Cornelius Van Til define apologética
como “a vindicação (defesa) da filosofia
de vida cristã em contraste com as várias formas de filosofia de vida não
cristã.” (Apologética Cristã, p. 19).
Como a Fé Reformada é útil no debate com as
seitas? O campo da apologética que tenho aqui em mente é aquela que lida com a
Heresiologia. Pois muito da apologética reformada lida cosmovisão filosófica, e com a
defesa da soteriologia contra arminianos, e semi-pelagianos. Isso tem levado
muitos apologistas e até pastores reformados, a se preocuparem desnecessariamente
com quem está salvo em Cristo – em corrigir sua visão a respeito das doutrinas
da graça.
Antes de apontar quatro
temas em que a Apologética Reformada tem vantagens sobre outros sistemas
filosóficos cristãos, é fundamental destacar que muitas seitas são
racionalistas. E como tal, não raro, preferem caminhar com o livre-arbítrio
como pressuposto. Na verdade nem todas podem ser classificadas como “arminianas
clássicas”, flertam mais com o semi-pelagianismo do que com o arminianismo. E
não é incomum rejeitarem a doutrina da imputação da Queda.
1º
Profetismo/Apostolado/Papismo: O Apologista Reformado
leva o “somente a Escritura” até as suas últimas consequências, quer essas
sejam latentes ou patentes. Com base na Bíblia (II Tm 3.15-17), sabemos que ‘cessaram aqueles antigos modos de Deus
revelar a sua vontade’(CFW cap. I). Portanto, nosso debate com os Mórmons,
Adventistas, Católicos, Tabernáculo da Fé, é na base fundamental da heresia, não em seus efeitos ou evidências. Um apologista cristão pentecostal
precisará, evidentemente, sofrer com decepções proféticas dentro de seu
movimento, pois existe em ambos os sistemas falsas profecias e acertos. Depois
ele ainda terá que perceber que seus argumentos serão semelhantes a respeito do
chamado ‘graus de inspiração’ – que algumas seitas usam
também, onde diz que a inspiração atual é menor que a Bíblia! Para o Apologista
Reformado, se certa profecia de um líder herético deu certo ou não, não
resolverá finalmente a questão, já que para ele, não é isso que está em jogo,
mas sim a suficiência da Escritura (I Tm 3.15-17).
2º
Salvação/Méritos/Sacramentos: Nesse caso, o Apologista Reformado está em evidentemente seguro,
pois não há nada, na construção Confessional Reformada, que dependa de alguma
ação humana para ser salvo como princípio essencial e regente – nem mesmo o sim do pecador, que infelizmente, acaba desbocando em alguma impressão de
virtude no indivíduo, nos modelos não Reformados. Nem mesmo o fato de estar em uma Igreja Reformada, determina ao
Apologista Reformado se certo individuo está ou não salvo. O salvo deve estar em Cristo, e o que assegura isso é a eleição, não a decisão humana,
méritos, decisões, ou obras, etc (Rm 11.6). Assim, quando um Mórmon diz para um
Reformado que ele deve receber o batismo para ser salvo, essa afirmação está
inócua e prejudicada, pois a Bíblia ensina outra coisa - anteriormente, no
tempo e no espaço quem decidiu a salvação ou não dos que seriam batizados, se
eles estão em Cristo é por decisão soberana (Ef 1.1-11).
Isso eleva a questão da Igreja Invisível a um patamar real e
verdadeiro. ‘Deus sabe os que lhe pertence’, pois os introduziu em Cristo.
Insistir com um Reformado a respeito de uma igreja verdadeira visível, é chover no molhado, visto que o Reformado sabe que a
Igreja verdadeira é algo invisível, e está no rol de membros do céu, os tais
foram lavados por Cristo de fato e de verdade. O que piora o discurso herético,
é que a fé Reformada reconhece que todas as igrejas fieis
possuem erros, mas esses erros não podem ser de caráter essencial, pois assim,
deixam de ser ‘igrejas verdadeiras’ e passam a ser seitas, sinagogas de
Satanás.
3º Deus/Atributos: O Deus Bíblico é Trino,
e ninguém mais que os Reformados preservam a doutrina da Trindade, conforme
delineada nos credos históricos, como o Reformado. Outros podem até ser
semelhantes, mas melhor compreensão da Trindade não existe:
“Pergunta 8: “Há mais de
um Deus? Resposta: Há um só Deus, o Deus vivo e verdadeiro (Dt. 6. 4; Jr 10.
