Avaliação
Teológica do “Neo-Trinitarianismo” Adventista
Autor: Ev. Luciano Sena
INTRODUÇÃO
Esse texto tem por objetivo fazer uma apresentação e comparação da doutrina
trinitariana adventista, com a doutrina cristã clássica, conforme biblicamente
exposta nos credos cristãos ortodoxos. Conto que os leitores já tenham a noção
cristã da trindade – se não, que façam antes de ler esse artigo, ou logo depois. Em uma obra teológica,
ou mesmo, o Credo Atanasiano.
Dado
a importância do tema, bem como toda a sua complexidade, ele necessariamente
precisa ser extenso e minucioso. Deve ser dito que, apesar de que a doutrina da
Trindade seja um assunto de consenso entre as igrejas cristãs protestantes e
evangélicas (sejam elas arminianas,
calvinistas, pentecostais ou independentes), o autor desse texto é um
Cristão Reformado Confessional, membro da Igreja Presbiteriana do Brasil, e
escreverá com esse viés. Que Deus nos fortaleça na defesa da verdade (Dt 6.4,5;
Mt 28.19; Jd 4).
Não
apresentarei nesse artigo, nenhuma discussão de outras doutrinas da religião em
mira, a não ser, os assuntos diretamente correlacionados, a divindade de Cristo
e a personalidade do Espírito Santo. Outros temas, se necessário for, só serão
mencionados. E mesmo a história que permeia o desenvolvimento da doutrina, não
será explorada extensivamente. Esse artigo tem por objetivo central avaliar a
doutrina trinitariana adventista,
como hoje é explicada pelos seus
teólogos.
Espero
que esse texto mostre definitivamente, que não é possível compartilhar da
comunhão cristã trinitariana, com essa religião. Ela deve continuar sendo
considerada uma seita, soba perspectiva da principal doutrina cristã, isto é, a
doutrina de Deus.
I.
MUITOS ESTÃO ENGANADOS
Esse
artigo se faz necessário, pois muitos acham que a doutrina da trindade é
compartilhada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD).O renomado autor
Reformado, Antony Hoekema, tendo em mãos as informações das doutrinas oficiais
dessa igreja, afirmou:
“A
denominação [IASD] compartilha com
os demais grupos evangélicos doutrinas como as da trindade, da divindade de
Cristo, da obra expiatória de Cristo e de sua segunda vinda.” (Novo
Dicionário de Teologia, p. 36 [grifo acrescentado]).1
Porém,
esse mesmo escritor escreveu uma obra em inglês intitulada As Quatro Principais Seitas (1963), onde defende que o grupo é uma
seita. No mesmo verbete no livro citado acima, ele afirma categoricamente que
“[...] a doutrina da igreja remanescente, que
permanece como um ensino oficial adventista, parece tornar difícil, senão impossível, sua identificação com as
correntes evangélicas.” (Ibidem, p. 37 [grifo acrescentado]).
Esse
conceito de A. Hoekema a respeito da doutrina adventista da trindade, pode ser
considerado representativo de muitos outros. Por qual motivo? Primeiro porque o documento oficial de
doutrinas trás consigo uma afirmação clara da crença na trindade e suas
explicações ali, parecem ser, satisfatórias.
“2. A Trindade. Há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, uma unidade de três
Pessoas coeternas. Deus é imortal, onipotente, onisciente, acima de tudo e
sempre presente. Ele é infinito e está além da compreensão humana, mas é conhecido
por meio de Sua
auto-revelação. Para sempre é digno de culto, adoração e serviço por parte de
toda a criação. (Deut.
6:4; 29:29; Mat. 28:19; II Cor. 13:13; Efés. 4:4-6; I Pedro 1:2; I Tim. 1:17;
Apoc. 14:6 e 7).
3. Deus Pai - Deus, O Eterno Pai, é o
Criador, o Originador, o Mantenedor e o Soberano de toda a criação. Ele é justo
e santo, compassivo e clemente, tardio em irar-Se, e grande em constante amor e
fidelidade. (Gên. 1:1; Apoc. 4:11; I Cor. 15:28; João 3:16; I João 4:8; I Tim.
1:17: Êxo. 34:6 e 7; João 14:9).
4.
Deus Filho - Deus, o Filho Eterno, encarnou-Se em
Jesus Cristo. Por meio dEle foram criadas todas as coisas, é revelado o caráter
de Deus, efetuada a salvação da humanidade e julgado o mundo. Jesus sofreu e
morreu na cruz por nossos pecados e em nosso lugar, foi ressuscitado dentre os
mortos e ascendeu para ministrar no santuário celestial em nosso favor. Virá
outra vez para o livramento final de Se um povo e a restauração de todas as
coisas. (João 1:1-3 e 14; 5:22; Col. 1:15-19; João 10:30; 14:9; Rom. 5:18;
6:23; II Cor. 5:17-21; Lucas 1:35; Filip. 2:5-11; I Cor. 15:3 e 4; Heb. 2:9-18;
4:15; 7:25; 8:1 e 2; 9:28; João 14:1-3; I Ped. 2:21; Apoc. 22:20).
5.
Deus Espírito Santo - Deus, o Espírito Santo,
desempenhou uma parte ativa com o Pai e o Filho na Criação, Encarnação e
Redenção. Inspirou os escritores das Escrituras. Encheu de poder a vida de
Cristo. Atrai e convence os seres humanos; e os que se mostram sensíveis, são
renovados e transformados por Ele, à imagem de Deus. Concede dons espirituais à
Igreja. (Gên. 1:1 e 2; Lucas 1:35; II Pedro 1:21; Lucas 4:18; Atos 10:38; II
Cor. 3:18; Efés. 4:11 e 12; Atos 1:8; João 14:16-18 e 26; 15:26 e 27; 16:7-13;
Rom. 1:1-4).”
Tendo como base esse documento oficial, muitos, como
Hoekema, não tiveram outra alternativa, a não ser olhar para eles nesse ponto,
infelizmente, como ortodoxos. Por outro lado, como provaremos mais adiante, não havia na época um desenvolvimento do que
deveria ser a doutrina da trindade no arraial adventista.
E mesmo assim, deve ser dito que palavras escondem conceitos, e muitas vezes, os termos são usados
com concepções não originais, revestidos do pensamento de um novo locutor.Apesar
de existir essa aparente confissão trinitariana, que muitos podem até pensar
que seria definitivo para guiar o pensamento doutrinário, um historiador
adventista indica que isso foi resultados de mudanças,do que havia sido publicado:
“Mudanças para o Adventismo Parecer Mais Cristão: [...] devemos
observar que durante o período que vai de 1919 a 1950 houve também tentativas
de tornar o adventismo mais cristão, especialmente durante a década de 1940.
Essa década, por exemplo, testemunhou esforços da parte de alguns de
“purificar” e fortalecer as publica adventistas. Três áreas ilustram essa
tendência. A primeira diz respeito à Trindade [...].” (Em Busca de
Identidade, pp.157, 159,161)
Veja como exemplo, que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, os Mórmons, usa
o termo “trindade”, porém, sabemos que as concepções não são em nada
trinitarianas!
