nós éramos moderadores em uma comunidade multi-institucional no orkut e por meio da internet ele me incentivava a abandonar o espírito do adventismo e se firmar a fé reformada; hoje ele continua na igreja adventista e diz ter superado o arrependimento.

Os amigos que me acompanhavam na igreja adventista, acabaram por me acompanhar também no calvinismo, mesmo porque, havíamos estudado juntos, agradeço muito a eles por tanto esforço e paciência para que hoje pudéssemos conhecer a verdade do evangelho. Desde então, fui e tenho sido por diversas vezes convidado a voltar, mas, a resposta será sempre a de Lutero: “Não posso nem quero retratar-me de coisa alguma, pois ir contra a consciência não é justo nem seguro. Deus me ajude. Amém”.
Como eu, hoje, muitos irmãos estão espalhados pelos “currais do erro”, Jesus tem desejado ansiosamente tratar destas almas através do "evangelho que é o poder que concede salvação para todo aquele que crê". Eu sei que muitas instituições ameaçam seus adeptos com promessas de maldição, tais como "você nunca vai ser feliz em outra igreja", mas não é esse o pensamento de Jesus e a única promessa válida é a Dele que diz:
"Todo o que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei." (João 6:37)

Eu Rodrigo Alves, autorizo a divulgação do meu nome no Blog

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Pensamentos berkhofianos: uma entrevista ‘com*’ o grande teólogo Berkhof

L. Berkhof, como o senhor provaria a existência de Deus?

“Para nós a existência de Deus é a grande pressuposição da teologia. Não há sentido em falar-se do conhecimento de Deus, se não se admite que Deus existe. A pressuposição da teologia cristã é um tipo muito definido. A suposição não é apenas de que há alguma coisa, alguma idéia ou ideal, algum poder ou tendência com propósito, a que se possa aplicar o nome de Deus, mas que há um ser pessoal auto-consciente, auto-existente, que é a origem de todas as coisas e que transcende a criação inteira, mas ao mesmo tempo é imanente em cada parte da criação. Pode-se levantar a questão se esta suposição é razoável, questão que pode ser respondida na afirmativa. Não significa, contudo, que a existência de Deus é passível de uma demonstração lógica que não deixa lugar nenhum para dúvida; mas significa, sim, que, embora verdade da existência de Deus seja aceita pela fé, esta fé, se baseia numa informação confiável.”

E que informação confiável é essa (ou são essas)?
“As provas se acham, primariamente, na Escritura como a Palavra de Deus inspirada, e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza... A revelação geral e a especial.”

Como o senhor provaria a existência de Deus pelas Escrituras?
“A prova bíblica sobre este ponto não nos vem na forma de uma declaração explícita, e muito menos na forma de um argumento lógico. Nesse sentido a Bíblia não prova a existência de Deus. O que mais se aproxima de uma declaração talvez seja o que lemos em Hebreus 11:6 “... é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”. A Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração inicial, “No principio criou Deus os céus e a terra”. Ela não somente descreve a Deus como o Criador de todas as coisas, mas também como o Sustentador de todas as Suas criaturas. Vê-se Deus em quase todas as páginas da Escritura Sagrada em que Ele se revela em palavras e atos. Esta revelação de Deus constitui a base da nossa fé na existência de Deus, e a torna uma fé inteiramente razoável. Deve-se notar, contudo, que é somente pela fé que aceitamos a revelação de Deus e que obtemos uma real compreensão do seu conteúdo. Disse Jesus, “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo”, João 7.17.

E pela revelação geral?
“Os céus manifestam a Glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia e uma noite revela conhecimento à outra noite” Salmo 19.1, 2. “Contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos dos céus chuvas e estações frutíferas, enchendo os vossos corações de fartura e de alegria” Atos 14.17. “porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim como o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas”, Romanos 1.19, 20.

