domingo, 31 de agosto de 2014

Material Presbiteriano para Escola Dominical: Doutrinas Bíblicas - Aula 1: O que é doutrina?

           Introdução

1) O termo “doutrina” tem um sentido amplo e uma específico. O sentido amplo é que doutrina significa simplesmente um “ensino”1. Todo processo de ensino, é um processo de doutrinação. Acontece que pensamos mais no ensino como meios pedagógicos do que propriamente no conteúdo do ensino, o que é a doutrina propriamente dita. Mas esse termo recebe forte definição estrita no campo da fé. Doutrina tem têm sua identificação com o padrão de identidade que certo segmento religioso defende. Pode assim significar tanto o ato de ensinar os dogmas, ou a identidade doutrinária, bem como o ensino dado como exercício. As pessoas admiravam doutrina de Jesus (Mt 7.28).

2) O termo “dogma”, é uma doutrina baseada em alguma autoridade reconhecida2. Está relacionado com uma doutrina que ultrapassa o tempo e as barreiras denominacionais pela causa do cristianismo histórico. A importância do dogma é fundamental para uma rápida identificação do que a pessoa crê em relação a assuntos essenciais. Podemos dizer que a doutrina da Trindade, as duas naturezas de Cristo, seu nascimento virginal, a Bíblia como Palavra de Deus, são dogmas do cristianismo como um todo. E podemos incluir que a salvação pela graça por meio da fé é de fato um dogma protestante.

3) No contexto do Presbiterianismo, o leque doutrinário é amplo, e esse é o escopo deste estudo. Vamos mencionar os ‘documentos’ que mostram as doutrinas que os presbiterianos devem crer, para que possam ser considerados realmente presbiterianos3. Sabemos que a Bíblia é a única fonte da fé presbiteriana, os tais documentos, sintetizam e/ou sistematizam as crenças que estão espalhadas pelas Escrituras Sagradas. Na herança cristã, temos os Credos – Apostólico, Nice-Constantinopolitano, Atanasiano e de Calcedônia. Tais credos expressão ensinos relacionados à Divindade Bíblica.

4) Como protestantes reafirmamos a máxima dos cinco Solas (ou somente) – Somente a Escritura, Somente a Fé, Somente Cristo, Somente a Graça, a Glória Somente a Deus. Embora não exista um documento assim codificado, é um consenso universal do protestantismo. E por último, temos como uma sistematização, as doutrinas Reformadas nos documentos de Westminster – Confissão de Fé, Catecismo Maior e o Breve Catecismo. Existem outros documentos reformados, mas a Igreja Presbiteriana do Brasil desde seu início adotou os documentos doutrinários de Westminster.

5) O estudo doutrinário é importante pois ele possui algumas características interessantes. Primeiro, ele é temático. O tema específico faz com que você identifique rapidamente o que quer saber e o que deve crer a respeito do assunto questionado. Por exemplo, o que acontece conosco na morte (Lc 16.19-31)? Como será o juízo final (Ap 20.11-15)? Qual é o significado dos sacramentos (Mt 28.19,20)? Em segundo lugar é mais prático para evangelização. Os assuntos geralmente são reunidos debaixo de temas específicos, e as pessoas geralmente pensam nesses assuntos (Jo 4.19-24). As pessoas estão preocupadas com assuntos diversos da vida, e tais assuntos sempre estão relacionados com alguma doutrina bíblica. Especialmente a doutrina do pecado responde muitas questões que hoje atormenta a vida das pessoas (Rm 3.23). Em terceiro lugar, o conhecimento das doutrinas faz você conhecer várias passagens bíblicas a respeito do assunto específico e como se expressar de maneira que leve em consideração as realidades doutrinárias na maioria dos versículos.

6) Existe uma quarta razão de conhecer as doutrinas. Visto que as crenças protestantes são geralmente atacadas por hereges das seitas ‘cristãs’, que vivem à espreita das igrejas cristãs para destruir a fé dos cristãos, caluniando a Igreja, e dando informações distorcidas a respeito das nossas crenças (I Jo 4.1). Além dessa ameaça, temos também a ameaça ateísta, que procura sempre colocar as doutrinas cristãs sob o ataque da ridicularização, na mídia, nas universidades, etc. Por isso, é necessário conhecer bem as doutrinas cristãs para que não caiamos nos laços desses ataques, tenhamos conhecimento para a causa apologética (defensa). A Palavra de Deus diz que devemos estar sempre prontos para responder a cada um que questionar a nossa fé, a nossa esperança (II Pe 3.15,16).

Doutrinas

7) Depois da introdução acima, podemos perguntar: quais doutrinas devemos estudar? Na verdade, existem doutrinas mais importantes que outras, pelo menos em um sentido, porém, todas são necessárias para um desenvolvimento sadio e pleno. Uma pessoa pode viver se alimentando apenas de alguns tipos de alimentos? Não, obviamente se ele quer ter uma vida desenvolvida e saudável, será necessário ter uma nutrição equilibrada. Jesus comparou a Palavra de Deus e a obra de evangelização como alimento (Mt 4.4; Jo 4.31-38). Assim, devemos nos alimentar de todas as doutrinas bíblicas.

8) Já que nossas doutrinas são variadas e bem mais amplas que as vezes imaginamos, vamos então ordenar as doutrinas relacionadas com os seguintes assunto: I. A Bíblia, II. Deus, III. Salvação, IV. Vida Cristã e V. Igreja. Acredito que todas as doutrinas cristãs estão dentro desses tópicos. E cada um desses tópicos pode ser desenrolado para temas ligados a ele mesmo. Por exemplo, onde encontraríamos nesses tópicos o assunto “volta de Cristo”? Em salvação, visto que é a faceta final da soteriologia é a glorificação.

