sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

“No original qual é o nome do Filho de Deus e o nome de Deus?

Jesus ou  Yehôshua?


“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” - II Timóteo 4.3

A “coceira” (comichão) que determinados cristãos professos sentem em seus ouvidos é tamanha que, não raramente, torna os loucos, a ponto de lhes fazer abandonar os princípios mais elementares da lógica, e da Teologia, fazendo-os se jogar nos braços da irracionalidade. A sua pergunta, imagino, tem haver com a tese de alguns que alegam ser “Jesus” um nome falso, e portanto, pertencente a um falso Deus. Eu mesmo já ouvi tal acusação várias vezes e, com a popularização da Internet, ensinos semelhantes a este se tornam cada dia mais populares.

Talvez o grupo mais barulhento na defesa de tal tese atenda pelo nome de “Testemunhas de Yehôshua ”; de certo modo, uma imitação barata de outro grupo barulhento, as “Testemunhas de Jeová”. O que estes dois grupos tem em comum é o fato de acreditarem que as traduções que se fez, ao longo dos séculos, dos nomes hebraicos constitui terrível pecado contra Deus, e contra Cristo; de modo que, colocam-se como restauradores do(s) verdadeiro(s) nome(s) de Deus, e do Cristo.

ANTES DE CONTINUARMOS CABE UM ALERTA IMPORTANTE: favor não confundir “Testemunhas de Yeshôshua” com as “Testemunhas de Yeshua”. Apesar dos nomes serem quase idênticos, não se trata de uma única organização; já que a segunda não prega que “Jesus” seja um falso nome, mas sim, busca evangelizar os judeus dentro de sua cultura. Em outras palavras, são judeus messiânicos, que acreditam em Jesus, mas continuam fiéis aos princípios judaicos.

Dito isto, vejamos o argumento da seita:


“Faço um veemente desafio, geral e irrestrito, à todos os “sábios” e eruditos, no sentido de apresentarem provas convincentes de que estou errado; porque é fato indiscutível, que nomes próprios não se traduz, apenas translitera. Convém salientar que transliteração não é a mesma coisa que tradução. Na tradução não se preocupa com a palavra em si, mas com o sentido desta. A transliteração, no entanto, procura encontrar LETRAS que tenham o mesmo SOM e manter a semelhança da palavra original” (Fonte: site das Testemunhas de Yehôshua).

Primeiro, vamos nos ater a aparente “lógica” usada para montar o argumento da seita. Eles sustentam que não se poder traduzir nomes próprios, mas apenas, transliterá-los. Portanto, com base neste interessante argumento, eles sentenciam que “Jesus” é um nome falsificado, representante de uma falsa religião, e que eles receberam de Deus a missão de restaurar a verdadeira fé.

Em segundo lugar, prestemos atenção ao desafio que este “professor bíblico” lança contra os demais cristãos, que apresentem a ele “provas convincentes” de que é correto traduzir nomes, como nós, via de regra, fazemos. Querido leitor, com um desafio tão ousado como este, deveríamos correr a provar que se pode traduzir nomes, não é verdade? Isto pode ser feito, mas, observem, é absolutamente desnecessário.

Não posso garantir que todo cristão evangélico, herdeiros da Reforma, tenha consciência de que um dos pilares da nossa fé diz que a Bíblia é nossa autoridade maior em matéria de fé e prática. Mas, se alguém não sabe, ainda há tempo para aprender. Este princípio é tão valioso que pode ser encontrado em todas as confissões de fé que o Cristianismo reformado já produziu em 500 anos.

“A Escritura Sagrada contém todas as coisas necessárias para a salvação; de modo que tudo o que nela não se lê, nem por ela se pode provar, não deve ser exigido de pessoa alguma seja crido como artigo de Fé ou julgado como requerido ou necessário para a salvação” (39 Artigos da Religião; VII; Igreja Anglicana)

Trata-se de princípio tão caro a nós, que por ele milhares de nossos irmãos deram a vida, e é justamente por ele que, ainda hoje, mantemos distância segura do catolicismo papal; já que, ali, se obriga a aceitação de doutrinas que as Escrituras não impõem. Portanto, creio não estar a dizer novidades, ao lembrar a todos de que a Bíblia é nossa autoridade maior, e final.

