sábado, 28 de setembro de 2013

As Testemunhas de Jeová e a doutrina de 1914: Parte 1

O que irei postar, não é novidade para muitas pessoas, muito menos para os pesquisadores da seita TJ. O que pretendo é alcançar novos adeptos que estão caindo no laço da referida seita, bem como também colocar algumas impressões pessoais sobre o assunto. Irei mostrar como a Bíblia não ensina em hipótese alguma e ideia doutrinária das Testemunhas de Jeová que gira em torno de 1914. Mais uma vez, não da comunidade, mas da Liderança TJ

O que é essa doutrina?

Um resumo simples do que se trata, pode ser delineado assim:

No ano de 1914, precisamente no dia 1º de outubro (99 anos daqui alguns dias), terminou um período chamado de Tempos dos Gentios, que iniciou em 607 antes de Cristo com a destruição de Jerusalém diante do Babilônios. Esse período durou 2520 anos sem um descendente de Davi no trono de Jerusalém. Visto que o Reino de Deus deixa de ser terreno para ser celestial, Jesus como descendente de Davi torna-se Rei entronizado no céu apenas a partir de 1914. O sinal disso é que satanás foi expulso do céu e aconteceu naquele ano a Primeira Guerra Mundial. Iniciando então os “últimos dias”.

A Liderança TJ faz explicações dessa doutrina nos livros Conhecimento Que Conduz a Vida Eterna, O que a Bíblia Realmente Ensina. E uma exposição mais detalhada nos livros Venha o Teu Reino, Raciocínios e na Enciclopédia Estudo Perspicaz das Escrituras.

Estudos críticos podem ser vistos nos livros As Testemunhas de Jeová Refutadas versículo por versículo (David Reed), As Testemunhas de Jeová – Comentário Exegético e Explicativo (Esequias Soares, a maior autoridade brasileira na área da Tradução do Novo Mundo), Crise de Consciência (Raymond Franz) e principalmente no erudito livro Os Tempos dos Gentios Reconsiderados (Carl Jonsson). Por que abandonei as Testemunhas de Jeová, de Aldo Meneses é o melhor em uma perspectiva reformada, ao tratar das doutrinas do grupo, no entanto, ele não se delonga muito sobre o assunto – 1914.

Existe considerável nuanças, imprecisões históricas, modificações e distorções dessa doutrina, recauchutada pelas Testemunhas de Jeová (TJ). Farei menção delas quando necessário e oportuno.

Qual ‘base’ bíblica eles apresentam? Como eles explicam tal doutrina?

1) Daniel 4.22-24: O texto, segundo a Liderança TJ, é uma alegoria, uma representação de algo bem mais sublime do que o ocorrido revela. O trono em Jerusalém era um reino subsidiário do Reino Universal de Jeová. Um representante terreno do Reino Celestial. Persegui-lo, perseguiria ao Reino de Jeová. Quando Nabucodonosor destruiu Jerusalém, foi o próprio Jeová Deus que interrompeu seu Reino Terrestre. E na visão da grande árvore, que na interpretação TJ representava não apenas Nabucodonosor, mas o próprio Reino de Deus, ela foi ‘cintada’ por sete tempos. Literalmente seriam 7 anos de loucura para Nabucodonosor. Mas na interpretação TJ, cada dia desses sete anos representa um ano. Os 2.520 dias agora são 2.520 ANOS. A loucura animalesca do rei representa bem o governo animalesco que o mundo possui, o que pode ser visto nas feras das visões de Daniel e João.

Lucas 21.24: Jesus disse que Jerusalém seria pisada pelas nações, até que se completassem os tempos a eles destinados. Desde quando Jerusalém foi destruída por Nabucodonosor, em 607, povos não judeus, inimigos, oprimiram o povo de Deus. E com a vinda de Cristo a realidade terrena do Reino de Jeová, passa a ser celestial. ‘Os tempos dos gentios’, terminariam quando completasse os 2.520 anos desde quando Jerusalém caiu diante dos babilônios, então a profecia de Ezequiel se cumpriria. Jerusalém, em 1914 não era mais a terrena, mas a celestial.

Mt 24.3, Presença: A palavra grega ‘parousia’ significa “presença” e não “vinda” (W. E. Vine). A primeira denota a vinda e a permanência do individuo, ao passo que a segunda a sua chegada apenas. Somente uma doutrina que sustenta um período subseqüente à chegada, pode se encaixar com o significado de ‘parousia’. Em Mt 24.3 em diante, descreve um conjunto de acontecimentos que se daria com a sua PRESENÇA  e não na VINDA. Os acontecimentos históricos desde 1914 corroboram a conclusão da interpretação cronológica da Liderança TJ.

A GERAÇÃO que nasceu em 1914, iria presenciar o fim do mundo. Por Um tempo, essa geração não poderia ter mais de 60 anos. Depois, não mais de 70 ou 80 anos. Quando não foi mais possível manter um número fixo de anos para essa “geração”, visto que as pessoas eram idosas demais, em 1995, tal crença foi abandonada. Desde 1995, passaram a ensinar que a geração de 1914 era a “geração de pessoas ímpias”. E agora, desde 2009, passaram a dizer que a geração de 1914 é o ‘restante ungido’.

Antes de 2007, este “restante ungido” também seria velho. Visto que a chamada celestial teria terminado em 1935. Para resolverem o problema suspenderam a data de 1935 também. Assim a ÚLTIMA PROFECIA da Liderança TJ afirma, agora sem problemas com o tempo, que “antes de morrer o último ungido, virá o fim.”(Veja sobre essa última profecia AQUI).

CONCLUSÃO

No aspecto geral, a doutrina de 1914 é uma marca da seita. Acredito que junto a ela, apenas o uso do nome Jeová disputaria o lugar de exclusividade doutrinária. Nos últimos anos a literatura dos TJ não está tão sobrecarregada, se identificando muito com a doutrina de 1914. Parece que o ano de 1914 hoje é apenas um relógio escatológico para muitos novos integrantes desse grupo. Existe, talvez, um apego por causa de antigos TJs, ou mesmo, um saudosismo para com a memória dos pioneiros. Nas próximas postagens sobre o tema tratarei dos textos bíblicos apresentados, das interpretações e mudanças que foram enxertadas nessa doutrina.

Para terminar, digo aos que são novos na religião TJ. O conceito inicial em torno de 1914 não era a presença de Cristo como lhes ensinam, mas sim, que o mundo chegaria ao seu fim em 1914, portanto, uma falsa profecia.  (Lc 21.8). O conceito da época era que Jesus estava presente desde 1874.


Depois de algumas décadas de cálculos renovados, os líderes TJ passaram a dizer que os cálculos estavam certos, mas o que eles esperavam é que estava errado. Passaram então a ensinar, pelos idos da década de 40, que não apenas o tempo do fim se iniciou em 1914, mas a presença de Cristo como Rei do reino Celestial.

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