Qual o motivo de muitos não aceitarem racionalmente o testemunho da criação?
“Os reformadores rejeitaram o dualismo dos escolásticos e visaram uma síntese da dupla revelação de Deus. Eles não criam que a razão humana tenha capacidade para elaborar um sistema científico de teologia com base na revelação natural pura e simples. Sua maneira de ver o assunto pode ser representada como segue: como resultado da entrada do pecado no mundo, a escrita de Deus na natureza ficou muito obscura, e em alguns dos mais importantes assuntos, é opaca e ilegível. Além disso, o homem foi atingido pela cegueira espiritual, e, assim, está privado da capacidade de ler corretamente aquilo que Deus originariamente escreveu com clareza nas obras da criação. Para remediar a questão e impedir a frustração do Seu propósito, Deus fez duas coisas. Em Sua revelação sobrenatural, Ele tornou a publicar as verdades da revelação natural, esclareceu-as para evitar mal-entendidos, interpretou-as com vistas às presentes necessidades do homem, e, assim, incorporou-as em sua revelação sobrenatural da redenção. E, em acréscimo a isso, Ele providenciou uma cura para a cegueira espiritual do homem na obra de regeneração e santificação, incluindo iluminação espiritual, e, assim, capacitou o homem mais uma vez a obter verdadeiro conhecimento de Deus, o conhecimento que leva consigo a segurança da vida eterna.”

Como o homem lê incorretamente a revelação geral?
“Quando os gélidos ventos do racionalismo sopram sobre a Europa, a revelação foi exaltada em detrimento da revelação sobrenatural, o homem ficou intoxicado pela sensação da sua capacidade e bondade, recusou-se a ouvir a voz da autoridade que lhe fala na Escritura e a submeter-se a ela, e depositou completa confiança na capacidade da razão humana para guiá-lo para fora do labirinto de ignorância e erro rumo à clara atmosfera do conhecimento verdadeiro. Alguns que ensinavam que a revelação natural era inteiramente suficiente para ensinar aos homens todas as verdades necessárias, ainda admitiam que poderiam aprendê-las mais depressa com o auxílio da revelação sobrenatural. Outros negavam que a autoridade da revelação sobrenatural era completa, enquanto os eu conteúdo não fosse demonstrado pela razão.”

Como definiria ‘Deus’?
É evidente que o Ser de Deus não admite nenhuma definição científica. Para dar uma definição lógica de Deus teríamos que começar fazendo pesquisa de algum conceito superior, debaixo do qual Deus pudesse ser coordenado com outros conceitos; e depois teríamos que expor as características aplicáveis exclusivamente a Deus... No máximo, só é possível uma definição analítico-descritiva”.

Qual seria? “Deus é amor”?
“Constituiria numa enumeração de todos os Atributos de Deus conhecidos, e estes são, em grande medida, de teor negativo. A Bíblia nunca opera com um conceito abstrato de Deus, mas sempre O descreve como o Deus Vivente, que entra em várias relações com as Suas criaturas, relações que indicam vários atributos diferentes... Tem-se visto uma indicação da essência de Deus propriamente dita no nome de Jeová , como interpretado por Deus mesmo nesta expressão, “Eu Sou o que Sou”. Com base nesta passagem, a essência de Deus acha-se em ela ser, abstratamente. E isto tem sido interpretado no sentido de autoexistência ou permanência auto-abrangente ou independência absoluta. Outra passagem repetidamente citada como contendo uma indicação da essência de Deus, e como a que mais se aproxima de uma definição na Bíblia, é João 4.24. “Deus é espírito; e importa que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. Esta afirmação de Cristo é claramente indicativa da espiritualidade de Deus. As duas idéias derivadas destas passagens ocorrem repetidamente na teologia como designativos do Ser de Deus propriamente dito. Em geral, pode-se dizer que Escritura não exalta um atributo de Deus em detrimento dos demais, mas os apresenta como existentes em perfeita harmonia no Ser Divino. Pode ser verdade que ora um, ora outro atributo receba ênfase, mas a Escritura evidentemente tenciona dar devida ênfase a cada um deles. O ser de Deus é caracterizado por profundidade, plenitude, variedade, e uma glória que excede nossa compreensão, e a Bíblia apresenta isto como um todo glorioso e harmonioso, sem nenhuma contradição inerente. E esta plenitude de Deus acha expressão nas perfeições de Deus, e não doutra maneira.”

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*As informações são extraídas da Teologia Sistemática de Berkhof.



sexta-feira, 27 de julho de 2012

Exposição bíblica do Credo Atanasiano –Parte 1

‘Não consigo entender o dogma da Trindade!’ Essa é a principal afirmação cristã (e também anticristã) que se ouve a respeito da doutrina cristã classificada como A Santíssima Trindade.


