Infelizmente
vivemos em uma época de relativização do pecado. O grande esforço do coração
humano é - quão perto posso chegar do
pecado, não o quanto longe devo ficar dele. Argumentos com assertivas
justificadoras tentam fazer com que o obvio seja rejeitado, quando nos apegamos
ao pecado, a santificação se torna um elemento abstrato, penas um item
doutrinário distante da prática. Essa é a verdade na aceitação de muitos da prática
e na admiração de esportes violentos.
Enquanto, o futebol leva os crentes a serem idolatras (já postei sobre isso
AQUI), praticar esportes violentos levam os crentes a serem maus, por nutrirem
sentimentos animalescos, bárbaros e agressivos. Isaías advertiu com os
seguintes dizeres:
“Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus;
e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça [...] as
suas teias não se prestam para as vestes, os homens não poderão cobrir-se com o
que eles fazem, as obras deles são obras de iniquidades, obras de violência há nas suas mãos.”(Is 59.2,6).
Interessante,
que as justificativas para assistirem, ou pior, praticarem tal esporte, ou
ainda mais horrível, envolver igrejas nisso, são das mais infrutíferas
possíveis. Há uns quatro anos atrás eu acompanhei por alguns meses algumas
lutas. E sempre eu me perguntava – será
Jesus praticaria um esporte desse...? Até que me deparei seriamente com
algumas verdades bíblicas, pelo que então decidi, sob a graça de Deus, não
assistir mais. E a amigos que frequentam academias, eu sempre falo que como
crentes, não devem aprender esse tipo de esporte.
Qual a
proibição bíblica e confessional, que Pastores Presbiterianos devem ensinar
para que tais práticas pecaminosas não sejam encontradas no seio de uma Igreja
Presbiteriana, e por extensão, qualquer Igreja Cristã?
1.
A Bíblia proíbe qualquer tipo de ódio que
intente contra a integridade física do próximo
Em Mateus
5.21,22 o Senhor Jesus disse que qualquer que se irar e amaldiçoar seu irmão,
será condenado ao inferno. A dose de ira é um elemento essencial para que um
combate agressivo suba o nível de adrenalina. Ofensas e até desdém contra o
oponente são vistos. Como apreciar tal tipo de esporte, diante desse texto?
Temos um problema textual no texto citado, onde há a inclusão ou exclusão, de
“sem motivo”, que aparece no texto, ou foi retirado dele. Se considerarmos a
presença desse item ainda assim, não justifica de forma alguma agressões ou
ofensas. Pois a Bíblia diz “ireis, mas não pequeis” – ou seja, ainda que
tenhamos motivos para nos irritar, não devemos manifestar tal irritação em
forma de agressões ou ofensas. Longo em seguida no texto (v.23-26), Jesus
orienta o que deve ser feito. Ter paz com a pessoa.
Por mais que
justifiquem, que é apenas um esporte, o que cabe aqui é que no momento de uma
luta, a ferocidade das agressões, é estimulada pelo ódio e pela ânsia de
alcançar uma vitória, ás custas de espancamentos.
2.
A proposta do esporte é o espancamento
Vários
esportes expõem os atletas a um tipo de risco.
Isso é verdade em muitos casos. Porém, devemos fazer uma distinção entre o que
pode ocorrer devido a um erro ou falha (um carro de corrida, por exemplo), ou
mesmo uma maldade desonestamente praticada (um jogador de futebol machuca com
uma entrada dura). Devemos destacar aqui que a justificativa invocada pelos crentes
apaixonados por esportes violentos é nula, pois ambos os casos, não são as
propostas estabelecidas, antes são acidentes. No caso de uma violência no
futebol, ou no basquete, o agressor deve ser punido, enquanto no UFC e demais
esportes violentos, o agressor é prestigiado.
A violência
é determinante proibida na Escritura. Tanto que o “olho por olho e dente por dente”, era uma punição civil contra
agressões e ferimentos – isto é, contra a violência, não uma manutenção dela. Jesus Cristo não estabeleceu a vingança
como direito na Igreja, e em
especial, quando proibiu seus seguidores a desferir a vingança pela causa de
Cristo (Mt 5.38-42). A grande questão aqui, não era apenas o ódio em si, mas também
o prejuízo físico causado, considerado como sério agravo, um atentado contra a
santidade da vida e do corpo, criados por Deus. Percebemos esse princípio em
Genesis 9.6; Tg 3.9.