“Na Trindadehá três pessoas distintas: Deus, o Pai Eterno; seu
Filho, Jesus Cristo e o Espírito Santo. Cremos em cada um deles.” (Guia para
Estudo das Escrituras, p. 211, Apêndice do “O Livro de Mórmon”[grifo
acrescentado]).
Outra coisa que contribuiu para esse engano de achar
que a IASD não seria uma seita, por causa desse assuntos, foram os fatos que
envolveram a produção e publicação do polêmico livro adventista Questões Sobre Doutrinas (lançado em
inglês em meados da década de 1950, e em português apenas 2008). Esse livro,
resultado de conversas entre representantes adventistas e apologistas
evangélicos, resultou em uma mudança de paradigma a respeito dos Adventistas do
Sétimo Dia. Um apologista, o renomado Walter Martin, chegou à conclusão de que
a Igreja Adventista do Sétimo Dia é uma igreja cristã, com algumas doutrinas
excêntricas. O livro informa a opinião de Donald Banhouse, companheiro de
Martim, nas entrevistas, exposta em um periódico chamado Eternity, de setembro de 1956:
“Gostaria de dizer que nos deleitamos em fazer justiça a um grupo muito
caluniado de crentes sinceros, e em nossa mente e coração tirá-los do grupo
dos que são completamente heréticos, como as testemunhas de Jeová, mórmons
e os cientistas cristãos, reconhecendo-os como irmãos redimidos e membros do
corpo de Cristo.” (Questões Sobre Doutrina, p. 14).
Muitos não aderiram a essa propaganda, enfatizando
outros problemas, bem como as intenções proselitistas dissimuladas dos
representantes adventistas, além de que em muitos momentos do livro, a versão
foi bem ‘minimizada’, conforme o próprio autor das notas da edição comemorativa
reconhece2. Baalen afirma categoricamente:
“Este
livro [Questões Sobre Doutrina] de 720 páginas contém grande quantidade de conversa dobre, concedendo com uma mão
e tomando de novo com a outra.” (Caos das Seitas, p. 174).
Porém, em Questões
os adventistas defenderam com firmeza a doutrina da trindade, e ainda mais,
reafirmou um compromisso com os credos protestantes e clássicos a respeito da
divindade:
“I EM HARMONIA COM OS CRISTÃOS CONSERVADORES E OS CREDOS PROTESTANTES
HISTÓRICOS, CREMOS: [...] 2 Que a Divindade, a Trindade, compreende
Deus o Pai, Cristo o Filho e o Espírito Santo.” ( Questões Sobre Doutrina, p.
50[grifos acrescentados).
Essa afirmação viria a ser, com o tempo, não mais
endossada, se é que ela foi mesmo algum dia. Os autores desse livro,
disseram sobre os pioneiros adventistas, antitrinitarianos:
“Alguns continuam extrair citações
extraídas de nossas
publicações mais antigas, há muito obsoletas, e que não mais são impressas. Citam-na
determinadas declarações, frequentemente torcidas e descoladas do contexto, de
modo a darem uma descrição totalmente desvirtuada das crenças e ensinos que a
Igreja Adventista do Sétimo Dia hoje sustenta.” (p.58).
Isso, porém, ou estava errado, ou
veio a estar errado. Um exame nas orientações de Ellen White, considerada a
profetisa inspirada da IASD, vai à contra mão dessa afirmativa dos autores do
livro Questões:
“Quando o homem vier mover um
alfinete do nosso fundamento o qual Deus estabeleceu pelo seu Santo Espírito, deixem os homens de idade que foram
os pioneiros no nosso trabalho falar abertamente, e os que estiverem mortos
falem também, reimprimindo os seus artigos das nossas revistas. Juntemos os raios da divina luz que
Deus tem dado, e como Ele guiou seu povo, passo a passo no caminho da verdade.
Esta verdade permanecerá pelo teste do tempo e da experiência.”
(www.adventistas.com/dezembro2005/diagnostico_iasd.htm (24 de
Maio de 1905 - Manuscript Release Vol. 1 pág. 55.)
Essa questão não deve ser desconsiderada, sendo
que mesmo os teólogos adventistas sabem que essa orientação poderia causar
transtornos, como de fato tem causado:
“O terceiro e
último fator no presente avivamento do interesse pelo assunto da Divindade é a
convergência do conselho de Ellen White no sentido de reimprimir e estudar as
obras dos pioneiros [...] É adequado que
o adventista do sétimo dia avance em direção contrária ao pensamento da ampla
maioria dos pioneiros, que eram claramente antitrinitarianos?” (A Trindade,
pp. 11,12) [grifo acrescentado])
É febril o fato que mesmo autoridades
adventistas, reconhecem que o início de sua história, não escaparia com outra
marca, a não ser uma seita!
“Se durante as quatro primeiras décadas de existência do
movimento adventista do sétimo dia muitos de seus pregadores enfatizavam mais
as doutrinas adventistas distintivas do
que as doutrinas evangélicas, a partir
de 1888 essa tendência sectária e legalista passou a ser reequilibrada para
uma maior ênfase na salvação pela graça mediante a fé...”
[Sobre o termo seita]
Cremos, no entanto que o referido termo deveria ser usado especificamente em
relação a grupos religiosos que restringem a salvação exclusivamente aos adeptos
de seu próprio movimento religioso, e cuja ênfase nos componentes distintivos
de sua fé acaba obliterando verdades básicas da fé cristã como a trindade e a salvação pela graça
mediante a fé. À semelhança de outros movimentos religiosos, os adventistas do
sétimo dia surgiram com características sectárias. Na tentativa de justificar
sua existência, grande ênfase era colocada sobre os elementos distintivos da fé adventista, relegando os componentes
básicos da fé evangélica a um plano secundário. Além disso os primeiros
adventistas sabatistas criam até o início da década de 1850, na teoria da
“porta fechada”(Mat 25.10), que restringia a salvação quase que exclusivamente
aos mileritas. Como já mencionado, foi apenas a partir de 1888 que os
adventistas conseguiram superar sua ênfase sectária, reequilibrando os
elementos distintivos da fé adventista com os componentes básicos da fé
evangélica.” (Alberto R. Timm; Revista
Novo Membro pp. 7, 8 ; Publicação especial da Igreja Adventista do Sétimo Dia;
União Brasileira da IASD, Editor: Leônidas Verneque Guedes.).
“O judaísmo, o
islamismo, as testemunhas de Jeová e o adventismo não trinitariano inicial
sempre tenderam a ressentir-se da falta de uma clara doutrina de justificação
pela graça baseada nos méritos da justiça divina. Foi apenas quando o
adventismo começou a emergir de sua concepção não-trinitariana da divindade de
cristo que passou a encontrar clareza na justificação somente pela graça mediante
a fé.” (Trindade, p. 284).
Um reexame adventista posterior; das razões dos
pioneiros serem antitrinitarianos, e mesmo assim, da profetisa conviver com
eles, sendo considerado esses, pioneiros da ‘verdadeira igreja visível’,
produziu uma teoria de justificativas e uma nova doutrina trinitariana, que
satisfaz, a história dos pioneiros, mantendo Ellen White como a profetisa da
igreja verdadeira, e ainda assim, puderam estender as mãos aos protestantes e
dizerem: ‘cremos na doutrina da trindade’. É dessa versão trinitariana que
trataremos.