No geral, a doutrina é possível de ser entendida. O que é negado pelos expositores cristãos é a compreensão da essência da Trindade propriamente dita. Isso não é de se alarmar. A eternidade também não é compreendida por nós, seres finitos.

O que pretendo fazer com essa série de estudos é explorar as afirmações do antigo credo conhecido como “Atanasiano”. Não me deterei aos dados históricos e polêmicas em torno do mesmo*. Me concentrarei em uma exposição bíblica, simplificada e positiva.


Os estudos serão divididos em parágrafos, em frases, ou em algumas partes do Credo, para melhor exposição didática.


O Credo Atanasiano:


“Todo aquele que quer ser salvo, antes de tudo deve professar a fé católica.


O credo introduz uma advertência evangelística ao dizer “quer ser salvo”. Ecoa as palavras da Bíblia em Jo 3.16,36; At 13.48; Ap 22.17.


A primeira afirmação é que a Fé deve ser professada para salvação. Em Romanos 10.9,10 notamos que a profissão de fé é necessária. Crer de modo ‘particular e oculto’ não é a maneira cristã de crer. Todos precisam saber que cremos!


Em segundo lugar, a fé é especificada: Fé católica. Isso é dito, pois não se trata da firme certeza nas promessas de Deus (Hb 11.6). Aqui é a Fé religiosa, o sistema de crenças, o conteúdo doutrinário, as afirmações teológicas que se faz. Observe bem que Judas diz da “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”(3). Ela é católica por causa da ‘multinacionalidade’ da Igreja de Cristo (Ap 7.9) e da crença nela disseminada, aceita e defendida.


O Credo continua:


“Quem quer que não a conservar íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá eternamente.”


Pelo jeito essa crença, fé, é muito séria! A ponto de colocar em risco a salvação do indivíduo. Alguns acham que crer de maneira diferente em assuntos centrais é a mesma coisa de discordar de assuntos periféricos. Engano! Pedro diz que os que torcem as Escrituras o fazem para a própria perdição (2 Pe 3.16). Negar que Cristo veio em carne nos lança no bojo do anticristo (1 Jo 4.2,3; 2 Jo 7). O apóstolo Paulo escreveu que outro evangelho era maldito (Gl 1.8,9) e muitos estavam crendo em outro Jesus (2 Co 11.4). Adorar Deus e ídolos é condenação certa (Ex 20.3,4).

 
Os assuntos deixam de serem periféricos quando tais mudam o caráter e a natureza do Salvador, da salvação e da revelação. Nesses casos, teremos um Deus diferente revelado nas Escrituras, uma salvação diferente e a autoridade da revelação diluída. Deus, Salvação e Infabilidade das Escrituras, não são assuntos periféricos, mas centrais.


“E a fé católica consiste em venerar um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade...”


Essa colocação do Credo é de proeminência. Minha opinião é que aqui temos uma janela para entendermos a doutrina. Nessa breve citação existe uma eternidade de respostas. Perceba que adoramos ‘um só Deus’(Dt 6.4; Gl 3.20), na Trindade (Mt 28.19)’. Não é que a soma das três pessoas resultam em Deus. Mas que esse Deus só é visto nas três Pessoas. Adorar a ‘Trindade na unidade’ é vê-la  em sua essência divina. O Deus Todo-Poderoso é o Pai, o Filho e o Espírito Santo. E cada uma é completamente Deus que é permissível eu dizer que o Deus Todo-Poderoso é o Filho (Jd 4), pois essa é a sua essência.


*Um estudo sistemático sobre a doutrina trinitariana pode ser visto em Teologia Sistemática Trinitariana, de autoria do irmão Cláudio do Blog Aprendei. Caso queira o material de três volumes, em pdf, deixe seu e-mail que enviaremos.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

O Dicionário Vine e seu dispensacionalismo

As Testemunhas de Jeová usam com frequencia o dicionário de W. E. Vine para 'provar' que Cristo morreu numa estaca, e para ensinar que a "vinda" de Cristo deveria ser traduzida por "presença". Sobre esse último tópico veja o que Carl Olof Jonsson* nos mostra:

"Existe um dicionário moderno de Grego-Inglês [em português pela CPAD], contudo, que parece dar algum apoio ao entendimento da Watch Tower Society acerca da parousía de Cristo como um período de "presença invisível," seguido por uma "revelação" final da sua presença na batalha do Armagedom. É o Expository Dictionary of New Testament Words (Dicionário Expositivo de Palavras do Novo Testamento), de W. E. Vine, que define o termo parousía da seguinte maneira:


"PAROUSIA ... denota tanto uma chegada como a subsequente presença com.... Quando usada para se referir ao retorno de Cristo, significa não meramente a sua vinda momentânea para os Seus santos, mas a Sua presença com eles desde esse momento até à Sua revelação e manifestação ao mundo."