9) Qual deve ser a nossa disposição em aprender e em ensinar? Várias pessoas cansam da Escola Dominical, pois os professores não estão preocupados em ensinar com “esmero”(Rm 12.7) e os alunos não estão preocupados em ouvir como quem ouve “o Espírito”(Ap 2.29). Precisa haver cooperação mútua. Os professores devem investir em melhorar seu ensino por se prepararem e por aprenderem a ensinar. Geralmente os professores se esquecem disso, mas uma prova de que está ensinando bem é se os alunos estão entendendo e produzindo frutos em direção ao que foi proposto no estudo. Os alunos, por sua vez, não se envolvem com a matéria de forma antecipada, ou mesmo posteriormente. Pouca importância é dada. Mas esses fatos negativos que são generalizados podem ser superados. Vejamos algumas sugestões que o Catecismo Maior de Westminster4 dá para os que pregam a Palavra, o que por extensão, podemos ver que se aplicam a todos quanto Deus chamou na Igreja para ensinar.

10) A Pergunta 157 pode ajudar a todos, os ensinam e os que aprendem nas programações de ensino da Igreja de Deus: 157. Como a Palavra de Deus deve ser lida? As Santas Escrituras devem ser lidas com um alto e reverente respeito; com firme persuasão de serem elas a própria Palavra de Deus e de que somente Ele pode habilitar-nos a entendê-las; com desejo de conhecer, crer e obedecer à vontade de Deus nelas revelada; com diligência e atenção ao seu conteúdo e propósito; com meditação, aplicação, abnegação e oração. Dt 11:13,14; Sl 1:2;119:18,97; II Cr 34:21; Ne 8:5; Is 66:2; Pv 3:5; Mt 13:23; Mc 4:20; Lc 22:44-48;24:45; At 2:38,39;8:30,34;17:11; I Ts 2:13; II Pe 1:16-21;2:2; Gl 1:15,16;Tg 1:21,22.”

11) Pergunta 159 está direcionada para os que ensinam (especialmente os que pregam) a Palavra de Deus: 159. Como a Palavra de Deus deve ser pregada por aqueles que para isto são chamados? Aqueles que são chamados a trabalhar no ministério da Palavra devem pregar a sã doutrina, diligentemente, em tempo e fora de tempo, claramente, não em palavras persuasivas de humana sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder; fielmente, tornando conhecido todo o conselho de Deus; sabiamente, adaptando-se às necessidades e às capacidades dos ouvintes; zelosamente, com amor fervoroso para com Deus e para com as almas de seu povo; sinceramente, tendo por alvo a glória de Deus e procurando converter, edificar e salvar as almas. Jr 23:28; Lc 12:42; Jo 7:18; At 18:25;20:27;26:16-18; I Tm 4:16; II Tm 2:10,15;4:2,5; I Co 2:4,17;3:2;4:1,2;9:19-22;14:9;II Co 4:2;5:13,14;12:15,19; Cl 1:28; Ef 4:12; I Ts 2:4-7;3:12; Fp 1:15-17; Tt 2:1,7,8; Hb 5:12-14.”

12) Pergunta 169 auxilia-nos a receber a Palavra com um coração temente e frutífero: “160. Que se exige dos que ouvem a Palavra pregada? Exige-se dos que ouvem a Palavra pregada que atendam a ela com diligência, preparação e oração; que comparem com as Escrituras aquilo que ouvem; que recebam a verdade com fé, amor, mansidão e prontidão de espírito, como a Palavra de Deus; que meditem nela e conversem a seu respeito uns com os outros; que a escondam nos seus corações e produzam os devidos frutos em suas vidas. Dt 6:6,7;Sl 84:1,2,4;119:11,18; Lc 8:18; I Pe 2:1,2; Ef 6:17,18; At 17:11; Hb 2:1;4:12; Tg 1:21.”

13) Oremos uns pelos outros. Os professores devem orar pelos seus alunos e os alunos devem orar por seus professores. É a palavra de Deus que está sendo explanada e somente Ele tem o direito e poder de fazer com que ela seja aplicada em nossa alma. Invista. Hoje temos muitos recursos para melhorar nosso aprendizado e nosso ensino. Alguns livros, leituras e cursos, podem aprimorar nossa qualidade de ensino.* Ensine e aprenda as doutrinas bíblicas de uma forma que glorifique a Deus.

Perguntas para reflexão:

1.   Qual é o sentido da palavra doutrina e qual seu significado no contexto religioso?

2.      O que é um “Dogma”? Dê exemplos.


3.      A Bíblia é o único texto inspirado por Deus. Qual o valor então dos Credos e/ou das Confissões?


4.      A Fé Presbiteriana está baseada em qual documento doutrinário?


5.      Que razões são apresentadas como utilidade das Confissões e dos Credos?


6.      A quarta razão pode ser chamada de razão  ....................................................


7.      É um fato que existem doutrinas mais importantes que outras. Mas isso não significa o quê?


8.      Agrupamos as doutrinas que estudaremos em cinco tópicos principais. Poderia decorá-los?


9.      A falta de interesse pela Escola Dominical, em muitos casos, deve ser considerada culpa de quem? Como tentar resolver essa situação?


10.   Destaque o que as sugestões extraídas do Catecismo Maior de Westminster ensinam para todos nós?


11.   O que se espera de quem ensina? O que isso exigirá dele?


12.  Devemos ouvir de que maneira? Como nos afetará?


13.  O que principalmente devemos fazer e geralmente nos esquecemos em relação aos professores e alunos da EBD?

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Notas
1. A História das Doutrinas Cristãs, Louis Berkhof. Editora Os Puritanos. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Myer Pearlman. Editora Vida, p. 16. Dicionário Vine, CPAD, p. 579.
2. Novo Dicionário de Teologia, Editora Hagnos, p. 308.
3. Para uma explanação da história dos dogmas e dos símbolos de fé, o limite e os objetivos dos mesmos, veja em Eu Creio,  - No Pai, Filho e Espírito Santo, Hermistein Maia P. da Costa, Edições Parakletos, p. 29-76.
4. As citações do Catecismo foram extraídas do site: www.monergismo.com