II.
A ‘VERDADEIRA
IGREJA VISÍVEL’ COM UM FALSO DEUS
Um dos discursos mais palpitantes dos adventistas
é dizer que eles são a ‘única igreja visível verdadeira’. Que eles possuem uma
missão angélica em anunciara todas as pessoas a saírem de suas igrejas e se
ajuntarem à verdade, e institucionalmente, essa verdade só pode ser encontrada,
em sua inteireza, na Igreja Adventista do Sétimo Dia.
“Creem que seu movimento seja o único a apresentar as
condições especificadas nesses versos de Apocalipse 12.17. Apesar disso,
repudiam enfaticamente a ideia de que somente eles pertençam ao número dos
filhos de Deus. Para os adventistas, todos quantos adoram a Deus segundo o que
entendem ser Sua vontade pertencem a Ele e são membros potenciais do último
remanescente. Não obstante, a ele foi confiada a tarefa de chamar homens e
mulheres de toda a parte para adorarem ao Criador, em vista da proximidade da
hora do juízo, e advertir contra ceder à grande apostasia escatológica predita
em Apocalipse 13 [...] os adventistas
continuam a manter esses pontos de vista.” (Tratado de Teologia Adventista
do Sétimo Dia, p. 639 [grifos acrescentados]).
Nos dias iniciais, seus lideres de maior
influencia, negavam a doutrina da Trindade, como sendo um dos ensinos falsos de
babilônia. Tanto, que um historiador adventista reconhece assim:
“A maioria dos fundadores do adventismo do sétimo dia não
poderia unir-se à igreja hoje se tivesse de concordar
com as “27 Crenças Fundamentais” da denominação [...] Para ser mais específico, eles não poderiam aceitar a crença número 2,
que trata da doutrina da trindade [...] Semelhantemente, a maioria dos
fundadores do adventismo do sétimo dia teria dificuldade em aceitar e crença fundamental número 4, que afirma a
eternidade e a divindade de Jesus [...] A maioria dos líderes adventistas
também não endossaria a crença
fundamental número 5, que trata da personalidade do Espírito Santo.” (Em
Busca de Identidade, pp. 16,17).3
E se pensarmos que para eles Jesus era uma
criatura, e que eles mesmo o adoravam como Deus, sendo uma criatura, podemos
concluir que praticaram idolatria? Esse não é o Jesus da Escritura Sagrada.
Para piorar, é dito que em seu arraial a situação era quase de politeísmo (pelo
menos conceitual), como reconheceu um adventista pioneiro:
“Deve-se também ressaltar que a declaração de Daniel T.
Bourdeau em 1890 mostra-nos que nem todos eram unânimes no antitrinitarianismo:
"Embora afirmemos ser crentes e
adoradores de um único Deus, tenho chegado a pensar que entre nós existem
tantos deuses quantas são as concepções da Divindade". (A Trindade, p.
222).
Estariam então os pioneiros adventistas,
condenados hoje, como hereges, e assim excluídos da IASD? Os autores de Questões Sobre Doutrina, por exemplo,
dão razão para pensarmos que os pais da fé adventista, os pioneiros adventistas,
não procurariam a Igreja Adventista do Sétimo Dia! Perceba:
“Parece-nos, portanto, que há muito
menos probabilidade de alguém que mantenha posição ariana ou unitariana entrar
na igreja Adventista do que em outra comunhão protestante.” (Questões Sobre
Doutrina, p. 66).
Apesar
da afirmação adventista acima ser virtualmente falsa, devido ao fato de existir, na época do livro citado, e
hoje, vários adventistas não trinitarianos no seio adventista4,
ela revela um impasse dramático entre a atual realidade adventista e seu passado
– os pioneiros eram hereges?
Eles
por um lado reconhecem isso, mas por outro deve preservá-los de receberem
pessoalmente essa rotulação, pois isso seria um sério prejuízo de identidade,
especialmente para Ellen White e para doutrina da ‘igreja remanescente’. Um
recurso é legitimar esses erros como parte do plano de Deus. Os adventistas ensinam
que Deus conduziu o movimento Milerita mesmo com a grande decepção de 1844, e
da mesma forma, dizem que Deus conduziu o pioneiros arianos, mesmo pelos
caminhos hereges que passaram. A questão aqui, como percebemos, não é de
verdade ou coerência, mas de fidelidade cega a um movimento.
Qual
foi então a postura dos teólogos adventistas diante desses fatos?
III.
JUSTIFICANDO
OS PIONEIROS E ‘REAJUSTANDO’ A DOUTRINA DA TRINDADE
Nessa
odisséia, ao encarar o fato que os pioneiros adventistas seriam mais
Testemunhas de Jeová do que Adventistas trinitarianos, os teólogos da IASD
assumiram uma postura de justificativa. Os caminhos foram:
Ø (a)
mostrar que os pioneiros erraram por desconhecerem a doutrina corretamente; (b)
por culpa da própria doutrina, que confundia a distinção pessoal e corporal das
pessoas da divindade, bem como por ensinar que heresias subordinacionistas; (c)
pelas visões de Ellen White, a concepção da divindade foi originalmente própria
e não vindo das religiões de “babilônia”.
Com
o tempo a denominação entendeu a doutrina ‘corretamente’, a partir das visões
de Ellen White e de seus escritos. Desta forma, os pioneiros estavam em pleno
processo de desenvolvimento dessa questão, não podiam ser condenados por algo
que eles não entendiam corretamente e que ainda seria revelado posteriormente. As
seguintes citações de suas publicações e sites provam essa interpretação dos
fatos de maneira clara:
“Os
pioneiros apresentavam basicamente duas razões para rejeitar essa
doutrina. A primeira é o fato de que muitos credos protestantes definem a
Trindade como uma essência “sem corpo ou partes”. Em outras palavras, Deus
não era entendido como um ser pessoal, mas abstrato e fantasmagórico. Essa
compreensão sobre a Trindade “espiritualiza a existência do Pai e do
Filho como duas pessoas distintas, literais e tangíveis”. Os
pioneiros argumentavam que esse conceito contradiz a Bíblia, pois ela
apresenta Deus como um ser pessoal “tangível”, que “possui corpo e
partes”. A segunda razão é uma consequência lógica da primeira: os credos
não distinguem claramente as pessoas da Divindade. Na linguagem teológica
tradicional, a palavra pessoa não tem o sentido atual de
individualidade, mas indica uma “face” ou “manifestação”. Portanto, de
acordo com essa compreensão da Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito
Santo não são três pessoas distintas, mas três manifestações ou revelações
da essência divina. “Trinitarianismo” era definido como a “doutrina de que
o Pai, o Filho e o Espírito são unidos em uma e a mesma pessoa”. Os
adventistas criam na “personalidade distinta do Pai e do Filho, rejeitando como
absurdo o trinitarianismo, que insiste que Deus, Cristo e o Espírito
Santo são três pessoas e, mesmo assim, uma só pessoa” (http://setimodia.wordpress.com/2011/11/03/os-pioneiros-adventistas-e-a-trindade/)
“O desenvolvimento da
doutrina da Divindade no adventismo do sétimo dia pode ser dividido em seis
períodos: (1) Predominância antitrinitariana (1846-1888); (2) Insatisfação com
o antitrinitarianismo (1888-1898); (3) Mudança de paradigma
(1898-1913); (4) Declínio do antitrinitarianismo (1913-1946); (5)
Predominância trinitariana (1946-1980); e Tensões renovadas (1980 até o
presente). Os três primeiros períodos foram discutidos por Gane, Holt e Froom,
e o período de 1888-1957, por Merlin Burt. Entretanto, nenhum desses lidam
extensamente com os problemas trinitarianos durante a crise de Kelloggou o
período a partir de 1980”
“Este
artigo divide a história da compreensão adventista sobre a
Trindade durante a vida de Ellen G. White nos seguintes períodos: (1) Ênfase
na rejeição da doutrina tradicional da Trindade (1846-1890); (2) Tensões
sobre a personalidade do Espírito Santo (1890-1897); e (3) Ênfase
na aceitação da doutrina bíblica da Trindade (1897- ).”