3.
‘É apenas um
esporte!’ – mesmo?
Apesar de
ser nítida a proposta violenta de esportes como o chamado UFC, Jiu-jitsu,
muitos se escondem atrás da faixada de que apesar de violento, ainda assim é um
esporte, em última instância. Em primeiro lugar, isso não anula em nada os
efeitos nocivos desse esporte, porém, mesmo que aceitássemos tal desculpa
(descabida), há um principio bíblico evidentemente claro que proíbe praticar
coisas más por esporte, ou por brincadeira, ou mesmo por profissão:
“Como o louco que lança fogo, flechas e
morte, assim é o homem que engana seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira.” (Pv 26.18,19).
O prejuízo,
ou mau, causado a alguém, em si mesmo, quer seja por esporte, brincadeira, ou
profissão, é algo que a Bíblia proíbe. Derramar sangue, ferir o corpo, quebrar
ossos e dentes, causar sequelas permanentes, não é algo que se justifica com a profissão ou esporte.
4.
Não estimula sentimentos pacíficos e mansos
Jesus
ensinou que devemos aprender dele, pois ele é manso e humilde de coração (Mt 11.28-30). Ele disse que mansos e
pacíficos herdarão o reino (Mt 5.5,9). O caráter cristão, não deve ser
beligerante, agressivo, iracundo, como vemos constante a recomendação proibitiva
da Escritura (Gl 5.16-26; Ef 4.25-5.2; Fl 4.8; Cl 3.12-17; Tg 3.17,18). Que
estimulo ao amor há na pratica desse esporte? Que boa impressão se há quando
acaba uma luta? Quais efeitos psicológicos haverá em nós em momentos de
provocações, de zombarias? Somente pelagianos e semi-pelagianos, duvidariam
tanto do poder do pecado sobre nossa natureza (Gn 4.7), sendo exposta a uma
propaganda tão diabólica!!!
“Não tenhas inveja dos homens malignos, nem queira estar com eles, porque o
seu coração maquina violência e seus lábios falam para o mal.” (Pv 24.1,2).
5.
A Confessionalidade Presbiteriana
De modo
especial, pastores presbiterianos - TODOS ELES, incluindo demais oficiais, e os
Concílios – TODOS ELES, tem a obrigação
confessional de pregar contra essa prática carnal de esportes violentos. Como
vimos a Bíblia apresenta essa proibição, porém, no caso dos presbiterianos, há
uma interpretação Confessional direta desse assunto. O Catecismo Maior de Westminster, em suas respostas às perguntas
135,136 não deixa nenhuma duvida de que tal envolvimento esportivo é uma
afronta ao que cremos, como aplicação do sexto mandamento:
“Pergunta 135: “Quais são os deveres exigidos no sexto mandamento?Resposta:Os deveres exigidos no sexto mandamento são todo o
cuidado e todos os esforços legítimos para preservar
a nossa vida( Ef 5. 29; Mt 10. 23) e a
dos outros( Sl 82. 4; Dt 22. 8), resistindo a todos os pensamentos e
propósitos( Mt 5. 22; Jr 26. 15,16), subjugando todas as paixões( Ef 4. 26), e
evitando todas as ocasiões( Pv 22. 24,25; I Sm 25. 32,33, tentações( Pv 1.
10,11,15; Mt 4. 6,7) e práticas que tendem a tirar injustamente a vida de
alguém(I Rs 21. 9,10,19; G 37. 21,22; I Sm 24. 12; I Sm 26. 9-11; por meio de
justa defesa dela contra a violência( Pv 24. 11,12; I Sm 14. 45); por paciência
em suportar a mão de Deus( Lc 21. 19; Hb 12. 5) ; tranqüilidade mental( Sl 37.
8,11; I Pe 3. 3,4), alegria espiritual( Pv 17. 22; I Ts 5. 16) e uso sóbrio da comida( Pv 23. 20; Pv 25. 16), bebida( Pv 23.
29,30; I Tm 5. 23), remédios( Mt 9. 12; Is 38. 21), sono( Sl 127. 2) ,
trabalho( II Ts 3. 10,12) e recreios( Mc 6. 31; I Tm 4. 8); por pensamentos caridosos(I Co 13. 4,5;
I Sm 19. 4,5,) amor( Rm 13. 10; Pv 10. 12), compaixão(Zc 7. 9; Lc 10. 33,34), mansidão, benignidade, bondade(Cl 3.