* Ensinando Para Transformar Vidas, Ed. Betânia é um livro bem prático para ajudar o professor. Um livro que causa impacto em repensar maneira de ensinar é Pregação Indutiva, Ed. Cultura Cristã.

domingo, 24 de agosto de 2014

Na Mira da Verdade: Pedantismo e confusão dos apologistas Adventistas

Qualquer pessoa que se arriscar criticar o Adventismo provará a oposição de um discurso amargo, depreciador, muito comum entre seus apologistas. Dizem eles que as suas obras oficiais, autorizadas, a versão dos fatos, NUNCA é citada de forma verdadeira, ou que os ‘detratores’ são “desinformados” e desconhecem essas obras. Acusam de ignorantes e desonestos todos os que questionam suas doutrinas ou que duvidam da procedência ortodoxa do adventismo. Um espírito interno de ‘coitadismo’, ‘vitimismo’, autocomiseração, síndrome de perseguição, conduz a mentalidade adventista a acreditar que sempre há uma trama maquiavélica por detrás de toda crítica contra o Adventismo (sentimentos semelhantes entre Mórmons e Testemunhas de Jeová). Isso acaba se desdobrando em afirmações de defesas que visam à desqualificação em ridicularizar todo crítico, e de uma forma inevitável, resulta logrando êxito entre os seguidores da seita Adventista.

Algo muito estranho é dizer que se alguém quer saber sobre a Igreja Adventista deve consultar apenas os próprios representantes oficiais, e/ou a TV Novo Tempo. Isso não é verdade. Quanto a colher informações, e na maioria dos casos isso tem acontecido, não se pode misturar as informações que os tais dão e o direito de julgamento, e investigação posterior, que os protestantes ortodoxos que recebem tais informações podem desferir. Pergunte a um pastor Adventista: a IASD é uma seita? – pensa-se que já que os tais dizem que “não”, logo, é assim que as coisas devem ser julgadas. Uma posição infantil demais para ser levada a sério.

Não raro, os apologistas adventistas, citam Walter Martin como um exemplo a ser imitado. De alguém que pesquisou na fonte e tirou conclusões embasadas, por isso, dizem os expoentes do Adventismo, ele chegou à conclusão que a Igreja Adventista do Sétimo Dia NÃO É uma seita, como são os Mórmons e Testemunhas de Jeová.

Porém, se você ler o livro e as notas de George Knight em Questões sobre Doutrina (QSD), livro que é o resultado da dessa conversa entre evangélicos ortodoxos e representantes adventistas [livro muito recomendado por Leandro Quadros do programa Na Mira Da Verdade, da TV Novo Tempo], você perceberá que distorção e desinformação é encontrada nesse livro – além de ser uma conversa dúbia, ‘dado com uma mão e pegando com a outra’, como alerta J. K. Baalen. O autor das notas de Questões Sobre Doutrinas reconhece honestamente, em momentos pontuais, que os representantes Adventistas, omitiram e manipularam informações para temas específicos. Obvio que com isso, Walter Martin, e seu companheiro Donald G. Barnhouse, foram mal assessorados, além de, é claro, não darem um julgamento justo às questões de importância.

Na página 14 do QSD, lemos que diante de forte oposição que o livro recebeu dentro do arraial adventista, os autores do livro disseram que a maneira com que falaram foi sob pressão, o que causou algum desconforto: “Se você conhecesse as raízes, as atitudes e o contexto de tudo isso, compreenderia a razão pela qual afirmamos essas coisas da forma como fizemos.” E o autor das notas e da introdução histórica, diz que os representantes adventistas “estavam lidando com alguns líderes fundamentalistas claramente preconceituosos e agressivos.” Ou seja, diante de Barnhouse e Martin, os representantes Adventistas minimizaram as tensões por ceder com uma linguagem dissimulada, pois “Questões Sobre Doutrina foi uma clara e vigorosa reafirmação da teologia tradicional adventista, embora em alguns casos com uma nova terminologia.” (p.27)

Os dois assuntos mais problemáticos no QSD são pelo autor das notas são a natureza pecaminosa de Cristo, e a arianismo em peso na liderança da igreja ‘Remanescente’, em seu período pioneiro. A respeito dos dois assuntos, o historiador George Knight afirma que os representantes adventistas não foram honestos para com os representantes adventistas. Embora o livro foi polido e dúbio em outros pontos importantes também, vejamos apenas esses dois aspectos agora

I. Jesus tinha ou não natureza pecaminosa?

O autor das notas diz que esse foi o assunto central para toda a polêmica nos burgos adventistas, com um teólogo adventista que defendia uma postura de perfeição total na santidade. Já que Jesus tinha natureza pecaminosa, e não pecou, os adventistas também poderiam viver próximo disso. Assim, o tema era necessário para manter tal conceito fundamentalista interno -“A Última Geração”. Veja o reconhecimento de manipulação do assunto:

“[...] é muito mais difícil justificar a apresentação e a manipulação de dados dos delegados adventistas sobre a natureza humana de Cristo.” (p.14).

“alguém pode apenas especular sobre o diferente curso da história [...] se Froom e seus associados não tivessem sido divisivos na sua manipulação das questões relacionadas à natureza humana de Cristo [...]” (p. 21).

George Knight após citar algumas afirmações confusas de Ellen White a respeito da natureza pecaminosa de Cristo, e compará-las ao que os autores de QSD disseram e apresentaram, ele afirma honestamente: “Essas citações, como se poderia esperar, foram deixadas de fora da compilação de Questões Sobre Doutrina.” (p. 438).

II. Arianismo e Trinitarianismo

Antes de ver as notas a respeito do assunto, veja um exemplo de informação limitada dada aos evangélicos ali, a relação do Adventismo daqueles dias com os erros dos adventistas pioneiros do passado. Os autores de QSD escreveram:

“Alguns continuam extrair citações extraídas de nossas publicações mais antigas, há muito obsoletas, e que não mais são impressas. Citam-na determinadas declarações, frequentemente torcidas e descoladas do contexto, de modo a darem uma descrição totalmente desvirtuada das crenças e ensinos que a Igreja Adventista do Sétimo Dia hoje sustenta.” (p. 58).

