quinta-feira, 19 de abril de 2012

REFORMADO NÃO PREGA ‘A BENÇÃO E/OU A MALDIÇÃO DO DÍZIMO’

Já apresentei um argumento neotestamentário em favor do dízimo (AQUI).

Porém, o texto de Ml 3.10 apresenta "maldição e bênção" decorrente da prática dizimista. Sempre pensei que os Reformados criticam as práticas neopentecostais, batalha espiritual, etc. tropeçam quando pregam Ml 3.10 sem uma perspectiva correta. Penso que nenhum pastor Reformado tem autorização bíblica (nem confessional, é obvio) em dizer que o crente é amaldiçoado em deixar de pagar o dízimo ou abençoado por pagar o dízimo.


Existem os que são contra o termo ‘pagar’ o dízimo, dizendo que o certo é dizer devolver. Embora devolver seja ‘teologicamente correto’, A BÍBLIA diz que Abraão PAGOU O DÍZIMO (Hb7.4,9). Assim, não existe necessidade de evitar essa classificação.


Antes de escrever sobre o tema da postagem, eu preciso contar um testemunho: Conheço um irmão que tem sérios problemas de saúde, está encostado pelo INSS. O salário, todos sabemos a ‘miséria’ que é. Ele tem família e cuida de um parente que tem problemas de  saúde. Ou seja, tem ainda que gastar com remédios. Esse irmão é dizimista fiel, apóia a obra e é fiel como cristão. Na mesma igreja, um homem tem casas de aluguel, imóveis, carro e é aposentado com uma boa aposentadoria. Não cuida nem dos filhos, pois são independentes. Ele não é dizimista.

Não acha que alguma coisa está estranha nesse testemunho?

Será que o texto de Ml 3.10 promete benção e/ou maldição da decorrente prática dizimista?

1) “Cristo nos livrou da maldição da Lei.” (Gl 3.13). Nós não estamos livres da Lei de Deus. Ela é padrão normativo para vida do cristão e até capaz de governar uma nação. O texto de Gl não diz nada em favor da teoria dispensacionalista (compare com Rm 8.4). Mas a passagem é clara em dizer que estamos ‘livres da maldição’ acopladas na Lei de Deus. Não consigo ver Ml 3.10 tendo uma exceção.


2) Jesus e o NT não comentam sobre essa possibilidade na vida da Igreja na dispensação do NT. Quando ensinou a orar Jesus disse ‘o pão nosso de cada dia’. Não existe abundância sobrepujante nisso. Apenas o necessário. Cristo também disse que os pobres sempre existiriam entre nós, a Igreja, e o próprio dízimo em Israel era garantia que haviam pobres. Paulo disse que passou ‘nudez, privações’, sabia ter muito e ter pouco.

3) ConfessionalNão existe nos Símbolos de Westminster NENHUMA referência sobre o dízimo!!! (Eu não encontrei.)

4) As bênçãos físicas da Igreja do VT eram símbolos das bênçãos espirituais do Israel do NT. Essa é a perspectiva Reformada da Aliança. Inclusive é por isso que rejeitamos o Milênio terreno de bênçãos físicas. O dízimo está nessa perspectiva. Jesus disse aos que o confrontavam, que não deveriam deixar de pagar o dízimo (Mt 23.23), mas nada de tomar posse da benção é vista em Cristo ou nos escritos do NT.


CONCLUSÃO

Em linhas gerais, a Lei de Deus, toda ela que apresenta a maneira de adorar a Deus, o trato com o próximo, dedicação e santidade. Isso deve ser guardado pelos filhos de Deus. Mas visto que nem a justificação decorre disso por qual motivo seriam eles amaldiçoados? Somos abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais em Cristo (Ef 1.3)!

'Toda' a pregação do dizimo feita na atualidade está equivocada. Jesus convocava as pessoas a deixar tudo e entregar pelo Reino. A viúva deu tudo o que tinha, os discípulos venderam e entregaram aos pés dos apóstolos, que não ficavam com nada, igrejas ricas ajudavam igrejas pobres, etc. Isso é bem diferente do que se ouve hoje em torno da barganha dizimista, caso se pense desta maneira dele.

O pagamento do Dízimo no NT é na perspectiva de sustentar materialmente a obra de Deus (1Co 9.1-15) Uma obrigação de todos os servos de Deus. Uma obrigação, entenda, não por ameaças. Mas por 'plenificação' de nosso envolvimento com a Obra.

11 comentários:

  1. Muito booom!! devemos dizimar não pelo fato de sermos abençoados, mais sim como uma forma de colaborar com a obra de Deus!! Se o ser abençoado por Deus está ligado ao dízimo, então do que valeu o sacrifício de Cristo? booom demais!!