Assim, como diz a Confissão de Fé de Westminister, sendo as Escrituras inspiradas, são confiáveis, e por isso “em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como para um supremo tribunal” ( Capítulo I; Artigo VIII).

Portanto, levemos a controvérsia em torno do “verdadeiro” nome de Jesus até este Supremo Tribunal.

O argumento diz que adotamos uma falsa religião, pois nossas traduções Bíblicas ousaram traduzir o nome de Jesus. Não se pode negar que o nome de Jesus em hebraico não é “Jesus” (obvio!); a questão é saber se toda a humanidade é obrigada, pelas Escrituras, a fazer uso do nome hebraico de Cristo.

Certamente quem maior autoridade tem para responder tal questão é a própria Bíblia. Se é verdadeira a afirmação que estamos analisando neste artigo, conclui-se, por necessidade lógica, que os escritores do Novo Testamento, os quais escreveram sob a direção do Espírito Santo, jamais cometeram a blasfêmia de traduzir o nome do Messias.

Este argumento tão simples, e lógico, é uma incrível pedra no sapato de tais “professores bíblicos”. O nome “Jesus” é usado pelos escritores neotestamentários perto de 922 vezes, em cerca de 882 lugares. Ora, se traduzir o nome do Messias é algo pecaminoso, é de se esperar que os escritores do Novo Testamento jamais tenham feito tal coisa. Todavia, em quase mil citações, não encontramos nenhuma vez que eles usem o nome hebraico de Cristo, mas sim, a tradução grega.

A verdade já pode ser contemplada logo no primeiro versículo do Novo Testamento:

“βιβλος γενεσεως ιησου χριστου υιου δαβιδ υιου αβρααμ” (S. Mateus 1.1). Repare que Mateus traduziu o nome do Messias para a língua grega, escrevendo IESOUS CRISTOS.

Como podemos sustentar a tese de que a tradução do nome do Filho de Deus é abominação, e falsa religião, quando a própria Bíblia usa seu nome traduzido para a língua grega? Caso se obrigasse a humanidade a fazer uso de mera transliteração, os apóstolos, homens inspirados por Deus, teriam escrito seu nome como Yeshôshua, ou então, Yeshua.

Uma objeção comum contra este argumento cristalino, e bíblico, alega que o Novo Testamento, que temos em mãos hoje, teria sido adulterado por S. Jerônimo, a mando do catolicismo papal. Tentando provar sua tese, citam texto do próprio S. Jerônimo, o qual confessa: “tive a audácia de ACRESCENTAR, SUBSTITUIR, CORRIGIR alguma coisa nos antigos livros”.

Jerônimo foi o homem responsável pela tradução oficial da Igreja Católica, a famosa Vulgata Latina, que verteu os textos bíblicos para o Latim. E, como ele abertamente confessa ter feito adulterações no texto bíblico, eles julgam ter encontrado a prova cabal de que o nome do Filho de Deus foi adulterado em todo o Novo Testamento.

Se responde a este engano de maneira bem simples, e irrefutável. Em primeiro lugar, Jerônimo não fala onde, ou o que teria alterado no texto bíblico. Em segundo lugar, é fato que ele alterou detalhes do texto bíblico, porém, suas alterações foram feitas em sua tradução, a Vulgata, e não nos manuscritos gregos. Em outras palavras, ele alterou o texto traduzido, mas não os manuscritos que consultou para fazer sua tradução.

Com efeito, há literalmente milhares de manuscritos do Novo Testamento, e em todos eles, o nome do Filho de Deus é citado na língua grega, e não na língua dos Judeus. Agora, vejam um detalhe interessante: boa parte destes milhares de manuscritos, sequer haviam sido descobertos na época de Jerônimo. Assim, mesmo que ele tivesse adulterado tanto a tradução que fez, quanto os textos que consultou, ainda teríamos em mãos centenas de manuscritos não adulterados. Portanto, a tese de tais “professores bíblicos”, está fincada sobre um castelo de areia.

Um último prego no caixão de tais “professores bíblicos”, pode ser encontrado na LXX. Esta versão bíblica, foi elaborada pelos judeus que traduziram os textos do Antigo Testamento (e alguns outros, deuterocanônicos) para a língua grega. Uma vez mais, é lógico supor que jamais traduziriam um nome, não é mesmo?

