1. O que é a
teologia da prosperidade?
É um conceito religioso, no cenário evangélico mundial, que
defende a ideia de que Deus tem intenções definidas, para fazer com que as
pessoas fiquem ricas, em suas várias facetas materiais, físicas e emocionais.
No geral, pensa-se que Deus tem um compromisso, e assim uma obrigação consigo
mesmo, e com os Seus filhos, ou por quem fez algo para Deus, em sentido
material - uma oferta, dízimo, um sacrifício, uma campanha, etc – e esse
compromisso é de recompensa imediata.
As vertentes
dessa teologia ainda caminham em uma postura de “tomar posse da benção”, em um suposto exercício da fé, para se
apoderarem daquilo, que segundo creem, “já nos foi dado”. Essa também é chamada
de “confissão positiva”. Kenneth E. Hagin escreveu um livreto chamado “Pensamento Certo ou Errado”, que nada
mais é que uma postura psicológica, com linguagem bíblica, que se assemelha bem
ao positivismo que o mundo defende quando falam em dar sorte. Não muito tempo atrás, percebemos que um grande sucesso
literário mundial foi O Segredo, onde
essa força positiva é levada às suas perspectivas de posse.
Morris Cerullo,
expoente da teologia da prosperidade, escreve:
“Cristo já conquistou a vitória e dividiu os
“despojos” conosco. A escravidão da doença foi anulada! A escravidão das
dívidas foi anulada! A escravidão da pobreza foi anulada. Para tomar os
“despojos” do Inimigo – os recursos financeiros que roubou de nós -, precisamos
receber uma revelação nova sobre a batalha que Cristo venceu, na qual destruiu
as obras do Diabo.” (Bíblia de Estudo – Batalha Espiritual e Vitória Financeira
(2000) – Editora Central Gospel, p. 1301).
2. Quais as
bases bíblicas apresentadas pelos promotores dessa escola teológica? (1)
as promessas de Deus aos patriarcas, (2)
as promessas de bênçãos ao povo de
Israel, (3) passagens bíblicas a
respeito de dízimos e ofertas, e (4)
algumas porções do Novo Testamento, são apresentadas como indicativos de que
Deus promete e tem que fazer seus servos prosperarem materialmente. Faremos uma
avaliação dessas supostas bases bíblicas, examinando tais porções das
Escrituras dentro do seu contexto imediato e no progresso da revelação bíblica.
3. Onde, em
especial, nasceu a teologia da prosperidade?
“Foi durante os avivamentos de cura (healing
revivals) dos anos 1950 que a teologia da prosperidade ganhou proeminência nos
Estados Unidos, apesar de especialistas terem ligado suas origens ao Movimento
Novo Pensamento. Os ensinamentos da teologia da prosperidade mais tarde
ganharam proeminência no Movimento Palavra de Fé e no televangelismo dos anos
1980. Nos anos 1990 e 2000, foi adotada por líderes influentes do Movimento
Carismático e promovida por missionários cristãos em todo o mundo, levando à
construção de megaigrejas. Líderes proeminentes no desenvolvimento da teologia
da prosperidade incluem E. W. Kenyon, Oral Roberts, T. L. Osborn e Kenneth
Hagin.”( https://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_da_prosperidade_)
Outros como
Benny Hinn, Morris Cerulo, Mike Murdock, são também os proponentes
referenciais.
4. Quais
igrejas são as principais promotoras dessa teologia aqui no Brasil?
Sabemos que as igrejas neopentecostais*,
como a Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça, Igreja
Mundial do Poder de Deus, Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus, são as mais conhecidas. Porém, outras em várias
regiões do Brasil, apesar de não serem expressivas, muitos ensinam tão
veementemente essa doutrina, que podemos ver em qualquer lugar tais igrejas
seguindo essa teoria. [*Após o surgimento de igrejas pentecostais, entre os anos 1910-1914, igrejas que perderam a ênfase apenas no falar em línguas e milagres, que passaram a fazer a prosperidade algo a ser buscado, acabaram sendo chamadas de “novos pentecostais” – neopentecostais.]
5. A
teologia da prosperidade é vista apenas em igrejas neopentecostais? Não, infelizmente não. Hoje, não é mais
novidade dizer que essa teologia está penetrando em igrejas tradicionais, pentecostais
e comunidades evangélicas independentes, e vestígios claros dessa teologia, são
também percebidos especialmente em movimentos evangélicos, cantores gospels, pregadores de renomes, enfim.
Não existe mais uma barreira que impeça o avanço desta influência. E até mesmo
pastores fieis, sem perceberem, acabam fazendo a vez dessa teologia quando
fazem uma má interpretação - geralmente sem a luz do Novo Testamento, do texto de Malaquias 3.10.
6. Por que
essa teoria é tão facilmente aceita? Ela está
ligada aos interesses materialistas do ser humano, e onde houver pessoas, que
sofrem pressão da mídia, e de suas necessidades, assim entram nas igrejas que
estimulam isso. Nossos desejos e
necessidades serão sempre uma locomotiva psicológica para nos levar a
aceitar essa oferta teológica. Ainda mais, se ela for recebida como vindo de
Deus, por meio de nossos esforços, ‘ou melhor ainda’, como recompensa de nosso
labor sacrificial. Além do mais, é isso que queremos sempre – estar
financeiramente melhores, pois vemos nisso segurança.