Eles se engaram e enganaram a Martin. Ellen White MANDOU imprimir os antigos livros para que os pioneiros falassem! Tanto que hoje existe no site Centro White disponível uma série intitulada “Eco dos Pioneiros”, em obediência ao que ordenou a Papisa White. Veja isso:

“Quando o homem vier mover um alfinete do nosso fundamento o qual Deus estabeleceu pelo seu Santo Espírito, deixem os homens de idade que foram os pioneiros no nosso trabalho falar abertamente, e os que estiverem mortos falem também, reimprimindo os seus artigos das nossas revistas. Juntemos os raios da divina luz que Deus tem dado, e como Ele guiou seu povo, passo a passo no caminho da verdade. Esta verdade permanecerá pelo teste do tempo e da experiência.” (www.adventistas.com/dezembro2005/diagnostico_iasd.htm (24 de Maio de 1905 - Manuscript Release Vol. 1 pág. 55.).

Assim, ela não reprovaria o uso e autoridade dos pioneiros falar, pois eles não estariam, pelo menos para ela, tão obsoletos assim. Obviamente, o pensamento dela em relação à ‘trindade’ não era alinhado com os pioneiros, mas também não tão distante, haja vista o montante todo de seus escritos, e comunhão com os tais. Seu próprio filho não sabia o que sua mãe pensava em relação a personalidade do Espírito.

É verdade que o pensamento dos autores de QSD (em 1950) não era o mesmo em relação aos pioneiros Adventistas a respeito da ‘trindade’, porém, também É verdade que o pensamento neo-trinitário da denominação ASD não é mesmo em relação aos credos ortodoxos. O livro afirma algo que agora se tornou enganoso. Na página 50 diz que os adventistas possuem “harmonia com os cristãos credos protestantes históricosem assuntos como a Trindade. Mas hoje, sabemos que isso é negado. O Adventismo de HOJE, [após 1980?] nega a trindade dos credos. Já provamos isso diversas vezes aqui no Blog, e em breve postaremos um estudo completo e histórico no site A Conspiração Adventista.

O famosos apologista adventista Leandro Quadros disse isso, provavelmente ele não fazia ideia de que revelaria ali esse problema para nós, ao questionar minha palestra no JMC, escreveu: “Eles [os pioneiros] rejeitavam veementemente (mesmo sem ter a plena compreensão da doutrina) era a doutrina da Trindade como apresentada pelos credos cristãos da época, especialmente um credo Metodista de 1856, que dizia o seguinte: “[...] existe um único Deus vivo e verdadeiro, sempiterno, sem corpo ou partes [...]” (Citado em A Trindade…, p. 234). (http://novotempo.com/namiradaverdade/o-sentimento-antiadventismo-e-a-imprecisao-academica/)

Se isso já estava maduro no pensamento dos representantes adventistas e autores do QSD, eles apenas manipularam, mas se ainda estavam formalizando a ‘divindade’, não tinham condições alguma de afirmarem nada nessa areia movediça das tradições místicas de Ellen White.

A nota 11 da página 69 é assustadora:

“A declaração mais problemática nessa seção é [...] “nosso povo sempre creu na divindade e preexistência de Cristo”. Enquanto é verdade que os primeiros adventistas criam em alguma forma de preexistência de Cristo, também é verdade que muitos deles acreditavam que Ele não possuía eternidade no passado, e uns poucos, como Uriah Smith, criam que Cristo era um ser criado. Assim, muitos adventistas antes da década de 1890 eram antitrinitarianos e semi-arianos. Isto é, eram opostos à doutrina da Trindade e à plena divindade de Cristo [...] a declaração feita na página 46 da edição original de Questões Sobre Doutrina de que os “adventistas do sétimo dia têm sido frequentemente mal-entendidos quanto à sua crença relativa à divindade de Cristo e à natureza da Divindade” é falsa no sentido histórico. A verdade é que muitos dos primeiros adventistas não eram ortodoxos quanto à Divindade. Tiago White, José Bates, J. N. Andrews, Uriah Smith, Ellet. J. Waggoner e outros líderes estavam entre esse número. A posição deles era bem conhecida na maior parte da comunidade protestante. Dessa maneira, poderia ser argumentado que a denominação havia sido compreendida em vez de mal-interpretada nessas discussões em relação à Trindade.”

Depois G. Knight mostra duas vertentes para o caso – ou os delegados adventistas não sabiam desses fatos, ou eles sabiam e omitiram. Qualquer que seja o fato, a recomendação do livro Questões Sobre Doutrina, é perigosa, pois seus autores eram DESINFORMADOS, DETRATORES E NÃO LIAM AS “FONTES PRIMÁRIAS”.

III. Outras Questões

Também, houve a manipulação de afirmações em assuntos não tão essenciais, mas que prova distorção (por ignorância ou não). Na página 50,51 ao mostrar pontos em que os adventistas estão em concordância com os “credos protestantes históricos” citam 19 tópicos. O 11º afirma que creem no advento antes do milênio. Como foi apontado a mim por um amigo, qual credo protestante histórico é prémilenista? Depois, sobre as doutrinas distintivas, na página 52 não citou que a crença no milênio da Papisa Ellen White é TOTALMENTE diferente de qualquer crença protestante/evangélica atual. Quem crê em um milênio onde o diabo ficará aqui na Terra sozinho por mil anos???

Outro tema que recebeu uma nota desfavorável foi o debate arminiano/calvinista entre o Adventismo. Os autores de QSD disseram que “A Igreja Adventista do Sétimo Dia não é calvinista nem totalmente arminiana em sua teologia”. O autor das notas escreveu que é “difícil compreender o que se quer dizer ao afirmar” isso acima.