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  2. Ótimo! O dízimo é sim uma obrigação. Mas não no sentido de barganha com Deus, mas sim como uma prova de fidelidade, gratidão e sustento da obra.

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  3. Há sim promessa de bênção material na Nova Aliança, quando sirva para a glória de Deus e para o bem dos eleitos (Ef 6:2-3). A maldição de Malaquias tem um paralelo com a disciplina que o Senhor aplica nos filhos (1 Co 11:30-32; Hb 12:5-11)

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  4. Olá Luciano Sena.

    Luciano, sei que este espaço esta destinado a comentários referente ao dízimo, entretanto quero pedir licença para te perguntar se seria possível você fazer uma postagem sobre Mal 4:5,6. A volta de Elias.

    Você sabe perfeitamente que nós relacionamos este trecho bíblico ( MAL 4:5,6 ) com Mat 17:11 e cremos que cumpriu-se no ministério de W Branham.

    Eu gostaria de falar um pouco destes pontos em uma postagem, tendo em vista que foi um dos ensinamentos fundamentais de WMB e no entanto não foi debatido diretamente aqui no MCA.

    Seria possível você fazer uma postagem com este tópico? Talvez um WMB escrutino 5.?

    Assim eu deixaria meu ponto de vista neste assunto e então já estaria pronto para deixar seu blog definitivamente, cociente de que, os principais tópicos da mensagem de WMB foram escrutinados ou debatidos.

    Um forte abraço!

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  5. Raimundo, eu farei SE você >>não deixar<< o blog?

    OK?

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  6. Graça e paz do SENH0R aos irmãos do blog...

    Considerei interessante o artigo, entretanto, não pude deixar de observar esses comentários:

    1)"Penso que nenhum pastor Reformado tem autorização bíblica (nem confessional, é obvio) em dizer que o crente é amaldiçoado em deixar de pagar o dízimo ou abençoado por pagar o dízimo"

    Cristo realmente levou a "maldição da Lei", mas isso não significa que seu povo não será castigado se não obedecer aos seus mandamentos, por exemplo, de falar somente a verdade (Comparar Ef: 4.25 com Atos 5.1-11)! Concordo com o Vandim quando diz que a "maldição" de Malaquias, assim como outras "maldições" do VT devem ser interpretadas como disciplinas do SENHOR para com o seu povo (1a Co: 11.30-32). Então, o irmão que não é dizimista fiel será castigado por Deus ao nível de um irmão mentiroso!

    2)Sobre o testemunho dos tais irmãos, você dá a entender que o primeiro deveria ter melhores condições financeiras do que o segundo, já que aquele é fiel ao SENHOR. Entretanto, devemos considerar que castigos de Deus não vem apenas de forma financeira, mas de muitas outras (Cf. Dt: 28). E, como visto no livro de Jó, também não significa que o irmão fiel não passará por aflições, só porque é dizimista. Jó era fiel ao SENHOR e nem por isso Deus o isentou de crise financeira, familiar e até saúde debilitada. E, quanto ao segundo irmão, ele deve pensar em tais palavras: "...se estais sem correção... logo, sois bastardos, e não filhos" (Hb: 12.8)

    Quanto à Malaquias, Deus não prometeu que se o seu povo fosse fiel, isso os deixaria ricos. Ele simplesmente mostra que a miséria financeira, moral e espiritual da sua igreja eram, >>NAQUELE CASO<<, reflexo de sua desobediência aos preceitos do SENHOR!

    3)Sobre o seu ponto (1), concordo plenamente e creio que o irmão Vandim completa a sua idéia.

    4) Sobre o ponto (2), você se equivoca ao entender que, em Malaquias, Deus promete "abundância sobrepujante". Nada disso, ele diz que repreenderia o devorador, e a vide não seria estéril (Ml 3.11). Ou seja, não há promessa de SUPER-ABUNDÂNCIA, mas de que Deus voltaria a abençoar o trabalho das mãos do povo, ou seja, o "pão nosso de cada dia", confirmando a promessa Neo-testamentária de que se buscarmos o reino de Deus e a sua justiça em primeiro lugar, não uma SUPER-ABUNDÂNCIA, mas, as demais coisas (necessárias) nos serão acrescentadas (Mt: 6.33).