7. Quais são
os recursos mais usados pelos pregadores da teologia da prosperidade e
confissão positiva? Em primeiro lugar percebemos, ao
acompanhar programas de TV, que carnês (boletos bancários para dar as ofertas
estipuladas) são usados em muitas igrejas da prosperidade, e são exibidos como
que um troféu, ou uma garantia da benção divina. Geralmente a multiplicação do
que é doada, é exorbitante. Outro meio muito comum são os objetos ungidos, uma versão neopentecostal da prática católica de
benzer. Tais objetos assim ‘ungidos’, são vistos como um detentor
simbólico, visível, de um poder específico para deixar a pessoa rica, ou livre
de doenças, problemas e demônios. E a criatividade vai desde uma rosa ungida,
uma palmilha, tijolinhos, fronhas, toalhinhas e até balas para crianças
desobedientes.
Porém - O que a Bíblia diz
sobre a Teologia da Prosperidade?
8. As bênçãos
prometidas, e adquiridas, aos patriarcas, são nossas também? Antes de responder, uma breve perspectiva da história bíblica a
respeito deles se faz necessária: No livro
bíblico de Gênesis, a história de
Abraão, Isaque e Jacó, são exemplos de como Deus pode fazer que pessoas que não
tem nada, em peregrinações, em grandes homens de negócio. Especialmente do
capítulo 12 em diante do livro, percebemos como receberam posses materiais, e
vitórias sobre grandes problemas, dos mais variados possíveis. Deus prometeu
aos patriarcas, e aos seus descendentes, bênçãos materiais que seriam
adquiridas, em especial, na terra de Canaã, onde manava leite e mel. Como era
de interesse nacional, as guerras literais
eram um dos mecanismos usados para se apoderarem dessas bênçãos no período
especialmente posterior. A execução dos inimigos nacionais de Israel fazia
parte desse avanço de domínio material e territorial, prometido por Deus.
Com esse
pano de fundo histórico, retornemos à pergunta: As bênçãos prometidas, e adquiridas, aos patriarcas, são nossas também?
Nossa resposta inicia-se com as seguintes elucidações –
A. Como cristãos na dispensação da
Nova Aliança, não recebemos de Deus promessa para adquirir algum território, terreno,
especifico. Nem estamos em território estrangeiro, rumo à outra terra física:
“Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também
Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou
uma cidade.” (Hb 11.16 [grifo acrescentado]).
“Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos
milhares de anjos;” (Hb 12.22).
Perceba que
o argumento do autor dessa carta bíblica, no capítulo 11º, mostra a história de
todo povo de Deus que viveu pela fé no VT e alcançaram alguns feitos, porém,
não era a promessa final e essencial que estava por detrás de todas as coisas
que avistavam. Ele demonstra que a fé foi o instrumento que Deus usou para eles
adquirirem algumas amostras do que de fato era o alvo – a pátria, os bens, celestiais! E ainda aponta que eles, como quem
não havia alcançado. E no primeiro texto a advertência foi que isso não mais
deveria ser esperado! Ideia repetida aqui:
“Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor
Jesus Cristo,” (Fl 3.20).
B. Não estamos adquirindo essas bênçãos
por meio de batalhas/guerras literais, em nossas conquistas em nível de
riquezas materiais:
“Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque
as armas da nossa milícia não são
carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; Destruindo
os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à
obediência de Cristo;” (2 Coríntios 10:3-5).
“Mas eu vos digo que muitos virão
do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó,
no reino dos céus; E os filhos do
reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de
dentes.” (Mateus 8:11,12).
9. A as
bênçãos da nação de Israel, no período bíblico, são as mesmas da Igreja? Em Deuteronômio capítulos 27, 28, 29 temos um
compêndio de bênçãos e maldições físicas ao povo de Deus na antiga aliança.
Houve uma promessa divina de que os descendentes
de Abraão possuiriam a Terra da Promessa, mas para que tais bênçãos fossem
efetivadas no decorrer da história, na vida de cada geração subsequente, foram
apresentados os termos da aliança feita no Sinai. Eles receberam tais promessas
materiais, ao mesmo tempo que foram abundantemente abençoados com a Teocracia,
onde Deus governava por meio da Lei ‘mosaica’, ao se instalarem na Terra Prometida,
e na subsequente organização da nação em monarquia.
Porém, esse
povo quebrou os termos da aliança, várias vezes, e foram amaldiçoados
consequentemente, inclusive foram deportados para Babilônia, deixaram de ser
Israel de 12 tribos e passaram a ser o povo Judeu, o Templo destruído, a arca
da aliança desapareceu, e com o tempo,
até o ponto de não mais serem um Reino independente, no período de Jesus -
e para piorar, ainda rejeitaram a Jesus como o Messias (Jo 1.11).
As bênçãos
que recebemos agora em vida, não são as mesmas.
Elas são em um mesmo nível gracioso, mas em uma maior intensidade, na vida espiritual,
com uma percepção e profundidade que o servos fieis de Deus não recebiam no
período do Velho Testamento:
“Bendito o Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou
com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;” (Ef
1.3).
Ø Que
bênçãos são essas?
1. O
Batismo com o Espírito Santo: “De sorte que, exaltado pela destra de Deus,
e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós
agora vedes e ouvis.” (At 2.33).
2. O
testemunho do perdão imediato por confessar: “Se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de
toda a injustiça.” (I Jo 1.9).