“De 1931 em diante, a concepção de um
Deus trinitário, junto com a plena igualdade de Cristo com Pai e uma
cristologia de natureza dual, passou a ser parte essencial das crenças
fundamentais adventistas.” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p.
224.)
“De cerca de
1846 a 1888, a maioria dos adventistas rejeitava o conceito da Trindade – ao
menos como eles o entendiam. Todos os principais escritores foram
antitrinitarianos, embora a literatura contenha referências ocasionais a
membros que mantinham opiniões trinitarianas. Aqueles que rejeitavam a doutrina
tradicional da Trindade dos credos cristãos eram crentes sinceros no testemunho
bíblico concernente à eternidade de Deus o Pai, à divindade de Jesus Cristo
“como Criador, Redentor e Mediador” e à “importância do Espírito Santo.” (http://setimodia.wordpress.com/2011/11/03/os-pioneiros-adventistas-e-a-trindade/).
“A declaração de crenças de 1931
apareceu nos anuários denominacionais e manuais de igreja, o que lhe deu algum
status oficial, apesar de nunca ter sido formulada um tanto casualmente e nunca
ter sido adotada oficialmente por uma assembleia da Associação Geral. Em 1946 a
Associação Geral reunida em assembleia votou “que não se faça em tempo algum
revisão desta Declaração de Crenças Fundamentais, conforme aparece no Manual
[...]” (Em Busca de Identidade, pp. 22,23.)
“Ente 1846 a 1888, a maioria dos
adventistas rejeitou o conceito da Trindade – pelo menos da forma como o
entendiam.” (A Trindade, p. 217).
“Embora o arianismo e o antitrinitarianismo
fossem muito forte entre os líderes adventistas pioneiros, a visão trinitariana
da Divindade veio a tornar-se o ponto de vista padrão pelo menos a partir da
década de 1940, se não antes.” (Trindade, p. 10).
Acredito
que as informações adventistas acima sejam suficientes. Mas como essa concepção
veio a desenvolver uma nova doutrina
trinitariana?
IV.
RAOUL DEDEREN E FERNANDO CANALE, OS PAIS DO NEO TRINITARIANISMO ADVENTISTA
No
meu livro A Conspiração Adventista,
desenvolvi com informações históricas o
que cercou o surgimento dessa nova doutrina – que veremos mais adiante o que de
fato ela é. Porém, lá eu apenas mostrei como Ellen White se tornou a mãe do
trinitarianismo adventista. Ao mesmo tempo, devo destacar que ela jamais pensou
ser a progenitora dessa doutrina!
Primeiro
que Ellen White nunca usou o termo trindade
em cerca de 70 anos de trabalho como liderança ‘profética’ da denominação. Há
um esforço descomunal em provar que ela teria lido o termo Trindade em um resumo de fé. Mas o fato é que ela
jamais usou, a não ser “O trio celeste” que é incorretamente traduzido por
Trindade, ou mesmo que esse termo trindade substitua o termo divindade. Tirando
essa desonestidade com seus escritos, ela jamais usou o termo (Evangelismo, p. 613, 615, 616, 617; O Desejado de Todas as
Nações, p. 671; Testem. Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 392).
Bom
lembrar, que há uma carta de seu filho, Guilherme White, atestando que sua mãe
não cria na personalidade do Espírito Santo (Veja
em: http://www.adventistas.com/julho2003/carta_willie.htm).
Ela
também nunca denunciou seus ‘companheiros de fé’.
“Ellen White
foi uma das poucas pessoas entre os líderes pioneiros adventistas que não era
agressivamente antitrinitariana. Conquanto
isso seja verdade, também é fato que suas antigas declarações não são claras
quanto ao que cria.” (Questões Sobre Doutrina, p. 71, nota).
Mesmo
assim, atribuem a ela a gênesis da
doutrina da divindade de que possuem. Na verdade, quem diz que ela se tornou a
principal mentora da trindade adventista são os teólogos da atualidade. Mas por
certo, suas declarações após a morte de seu marido antitrinitariano, foram bem
mais ‘trinitarianas’.
“Curiosamente,
não foram os teólogos de nenhum lado da controvérsia de 1888 eu fizeram o adventismo
recuperar o ponto de vista bíblico a respeito da Divindade, mas Ellen White. [...] Contudo, seria Ellen White quem apontaria mais
claramente o caminho para a completa transformação no pensamento adventista
sobre temas relacionados à Trindade entre 1888 e 1950.” (Em Busca de
Identidade, p. 117, 118 [grifo acrescentado]).
“Qual
foi o papel de Ellen White nesse processo? As evidências mostraram que as
visões recebidas por Ellen conduziram a denominação através de estágios
claramente discerníveis rumo a uma plena aceitação do conceito Bíblico da
Trindade.
O conceito se encontrava essencialmente completo em 1888, quando ela publicou O Desejado de Todas as Nações, e suas
declarações de 1901-1906 suas declarações foram suficientemente explícitas para
que em 1913 o editor da Reviewand Herald
pudesse afirmar – sem medo de ser contraditado – que “a divina Trindade” é uma
crença fundamental dos adventistas.” (A Trindade, p.248.).
“A declaração feita por
Ellen White em 1898 de que “em Cristo há vida original, não emprestada, não
derivada” (DTN, 530) constituiu o ponto
de partida tanto para a ratificação da Trindade como um ensino bíblico
autêntico (Dederen, 5,12) como para
uma forma distinta de compreendê-la como doutrina. A declaração de Ellen
White não só descartava o erro básico incluído na primitiva cristologia
adventista e na doutrina de Deus, a saber, o subordinacionismo temporal do
Cristo preexistente, mas também da
doutrina clássica (Dederen, 13) que
envolvia a eterna e ontológica subordinação do Filho.” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p.
169.).