CONCLUSÃO


Percebemos que o pedantismo apresentado por apologistas adventistas só tem complicado a eles mesmos. Os apologistas adventistas demonstram ter sabedoria, por desqualificarem a todos, mas o que notamos é que estão em um pântano de confusão doutrinária por estarem afastados da ortodoxia. Seria melhor, já que não sabemos se querem ou não isso, abandonarem as crenças distintivas adventistas e se tornarem protestantes logo. Assim estariam embasados em uma tradição cristã “Ortodoxa” de verdade, sob a Voz do Espírito Santo na Escritura (Jo 16.13; II Tm 3.15-17), e não sobre as estranhas visões interpretativas de uma pessoa que sofria moléstias mentais. 

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Qual o sentido de Daniel 8.14? Ao apresentador do Bíblia Fácil/TV Novo Tempo

INTRODUÇÃO
O programa Bíblia Fácil da TV Novo Tempo, vez por outra volta com seus assuntos “proféticos” *AQUI*. O apresentador disse em um programa, que Daniel 8.14 é a maior profecia da Bíblia[!!!]. E obviamente, seu esforço é, e sempre será mostrar que Daniel 8.14 é um texto que confirma a doutrina do Santuário de 1844 (Crença Fundamental 24), uma doutrina exclusivamente Adventista. Mais especificamente das visões de H. Edson e de Ellen White, sendo esta última, segundo o apresentador do Bíblia Fácil “a única chamada por Deus” para ser profetisa na IASD. Apesar de ser uma fraude doutrinária e profética, a explicação do apresentador é bem didática e eficaz, para seus interesses.

UM BREVE PANO DE FUNDO HISTÓRICO
Segundo relata a história, um fazendeiro americano de nome Guilherme Miller, pegou a Bíblia, leu Daniel 8.14, fez suas ponderações e chegou à conclusão que Jesus voltaria em março de 1843. Depois mudou para março de 1844, e por fim, com a influência de um amigo, Samuel Snow, obteve certeza que seus cálculos estavam errados em poucos meses, a data do retorno de Cristo seria em 22 de outubro de 1844.

O diabo cegou Miller, a ponto de ele nem mesmo se dar conta de textos como Mateus 24.36 e Atos 1.7, uma mulher que é aclamada como uma constante ‘fonte de verdade’ da igreja verdadeira no tempo do fim, a senhora Ellen White, chegou a dizer a respeito de Miller “Anjos celestiais estavam a guiar-lhe o espírito e a abrir as Escrituras à sua compreensão.” (O Grande Conflito, p. 321).

O dia 22 de outubro de 1844 passou, causando uma das maiores vergonhas proféticas que o mundo já conheceu. Sim, a pobre jovenzinha Ellen White também falhou e foi enganada em esperar isso, tinha apenas 17 anos na época. Mas disse também posteriormente que Miller era orientado por anjos. Naquela época ela já sofria convulsões visionárias – bem típico do que ocorre hoje nos meios pentecostais (não todos), com seus possíveis distúrbios mentais. Caia ao chão, ficava falando glórias sem parar, com olhar fixo no ar, andando de forma profética... enfim, toda a histeria que conhecemos hoje.

Como o orgulho é uma arma diabólica para nos manter em erros, ela não seguiu Miller com suas conclusões posteriores. Visto que o mesmo chegou a dizer que foi um erro e qualquer tentativa de reinterpretar o fato seria mais um erro. Ellen White, a papisa, disse que algo desvendou qual foi o único detalhe que Miller errou. Ele esperava que Jesus voltasse para a terra, mas na verdade Jesus entraria não no mundo, mas no santíssimo celestial. Daí ela afirma:

“O assunto do santuário foi a chave que desvendou o mistério do desapontamento de 1844. Revelou um conjunto completo de verdades, ligadas harmoniosamente entre si e mostrando como a mão de Deus dirigia o grande movimento do advento [...]” (Ellen White. O Grande Conflito, p. 422).

Pois é isso mesmo. Os teólogos adventistas também dizem que foi ocorreu algo inverso, de ‘uma grande decepção para uma poderosa mensagem’, dizem eles fazendo eco ao que Ellen White escreveu.

A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA
 A doutrina diz em parte que: "Ele [Jesus Cristo] foi empossado como nosso grande Sumo Sacerdote e começou Seu ministério intercessor por ocasião de Sua ascensão. Em 1844, no fim do período profético dos 2.300 dias, Ele iniciou a segunda e última etapa de Seu ministério expiatório." Essa doutrina, por sua vez, é a principal doutrina adventista. Segundo um autor adventista, essa doutrina leva consigo o sustentáculo adventista: “A lógica me dizia que se a data de 1844 não fosse bíblica, o adventismo não seria nada mais do que uma seita.(1844 – uma explicação simples das profecias de Daniel).

Veja que interessante. Para os que têm conhecimento da fé ortodoxa, esse ensino é uma das provas que a IASD é uma seita, para um teólogo adventista não; para ele essa é a prova que a IASD é uma igreja e não uma seita!!!

E qual é o texto chave para essa doutrina, segundo os adventistas? Qual é a principal base bíblica apresentada pelos seguidores da seita? Ellen White responde:

“A passagem que, mais que todas as outras, havia sido tanto a base como a coluna central da fé do advento, foi: ‘Até duas mil e trezentas tardes e manhãs, e o santuário será purificado’. Daniel 8:14” (O Grande Conflito, p. 408).

Portanto, diante das citações, podemos dizer que o Adventismo é 1844 por que Ellen White assim determinou, e 1844, segundo ela, está baseado em Daniel 8.14. As perguntas simples que podem causar um grande embaraço ao sistema adventista são: o que indica o contexto de Daniel 8.14? Será que temos indicações no contexto de que esse versículo dê alguma base para a doutrina de que apenas a partir de 22 de outubro Jesus tenha entrado no santíssimo celestial, para iniciar a segunda etapa de seu ministério celestial, com objetivo de investigar a vida dos que serão salvos?