3. A
consciência intima da bendita reconciliação com Deus: “Porque se nós, sendo inimigos,
fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já
reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” (Rm 5.10).
4. A
superlativa, soberana e santa justificação: “Tendo sido, pois, justificados pela fé,
temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; Pelo qual também temos
entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na
esperança da glória de Deus.” (Rm 5.1,2).
5. A
desejável adoção: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de
Deus.” (Rm 8.16).
6. A
árdua e necessária santificação: “Segui a paz com todos, e a santificação,
sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hb 12.14).
7. A
inegociável presença e habitação de Deus produzindo Seu fruto em nós: “Mas
o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de
Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos
em Espírito, andemos também em Espírito.” (Gl 5.22-25).
8. E
promessa imutável da glorificação: “Que transformará o nosso corpo abatido,
para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar
também a si todas as coisas.” (Rm 8.30).
Prezado
leitor, SE tais bênçãos e promessas não encher o nosso coração
de alegria, mui provavelmente, precisamos
de conversão genuína!
“Ora,
o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe
parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é
discernido.” (1 Coríntios 2:14,15).
10. Mas o
que dizer de Malaquias 3.10? Sabemos que
existe uma exploração quase que criminosa de Malaquias 3.10 (há pastores malaquianos de um texto só), que beira ao
financiamento espiritual, nada de
diferente das Indulgências Católicas na idade média. Com mensagens fora de
contexto, alguns pregam que ‘o demônio
devorador não é expelido nem em nome de Jesus, somente com o dízimo!’...? Nada
mais enganador do que dizer que algum demônio não é expelido pelo nome do
Senhor, já que:
“E,
despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou
em si mesmo.” (Cl 2.15).
Meu objetivo
agora é discutir se o dízimo seria um recurso legítimo com base no Novo
Testamento ainda que os dados do Velho Testamento sejam examinados para chegar
a uma conclusão.
O QUE ERA O DÍZIMO
Antes da organização de Israel, qual
corpo político, sob a inauguração da lei, a Bíblia relata que Abrão deu o
dízimo de tudo que possuía a um sacerdote da cidade de Salém, de nome Melquisedeque.
Assim relata o registro:
“E Melquisedeque, rei de Salém,
trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse:
Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E
bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.”
(Gn 14.18-20).
Depois,
temos Jacó, com um uso mais ousado do dízimo:
“E Jacó fez um voto, dizendo: Se
Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e
vestes para vestir; E eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor me será por
Deus; E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te
darei o dízimo.” (Gn 28.20-22).
Embora
pareça uma barganha, o que não seria de se estranhar não apenas em Jacó, mas em
qualquer ser humano em perigo, ele está
apenas prometendo dar o dízimo daquilo que Deus preservasse com ele. Mais
ou menos quando uma pessoa desempregada faz um voto semelhante. Pois por hora,
ela não pode fazer nada materialmente pela causa do Senhor.
Todas essas
passagens são, por assim dizer, descritivas. Relatam casos, não prescrevem, ao
mesmo tempo que, exemplifica, mas não podemos passar dos limites de uma boa
interpretação bíblica. Elas não estão dizendo o que devemos fazer, muito menos
proibindo de o fazer:
“Não
há também, nenhuma explicação do fato nem se menciona qualquer lei que obrigasse
Abraão a dar dízimo.” (Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento,
vol. 1, p. 596).
As passagens
bíblicas do VT que tratam do dízimo, em moldes prescritivos, nos ensinam que o
dízimo era um recurso eclesiástico-celebrativo-filantrópico. Classifico dessa
maneira pelos seguintes motivos:
Ø A) Eclesiástico: Encontramos
o dízimo sustentando o sacerdócio e os levitas:
“E
eis que aos filhos de Levi tenho dado
todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação.”
(Nm 18.21).
Ø B)
Celebrativo: Notamos que o dízimo
era usufruído pelo ofertante diante do Senhor:
“Certamente
darás os dízimos de todo o fruto da
tua semente, que cada ano se recolher do campo. E, perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer
habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu
azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas
a temer ao Senhor teu Deus todos os dias.” (Dt
14.22,23).
Ø C) Filantrópico:
Também era usado para cuidar dos órfãos e das viúvas, ou seja, os necessitados,
um serviço de diaconia na Igreja do Velho Testamento:
“Quando
acabares de separar todos os dízimos da tua colheita no ano terceiro, que é o
ano dos dízimos, então os darás ao
levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas
portas, e se fartem; E dirás perante o Senhor teu Deus: Tirei da minha casa as
coisas consagradas e as dei também ao levita, e ao estrangeiro, e ao órfão e à viúva, conforme a todos os teus
mandamentos que me tens ordenado; não transgredi os teus mandamentos, nem deles
me esqueci; Delas não comi no meu luto, nem delas nada tirei quando imundo,
nem delas dei para os mortos; obedeci à voz do Senhor meu Deus; conforme a tudo
o que me ordenaste, tenho feito.” (Dt
26.12-14).
É muito
difícil determinar quando o dízimo
era entregue – pode ser que os dízimos
eram entregues três vezes no ano, mas não há como ter certeza. Não tenho como
provar isso definitivamente. Porém, essa conclusão é extraída de Ex 23.14-19.
Na passagem em mira, percebemos que por três vezes ao ano, todo Israelita
deveria apresentar-se diante do Senhor, e ‘não poderia estar de mãos vazias’!