12), comportamento e palavras pacíficas(
Rm 12. 18), brandas e corteses(I Pe
3. 8,9; I Co 4. 12,13); longanimidade, prontidão, para ser reconciliados,
suportando pacientemente e perdoando as injúrias, dando bem por mal(Cl 3. 13;
Tg 3. 17; I Pe 2. 20; Rm 12. 20,21; Mt 5. 24); confortando e socorrendo os
aflitos, e protegendo e defendendo os inocentes( ITs 5. 14; Mt 25. 35,36; Pv
31. 8,9; Is 58. 7).”
“Pergunta 136: “Quais são os pecados proibidos no sexto mandamento?Resposta:
Os pecados proibidos no sexto
mandamento são: O tirar a nossa vida(At 16. 18) ou a de outrem( Gn 9. 6),
exceto no caso da justiça pública( Nm 35. 31,33), da guerra legítima( Dt 20.
1-20), ou da defesa necessária( Ex 22. 2)a
negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a preservação da
vida( Mt 25. 42,43; Tg 2. 15,16); a
ira pecaminosa( Mt 5. 22), o ódio(
I Jo 3. 15; Pv 10. 12), a inveja( Pv 14. 30), o desejo de vingança( Rm 12. 19); todas as paixões excessivas( Tg
4. 1; Ef 4. 31) e cuidados demasiados( Mt 6. 31,34); o uso imoderado de comida,
bebida( Lc 21. 34), trabalho( Ex 20. 9,10) e recreios( I Pe 4. 3,4); palavras provocadoras( Pv 15. 1; Pv
12.18); a opressão( Is 3. 15; Ex 1. 14), contenda( Gl 5. 15), espancamentos, ferimentos(Nm 35. 16) e tudo o que tende à
destruição da vida de alguém(Pv 28. 17 cfEx 21. 18-36).”
6.
O que significa o termo violência na bíblia?
Na maioria
das vezes a Bíblia usa o termo “violência”, em sentido que deve ser entendido
como homicídio. E em muitos contextos esse é o uso do termo – uma violência homicida.
Ao consultarmos o uso do termo, porém, em si mesmo, não exclui a abrangência de espancamento, por motivos diversos. O
sentido primário de violência no hebraico, inclui crueldade, dano, tratar com violência (Dicionário Hebraico do
Antigo Testamento de James Strong, Anotado pela AMG, verbetes: n. 2554, 2555;
W. E. Vine, p. 326). No Novo Testamento, todas as vezes que a palavra violência
aparece, relacionado a pessoas, não está nem mesmo relacionada com assassinato,
na maioria dos casos (Mc 1.26; 9.20; At 5.26; 21.35; 24.7; 27.15 [Concordância
Fiel, vol. II, p. 728]). Interessante que uma das recomendações bíblicas aos
pastor/presbítero, é que ele não seja “violento”(I
Tm 3.3; Tt 1.7)!
A proibição
bíblica clara de atos de violência, deveria nos afastar de qualquer coisa que
nos aproxime dessas classificações, assim como devemos fazer em relação a tudo
que nos aproxima do espiritismo, imoralidade sexual e idolatria.
7.
Em que circunstâncias isso é legitimo?
Será bom fazer
uma ressalva importante, e bíblica. Soldados, policiais, seguranças,
vigilantes, pela legitimidade do oficio, recebem do Estado, e este de Deus,
autorização de usar a força física quando necessário (Rm
12.1-7). Creio, em conformidade com tal princípio, que nesses casos a
capacitação em usar a força física é totalmente legitima e autorizada pela
Escritura Sagrada. Assim sendo, o aprendizado para tal fim e finalidade, é
permitido ao cristão ‘saber usar seus punhos’.
Conclusão
Que tais verdades
bíblicas, nos conduza a nos parecer mais com Cristo...
“para que vos torneis irrepreensíveis e
sinceros, filhos de Deus, inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual
resplandecestes como luzeiros no mundo.”
(Fl 2.15).
Concordo, cristãos não devem encontrar deleite nessa competição que é chamada hoje de ufc .
