No segundo capítulo do livro “O Desafio da Torre”, temos um golpe
frontal a uma pretensão do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová. A
reivindicação de serem eles, um ‘único canal de comunicação de Deus’. Esse
canal, porém, não é no sentido que lemos no campo teológico. De que a Igreja é
o povo de Deus, que ele usa para comunicar Sua vontade aos homens. A maneira
que o ensino TJ assevera, é exclusivista e misticamente denominacional.
Azenilto demonstra isso em algumas citações das publicações da Torre de Vigia. E depois, apresenta uma lista definitivamente
destruidora para essa afirmativa auto exclusiva da liderança TJ. O autor
adventista de O Desafio da Torre das
páginas 29 a 35 nos brinda com uma lista de cinquenta (isto mesmo que você leu)
cinquenta [50], previsões e mudanças proféticas no esquema de interpretações da
Torre de Vigia, que faz com que apresentação como a seguinte, torne-se quase que
uma anedota, se não fosse trágico:
“Jeová não
permite que sua organização [a Torre de Vigia e seus súditos] vá em qualquer
direção que esteja inclinada a ir.” (Organizados, p. 9).
Acabou indo dezenas de vezes...
Depois da lista, Azenilto concluí
corretamente:
“Apesar disso tudo, a Sociedade Torre de
Vigia e Tratados reivindica ser uma entidade teocrática, ou seja – diretamente
dirigida por Deus, representados o “carro antítipico de Jeová” (Ezequiel 1), o
servos ao qual o Senhor confiou os Seus bens (Mateus 24.45-47), o Israel
espiritual, o exclusivo canal para a transmissão da verdade divina, etc. Seus
livros são referidos como instrumentos de advertência de desmascaramentos dos
erros e hipocrisia da cristandade...” (O Desafio da Torre de Vigia, p. 36[grifo
meu]).
Quais justificativas as Testemunhas
de Jeová ‘recebem’ do Corpo
Governante a respeito desses fracassos?
1. Que eles não são inspirados e podem cometer erros: “As Testemunhas de Jeová não professam ser
profetas inspirados. Cometeram erros.” (Raciocínios, p. 162)
2. Que a luz da verdade brilha mais e mais: “A Bíblia mostra que Jeová habilita Seus
servos a entender Seu propósito de maneira progressiva (Pv 4:18; João 16:12).”
(Raciocínios, p. 390).
3. Os servos de Deus na Bíblia também cometeram erros de interpretação: “Como no caso dos apóstolos de Jesus Cristo, tiveram
às vezes expectativas erradas. – Luc 19:11; Atos 1:6.” (Raciocínios,
p. 162).
Agora, vamos aos fatos adventistas em comparação ao que foi dito no livro
de Azenilto Brito...
A história nos revela que um americano,
Guilherme Miller [e seus amigos], calculou a volta de Cristo para março de
1843. Depois, para março de 1844, depois para outubro de 1844. Todos,
obviamente, fracassados. Tanto, que os apologistas adventistas, acusam
(querendo justificar a IASD) Miller e seus companheiros disso:
“Ellen White, assim como os demais
adventistas, nunca marcaram datas para a volta de Jesus. Quem se aventurou
nisso foram os mileritas (seguidores de
Guilherme Miller), observadores do domingo e que pertenciam a várias
denominações evangélicas da época: Batista da Comunhão Restrita, Batista da
Comunhão Livre, Batista Calvinista, Batista Arminiana, Metodista Episcopal,
Metodista Evangélica, Metodista Wesleyana, Metodista Primitiva, Congregacional,
Luterana, Presbiteriana, Protestante Episcopal, Reformada Alemã, etc. Poderíamos dizer que esses sim eram
“profissionais” na “arte” de marcar datas. Não negamos nossa origem
milerita, mas jamais iremos aceitar que como movimento organizado os
Adventistas do Sétimo Dia marcaram datas para a o retorno glorioso do Salvador.”
(http://novotempo.com/namiradaverdade/ellen-g-white-%E2%80%93-a-profetisa-que-nao-falhou-parte-3/)
Porém, o que pensava Ellen White, a
profetisa inspirada (de Leandro Quadros, o autor das palavras acima,
bem como de Azenilto Brito), a respeito do movimento do advento e do próprio G.
Miller? Veja alguns exemplos:
[...]
multidões se convenceram da exatidão dos princípios de interpretação profética
adotados por Miller e seus companheiros, e maravilhoso impulso foi dado ao
movimento do advento.” (Grande Conflito, p. 335).
“Os que se
ocupam de proclamar a terceira mensagem angélica pesquisam as Escrituras seguindo
o mesmo plano que o pai Miller adotava.” (Reviewand Herald, 25/11/1884. Citado
em Tratado de Teologia Adventista do
Sétimo Dia, p. 111.).