Além disso, nesses eventos apresentavam-se as primícias. Mas, não podemos
afirmar por causa de Dt 14.28, onde existe um recurso entregue no terceiro ano. Todos sabemos que os
dízimos no VT eram de recursos da terra e de animais (Lv 27. 30-33). Mas
algumas vezes em dinheiro, por causa distancia (Dt 14.24-26).
A GRANDE POLÊMICA – AFINAL, O
DÍZIMO FOI ABOLIDO?
Os 'antidizimistas' indicam que, visto que a lei foi abolida (Rm
10.4), o dízimo não deve ser usado na era da graça.
Em especial o fato de a igreja ser hoje o sacerdócio universal, todos os
cristãos são sacerdotes, e tendo em vista Hb 7.4-14, eles insistem que o dízimo
é ilegítimo, inviável e contraditório.
Começo
respondendo da seguinte maneira: O dízimo
tal como era ofertado no VT foi abolido.
No entanto, o NT fez uso do princípio do dízimo/ofertas, para o legítimo
sustento eclesiástico na era da graça. [Definitivamente,
não existem dois períodos essencialmente distintos – o da lei e o da graça – como defendem alguns, especialmente os
dispensacionalistas. A Velha Aliança é baseada em promessas da graça, em
sombras, e a Nova Aliança é a promessa realizada, é o corpo da sombra
manifestado (Cl 2.15-17). Nessa eliminação, é verdade, algumas coisas foram
postas de lado por atingirem seu objetivo, mas o fim da Lei, atestado na
Escritura, é o fim da espera, da realidade prometida. Afinal, no VT houve Graça
e no NT há Lei.]
Veremos as razões neotestamentárias que me
levam a fazer essa assertiva.
Antes,
porém, de apresentar a resposta bíblica direta à pergunta se o dízimo foi ou
não abolido, quero tratar de como alguns defensores do dízimo usam no NT para
defender a prática como neotestamnetária, diante dos antidizimistas. Creio que
estão malhando com ferro frio, argumentando erroneamente:
1º) Mt 23.23
– “Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e
o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a
fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. Condutores cegos!
que coais um mosquito e engolis um camelo.”
Dizem os que
defendem o dízimo, que esse texto ensina o uso do dízimo, pois Jesus disse “não
omitir aquelas”.
Ø Não
podemos dizer que com esse texto, o uso de dízimos é determinante, pois Jesus
quando curou um leproso ordenou o cumprimento da lei cerimonial (Mt 8.4). Isso
os antidizimistas podem, com alguma razão apresentar como resposta. Assim
Mateus 23:23 pode ser proeminente para uma percepção completa, mas ele por si
só, garante apenas o que estava em vigência na época - Dízimos agrícolas e agropecuários ao templo judaico!
2º) Hb 7.
4-14 – “E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele
de quem se testifica que vive.” (Hb 7.8).
Certo
pastor, muito conhecido, escreveu que o “aqui”, é uma evidencia que hoje, o
dízimo é legitimamente recolhido com base nesse texto. Como que se ele
estivesse dizendo ‘em nossos dias, na
igreja, recebem dízimos homens que morrem’.
Ø Mas
essa não podia ser a intenção do autor de Aos Hebreus. O que ele dizia era uma
referência ao sacerdócio Levítico (o “aqui”), esclarecendo que tal sacerdócio
era passageiro, contraposto com o sacerdócio de Cristo, eterno, com base em Melquisedeque,
que não morre. Nada mais é dito no texto.
Fielmente ao
contexto dessas passagens, o que existe é mais uma inferência doutrinária do
que uma conclusão do texto. Tais textos não são determinantes, mas apenas
corroborativos, se uma percepção geral for pressuposta e mantida.
A AUTORIZAÇÃO NEOTESTAMENTÁRIA DA APLICAÇÃO
DO PRINCÍPIO DO DÍZIMO
Acho que a
podemos fazer o uso do dízimo com a perspectiva de manutenção financeira da
obra de Deus, SIM! Jamais dizendo que o crente é mais abençoado por ser dizimista ou que
será amaldiçoado por não ser dizimista! Ensinando, contudo, o compromisso. A
teologia cristã não pode conceber a doutrina da prosperidade dos grupos neopentecostais,
em suas próprias raízes, muito menos achar que um crente será amaldiçoado pelas
obras da lei, pois “Cristo nos resgatou da maldição da lei [...]” (Gl 3.13).
Obviamente,
nenhum cristão abandonará a causa do Senhor, por ser mesquinho a ponto de não
desejar a obra de Deus seja mantida. Nesse aspecto, mora uma atitude carnal,
que não agradará mesmo, o Noivo e o proprietário da Igreja (At 20.28). Soa-nos
mais como gratidão e compromisso com o Reino de Cristo, do que qualquer ‘poder
místico – abençoador ou amaldiçoador’. Estabelecido isso:
Ø o que entendo como base no NT
para o uso do dízimo é 1 Co 9.1-14.
Isso não é
uma exigência, mas uma autorização
legítima para estabelecer a manutenção da obra, usando o princípio do
dízimo. Veja:
“[...]
Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta um rebanho e não
se alimenta do leite do rebanho? Porventura, falo isto como homem ou não diz
também a lei? [...]” (I Co 9. 7,8).