Esta descrição da parousía soa muito parecida à da Watch Tower Society. Portanto, não é surpresa nenhuma descobrir que a definição que Vine apresenta da palavra é amplamente citada na página 1335 do dicionário bíblico da Sociedade Aid to Bible Understanding (Ajuda ao Entendimento da Bíblia). Pode ser uma surpresa para alguns, porém, saber que Vine foi um dos mais assíduos defensores da doutrina do "arrebatamento secrteto" no nosso século. Isto aparentemente fez com que ele definisse a palavra parousía de uma maneira que apoiasse os seus pontos de vista teológicos. Contudo, isto só serviu para o pôr em conflito com os resultados da moderna erudição.

Conforme observado anteriormente, a ideia do "arrebatamento secreto" teve os seus defensores mais zelosos entre os seguidores de John Nelson Darby, chamados a Irmandade. Em 1847 um desentendimento entre Darby e George Müller, o líder de um grupo da Irmandade em Bristol, Inglaterra, dividiu o movimento em dois: a Irmandade Exclusiva, liderada por Darby, e a Irmandade Aberta, que alinhou com Müller. Embora o próprio Müller rejeitasse o conceito do "arrebatamento secreto," o movimento da Irmandade Aberta aderiu à ideia e continuou a pregá-la. W. E. Vine, que nasceu em 1873, estava associado com a Irmandade Aberta e parece tê-lo estado desde a sua juventude. Ele foi um grande perito, e o seu Dicionário é inestimável como manual para o estudo do Novo Testamento. A sua definição da palavra parousía, contudo, foi claramente influenciada pela sua aderência à doutrina do "arrebatamento secreto," uma doutrina que lhe deve ter sido muito cara desde a sua juventude. Ele defendeu-a em vários livros escritos em colaboração com um condiscípulo, o Sr. C. F. Hogg, como por exemplo The Epistles of Paul and the Apostle to the Thessalonians (As Epístolas de Paulo e o Apóstolo aos Tessalonicenses; 1914), Touching the Coming of the Lord (Atingindo a Vinda do Senhor; 1919), e The Church and the Tribulation (A Igreja e a Tribulação; 1938). O último livro mencionado foi publicado como uma resposta ao ataque do Rev. Alexander Reese contra a ideia do "arrebatamento secreto," no livro The Approaching Advent of Christ (O Advento de Cristo que se Aproxima), publicado no ano anterior (1937). O bem conhecido exegeta e comentador bíblico, Professor F. F. Bruce, embora tendo os mesmos antecedentes religiosos do Dr. Vine, faz os seguintes comentários críticos a respeito do uso que Vine e Hogg fazem da palavra parousía no seu sistema escatológico:

"Talvez o aspecto mais distintivo de Atingindo a Vinda tenha sido o tratamento dado à palavra parousía. Eles insistiram no sentido primário de 'presença' e interpretaram a palavra no seu uso escatológico como significando a presença de Cristo com a Sua Igreja glorificada no intervalo que precede a Sua manifestação em glória....

Pode ser posta em dúvida se esta interpretação de parousía faz justiça ao sentido que a palavra tem no grego helenístico. Os escritores apelaram, de facto, ao léxico de Cremer em apoio do seu ponto de vista; mas Cremer escreveu muito antes de o estudo de papiros vernaculares ter revolucionado o nosso conhecimento da linguagem helenística comum."16

Portanto, a referência da Watch Tower Society à definição de parousía do Dr. Vine não tem grande peso. Examinada mais de perto, mostra ser essencialmente tão obsoleta como as outras referências da Sociedade."


*C. Jonsson escreveu Os Tempos dos Gentios Reconsiderados, a mais importante e reconhecida obra erudita do mundo sobre a doutrina de 1914 das Testemunhas de Jeová.