Arminianos
limitam a eficácia da expiação, tornando-a passiva à vontade daqueles que foram
objetos de sua contemplação. Obviamente que para eles, isso não é uma
limitação, antes, segundo eles, é assim que ela é gerenciada.
Calvinistas
limitam a extensão da expiação, tornando-a ativa àqueles que foram objetos de
sua contemplação. Obviamente, não há para esses uma desqualificação da mesma,
visto que ela é assim gerenciada.
Os
universalistas são os únicos que de fato não limitam a expiação, nem em sua
eficácia e nem em sua extensão.
Temos
diante dessas proposições, algumas alternativas:
1 - Cristo morreu por todos que estarão no inferno e por todos que
estarão no céu.
2 - Cristo morreu por ninguém que estará no inferno e por todos que
estarão no céu.
3 - Cristo morreu por todos (por cada pessoa) e assim ninguém
passará a eternidade no inferno por isso que todos irão para o céu.
Podemos
dizer, até de uma maneira reducionista, que os Universalistas são a mistura de
arminianos e calvinistas. Creio que a posição calvinista tem mais apoio bíblico*
e teológico que o arminianismo. Quanto
aos universalistas, é um equívoco flagrante.
Um
dos textos bíblicos mais usados pelos arminianos, porém, para defender a
extensão da expiação por eles defendida, é I João 2.2, que diz:
“E ele é a
propiciação pelos nossos pecados, e não
somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.”
O
termo propiciação significa
“aquilo que
aplaca a ira e traz a reconciliação com alguém que tem razões de estar irado
com outra pessoa” (Bíblia Palavras-Chaves; Dicionário
Grego do Novo Testamento, James Strong – verbete 2434).
Na
verdade, o debate em torno de I Jo 2.2 não deveria ser apenas o significado do
termo “mundo”, se é extensão numérica, qualificação genérica ou amplitude
universal, mas também, o que se entende pelo termo “propiciação”, deveria
nortear mais o debate hermenêutico. Precisamos, diante disso, compreender o
significado do termo mundo usado por João em sua carta, visto que o mundo ali
já é alvo da ira do desagrado de Deus (Rm 1.18), tendo em vista o sentido do
termo “propiciar”. Em grego “propiciação” em I Jo 2.2 é um substantivo (O Novo
Testamento Grego Análitico, p. 721). E também, o verbo “ser”, está no presente,
em plena ação – isto é: “Ele [Jesus
Cristo] ESTÁ SENDO a Propiciação”.
Isso revela um serviço de mediador e redentor, atuante, em favor dos que vão
sendo salvos – graças a Deus!!!
Em
primeiro lugar,
não creio (mais) que João,
nesse texto, estaria usando o termo “mundo” em contraste com os judeus. Ou
seja, judeus/cristãos de um lado, e do outro gentios/mundo. Na época que ele
escreveu essa carta, por volta do ano 85-90 d.C, a comunidade cristã já estava
bem avançada em vários locais, sua carta foi escrita de Éfeso, e achar que seu
foco seria cristãos judeus, creio não ser uma explicação satisfatória. Por
certo havia judeus entre o público alvo, mas as ameaças tratadas na carta eram
mais pagãs do que judaicas (I Jo 4.3). No Evangelho, João sim usou o termo
mundo em contraste com judeus, em muitos casos. Podemos ver exemplos disso em
João 1.29, 3.16 e 4.42, onde o contexto claramente trata um contraste com a
exclusividade nacional judaica. O contexto histórico do co conteúdo do Evangelho,
é diferente dos das cartas, ainda que foram escritos na mesma época. Em I João
2.2, definitivamente, não entendo ser o caso.
Antes
de examinar o fluxo do contexto imediato, vejamos como João usa o termo mundo em sua carta, além do uso que ele
fez no cap. 2.2 (como aparece na ACF):
1. Não ameis o mundo,
nem o que no mundo há. Se alguém ama
o mundo, o amor do Pai não está
nele. 1 João 2:15
2. Porque tudo o que há no
mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da
vida, não é do Pai, mas do mundo. 1
João 2:16
3. E o mundo passa, e a
sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
1 João 2:17
4. Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos
chamados filhos de Deus. Por isso o mundo
não nos conhece; porque não o conhece a ele. 1 João 3:1
5. Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo vos odeia. 1 João 3:13
6. Quem, pois, tiver bens do mundo,
e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará
nele o amor de Deus? 1 João 3:17
7. Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os
espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. 1 João 4:1
8. E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em
carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes
que há de vir, e eis que já agora está no mundo.
1 João 4:3
9. Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é
o que está em vós do que o que está no mundo.
1 João 4:4
10. Do mundo são, por
isso falam do mundo, e o mundo os ouve. 1 João 4:5
11. Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: que Deus
enviou seu Filho unigênito ao mundo,
para que por ele vivamos. 1 João 4:9
12. E vimos, e testificamos que o Pai enviou seu Filho para
Salvador do mundo. 1 João 4:14
13. Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no dia do juízo
tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo. 1 João 4:17
14. Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé. 1 João 5:4
15. Quem é que vence o mundo,
senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? 1 João 5:5
16. Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno. 1 João 5:19
Existe
uma variedade de sentidos no vocábulo bíblico “cosmos” ou “mundo”. Como percebemos não apenas em
dicionários bíblicos, bem como nesse uso que o Apóstolo João fez nessa sua
pequena carta. Desde um sentido geográfico, simbólico, moral e demográfico.