Para nosso
propósito inicial, veja que Paulo invoca a lei de Moisés para estabelecer o
sustento pastoral! Automaticamente acho que os antidizimistas estão com um
sério opositor nesse caso... O inspirado Apóstolo Paulo!!!
Mas ainda
não chegamos no ponto central do que pretendo passar. O que ficará estabelecido
agora é uma afirmação clara do uso da lei, da manutenção de Israel, ofertas,
primícias e dízimos, onde Paulo faz uma
transposição de aplicação para Igreja na era da Graça. Essa transposição de
aplicação está patente na passagem. Perceba:
“[...]
acaso, é com bois que Deus se preocupa? Ou é seguramente, por nós que ele diz?
[...] Se nós vos semeamos coisas espirituais, será muito recolhermos de vós
bens materiais? [...]”
Agora
vejamos a prova:
“Não
sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam?
E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento? Assim ordenou também o
Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho [...]” (I
Co 9.13,14).
O mesmo
autor inspirado trás a mesma linha de argumento em outra parte da Escritura
Sagrada:
“Mas bastante tenho recebido, e
tenho abundância. Cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de
suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus.” (Fl
4.19).
Note que o
auxílio material (em nossa linguagem
evangélica ‘oferta’) enviado ao autor da carta, o autor inspirado por Deus,
foi tratado como ‘um sacrifício’ a
Deus. Notamos assim, que o uso desse pano de fundo, do que foi feito no Velho
Testamento, é uma base recorrente nos pontos citados no Novo Testamento, como
padrão para a igreja de Cristo.
Vários
comentaristas entendem esse texto assim, relação à lei sendo aplicada na
dispensação da igreja. Veja alguns:
“9.13 aqueles que trabalham no templo. Os crentes coríntios entenderiam
não apenas por conhecerem o AT (cf. Lv 7.28-36; Nm 18.8-20), mas também em
virtude da prática comum nos templos pagãos da Grécia e de Roma.” (Bíblia de
Estudo NVI, p. 1966).
“9.14 que vivam do evangelho. Esse
princípio aparece não apenas no sacerdócio do Antigo Testamento (mencionado por
Paulo no v. 13), como também em várias passagens do Novo Testamento (p. ex., Lc
10.7; Gl 6.6; I Tm 5.17-18).” (Bíblia de Estudo Genebra, p. 1518).
“A
provisão para aqueles que trabalham no templo é descrita em Lv 7.6,8-10,14,
28-36; Nm 18.8-20; Dt 18.1-4. O levita era sustentado pelas coisas do atar. Por
meio dos dízimos do povo, a obra de Deus era sustentada – e quando os dízimos
eram retidos, os levitas eram forçados a arar os campos (Ne 13.10). Como
resposta ao desafio de Malaquias ao povo, os dízimos foram trazidos ao templo,
e os cultos, reiniciados, com bênçãos resultantes para todos. V. 14. Da
mesma forma: revela a continuidade que existe entre a ordem do Antigo e do
Novo testamento. O Senhor ordenou: A
autoridade final de Paulo; cf. Mt 10.10; Lc 10.7. O ponto está provado; o
cuidado pelos servos de Deus é responsabilidade do seu povo.” (Comentário
Bíblico NVI, p. 1895).
“Paulo
então aplica este último pensamento ao seu trabalho como pregoeiro do
evangelho.” (Novo Comentário da Bíblia, p. 1205).
Bom destacar
que no contexto o apóstolo Paulo afirma que abriu mão desse direito, em relação
aos Coríntios, em seu ministério. E que jamais escreveria isso para benefício
próprio.
É com esse
ponto de vista que podemos firmar, biblicamente, que quando igrejas fazem sua
manutenção tendo por base o dízimo, deveriam pensar. Tendo em vista que não
apenas o sustento pastoral está em jogo aqui, mas a diaconia em seu trabalho
filantrópico, e as confraternizações da igreja, tem no dízimo sua fonte de
recursos. Nenhuma outra fonte é autorizada na Bíblia para que a Igreja extraia
seu sustento. Nem bazar, ou qualquer tipo de vendas.
11. Como
entender as bênçãos de Malaquias 3.10?
Conheci um
irmão que tem sérios problemas de saúde, está encostado pelo INSS. O salário,
todos sabemos como é. Ele tem família e cuida de um parente que tem problemas
de saúde. Ou seja, tem ainda que gastar com remédios. Esse irmão é dizimista
fiel, apoia a obra e é fiel como cristão. Na mesma igreja, um homem tem casas
de aluguel, imóveis, carro e é aposentado com uma boa aposentadoria. Não cuida
nem dos filhos, pois são independentes. Ele não é dizimista.
Não acha que
alguma coisa está estranha nesse testemunho?
O texto de Malaquias 3.10, diz:
“Trazei
todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e
depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos
abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não
haja lugar suficiente para a recolherdes.”
Visto que
ficou claro no tópico anterior, que os sistemas de ofertas, sacrifícios,
dízimos, foram usados na primeira carta aos Coríntios, fazendo uma
‘transposição’ da aplicação aos dias da Igreja na Nova Aliança, podemos agora
tratar agora com mais lucidez esse texto e sua promessa de prosperidade, em seu
contexto na antiga aliança, e ver até que ponto isso é aplicado a nós.