Vamos ao texto, e extrair dele nossas conclusões.

DANIEL 8.8-14 segundo a Nova Versão Internacional:

“O bode tornou-se muito grande, mas no auge da sua força o seu grande chifre foi quebrado, e em seu lugar cresceram quatro chifres enormes, na direção dos quatro ventos da terra. De um deles saiu um outro chifre, que começou pequeno, mas cresceu em poder na direção do sul, do leste e da Terra Magnífica. Cresceu até alcançar o exército dos céus, e atirou na terra alguns componentes do exército das estrelas e os pisoteou. Tanto cresceu que chegou a desafiar o príncipe do exército; suprimiu o sacrifício diário oferecido ao príncipe, e o local do santuário foi destruído. Por causa da rebelião, o exército dos santos e o sacrifício diário foram dados ao chifre. Ele tinha êxito em tudo o que fazia, e a verdade foi lançada por terra. Então ouvi dois anjos conversando, e um deles perguntou ao outro: "Quanto tempo durarão os acontecimentos anunciados por essa visão? Até quando será suprimido o sacrifício diário e a rebelião devastadora prevalecerá? Até quando o santuário e o exército ficarão entregues ao poder do chifre e serão pisoteados? "Ele me disse: "Isso tudo levará duas mil e trezentas tardes e manhãs; então o santuário será reconsagrado".

O que aprendemos com a profecia?

A)    Dentre de um dos chifres*, que saíram do chifre quebrado, surgiu um “pequeno chifre”. Esse se tornou grande a ponto de causar perseguição ao povo de Deus.
B)    Na perseguição ao povo de Deus, esse chifre interrompeu a adoração a Deus que era dada por meio de sacrifícios.
C)     Um anjo pergunta a outro anjo, quanto tempo duraria essa perseguição, essa opressão e esse impedimento da adoração.
D)    O anjo responde que durariam 2.300 dias (um pouco mais de 6 anos), e tudo voltaria ao normal, ao seu estado original.

*Os teólogos adventistas observam que no texto original, não é dito que esse chifre menor sai de um dos chifres, mas de um dos quatro ventos. As versões tradicionais dizem apenas “de um deles” – isso pode ser dos ventos e/ou dos chifres. No entanto, um dos mais importantes pioneiros Adventistas, U. Smith, Roma já havia dominado a Macedônia em 168 a.C, “Portanto ao profeta parecia sair de um dos chifres do Bode”(Série Eco dos Pioneiros: Daniel e Apocalipse, p.104,105). Ellen White provavelmente pensava assim, já que estudar o contexto do capítulo foi algo que menos ela  se empenhou em seus escritos. Mas ela sabendo ou não disso, o fato é - o que estava dentro daquela massa de ventos na visão de Daniel? O versículo 8 antecipou dizendo que eram os chifres que estavam lá, portanto, o texto apenas relata a forma da visão. O chifre saiu de um desses chifres pois eles estavam envoltos pelos “quatro ventos do céu”.

Daniel não podia entender, mas um anjo o assistiu novamente e explicou. O carneiro de dois chifres era o império da Média e da Pérsia. Que foi destruído pelo Bode, que veio ‘voando’, com uma velocidade extrema e derrotou o carneiro. Esse Bode era o império Grego. No auge de sua força, o chifre do Bode foi quebrado e partido em quatro – que seriam 4 reinos (v.22).

Sem recorrer à história, por enquanto, já podemos perceber apenas com a leitura do texto que o reino da Grécia com essa profecia seria fragmentado em quatro reinos menores. E que no fim dos vestígios da dinastia Grega, vista nesses quatro reinos, surge um reino feroz que persegue o povo de Deus e impede a adoração que esses devem prestar. Porém, não mais que 2.300 dias, isso terminaria! E o verdadeiro Deus seria adorado novamente entre o povo da Aliança, segundo Seus termos.

No momento, não irei explorar nada a respeito de Antíoco Epifânio. Basta olharmos para o texto e seu contexto, e podemos extrair dele uma interpretação correta. Nenhum malabarismo, nem violência do contexto, como faz recorrentemente o Adventismo. Trato das objeções de C. Meryn Maxwell (Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel) contra a interpretação tradicional de Daniel 8.14, no capítulo 5 do meu livro A Conspiração Adventista.

Uma das tentativas enganosas, por parte dos intérpretes adventistas, (proposital ou não, Deus o sabe) é de confundir o chifre pequeno do capitulo 7º de Daniel com o do capítulo 8º. Embora haja semelhança, ela é só isso - semelhança. No capítulo 7º as figuras são outras, são representados reinos diferentemente. No quadro abaixo mostro isso:

Os símbolos de Daniel cap. 7
Os símbolos de Daniel cap. 8
O império Medo Pérsia – um Urso comendo tudo pela frente
O império Medo Pérsia – um Carneiro que dava ‘marradas’ para todos os lados
O império Grego – um Leopardo com Quatro asas, muito veloz.
O império Grego – um Bode muito violento e feroz.
O Chifre pequeno sai de um dos dez chifres de um animal grande e temível, que não existe na visão de Daniel 8.
O Chifre pequeno sai de um dos quatro chifres do Bode, que na visão de Daniel 7 é o Leopardo.

Quanto a falta de nexo entre os serviços sacerdotais da doutrina adventista a respeito do que Jesus fazia antes de 1844 e após, com a profecia e contexto de Daniel 8.14, é um detalhe desesperador. Não dá para acreditar como pessoas tão inteligentes, como são os apresentadores da TV Novo Tempo, acabam acreditando em uma doutrina sem coerência mesmo com o texto que segundo eles, é a base dessa doutrina.

O estado que o santuário se encontra no relato de Daniel 8.14 é em decorrência das atividades do chifre pequeno e não de pecados ali lançados. Por isso, é que o texto original não diz “purificado”, mas sim “restaurado/reestabelecido”. A Bíblia Judaica Completa traduz assim, a NVI como notamos na citação acima traz “reconsagrado”, também o erudito Reformado Dr. Antony Hoekema, e vários outros.