    [CONTINUA]

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  7. 5) Sobre o Ponto (3), não temos uma declaração clara. Não obstante, a CFW deixa claro (os grifos são meus):

    XXVI.1- Todos os santos que, pelo Espírito e pela fé, estão unidos a Jesus Cristo, seu Cabeça, têm com ele comunhão nas suas graças, nos seus sofrimentos, na sua morte, na sua ressurreição e na sua glória1, e, estando unidos uns aos outros no amor, participam dos mesmos dons e graças e >>ESTÃO OBRIGADOS AO CUMPRIMENTO DOS DEVERES PÚBLICOS E PARTICULARES QUE CONTRIBUEM PARA O SEU MÚTUO PROVEITO<<, tanto no
    homem interior como no exterior.

    XXVI.2- Os santos são, pela sua profissão, obrigados a manter uma santa sociedade e comunhão no culto de Deus e na observância de outros serviços espirituais, que tendam à sua mútua edificação, >>BEM COMO A SOCORRER UNS AOS OUTROS EM COISAS MATERIAIS, SEGUNDO AS SUAS RESPECTIVAS NECESSIDADES E MEIOS<<; esta comunhão, conforme Deus oferecer a ocasião, deve estender-se a todos aqueles que em qualquer lugar invoquem o nome do Senhor Jesus".

    Qual era uma das funções do dízimo, segundo você, no outro artigo?

    "era usado para cuidar dos órfãos e das viúvas, ou seja, os necessitados [em Israel]" (Veja: Dt 14.22-29; 26.12-15; Lv 27.30-33; Nm18.21; Ml 3.10-12).

    6) Sobre o ponto (4), você disse:

    "As bênçãos físicas da Igreja do VT eram símbolos das bênçãos espirituais do Israel do NT"

    Qual base bíblica o irmão se utiliza para tal afirmação? Quer dizer que a promessa de bênção material do Salmo 128:1-2 não se harmoniza com a promessa de bênção material de Mateus 6.33? Continuo repudiando seu dispensacionalismo moderado.

    7) Sobre a conclusão, concordo que não somos justificados pela Lei, mas, NUNCA FOMOS! Nem os crentes do VT (Hc: 1.4). Agora, quanto a questão de receber certas bênçãos com base em odediência à Lei de Deus e certos castigos por causa de desobediência, isso, como mostrado acima, é visto até no NT (Mt: 6.33 / 1a Co; 11.28-30).

    Então, continuo advertindo amorosamente o irmão: deixe a visão dispensacionalista (ainda que moderada) de lado. Veja as Escrituras como um TODO COMPLETO e eficientemente útil para a vida da igreja em todas as eras. Não são apenas as Lei corroboradas pelo NT que devem ser respeitadas. LEMBRE-SE: O SEXO COM OS ANIMAIS CONTINUA SENDO PROIBIDO, MESMO NÃO HAVENDO BASE NEO-TESTAMENTÁRIA PARA TAL PROIBIÇÃO (Lv: 18.23). Que Deus nos abençoe e nos conduza a uma apreciação reverente e correta de TODAS as suas Leis.

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  8. Graça e paz aos amados irmãos.
    Gostaria de explicar uma coisa sobre Hermenêutica (arte de interpretar). É que nem sempre dá para falar tudo sobre um assunto e mesmo pode-se comunicar muito sobre algo falando pouco. Quando nós lermos alguma coisa temos de ter um mente o propósito de escrita do autor. Não é porque não foi dito não significa que não é crido pelo autor que escreveu. Ficar buscando "chifre em cabeça de cavalo", não ajuda em nada e pelo contrário só atrapalha.
    Fica essa explicação e para aqueles que talvez, eu disse talvez precisem entender isso fica o lembrete sobre hermenêutica.
    Obrigado e Glória somente a Deus por tudo que temos, somos e fazemos.

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  9. No final do Post, o autor diz que "o pagamento do Dízimo no NT" é na perspectiva de sustentar materialmente a obra de Deus, usando 1 Co.9: 1-15, mas o apóstolo Paulo não se refere diretamente ao dízimo, tudo indica que ele se referia a oferta e que a ilustração do A.T. foi somente para que aqueles irmãos entendessem que não convinha egoístas e avarentos, pois estes estavam deixando de ajudar ao próximo e um reflexo disso era que nem os domésticos na fé e muito menos aquele que os ensinava e instruía na sã doutrina era ajudado nas suas necessidades. Portanto, quando Paulo usa o verso 15, ele nada mais está fazendo do que uma crítica irônica, para que aqueles irmãos entendam que a atitude deles estava completamente errada, já que fatalmente eles estavam se voltando somente para eles mesmos.

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  10. A maldição do dízimo em dinheiro: http://evangelismo.blog.br/estudos/o_dizimo_segundo_a_Biblia_Sagrada.html

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