Em primeiro lugar, devemos lembrar que Deus
havia prometido bênçãos físicas ao seu povo, e muitas dessas bênçãos eram
condicionadas a esse agir. Era uma terra que manava leite e mel, não por seus
recursos naturais existentes, mas porque o SENHOR assistiu a terra para esse
fim, conforme prometido aos patriarcas:
“Porque
a terra que passas a possuir não é como a terra do Egito, de onde saíste, em
que semeavas a tua semente, e a regavas com o teu pé, como a uma horta. Mas a
terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus
beberá as águas; Terra de que o Senhor teu Deus tem cuidado; os olhos do Senhor
teu Deus estão sobre ela continuamente, desde o princípio até ao fim do ano. E
será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno,
de amar ao Senhor vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a
vossa alma, Então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a
serôdia, para que recolhais o vosso grão, e o vosso mosto e o vosso azeite. E
darei erva no teu campo aos teus animais, e comerás, e fartar-te-ás.” (Dt
11.10-15).
Se lembrarmos
que o dízimo era um auxilio para os pobres também, já podemos destacar que eles
mesmos não ficaram ricos, já que dependiam dos dízimos:
“Quando acabares de separar todos
os dízimos da tua colheita no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então os
darás ao levita, ao estrangeiro, ao
órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem.”
(Dt 26.12).
Percebeu?
Não é sem razão que antes
mesmo de mencionar a advertência a respeito da negligencia para com os dízimos,
Deus tenha dito:
“E
chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os
feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que
defraudam o diarista em seu salário, e a viúva, e o órfão, e que pervertem o direito do estrangeiro, e
não me temem, diz o Senhor dos Exércitos.”
(Ml 3.5).
Em segundo lugar, a gratidão e amor pela Casa
de Deus era demonstrada, e ainda é na Nova Aliança, pelo quanto cuidavam dela.
Os levitas e sacerdotes não tinham herança, nem recursos, para cuidarem da
adoração. Tudo na Casa de Deus em Judá, seria prejudicado, especialmente os
serviços sacerdotais, caso eles precisassem procurar trabalho.
“Disse
também o Senhor a Arão: Na sua terra herança nenhuma terás, e no meio deles,
nenhuma parte terás; eu sou a tua parte e a tua herança no meio dos filhos de
Israel. E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por
herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação.”
(Nm 18.20,21)
A questão
não era de riqueza para os sacerdotes e levitas, mas até mesmo de sustento
básico! Em Malaquias 3.10 mostra essa preocupação quando disse “para
que não falte alimento na minha casa”!
Em terceiro lugar, era o
apoio para a estrutura em si mesma. A ingratidão advertida pelo Mensageiro,
Malaquias, é semelhante quando Deus usou o profeta Ageu:
“Assim fala o Senhor dos
Exércitos, dizendo: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo em que a
casa do Senhor deve ser edificada. Veio, pois, a palavra do Senhor, por
intermédio do profeta Ageu, dizendo: Porventura é para vós tempo
de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto esta casa fica deserta? Ora,
pois, assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos. Semeais
muito, e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos
saciais; vestis-vos, porém ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o
num saco furado. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai os vossos
caminhos. Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me
agradarei, e serei glorificado, diz o Senhor. Esperastes o muito, mas eis que
veio a ser pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu dissipei com
um sopro. Por que causa? disse o Senhor dos Exércitos. Por causa da minha casa,
que está deserta, enquanto cada um de vós corre à sua própria casa. Por isso
retém os céus sobre vós o orvalho, e a terra detém os seus frutos. E mandei vir
a seca sobre a terra, e sobre os montes, e sobre o trigo, e sobre o mosto, e
sobre o azeite, e sobre o que a terra produz; como também sobre os homens, e
sobre o gado, e sobre todo o trabalho das mãos.”
(Ag 1.1-11).
Em quarto lugar, no mesmo
livro, mais adiante, mostra que os ímpios prosperam. Seriam eles dizimistas? “os
que comentem impiedade prosperam” (Ml 3.15). Mas essa prosperidade não
é sinal da graça divina (Ml 3.16-18).
Portanto,
longe de ensinar uma doutrina da prosperidade, Malaquias 3.10 está inserida no
contexto da antiga (na sombra) aliança, conforme provada, e o uso que podemos fazer de tal
texto, com as devidas adaptações, é a mesma que foi feito pelo autor inspirado
em Coríntios 9, avaliado anteriormente. Podemos pagar o dízimo – [alguns se incomodam com o termo “pagar” para
o dízimo, mas a Bíblia é que diz que Abraão “pagou o dízimo” (Hb 7.4,9) a
Melquisedeque]. Ou devolvê-lo, como é costume dizer atualmente,
desprendidos de interesse, muito menos com mentalidade materialista.
Demonstraremos amor pelo Reino de Cristo, interessados no sustento das
necessidades da igreja local, para melhor servir o Mestre e a Sua causa.
12. Jesus
fez alguém ficar rico? Definitivamente, não!
Talvez essa
seja o grande uma farpa nos olhos dos defensores da teologia da prosperidade,
que ao constatar que Jesus curou várias pessoas, libertou de demônios, e até da
morte, ele JAMAIS FEZ ALGUÉM FICAR RICO, nos moldes financeiros materialistas
que os defensores da teologia da prosperidade tem disseminado. Eles tem o
contra eles – O Senhor Jesus!