Perceba,
que uma coisa foi a denominação se tornar trinitariana, como vimos no tópico
anterior, outra foi quando Ellen White, com sua autoridade de referencia
doutrinária, virou o leme da denominação nessa direção. É certo que ela, se era
trinitariana, ficou em silêncio em boa parte do tempo. E se tornou trinitariana
mesmo, foi depois que seu esposo morreu.
“Será que
ela mudou de uma visão semi-ariana para uma trinitariana, ou mantinha
privadamente uma opinião trinitariana todo tempo? Não é possível apresentar uma resposta taxativa a este respeito.”
(A Trindade, p. 239).
E
já que ela foi a mãe, precisamos saber quem foi o pai, ou os pais. Como
indicado no subtítulo, minha percepção é de que, unido ao fato de que os
pioneiros adventistas atacavam a doutrina da trindade (pelo menos em partes,
para os teólogos adventistas, eles tinham alguma razão), ao fato de que Ellen
White nunca defendeu a trindade dos credos nem condenou diretamente seus irmãos
arianos, considerando que ela mesma construiu uma doutrina aparentemente
trinitariana em seus moldes, o que resultou ao unir tudo isso? Entra em cena um
teólogo adventista chamado Raoul Dederen, logo em seguida outro de nome
Fernando Canale.
Vejamos
seu papel no que veio a ser a nova doutrina trinitariana adventista:
“Um
desdobramento importante desde 1970 tem sido a tentativa de articular as
pressuposições bíblica que dão base a uma doutrina bíblica da Trindade, claramente
diferenciadas dos credos tradicionais. Num notável artigo de 1970, Raoul
Dederen apresentou uma breve exposição sobre a Divindade em ambos os Testamentos.
Ele rejeitou a “Trindade do pensamento especulativo”, que fez uso de termos
filosóficos para descrever as “distinções dentro da divindade para as quais não
existe base definida dentro do conhecimento revelado de Deus” (Dederen, pág.
13). Advogou, em lugar disso o exemplo dos apóstolos: “Rejeitando os termos da
mitologia grega ou a metafísica, eles expressaram suas convicções numa
despretensiosa confissão de fé trinitarinana, a doutrina de um Deus subsistindo
e agindo em três pessoas” [...] Em 1983, Fernando Canale fez uma análise e uma
crítica radical das pressuposições filosóficas gregas subjacentes ao que
Dederen havia chamado de pensamento especulativo [...] mostrou que a teologia
clássica católica e protestante tomava seus mais básicos pressupostos acerca da
natureza de Deus, o tempo e a existência deuma “moldura” provida da filosofia
aristotélica. [...] Na obra mais recente Handbook
of Seventh-day Adventist Theology, editada por Dederen, Canale escreveu um
artigo magistral sintetizando as conclusões alcançadas até aquele momento em
seu continuo trabalho a respeito da doutrina de Deus.[...] “Num sentido muito
real, a ênfase adventista nas Escrituras como única fonte de dados para se
estabelecer a teologia ofereceu às reflexões sobre Deus um novo e
revolucionário começo. Sistematicamente desconfiando das posições teológica
tradicionais criticando-as [...] Canale estabelece um forte argumento para o
ponto de vista de que os adventistas, pelo fato de “terem se apartado da
concepção filosófica de Deus como atemporal” e “ “abraçando a concepção
histórica de Deus apresentada na Bíblia”, conseguiram desenvolver uma visão
bíblica da Trindade”. (A Trindade, pp. 228,229).
Como
que em passe de mágica, em um laboratório acadêmico, tudo que o cristianismo
defendeu em matéria de trindade na história da fé cristã, foi desafiado, e
colocado sob o prisma profético de Ellen White. Os dois cavaleiros, Dederen e
Canale, então, capacitaram a IASD publicar criticas contra os credos cristãos
históricos, como não sendo bíblicos e exatos, e com isso entenderam por qual
motivo os pioneiros adventistas rejeitaram a trindade!
“Canale faz
uma sólida defesa do seu argumento de que pelo fato de os adventistas terem se
“afastado da concepção filosófica de Deus como intemporal” e terem “aceito a
concepção histórica de Deus conforme apresentada na Bíblia”, eles estavam habilitados a desenvolver uma
genuinamente bíblica opinião da Trindade.”
(http://centrowhite.org.br/pesquisa/artigos/ellen-g-white-e-a-compreensao-da-trindade/#texto-rodape-91
“Existem, porém, razões teológicas mais complexas
para se rejeitar a doutrina clássica na Trindade. Foi assim que alguns pioneiros adventistas entenderam que a
interpretação clássica da Trindade imanente era incompatível com a Trindade
econômica conforme apresentada na Escritura.” (Tratado de teologia
Adventista do Sétimo Dia, 168 [grifo acrescentado]).
A única
maneira de os pioneiros, em seu contexto, efetivamente separarem as Escrituras
da tradição foi pelo abandono de qualquer doutrina que não pudesse apoiar-se
unicamente na Bíblia. Assim, eles
inicialmente rejeitaram a doutrina tradicional da Trindade, a qual claramente
contém elementos não pertencentes às Escrituras. À medida que prosseguiram
trabalhando com base nas Escrituras, periodicamente desafiados e estimulados
pelo Espírito Santo através das visões de Ellen White, gradualmente convenceram-se
de que o conceito básico de um Deus em três pessoas de fato aparece nas
Escrituras." (A Trindade, p. 230)
Por
isso, em uma obra teológica da IASD, Tratado
de Teologia Adventista do Sétimo Dia, dizem a respeito de todos os credos e
teólogos:
“Os teólogos adventistas disparam suas críticas em quase
todas as autoridades teológicas das tradições cristãs no assunto em tela: “1.
Sobre as explicações de Agostinho a
respeito da Trindade, dizem: “Há razões
para se perguntar se essa visão faz justiça à revelação bíblica de três pessoas
independentes. O Deo uno parece absorver o Deo trino. A trindade é substituída
pela monarquia.”Tomás de Aquino:
“Visto, porém, que sua abordagem não
emana da Escritura, ele é incapaz de apresentar a coerência interna da concepção
bíblica de Deus” De Martinho Lutero dizem:
“Quanto à Trindade, o teólogo alemão
ratifica o dogma tradicional [...] A doutrina luterana de Deus, porém, é
insuficiente para abranger com fidelidade todas as informações bíblicas sobre
Deus.” De João Calvino, um dos
maiores exegetas do período da Reforma, afirmam: “A doutrina calvinista de Deus também é insuficiente para incluir e
incorporar com fidelidade todas as informações bíblicas sobre a Divindade.” A
respeito da teologia trinitariana de Jacó
Armínio, dizem: “A teologia arminiana
atua dentro de uma matriz mais filosófica do que bíblica.” E, a respeito da procedência eterna do Espírito Santo,
dizem: [...] a processão do Espírito não
designa um processo interno na constituição do ser trinitário, como a teologia
clássica veio a crer.” (A Conspiração Adventista, p 120).
“[...] Atanásio
parece estar falando de dois Deuses (ou,
na verdade, três quando se adiciona o Espírito Santo) ao passo que a
definição filosófica de Deus assevera que Ele é um e invisível” (A Trindade, p.
162).