ResponderExcluirPorém, creio que algumas coisas devem ser levadas em consideração :
Aprender o esporte não vejo problema, em muitas academias o esporte é ensinado sem a necessidade de se quebrar a cara do próximo, nem alimentar ódio contra alguém no intuito de se usar das técnicas aprendidas.
O direito de alto defesa não é somente dos oficiais, mais de todo cidadão, oro a Deus que isso não seja necessário, mais tais técnicas aprendidas podem me ajudar a defender minha familia.
Pensando na resposta da pergunta 136, vemos uma proibição de se atentar contra a própria vida, e isso pode ser feito com alimento e bebida..hoje a medicina mostra por exemplo que o refrigerante é o pior alimento do mundo, e que trás sérios prejuízos a saúde, ou seja, levando se a risca, quem toma esse veneno está irado contra a própria saúde!
Enfim, Paulo nos ensina que o exercício físico tem pouco proveito, o que nos diz que há nele um proveito, (benefícios que são inferiores aos benefícios do exercício espiritual)
Não vejo problema no esporte, mais vejo como foi dito no artigo, uma contradição a vida cristã o uso do esporte ( qualquer que seja )para fazer mal a outra pessoa.
Que bom irmão ler sua reflexão, isso pode nos ajudar a amadurecer, ainda esteja eu ou vc certo, em qualquer nível.
ExcluirMas enho algumas questões e quem sabe podemos prosseguir:
Será mesmo que o aprendizado para uma possível (esperamos que não... Deus nos guarde) defesa é o que deve ser esperado? Por exemplo, quando alguém nos obriga a dar a capa, ou andar um milha, ou nos dar um tapa, qual foi a recomendação do Senhor? Perceba... eu já disse na postagem que as reações não são previstas, nem mesmo se vamos cumprir isso... mas o que está assentado pelo Senhor?
Como podemos alinhar isso...?
Quanto ao aprender livre e ódio ou intenções más, se isso ocorre, a proposta do esporte é essa? Ser pacifica?
Boa tarde irmão! !
ResponderExcluirEntão, me lembro bem da recomendação do nosso senhor quanto ao tapa, a capa e o andar a milha..Mais veja :
A mesma bíblia diz que aquele que não zela pelos seus negou a fé e é pior do que o infiel (creio que o zelo aqui abrange não só o espiritual ou o sustento, mais também a segurança ) sabendo claramente que todas essas coisas provém inicialmente de Deus, porém, a mim como pai e sacerdote da casa foi me dado tais incumbências.
Portanto, como eu lhe disse "que Deus nos guarde de tais situações " mais não tenha dúvida que se minha família estiver em risco e eu estiver em condições de agir fisicamente, assim farei.
Não quero que pense que uso o esporte pra vingança (pois sei a quem ela pertence) ou pra coisas do tipo.
Paulo recorreu à um direito de defesa (ainda que não fisica) quando recorreu a César..
Paulo usou uma imprecacao em galatas 5:12.
Pergunto ao irmão. .Jesus nos ensina a orar pelos inimigos, com um ente querido seu como refém de um bandido, qual seria sua oração ao Senhor?
Pergunto pq isso é algo q já me foi perguntado e queria uma opinião de outro irmão.
Que Deus nos abençoe e guarde meu irmão! !
Nos guarde sempre irmão Felipe...
ResponderExcluirTodas essas questões apresentadas são realmente complexas. Reconheço que são delicadas para ser tratadas assim em um comentário. Tenho dum casal e sei como nos atormenta qualquer ameaça a eles, e à esposa.
Mas creio que minha tentativa na postagem é focar a situação do esporte e das intenções em si, bem como seus resultados físicos. *Nesse ponto*, meu irmão, acho que não tenho duvidas de que, o crente deve deixar tal prática.
Nunca fui favorável a um cristão PratiCAR ou AssisTIR esportes agressivos, com a desculpas que é apenas uma pratica esportiva. Jesus trouxe como religião verdadeira amor e para a humanidade não tem como conciliar amor x violência seja onde ela for encontrada. vi em 2014 uma matéria do Fantástico sobre uma igreja nos EUA que depois do culto oferece lutas de MMA entre os seus membros (http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/10/igreja-nos-eua-oferece-mma-de-graca-e-conquista-novos-seguidores.html). Pura cegueira espiritual! Seria bom ler o conselho de Tiago 1:26. A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.
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