Nos quatro
evangelhos que registram a vida e os ensinos do Deus-Homem, nada passa perto da
teologia da prosperidade financeira. Notamos Jesus envolvido em grandes sinais
e milagres, em curas extraordinárias, em ensinos profundos e simples, em
confrontação com hipócritas e alívio de pecadores. Mas nada, nada, nada, que dê
qualquer vestígio, por mais fracos que sejam, que leve uma pessoa a achar que o
Senhor Jesus, fez alguém ficar rico em seu ministério na terra.
O que a
Bíblia diz sobre as riquezas materiais na revelação do Novo Testamento?
“O
pão nosso de cada dia nos dá hoje;” (Mt 6.11)
“E
disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do
homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mt 8.20).
“E
Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende
tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a
cruz, e segue-me.”
(Mc 10.21).
“Manda
aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na
incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas
para delas gozarmos;” (I Tm 6.17).
“Mas
os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências
loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.”
(I Tm 6.9).
“Não
ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os
ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a
ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.” (Mt
6.19,20).
“Ninguém
pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se
dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom
[riquezas].” (Mt 6.24).
13. Textos
bíblicos, do Novo Testamento, usados pela Teologia da Prosperidade e Confissão
Positiva.
Vamos ver
agora, três textos bíblicos citados pelos aderentes desses ensinos.
A) “E todo aquele que tiver deixado casas, ou
irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de
meu nome, receberá cem vezes tanto, e
herdará a vida eterna.” (Mt 19.29). Alguns dizem
que aqui Jesus está prometendo casas e terras, cem vezes mais.
Não existe
uma leitura mais medíocre de um texto. Jesus Cristo obviamente promete em algo
relacionado com a comunidade cristã que nos acolhe,
a Igreja de Deus - toda a família cristã é esse "cem vezes mais". Jesus mesmo disse que ele havia muitas mães e irmãos! Assim,
nada com promessas de riquezas materiais, que gratuitamente alguns inserem
nesse texto. Percebemos que isso ocorreu em Atos 2.43-47 e em qualquer comunidade cristã que genuinamente ama a família da fé (Tg 2.14-17).
B) “Mas em todas estas coisas somos
mais do que vencedores, por aquele que nos amou.” (Rm 8.37).
A respeito
desse texto, certo escritor afirmou:
“Creio
que ninguém nasceu neste mundo para perder. Na verdade, somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou (Rm 8.37).
Você e eu nascemos para o sucesso!”(Abrindo
o Jogo – Sucesso, p. 3. Edições Ferramenta. Edino Melo, 2011).
A deturpação
desse texto, é facilmente desmantelada, apenas com a leitura do contexto:
“Que diremos, pois, a estas
coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu
próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também
com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus?
É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou
antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e
também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou
a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
Como está escrito :Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos
reputados como ovelhas para o matadouro. Mas
em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem
a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus,
que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Rm
8.31-39)
Note que
somos mais que vencedores, não por que seremos ‘vitoriosos sobre os problemas’,
mas porque neles, Deus continua nos amando e nos justificando! O amor de Deus
por nós é imutável!!! Essa é a tônica do texto em seu contexto.
C) “Posso todas as coisas em
Cristo que me fortalece.” (Fl 3.13).
Muitos
conclamam essas palavras, como que se elas ensinassem que eu posso tudo que
quero, pois Cristo está comigo.
Mais uma
vez, o uso do texto é deprimente, olhando para seu contexto. Perceba:
“Ora, muito me regozijei no
Senhor por finalmente reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis
lembrado, mas não tínheis tido oportunidade. Não digo isto como por
necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido,
e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou
instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a
padecer necessidade. Posso todas as
coisas em Cristo que me fortalece. Todavia fizestes bem em tomar parte na
minha aflição. E bem sabeis também, ó filipenses, que, no princípio do
evangelho, quando parti da macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com
respeito a dar e a receber, senão vós somente; Porque também uma e outra vez me
mandastes o necessário a tessalônica. Não que procure dádivas, mas procuro o
fruto que cresça para a vossa conta.” (Fl
4.10-17).
Percebemos
que ele passava necessidades, pelo menos nos padrões que pensamos, e o que está
em mira no texto, é que mesmo nessas dificuldades, ele continuaria resistindo.
Ele suportaria essas provações. Mas, mesmo com a força do Senhor, ele acabou
sendo socorrido, pela graça de Deus, por meio da Igreja amorosa e atenta.
Nenhum vestígio de teologia positivista ou da prosperidade aqui.
CONCLUSÃO
A Bíblia não
proíbe a riqueza. Adverte, porém, a respeito de seus perigos. Na dispensação do
Evangelho, a riqueza nunca é estimulada, pois ela abarca mais tentações e
sofrimentos para a espiritualidade do que podemos imaginar. Ela abençoe os que
são ricos enquanto são solícitos em abençoar e cuidar de outros, e
especialmente do Reino de Cristo.
Nesse
debate, o Dízimo ganha força, em seus múltiplos usos, e abusos, percebemos que
ao mesmo tempo que rejeita-se a Teologia da Prosperidade, a leitura de Malaquias
3.10 parece soar como uma grande interrogação! Mas uma leitura atenciosa e
contextualizada dessa passagem, pode ser útil para não manipularmos,
desconsiderarmos ou exagerarmos, um tema que merece atenção de todo servo de
Deus – o sustento da obra do Senhor.
