Já li muitos trinitarianos dizerem que Apocalipse 1.8 é uma referência a respeito de Jesus Cristo, o Deus Filho. Tendo em vista que o ensino bíblico que diz sempre que quem voltará é ele, e não Deus Pai.
Creio que essa interpretação tem um amplo apoio. Mas ainda assim mantenho comigo que o texto está falando de Deus Pai.
Para o irmão Cláudio, autor de um dos mais completos trabalhos sobre a doutrina da trindade, o texto é uma alusão ao Deus Filho, como ele sugere na página 161 de seu trabalho. Que recomendo a todos solicitarem com ele o pdf: Teologia Sistemática Trinitariana (Blog @prendei).
Eu gostaria de colocar alguns motivos.
Primeiro, o texto reza assim:
“Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.”
De fato, a construção do texto nos lembra bem de Hb 13.8. E todo trinitariano tem razões bíblicas e doutrinárias para manter isso. No entanto, creio que o contexto imediato do capítulo tem em mira a Pessoa de Deus Pai no versículo oitavo.
Vejamos os versículos 4 e 5: “ João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra”.
Pois bem, nestes textos a Trindade está em plena atuação. Mas observe bem que aquele que recebe a seguinte identificação; ‘que é, que era e que há de vir’, é a primeira pessoa da Trindade, o Deus Pai. Jesus entra no relato no versículo quinto (5).
Mas se você me perguntar sobre o ensino bíblico englobado na expressão ‘o que há de vir’. Eu só posso lhe dizer que nesses dois textos em Apocalipse, a Bíblia está nos dizendo que Deus Pai virá.
Imagino que isso é mais ou menos como acontece nos títulos próprios de cada uma das Pessoas. O nome ‘Pai’ é uma identificação na Escritura da primeira Pessoa da Divindade (1 Co 8.6). No entanto, em Is 9.6 Jesus é chamado de ‘Pai’. No NT, o pronome de tratamento, título e nome ‘Senhor’, é aplicado com peso Divino ao Filho e ao Pai, mas por pelo menos uma vez é aplicado ao Espírito Santo (2 Co 3.17,18).
Os nomes e as propriedades de cada Pessoa não são sempre, 100% das vezes mencionadas, exclusivamente aplicada, em apenas uma Pessoa da Divindade. O Espírito Santo é o Consolador, esse é um dos nomes dele, e é uma das coisas que ele faz. Não seria correto dizer que o Pai e o Filho não consolam, embora só exista UM Consolador. ‘Mas eles fazem isso por meio do Espírito!’. Isso mesmo. Não seria o caso de pensarmos assim de Ap 1.8?
Quem vem então,o Pai ou o filho?
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