“[O Credo Atanasiano] Conserva,
infelizmente, uma forma sutil de monarquianismo e subordinacionismo ontológico,
quando explica as diferenças das pessoas metafisicamente, recorrendo às ideias
de geração e processão.” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p.
163.).
Um
exame simples das acusações de Dederen e Canale, mostra que são por demais
insuficientes. Primeiro que nem os credos nem as confissões, são carregadas
assim de especulações filosóficas, se é que há. Qualquer leitor pode constatar
isso. Segundo, que mesmo eles, os teólogos adventistas, usam termos como
“trindade” e “subsistindo e agindo em três pessoas”, etc, que não são termos
bíblicos, mas explicações teológicas e filosóficas de algo que nos escapa em
outros termos.
Não
é compartilhada a ideia de que a doutrina da Trindade em sua exposição
confessional e nos credos, seja filosófica em suas ponderações:
“Como
Atanásio ensinou há muito tempo, não
afirmamos essa doutrina por um interesse meramente filosófico.” (Teologia
Sistemática, Fraklin Ferreira; Alan Myatt, p. 196 [grifo acrescntado).
“Longe de ser elaborada sob influências
filosóficas e religiosas, tudo indica que a doutrina da Trindade tem
sobrevivido justamente contra as tentações desse tipo que,de vez em quando,
ameaçam empurrar a Igreja para o unitarismo teórico ou prático.” (Novo
Dicionário de Teologia, p. 1166[grifo acrescentado]).
Lembrando
ainda que o termo Trindade é usado nas
Crenças Fundamentais adventistas, porém,esse termo aparece muito em
Agostinho e consagrado no credo
Atanasiano, assim, eles que criticam uma suposta carga filosófica nos
credos, e na teologia, dependem dos credos, para se aproximarem daqueles creem
nesses, com uma imagem enganosa, visto que rejeita os postulados dos mesmos.
Outro
assunto que refletiu nesse contexto foi a rejeição da noção atemporal de Deus.
Isso desbocou no Teísmo Aberto, defendido pelo teólogo adventista Richard Rice
(Teísmo Aberto, p. 180, nota 5). Segundo o Tratado
de Teologia Adventista do Sétimo Dia, muitos nos burgos adventistas têm
olhado com simpatia a essa teoria (p. 170). Por um lado, o Tratado elogia essa posição, mas até certo ponto, rejeita as
implicações escatológicas, tão necessárias aos adventistas, que é um movimento apocalíptico
(p. 167,168). A rejeição da doutrina da trindade, nos postulados clássicos, leva
a outras perigos heréticos.
V.
O QUE DE FATO É A NOVA TRINDADE ADVENTISTA?
Dizem
os eruditos adventistas - a doutrina da trindade clássica ensina que o Filho
derivou a sua existência ontológica do Pai. E que Ellen White, quando escreveu
que em Cristo há vida original, não derivada, rejeitou essa teoria!
“Jesus
declarou: "Eu sou a ressurreição e a vida." João 11:25. Em Cristo há vida original, não emprestada,
não derivada. "Quem tem o Filho tem a vida." I João 5:12. A
divindade de Cristo é a certeza de vida eterna para o crente.” (O Desejado de
Todas as Nações, p. 530).
Os
teólogos adventistas insistem que essa passagem marcou toda a mudança da
teologia adventista a respeito da divindade. Embora percebemos que pouca coisa
foi dita ali, é claro que o conceito da divindade de Cristo é ao contrário do
que os pioneiros diziam; que Jesus teria sido criado. Porém, eles foram bem
mais longe nas conclusões contra a doutrina cristã da trindade:
“A declaração de Ellen
White não só descartava o erro básico incluído na primitiva cristologia
adventista e na doutrina de Deus, a saber, o subordinacionismo temporal do
Cristo preexistente, mas também da doutrina clássica (Dederen, 13) que
envolvia a eterna e ontológica subordinação do Filho.” (Tratado de Teologia
Adventista do Sétimo Dia, p. 169).
“Alguns teólogos trinitarianos sustentam que apenas o Pai
existe desde a eternidade e que tanto Cristo quanto o Espírito Santo foram
“gerados”, ou seja, trazidos à
existência pelo Pai.” (A Trindade, p. 185).
“[...] o dogma tradicional da Trindade sustentava que Cristo
derivara do Pai, sendo, portanto, subordinado
ao Pai em Sua própria essência.” (A Trindade, p. 224).
“Na natureza do Deus eterno
não há nenhuma geração eterna, e,
por conseguinte, nenhuma processão eterna do Espírito.” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 169.).
Essas
são informações distorcidas, e da pior espécie. Uma das piores coisas ditas por
eles, já que todos sabem que o conceito de geração eterna é relacional não ontológico. Responder a
isso é ter que explicar coisas básicas a iniciantes em teologia sistemática. O
que de fato, não é o caso dos teólogos adventistas. Isso é mais uma caricatura
do que uma leitura honesta da doutrina trinitariana. Mas para efeitos de
esclarecimentos, vejamos o que eles omitiram quando criticaram a doutrina da
geração eterna:
“É geração
da subsistência pessoal, e não da
essência divina do Filho.” (Teologia Sistemática, Louis Berkhof, p. 88).
“A doutrina
ortodoxa não define as expressões
“geração” e “processão” de modo que o Pai seja a origem da deidade do Filho e
do Espírito Santo, que afirmam e representam a natureza das relações entre
as três pessoas da Trindade.” (Teologia Sistemática, p. 186).
Ainda
no campo da negação, e agora indo para mostrar a diferença das crenças, os
teólogos adventistas dizem que os pioneiros adventistas acertaram em um ponto
ao rejeitarem a doutrina da trindade clássica, e esse aspecto nos interessa
agora, para sabermos o que de fato seria a trindade adventista:
Destacando
os pontos, partindo da negação acima
exposta, por parte dos pioneiros adventistas considerada como correta pela
erudição adventista moderna, podemos dizer que a respeito da trindade
adventista:
Ø Tem corpo e partes.
Ø Sua distinção pessoal das pessoas da divindade é
mais profunda que os credos cristãos apresentam.
Perceba
o que pensam da unidade da divindade, se ela é numérica ou apenas de unidade:
“O Deus
revelado nas Escrituras consiste de três Pessoas divinas que existiram desde
toda eternidade em profunda unidade ou
unicidade de natureza, propósito e caráter.” (A Trindade, p. 313).
Portanto,podemos
dizer que diferença da trindade Adventista de Raoul Dederen e Fernando Canale da
doutrina cristã clássica, está em sua essência, em sua constituição
ontológica e numérica. Perceba o que é dito pelos teólogos adventistas:
“[...] os três
membros da Divindade comoindivíduos tangíveis e pessoais, vivendo desde a
eternidade em união de natureza, caráter, propósito e amor, mais ainda assim
tendo cada uma Sua identidade pessoal. Este é um ponto de vista simples e
bíblico da Trindade, em contraste com os
pontos de vista tradicionais, baseado nas pressuposições da filosofia grega.”
(A Trindade, p. 248).