Que Deus livre as pessoas do engano do espírito por detrás da TV Novo Tempo, que está, seguindo a cartilha de Ellen, oferecendo outro sacerdote aos pecadores, que nada se assemelha com o que a Bíblia ensina em Hebreus - que no dia da sua ascensão entrou na presença de Deus, para interceder por nós, e deste mesmo modo permanecer, até o seu retorno, quando eliminará os que rejeitaram o Seu sangue justificador, por confiaram nas religiões mentirosas, que lhe oferecia uma exclusividade profética “distintiva”.

NENHUM CRISTÃO NO MUNDO DEFENDE ESSA INTERPRETAÇÃO ADVENTISTA A RESPEITO DE DANIEL 8.14 COMO SENDO UM SERVIÇO NO SANTUÁRIO CELESTIAL INAUGURADO EM 22 DE OUTUBRO DE 1844.


sábado, 9 de agosto de 2014

Aviso ao Leandro Quadros – não bata a cabeça na parede!

Não é de agora que a pergunta “A Igreja Adventista é uma Seita” [https://www.youtube.com/watch?v=rkkucIgny4Q]”  é reportada ao programa Na Mira da Verdade. E nosso ilustre Leandro Quadros, algumas vezes com ditos irônicos, afirma ‘que muito na literatura apologética brasileira é tão ruim, pois o que inventam a respeito do adventismo é de chorar. Que dá vontade de bater com a cabeça na parede’. De fato, há pouca interação com fontes Adventistas em muitos que criticam o Adventismo. Porém, a deficiência não é tão prejudicial, haja vista que o uso mais comum são os escritos de Ellen White, que nenhum erudito adventista pode contrariar!

Leandro Quadros afirma que se você quer saber da Igreja Adventista, ele sempre insiste nisso, você deve ir aos escritos oficiais da IASD para tirar suas conclusões corretas, e não usar material de baixa qualidade, escrito até mesmo por pessoas de calibre acadêmico - ele provavelmente pensa em Paulo Romeiro, visto que Leandro Quadros já disse que o mesmo apresentou uma versão errada do Adventismo em uma obra lançada no Brasil pela Editora Vida. Incluindo também o livro em coautoria com Natanael Rinald Desmascarando as Seitas da CPAD. Ou talvez, seja o caso, que pensou em Franklin Ferreira e Allan Myatt, sobre o que eles escreveram na Teologia Sistemática, a respeito de 1844 e da expiação do Azazel, conforme descrita por Ellen White. Isso sem mencionar a Bíblia Apologética, do ICP e das atividades constantes do CACP.

Seja como for, Leandro Quadros, então promete, que está por lançar (já faz algum tempo que esta promessa está sendo feita...) sua tese de mestrado a respeito da literatura apologética brasileira a respeito dos adventista. Com o pedantismo de sempre, ele diz que vai ‘dar dor de cabeça aos apologistas brasileiros’... bem, devemos esperar para ver o trabalho de Quadros, que está tendo apoio da IASD e TV Novo Tempo, e ver o que os que serão criticados vão dizer.

Por minha vez, que não sou nada, só venho fazer o que tenho proposto nesse blog, mostrar que o Adventismo é uma seita pelo que ele mesmo afirma, não pelo que me dizem. Aliás, sempre me acusam de seguir outros sites e blogs, mas o fato é que 95% ou mais das postagens sobre Adventismo, nasce de minhas próprias pesquisas.

Leandro Quadro convida seus telespectadores a conhecer melhor a obra erudita Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, e/ou a livro Nisto Cremos. Ele em outras ocasiões também recomenda com muito fervor o livro Questões Sobre Doutrina. Então, inocentemente, conclui Leandro Quadros, que veremos que a IASD não é uma seita no sentido teológico pejorativo. Pois bem, vejamos então qual é a conclusão que chega qualquer ortodoxo ao ler alguns trechos dos livros recomendados.

I) O Tratado de Teologia Adventista, diz na página 1: “[...] os adventistas são uma corporação protestante e conservadora de cristãos evangélicos, cuja fé, embasada na Bíblia e centralizada em Cristo, enfatiza a morte expiatória do salvador Seu ministério no santuário celestial [...]”.

Para começar, identificar com o nome “protestante” com a IASD é um pouco complicado, haja vista o que a profetiza mor do Adventismo diz: “Não podemos adotar outro nome mais apropriado do que esse que concorda com a nossa profissão, exprime a nossa fé e nos caracteriza como povo peculiar. O nome Adventista do Sétimo Dia e uma continua exprobração ao mundo protestante. E aqui que esta a linha divisória entre os que adoram a Deus e os que adoram a besta e recebem seu sinal.” (A Igreja Remanescente, p. 58). Essa é a Igreja Adventista!

A IASD acredita ser a única organização religiosa que é genuína, segundo a obra erudita recomendada por Leandro: Creem que seu movimento seja o único a apresentar as condições especificadas nesses versos de Apocalipse 12.17. Apesar disso, repudiam enfaticamente a ideia de que somente eles pertençam ao número dos filhos de Deus. Para os adventistas, todos quantos adoram a Deus segundo o que entendem ser Sua vontade pertencem a Ele e são membros potenciais do último remanescente. Não obstante, a ele foi confiada a tarefa de chamar homens e mulheres de toda a parte para adorarem ao Criador, em vista da proximidade da hora do juízo, e advertir contra ceder à grande apostasia escatológica predita em Apocalipse 13 [...] os adventistas continuam a manter esses pontos de vista.” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p.639). Não raro, os pontos a respeito da aceitação de que em todas denominações existem os sinceros são enfatizados por Quadros, no entanto, o ponto que destaca não é isso – que os ignorantes serão salvos – mas a exclusividade denominação baseada em um entendimento místico.