Quero
encerrar fazendo um apelo a você que está lendo essa postagem. O apelo vem logo
depois do texto bíblico:
“E, quando iam, eis que alguns da
guarda, chegando à cidade, anunciaram aos príncipes dos sacerdotes todas as
coisas que haviam acontecido. E, congregados eles com os anciãos, e tomando
conselho entre si, deram
muito dinheiro aos soldados, Dizendo:
Dizei: Vieram de noite os seus discípulos e, dormindo nós, o furtaram. E, se
isto chegar a ser ouvido pelo presidente, nós o persuadiremos, e vos poremos em
segurança. E eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos. E foi
divulgado este dito entre os judeus, até ao dia de hoje.” (Mt
28.11-15).
Os ímpios
pagaram muito para que a notícia da Ressurreição não fosse divulgada...
Quanto você gasta ($),
e se gasta, para que essa O Evangelho da Ressurreição do Mestre seja conhecido?
Graça e paz a todos.
ResponderExcluirFiz a alguns anos estudos, não somente na teologia de uma Igreja denominada neo-pentecostal como frequentei cultos nesta Igreja, observando a prática e comparando a teologia escrita com os acontecimentos no interior do templo, o que na maioria dos críticos isto não ocorre. A maioria fica na teoria, na letra e chegam a conclusões sem acompanhar de perto o que acontece no interior dessas Igrejas. E por fim comentam o que desconhecem na prática e concluem com base no que acham ou baseiam -se no que dizem.
Pude concluir que os críticos desconhecem realmente o que na verdade é ensinado em algumas Igreja neo-pentecostais.
Sou favorável de que os críticos formem uma equipe preparada biblicamente com conhecimento Escriturístico Sagrado e que acompanhem por alguns anos "de perto" as mensagens e práticas internas e depois, sim, façam uma crítica alicerçadas no que presenciaram e não no que supostamente seja imaginado por conclusões do que ouviram falar. Falo mais no decorrer dos comentários outros.
Obrigado pela oportunidade livre e respeitosa de nos expressarmos neste conceituoso blog.
Graça e paz
Wilton
Prezado irmão Wilton
ResponderExcluirMande esses estudos para que eu possa publicar. Além do mais, essas observações pessoais suas serão por demais imprescindíveis.
http://averacidadedafecrista.blogspot.com.br/2015/08/httpwww.html
ResponderExcluirEste link inicia o comentário do estudo do Pastor Reginaldo Oliveira sobre a IURD e o parecer da Igreja Presbiteriana do Brasil.
Acompanhei trabalhos realizados pela IURD em diversos Templos Reuniões de 2a. prosperidade; 3a. Descarrego; 4a. Reunião dos filhos de Deus, 5a. Família, 6a. Saúde; Sábado Milagres ; Domingo : Reunião dos filhos de Deus.
Comentaremos a seguir sobre o que pude perceber nestas reuniões .
Gostaria de saber se algum crítico textual de algum outro site esteve em reuniões na IURD e que queira comentar também.
Graça e paz
Wilton
Prezados comentaristas
ResponderExcluirPaz seja multiplicada a todos .
Nas reuniões que participamos nas segundas feiras durante um período de cinco anos percebemos que a idéia que os pastores passavam para os participantes era de que o desejo de Deus era prosperar aqueles que SINCERAMENTE desejavam fazer uma Aliança com Ele. e que esta Aliança não tinha como dar errado pela sinceridade individual de cada pessoa.A ideia principal era a conscientização de uma ENTREGA TOTAL DA VIDA DA PESSOA A DEUS, pois sem esta entrega total a pessoa prosperaria porém não conseguiria ESTABELECER o que conquistaria com seus votos entregues no altar. Eles sempre motivavam no final das reuniões para os participantes comparecerem nas reuniões de quartas e domingos que segundo orientavam eram as reuniões principais da igreja , pois tinha o proposito de cuidar da vida espiritual, ou seja de buscar uma vida de comunhão com Deus e isto seria ensinado especificamente naquelas reuniões. Nas reuniões de segunda feira sempre era lida as Escrituras e escolhido textos que mencionavam algo ligado a vitória, conquista, que o povo de Deus obteve, quando obedeciam ao Senhor. Sempre que não obedeciam perdiam a batalha ou não logravam exito em seus feitos. As reuniões cresciam , pois sempre havia testemunho de pessoas que chegavam com dívidas, falências, início de uma empresa e muitos eram os casos de progresso de diversas pessoas, que faziam seus votos de fé e sempre testemunhando da mudança de seus corações, e reconhecimento de que ao seguir a orientação de obediência a Deus e entender que tudo que adquiriram foi no sentido de buscarem para que o nome do Senhor fosse glorificado. E através das conquistas os que testemunhavam levavam amigos , parentes que ao constatar o que aconteceu na vida deles , queriam conhecer o Deus que realizou a mudança na vida dos que constatavam as referidas mudanças.
Não sei se o comentário esta bem harmonizado, pois estou escrevendo sem antes rascunhar, qualquer questionamento fiquem a vontade para fazer. Espero que o pensamento até aqui tenha ficado claro.
Em Cristo
Wilton
O autor foi bastante exaustivo na defesa do dízimo para a igreja de Cristo. Todavia, tenho plena e total convicção que o dízimo não tem continuidade no tempo da graça. Não sou dizimista e nem me sinto cobrado por
ResponderExcluirDeus.