Agora, podemos voltar para o credo oficial
adventista, e perceber algo latente. Que existe um elemento
ambíguo, percebemos que não há no documento oficial de crenças adventistas, uma
confissão de uma mesma essência numérica – “2. A Trindade. Há um só Deus: Pai,
Filho e Espírito Santo, uma unidade de
três Pessoas coeternas.” Isso é trinitarianismo, mas
não é só isso! Essa unidade deve ser tratada dentro na unidade numérica e
essencial de Deus, para que ele seja um só. Não é possível, dentro da visão de
Dederen e Canale, espaço para essa unidade da doutrina clássica que mantém o
Ser de Deus, como um só Espírito, um Só
Ser.
Mesmo que se encontre nos escritos adventistas,
alguma referência à ‘mesma substancia’, ela estará sob suspeitas dessas
interpretações não ortodoxas. Isto é, se algum teólogo adventista disser que as
três pessoas da divindade são da mesma substância, ele não tem em mente a
unidade numérica do Ser que a fé cristã possui. (Se essa minha leitura dos
fatos estiver correta, eles estariam parcialmente defendendo o problema que
preocupou alguns pais da igreja com o uso de "hommousious" ou
consubstancial – usado por ortodoxos e hereges).
Quais
as bases para as conclusões adventistas? Como eles admitem, foram as visões de Ellen
White. Vejamos algumas:
“Vi um
trono, e assentados nele estavam o Pai e o Filho. Contemplei o semblante de
Jesus e admirei Sua adorável pessoa. Não
pude contemplar a pessoa do Pai, pois uma nuvem de gloriosa luz O cobria.
Perguntei a Jesus se Seu Pai tinha a mesma aparência que Ele. Jesus disse que
sim, mas eu não poderia contemplá-Lo, pois disse: "Se uma vez
contemplares a glória de Sua pessoa, deixarás de existir." (Primeiros Escritos, p. 54)
“Tenho visto
muitas vezes o amorável Jesus, que é uma pessoa. Perguntei-Lhe se Seu Pai era uma pessoa e tinha a mesma forma que Ele.
Disse Jesus: "Eu sou a expressa imagem da pessoa de Meu Pai."(Primeiros escritos, p. 77).
“Significativamente, Ellen White
condenava a visão trinitariana de Kellog em termos quase idênticos aos que o
esposo Tiago utilizara em 1846, quando rejeitou “o velho credo trinitariano
não-escriturístico” pelo fato de ele “espiritualizar a existência do Pai do
Filho negando-O como duas pessoas distintas, literais e tangíveis”. Isso é
coerente com a interpretação de que ela percebeu similaridades entre os credos
que pretendem que Deus seja “invisível, sem corpo ou partes” e a representação
espiritualista” de Deus por Kellog, sob metáforas da luz e da água.” (A
Trindade, p. 247. - Nota: Essa interpretação é questionável, mas estou
apenas mostrando que a disposição dos teólogos adventistas é encontrar algum
vestígio de que Ellen White tenha atacado a trindade dos credos.)
A diferença está de fato, se o Ser de
Deus é três ou é um!! Por causa dessas supostas visões, que em si mesmo não
garante nenhuma objeção à doutrina trinitariana, que levou os dois teólogos já
mencionados, a dizerem que uma concepção nova da trindade foi descoberta por
eles, mediante os escritos de Ellen White.
Estamos diante de um triteísmo?
Uma citação do Tratado de Teologia
Adventista do Sétimo Dia, aparentemente nota o risco disso:
“Para os adventistas, portanto, a
indivisibilidade das obras de Deus na história não é concebida como sendo
determinada pela unicidade da essência – conforme ensinada pela tradição
agostiniana clássica – senão pela unicidade da tarefa histórica da redenção
(Dederen, 20). O perigo de triteísmo
presente nessa postura se torna real quando a unicidade de Deus é reduzida a
uma mera unidade concebida em analogia com uma sociedade humana ou uma parceria
de ação. Para além dessa unidade de ação, porém, é necessário visualizar
Deus como uma realidade única que nos próprios atos pelos quais Ele se revela
na história, transcende os limites da nossa razão humana (Prescott, 17). Jamais
mentes humanas poderão alcançar o que a doutrina clássica sobre a Trindade
reivindica perceber, a descrição da estrutura interna da natureza de Deus.
Junto com toda a criação, cumpre-nos aceitar a unicidade de Deus pela fé (Tg
2:19).” (p. 248).
No livro A Conspiração Advenista,
reconheço que há uma dificuldade nessa citação, em saber se eles estão falando da doutrina ortodoxa da trindade ou de
sua doutrina trinitariana. Não há uma mudança de fluxo5,
nem alteração de parágrafo, por isso escrevi:
“Reitero que não está claro nessa
citação se a doutrina clássica da trindade é potencialmente triteísta ou se é a
respeito da doutrina deles que estão afirmando isso. Se estiverem falando de si
mesmos, então sabem o que estão dizendo! Agora, se é contra a doutrina
clássica, falam mais uma vez calúnias contra a herança histórica que o Espírito
Santo delegou aos santos de Deus, calúnia tal como seus os pioneiros
adventistas fizeram.”
Antes de encerrar, vejamos como os
cristãos entendem a essência divina. Com a palavra, novamente Louis Berkhof:
“Neste único Ser Divino Há três Pessoas ou subsistências individuais, o
Pai e o Filho e o Espírito Santo. Provam-no as várias passagens já citadas como válidas para
consubstanciar a doutrina da Trindade. Para indicar estas distinções da
Divindade, os escritores gregos geralmente empregavam o termo hypostasis, enquanto que os autores
latinos utilizavam o termo persona e,
às vezes, substancia. Como
aquele podia levar a mal-entendidos e este era ambíguo, os eruditos cunharam a
palavra subsistência. A
variedade dos termos empregados mostra que sempre se sentiu que são
inadequados. Geralmente se admite que a palavra “pessoa” é apenas uma expressão
imperfeita da idéia. Na linguagem comum ela designa um indivíduo racional e
moral separado, dotado de consciência própria, e consciente da sua identidade
em meio a todas as mudanças. A experiência ensina que onde temos uma pessoa,
temos também uma essência individual distinta. Toda pessoa é um indivíduo
distinto e separado, em quem a natureza é individualizada. Mas em Deus não há três indivíduos justapostos e separados uns dos
outros, mas somente auto-distinções pessoais dentro da essência divina, que é
não só genericamente, mas também numericamente, uma só. Consequentemente, muitos preferiram falar de
três hipóstases em Deus, três diferentes modos, não de manifestação, como
ensinava Sabélio, mas de existência ou de subsistência.” (Teologia Sistemática, p 83).
Alguns adventistas podem não gostar da
comparação. Mas, ainda que os desdobramentos tenham sido totalmente diferentes,
as bases iniciais são as mesmas da dos mórmons. Compare o que os apóstolos
mórmons ensinaram:
“O Pai tem um corpo de carne e ossos tão tangível como o do homem; o
Filho também; mas o Espírito Santo não tem um corpo de carne e ossos, mas é
um personagem de Espírito. Se assim não fora, o Espírito Santo não poderia
habitar em nós.” (Doutrinas e
Convênios, 130:22).