10; I Co8. 4).” “Pergunta 9: “Quantas
pessoas há na divindade? Resposta: Há três pessoas na divindade: O Pai, o Filho
e o Espírito Santo; estas três pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da
mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas
propriedades pessoais”(Mt 3. 16-17; Mt 28.19; II Co 13. 13; Jo 10. 30).” (Catecismo Maior de Westminster) Percebemos que o modelo reformado
reflete os Credos Históricos da Trindade.
Com isso, o Apologista
Reformado já sabe que os Mórmons, Testemunhas de Jeová, etc, não falam com o
mesmo Deus em mente, causando assim um descompasso total na avaliação de quem É
Deus e de tudo que revelou de Si na Escritura. O Reformado sabe que os tais
oferecem um falso deus. Além disso, com a perspectiva correta da doutrina da
trindade, o Apologeta Reformada vai rapidamente identificar caricaturas, e não
uma definição exata.
O Deus Bíblico - da Fé
Reformada também é um ser ilimitado no
conhecimento, no domínio no tempo e no espaço, e mesmo assim a Fé Reformada diz
que Deus é “simples” e pessoal. Neste ponto, as seitas deixam de lograr disputa. Um deus que não
sabe de tudo, como é dos Testemunhas de Jeová; um deus complexo como o é dos
Espíritas; três espíritos corporalmente distintos sendo Deus como ensina o
Adventismo; três deuses sendo que dois tendo corpo e um não como ensinam os
Mórmons não pode ser o Deus da Escritura. A Fé Reformada ensina como diz a
Bíblia:
“Pergunta 07: “Quem é
Deus? Resposta: Deus é Espírito (4.24), em si e por si infinito em seu ser (I
Rs 8. 27), glória, bem-aventurança e perfeição (Ex 3. 14); todo-suficiente (At
17. 24, 25), eterno (Sl 90. 2), imutável (Ml 3. 6), insondável (Rm 11. 33),
onipresente (Jr 23. 24), onipresente (Ap 4. 8), infinito em poder,(Hb 4. 13),
sabedoria (Rm 16. 27), santidade( Is 6. 3), justiça( Dt 32. 4), misericórdia e
clemência, longânimo e cheio de bondade e verdade”( Ex. 34. 6).” (Catecismo Maior de Westminster).
4º Vida Cristã: em um quarto campo está
o debate a respeito de como a vida cristã é exercida. Mais uma vez a
Apologética Reformada tem uma vantagem. Quando dizemos o lema protestante que
“A Bíblia é a nossa única regra de
fé e prática” isso é verdadeiro em nosso caso. A Bíblia inteira e não o apenas o Novo Testamento! Claro,
é o Novo que interpretou e cumpriu o Velho, mas não estamos reféns como estão
os dispensacionalistas, e cedem campo considerável para algumas seitas,
especialmente os Adventistas criticarem virtualmente essa posição. O Novo
Testamento usou os Dez Mandamentos, expandindo, melhorando, substituindo, mas
nunca rejeitando. O Espírito Santo demonstrou isso quando várias vezes usou o
decálogo e/ou o VT, como fonte de instrução para a Igreja na Nova Aliança (Ef
6.1,2,3). Com a mesma certeza, para o Apologeta Reformado o Novo Testamento
revelou luz maior - notamos que o Senhor Jesus substituiu Moisés e Arão, os
Apóstolos substituíram os Profetas, A Igreja substituiu Israel, o Batismo substituiu Circuncisão, a Santa Ceia substituiu a Páscoa e o Domingo substituiu o sábado, o culto simples substituiu as cerimonias do VT. Nesse sentido, não abandonamos o Velho
Testamento, e podemos dizer que a Bíblia é a nossa regra em seus 66 livros,
enquanto interpretados pela Nova Aliança.
Conversa fiada, vantagem uma ova. Não sabem sequer o básico. Por exemplo: perguntem aos reformados quantos pecados imperdoáveis existem na Bíblia e quais são eles? Dirão eles que apenas um; enquanto na verdade a Bíblia aponta mais de um. E querem fazer apologética criticando os outros... Ler livros de teologia não é o mesmo que saber teologia. Corto os meus dois dedos fora se algum Augustus Nicodemos conseguir responder; corto fora.
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