Reproduzo aqui, uma parte do meu
livro A Conspiração Adventista,
páginas 52 a 55:
“Ellen
White disse que Miller “[...] deixou de
lado as opiniões preconcebidas, dispensou comentários e usou apenas as
concordâncias das referências bíblicas”78. [...] Além disso, Ellen White diz que “anjos estavam guiando a compreensão de Miller”79. Observe que foi o
entendimento de Miller que estava sendo orientado por anjos. Ellen White
reveste Guilherme Miller de autoridade profética dizendo: “Assim como Eliseu foi chamado [...] também Guilherme Miller foi
chamado para deixar o arado e desvendar ao povo os mistérios do reino de Deus”80. A comparação é presunçosa,
dificilmente Miller teria tal concepção de si mesmo, mas o que revelou a
sequência dos fatos faz com que essa declaração de Ellen White seja vazia e
indigna de credibilidade. Um pouco de leitura da história (bíblica) de Eliseu e
a de Guilherme Miller os afasta de qualquer comparação, a não ser que a profetisa queira conceder autoridade divina ao
idealizador de sua principal doutrina. Depois ela afirma que “em quase todos os lugares que Miller pregava
resultava em avivamento”81. Ellen
White, nesse trecho, afirma que Miller também era um avivalista! Um
acontecimento natural foi combustível para que a mensagem de Miller sobre 1844
fosse aceita. Uma chuva de meteoros em proporções alarmantes foi vista nos EUA,
então de forma alvoroçada, associaram aquele evento com Mateus 24:29 e
Apocalipse 6:13. Ellen White afirmou: “[...]
apareceu o último dos sinais que foram prometidos pelo Salvador como indícios
de Seu segundo advento” 82
Às vezes alguns acontecimentos têm chamado a atenção de cristãos para a
proximidade da vinda do Senhor Jesus. Isso aconteceu com o tsunami e,
atualmente, com o aquecimento global (compare com Lucas 21:25). Mas a
insistência inadequada com certos acontecimentos, com o intuito de promover a
autenticação de um movimento religioso, leva a erros que dificilmente são
abandonados, pois parece mais importante a autenticação do grupo do que aceitar
que houve algum erro, e corrigi-lo de acordo com a verdade83. Se o acontecimento fosse o
real cumprimento de Mateus 24:29, a vinda de Cristo se daria logo em seguida, pois a passagem diz
assim: “...as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão
abalados. (30) Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem...”. O
termo ‘então’, no original grego é um “[...]
advérbio demonstrativo de tempo, denota ‘nesse ou naquele momento’[...]”84, portanto, a interpretação
de Ellen White é órfã, também, de apoio linguístico. Obviamente, a natureza
escatológica do grupo pode dizer muito mais coisas para o ‘então’ (caso seja
preterista, futurista, idealista ou historicista). Mas, o movimento Adventista, nos dias de Miller, esperava a vinda
literal de Cristo em 1844. Não há como usar um processo de magnitude
profética, de longa extensão, para creditar desculpas ao pensamento de Ellen
White, sendo que ela aplicou tais textos bíblicos a esse acontecimento. Ellen
White, nesse trecho, afirma que Miller também era um avivalista!” [Notas: 79. O Grande Conflito, p.320. 80.
Ibidem, p.330. 81. Ibidem, p.331. 82. Ibidem, p.332. 83. Antony Hoekema. A
Bíblia e o Futuro, p.177,178. Editora Cultura Cristã. 84. W. E. Vine.
Dicionário Vine, p. 596.]
Se a proposta do autor de O Desafio da Torre de Vigia é questionar
as reivindicações proféticas do Corpo Governante, baseado no que revelaram os
fatos a respeito das previsões deles, o que dizer a respeito de Miller e seus cálculos,
tendo em vista as opiniões divergentes acima? Ele foi ou não usado por
Deus para anunciar a vinda literal de Cristo em 22 de outubro de 1844, e em
outras datas? Se os fatos colocam em xeque as pretensões proféticas da
Liderança TJ, não temos também as mesmas provas para considerar a
opinião de Ellen White a respeito de Miller uma fantasia de uma mente
sonhadora?
Deixo os leitores fazerem o
julgamento usando os princípios que nosso cavaleiro Azenilto Brito escreveu...
Outra objeção interessante em O Desafio da Torre de Vigia é o
argumento do autor na página 36 a respeito da justificativa da Torre baseada em
Provérbios 4.18. Ele escreveu:
“Basta ler o contexto de Prov. 4:18 para
perceber que o assunto não é progresso de conhecimento e aprimoramento
doutrinário de entidades religiosas, mas o despertar do indivíduo para a
vida adulta [...]” (O Desafio da Torre, p.36 [grifo meu]).
Curiosamente, o famoso e polêmico
livro adventista, Questões Sobre Doutrina,
cita o texto de Provérbios 4.18 na percepção jeovista, e não de Azenilto Brito,
veja:
“Os adventistas do sétimo dia crêem que o
conhecimento humano da verdade divina é progressivo: “A vereda aos justos é
como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” (Pv
4.18). Certamente devíamos saber mais sobre a vontade e o propósito de Deus
do que os justos de épocas passadas, e no futuro devemos, justificadamente,
esperar maior desdobramento da verdade bíblica.” (p. 34[grifo meu]).
Pelo jeito, os autores de Questões não leram o contexto de Pv
4.18, segundo Brito, e incluiu os “adventistas do sétimo dia” como a “entidade
religiosa” que muda posições doutrinárias. Para rejeitar categoricamente a
posição da Torre de Vigia, Azenilto Brito não vê nenhuma possibilidade de Pv
4.18 ter alguma implicação no progresso do conhecimento da verdade por parte de
grupos religiosos – excluindo assim os autores de Questões... mas que escritor
tem mais autoridade e representação na IASD - Azenilto Brito ou os escritores
de Questões Sobre Doutrina?
Pode ser que as Testemunhas de
Jeová tenham mais apoio em sua interpretação de Pv 4.18 entre os Adventistas do
que o próprio Azenilto Brito!!!
Na próxima postagem ainda
continuarei no desenvolvimento dessa parte 4, pois trataremos de erros de Ellen
White e das explicações dadas, e se coadunam com o que as Testemunhas de Jeová
pensam, ou se o autor de O Desafio da
Torre está também comprometido.
Deus nos fortaleça na verdade (Jo
8.32).