“Não podemos crer, por um momento
sequer, que Deus não possua um
corpo, partes, paixões ou
atributos.” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja, p.29).
CONCLUSÃO
O que é Deus?
A Confissão de Fé de Westminster explica
de maneira bíblica, clara e simples, reconhecendo a infindável grandeza do tema
e a nossa limitação:
“CAPÍTULO II:
DE DEUS E DA SANTÍSSIMA TRINDADE - I. Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é
infinito em seu ser e perfeições. Ele é
um espírito puríssimo, invisível, sem
corpo, membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, -
onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo
tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que
é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo,
muito bondoso e verdadeiro remunerador dos que o buscam e, contudo, justíssimo
e terrível em seus juízos, pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por
inocente o culpado.Deut. 6:4; I Cor. 8:4, 6; I Tess. 1:9; Jer. 10:10; Jó 11:79;
Jó 26:14; João 6:24; I Tim. 1:17; Deut. 4:15-16; Luc. 24:39; At. 14:11, 15;
Tiago 1:17; I Reis 8:27; Sal. 92:2; Sal. 145:3; Gen. 17:1; Rom. 16:27; Isa.
6:3; Sal. 115:3; Exo3:14; Ef. 1:11; Prov. 16:4; Rom. 11:36; Apoc. 4:11; I João
4:8; Exo. 36:6-7; Heb. 11:6; Nee. 9:32-33; Sal. 5:5-6; Naum 1:2-3.[...] III. Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e
eternidade - Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo, O Pai não é
de ninguém - não é nem gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente
procedente do Pai e do Filho.Mat. 3:16-17; 28-19; II Cor. 13:14; João 1:14,
18 e 15:26; Gal. 4:6.
Os
Adventistas usam recorrentemente as confissões reformadas, especialmente sua
parte da Lei, para que de alguma forma, distorcer a conclusão, e cair no
sábado. Com isso, sempre dizem que seguem a tradição protestante. Infelizmente,
porém, é só esse uso que sabem fazer dos documentos reformados. Se no assunto mais
importante, da Pessoa de Deus e de Sua natureza, eles ficassem com os fieis
cristãos ortodoxos, não teriam se afastado tão longe, aos pés de uma mística,
que sofria de moléstias mentais e espirituais, e assim, veriam a verdade (Jo
8.32).
“Amados, procurando eu escrever-vos com toda
a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e
exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” Judas 3.
***********************************
NOTAS
1. Esse mesmo escritor
escreveu uma obra em inglês intitulada As
Quatro Principais Seitas (1963), onde defende que o grupo é uma seita. No
mesmo verbete no livro citado acima, ele afirma categoricamente que: “[...] a doutrina da igreja remanescente,
que permanece como um ensino oficial adventista, parece tornar difícil, senão impossível, sua identificação com as
correntes evangélicas.” (Ibidem, p. 37 [grifo acrescentado]).
2. O autor das notas diz que o assunto
central para toda a polêmica nos burgos adventistas, com um teólogo adventista
que defendia uma postura de perfeição total na santidade. Já que Jesus tinha
natureza pecaminosa, e não pecou, os adventistas também poderiam viver próximo
disso. Assim, o tema era necessário para manter tal conceito fundamentalista
interno -“A Última Geração”. Veja o reconhecimento de manipulação do assunto: “[...]
é muito mais difícil justificar a apresentação e a manipulação de dados dos
delegados adventistas sobre a natureza humana de Cristo.” (p.14). “alguém pode apenas especular sobre o
diferente curso da história [...] se Froom e seus associados não tivessem sido
divisivos na sua manipulação das questões relacionadas à natureza
humana de Cristo [...]” (p. 21). George Knight após citar algumas
afirmações confusas de Ellen White a respeito da natureza pecaminosa de Cristo,
e compará-las ao que os autores de QSD disseram e apresentaram, ele afirma
honestamente: “Essas citações, como se poderia esperar, foram
deixadas de fora da compilação de Questões Sobre Doutrina.” (p.
438).
3. Pesando
essa informação de G. Knight, deve ser dito que muitos apologistas adventistas,
se defendem da responsabilidade da falsa profecia de 1844 de Guilherme Miller,
dizendo que eles só foram organizados em 1863. Se assim for, e se somente com a organização institucional de um grupo,
ele pode ser ou não responsabilizado doutrinariamente, o que dizer então de que
após a organização eles eram antitrinitarianos em sua maioria, e continuariam a
ser oficialmente por várias décadas?
4. “A maior
surpresa do meu ministério, entretanto, não ter de lidar com as zelosas
testemunhas de Jeová na questão da Trindade; é o fato de ter de enfrentar
essencialmente os mesmos argumentos antitrinitarianos provindo de companheiros
adventistas do sétimo dia. E tais argumentos estão sendo apresentados com uma
intensidade não muito inferior ao zelo dos representantes da Torre de Vigia.” (A Trindade, p.9). Mesmo na época do livro Questões Sobre Doutrina, isso não podia
ser tão exato assim, pois um dos autores do livro adventista A Trindade, na página 10 declara: “Eu havia ouvido falar de importantes professores e líderes denominacionais
que viveram na década de 1950 e 1960
e que sustentavam fortes posições antitrinitarianas.”
5. Basicamente, mesma citação é encontrada site Centro White: “Canale, 150, elabora: “Finalmente,
tendo-se afastado da concepção filosófica de Deus como atemporal e tendo aceito
a concepção histórica de Deus conforme apresentada na Bíblia, os adventistas
vêem a relação entre a Trindade imanente e moderada como uma de identidade em
vez de correspondência. As obras de salvação são produzidas no tempo e na
História pela Trindade imanente [Fritz Guy, “What the Trinity Means to Me,”
Adventist Review, 11 de setembro de 1986, 13] por meio de suas diferentes
Pessoas, concebidas como centros de percepção e ação. Conseqüentemente, a
indivisibilidade das obras de Deus na História não é concebida pelos
adventistas como sendo determinada pela unicidade da essência – conforme
ensinada na tradição clássica agostiniana – mas antes pela unicidade da tarefa
histórica da redenção [Raoul Dederen, “Reflections on the Doctrine of the
Trinity”, AUSS 8 (Primavera de 1970): 20]. O perigo de Triteísmo envolvido
neste ponto de vista torna-se real quando a unicidade é reduzida a uma mera
unidade concebida em analogia com uma sociedade humana ou uma comunhão de ação
ou atividade. Além de tal unidade de ação, porém, é necessário imaginar a Deus
como a única realidade que, nos próprios atos pelos quais Ele se revela
diretamente na História, transcende os limites de nossa razão humana [W. W.
Prescott, The Savior of the World (Takoma Park, MD: Review and Herald, 1929),
17]. De modo algum pode a mente humana atingir o que a doutrina clássica sobre
a Trindade alega perceber, ou seja, a descrição da estrutura interna da
natureza de Deus. Juntamente com toda a criação, devemos aceitar a unicidade de
Deus pela fé (Tg 2:19).”
“http://centrowhite.org.br/pesquisa/artigos/ellen-g-white-e-a-compreensao-da-trindade/#texto-rodape-91