Vamos tentar fazer essa classificação apontando os textos:
1. Mundo
- incredulidade, filosofias, imoralidade, materialismo, paganismo e maldade:
2.15,15,17; 4.5 [A,B]5.4,5
2. Mundo
– material, físico, geográfico, nossa existência, demográfico: 3.17; 4.1 [?], 3
[?]; 4.9,17
3. Mundo
– pessoas ímpias: 3.1,13;4.4,5 [C]; 5.19
4. Mundo
– pessoas que serão perdoadas: 4.14
Peço
a compreensão dos leitores, se a classificação não foi mais exaustiva, mas
creio que em linhas gerais podemos assim classificar o uso que João fez de
“mundo” em sua carta. Pois bem, em qual dessas classificações poderíamos
colocar 2.2? Certamente, na classificação de número 4. Pessoas que serão
perdoadas, ou que serão salvas, objetos do amor salvador de Deus. Uma
comparação pode entre os dois textos pode clarear um pouco a semelhança:
I João 2.2
|
I João 4.14
|
Meus filhinhos, estas coisas
vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para
com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos
pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. 1
João 2:1,2
|
Nisto conhecemos que estamos nele,
e ele em nós, pois que nos deu do seu Espírito. E
vimos, e testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo.
Qualquer
que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele, e ele em Deus.
1 João 4:13-15
|
O
fluxo do contexto da citação de João 2.2 é ainda mais esclarecedor. Vejamos:
“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e
não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos
que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. Meus
filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar,
temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação
pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o
mundo.” 1 João 1:8-2.2
Ø O que temos claramente nesse
fluxo contextual? O autor inspirado está dizendo aos seus leitores que devem confessar a
Deus seus pecados, pois eles têm um Advogado em pleno exercício e legítimo
diante do Pai, e que eles serão perdoados, visto que esse Advogado está pronto
a interceder por todos aqueles que assim o buscarem, mesmo não estando visivelmente
no momento entre os crentes que estão lendo essa carta, mas todos em todos
lugares, isto é, no mundo inteiro, poderão assim serem beneficiados por Esse
Advogado, caso o confessem e creiam Nele.
Assim,
João 2.2 não está dizendo mais do que diz – Jesus perdoa os crentes e perdoará
os ímpios que se achegarem a Ele.
Onde a Expiação Limitada da TULIP, é aqui
contestada?
*A
conclusão calvinista é lógica e necessária dentro de sua construção teológica.
E vários elementos bíblicos são apresentados.
1. Quando o Senhor disse que morreu pelas
suas ovelhas (Jo 10.15). Sendo dessa forma a garantia de que, os que o Pai lhes
deu não se perderiam (Jo 6.37-40).
2. A eficácia da tipologia da expiação
realizada no Dia da Expiação, conforme descrita em Levítico 16. Sendo
satisfeito todos os requisitos, uma vez aplicada e realizada, tal expiação era
eficaz e objetiva.
3. A questão atemporal, ou dos planos
eternos, pois desde toda eternidade Deus elegeu “Nele”, isto é, em Cristo, os
que se renderiam ao Seu Senhorio (Ef 1.4-7). Apocalipse fala-nos do “livro do
Cordeiro”, obviamente lembrando a morte sacrificial, que foi escrito antes da fundação
do mundo - Ap 13.8; 17.8.
4. A linguagem bíblica de que em vários
casos a Palavra de Deus diz que Jesus morreu por muitos. Isaias chega a
associar da seguinte maneira: “justificará a muitos, porque a iniquidade
deles levará sobre si.”(Is 53.11). Percebemos que a justificação
decorre da morte do Senhor. O próprio Jesus parece repetir a ênfase quando na
Ceia diz que seu sangue seria derramado em “favor de muitos, para remissão dos pecados” (Mt 26.28).
5. A identificação sobrepujante dos
autores cristãos em se apropriarem da morte de Cristo como sendo algo deles. Um autor confessa Cristo “se entregou por mim” (Gl 2.20). Quando
a Escritura diz que ‘Cristo morreu por nós’, é dito por Cristãos, e está
incluso o objetivo traçado: “O qual a si mesmo se entregou por nós, a fim de purificar um povo
exclusivamente seu, zeloso e de boas obras.” (Tt 2.14). O “fim”,
ou objetivo, não foi proporcionar uma chance – mas garantir um povo.
Creio que surgirá aqueles que entendem que: Jesus morreu por todos os que irão para o Geena e por todos os que foram para o céu, porém o fato dos que foram para o Geena, deu-se , pois , rejeitaram por sua responsabilidade a salvação ora oferecida por Jesus e em consequência deste fato de rejeição da salvação através do sacrifício do Senhor em seu favor e confiarem em sua capacidade pessoal, religiosa , desprezando Jesus como o Justo que nos justifica por Sua Justiça, fazendo-se maldito por eles e transferindo a maldição deles para si , então não houve outra alternativa , por rejeitarem esta tão grande salvação , conduzindo-os a segunda morte, para sempre e sempre.
ResponderExcluirEm Cristo
Wilton