Entretanto, uma vez mais, a tese que analisamos se revela infundada, pois, com efeito, eles traduziam os nomes, incluindo o nome “Josué”. Por qual razão este detalhe é importante. Simples: “Jesus” equivale em hebraico a “Josué”. É por este motivo que o anjo diz a Virgem: “... chamarás o seu nome Jesus; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (S. Mateus 1.21). Este nome, cujo significado é “Deus é a Salvação”, ou “Deus salva”, cai muito bem em nosso Deus, Jesus Cristo.



Pois bem, quando olhamos para tradução que os Judeus fizeram da sua Bíblia para a língua dos gregos, observamos o fato curioso que eles, assim como os escritores do Novo Testamento, não quiseram nem saber da tese dos tais “professores”, antes, simplesmente traduziram o nome Yehôshua como IESOUS, que nós traduzimos como “Jesus”, no Novo Testamento, e como “Josué”, no Antigo.



De modo que, pode se concluir inequivocadamente, nem os judeus dos dias de Cristo, nem os próprios seguidores do Cristo, jamais deram qualquer margem para a moderna tese de que “Jesus” seria um nome falso, para um falso deus, em uma falsa religião cristã.

Oramos para que este pequeno estudo tenha sido útil aqueles que procuram conhecer mais sobre tão importante assunto.

Fonte: Olhar Reformado

6 comentários:

  1. Obrigado por publicar, depois deste texto, publiquei tambem um sobre a Primazia Aramaica, conforme solicitado.

    Em tempo: estou com dificuldades para postar, mas hoje consegui publicar o texto sobre o Parentese Joanino, tive que reescrever, mais resumido - e estou aberto a sugestoes.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Honra é nossa!!!
    irmão, essa semana postarei algo sobre dízimo, após ler a sua decidi tirar a minha do armário (kkk), em algum sentido discordarei do irmão, mas a difereça é pouca. Depois dê um 'olhar reformado'...
    com respeito a 1 Jo 5.7... obviamente farei a prética de Ellen White... vou plagiar e postar aqui essa seman mesmo!!! mas colocarei a fonte...(bem, então não é plágio...)
    Além disso , não estou conseguindo postar comentários lá...

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  4. Argumentou bem, ponto final!
    E não importa se o nome que pronuncia está em aramaico, hebreu, grego ou hindu, desde que seja ainda reconhecido à mesma pessoa citada na Bíblia, e pelo Seu nome de nascimento como sendo o Messias (ou Cristo, como queiram), tem acertado o alvo.

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    1. Mas é engraçado pensar que, embora alguns se importem em defender e sustentar o nome do Messias bíblico (Jesus Cristo), conforme o tem revelado em suas Bíblias, este NOME seja ainda "rejeitado no ato de seus batismos"; se é que são verdadeiramente trinitarianos conforme o dogma católico, que, apesar de tudo, dizem resistir, dizendo: "ainda hoje, mantemos distância segura do catolicismo papal; já que, ali, se obriga a aceitação de doutrinas que as Escrituras não impõem"

      E digo mais, para a Igreja Católica Romana esta frase que ora diz sustentar (a Bíblia é nossa autoridade maior, e final) está muito longe de ser (para eles)a verdade, pois, para o verdadeiro católico, é e sempre foi a "santa igreja" (representada pelo papa) quem detém a palavra final, e são deles mesmos a fórmula ou dogma trinitariano que, com raras exceções, carregam consigo todos os chamados protestantes (herança católica). Não é á toa que a Igreja Católica é reconhecida "mãe de todas as denominações"...

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  5. essa discussão é uma das mais cheias de teoria da conspiração que eu já vi.

    Não há motivo para baboseiras... é só estudar linguística.

    Meu nome:
    INGLES: JOHN
    FRANCES: JEAN
    ITALIANO: GIOVANNI
    PORTUGUÊS: JOÃO
    RUSSO: IVAN (variação do grego YOAN).
    ALEMÃO: JOHANNES.

    É tudo questão de linguistica. Não há certos sons em certos idiomas. O portugues por exemplo não tem sons ingleses como o "TH" de google EARTH e Will SMITH, logo transliteram o som mais parecido possível.

    Paz.

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