II) Algumas coisas são afirmadas, mas não são explicadas como deveria. A fé Adventista não está embasada apenas na Bíblia – eles insistem que sim, mas os fatos acrescentam outra coisa. A crença oficial 18 afirma que os escritos de Ellen White são uma contínua e autorizada fonte de verdade que proporciona conforto, orientação, instrução e correção à igreja. Eles também tornam claro que a Bíblia é a norma pela qual devem ser provados o ensino e a experiência.” (Questões Sobre Doutrina, p.43).

Um fato simples pode provar isso – onde na Bíblia diz que os outros mundos são habitados? (Qual dado científico confirma isso?) No entanto, o Adventismo precisa aceitar isso, já que Ellen White teve uma visão que os outros planetas são habitados por seres maravilhosos. O Nisto Cremos então diz: “O mais provável é que a Terra, em vez de ter sido a primeira obra do Criador, tenha sido, na verdade, a última. A Bíblia retrata os filhos de Deus – provavelmente os Adões dos mundos não caídos – encontrando-se com Deus em alguma parte distante do Universo (Jó 1:6-12). Até o presente momento, as experiências espaciais não conseguiram descobrir nenhum outro planeta habitado. Aparentemente eles se situam na vastidão do espaço – muito além do alcance de nosso sistema solar poluído, onde se acham garantidos contra a infecção do pecado.(p. 104).

Portanto, essa ‘fonte de verdade’, não extraiu apenas da Bíblia, mas das várias visões de Ellen White acabou dando um viés para qualquer texto bíblico usado como pretexto.

O mesmo Tratado de Teologia, recomendado fervorosamente por Quadros, nos diz algo a mais: “A 55º Assembleia da Associação Geral realizada em Indianápolis, Indiana, em julho de 1990, não constituiu exceção. Afirmou-se: Somos gratos a Deus por nos conceder não somente as Santas Escrituras, mas também a manifestação do dom de profecia para os últimos dias na vida e obra de Ellen G. White.” (p. 703). Mesmo dizendo que em outros mundos são habitados o Tratado diz a respeito da visionária mística: “Embora Ellen White não reivindique ser teóloga, seus escritos dão evidência de profundo conhecimento teológico.” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 61).

Outras afirmações são feitas como tendo as visões de Ellen White como fonte: “Mas a atitude dos pioneiros em relação à possibilidade de outros serem salvos mudou em virtude do cuidadoso estudo da Bíblia, das visões de Ellen White que falava de uma mensagem circulando o mundo e da conversão de pessoas que não haviam tomado parte no movimento de 1844.” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 4).

Como vimos também na primeira citação feito do Tratado, é mencionado um ministério de Cristo no santuário celestial que é mensagem centralizadora do Adventismo. Na verdade essa é A mensagem adventista. Como diz certo teólogo adventista, ‘não é sábado nem imortalidade da alma, mas a doutrina de 1844 a principal doutrina adventista’(1844 – uma explicação simples das principais profecias de Daniel). O Tratado nos diz: “A doutrina do sacerdócio de Cristo, em conjunto com a interpretação profética de Daniel 8.14, fornece uma identidade histórica à Igreja Adventista do Sétimo Dia. Para os adventistas, seu movimento não é acidente histórico, mas resultado da especial intervenção de Deus nos empreendimentos humanos. O cumprimento de Daniel 8:14 em 1844 valida a presença dos adventistas do sétimo dia no mundo e, principalmente, na comunidade cristã. Assim como o início do ministério celestial de Cristo coincidiu com o derramamento do Espírito Santo (At 2:33), assim o começo do antítipo dia da expiação coincidiu com o nascimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia.” ( p. 454).

Portanto, a crença adventista de 1844 é a marca que seu movimento tem como sendo um corpo legitimamente cristão, não obstante, é uma crença apenas produzida das visões de Hiran Edson e ratificada pelas visões de Ellen White. Nada, na Bíblia diz que Jesus subiu ao céu e ficou esperando até 22 de outubro de 1844 para iniciar uma segunda faze se seu trabalho sacerdotal.

III) O Tratado também diz algo que me dá vontade de bater a cabeça na parede, junto com o Leandro! Veja o que se segue, tendo a consciência ortodoxa mínima, notará que essa obra erudita lança perigosamente o Credo Atanasiano dentro do bojo herético: “[O Credo Atanasiano] Conserva, infelizmente, uma forma sutil de monarquianismo e subordinacionismo ontológico, quando explica as diferenças das pessoas metafisicamente, recorrendo às ideias de geração e processão.” (p. 163).

Outra obra adventista de ‘qualidade’ acaba chutando o balde quando afirma: “Alguns teólogos trinitarianos sustentam que apenas o Pai existe desde a eternidade e que tanto Cristo quanto o Espírito Santo foram “gerados”, ou seja, trazidos à existência pelo Pai.” (A Trindade, p. 185). Qualquer leitor mediano de teologia sabe que isso acima não é trinitarianismo e sim arianismo. Como a erudição adventista pode dizer que isso é vindo de “teólogos trinitarianos”?

Sabemos que e a igreja adventista nasceu de uma falsa profecia, que eles disseram que foi a mão de Deus que orientou. Dizem sobre a decepção de 1844: “De um grande erro a uma poderosa mensagem” (http://centrowhite.org.br/pesquisa/artigos/1844-coincidencia-ou-providencia). Outra obra adventista de qualidade, e dizem eles, inspirada, diz que até mesmo a decepção foi um drama bíblico!!!: “A proclamação:’ Ai vem o Esposo!’ foi feita no verão de 1844.”(O Grande Conflito, p. 425). Esse trecho citado, está em Mateus 25:6.

Não é apenas a decepção de 1844 que o Adventismo diz que foi bíblico e que a orientação de Deus estava com eles, mas até mesmo no período ariano do adventismo do sétimo dia, que eram a maioria dos fundadores – situação essa que veio a se desenrolar após 1940, tendo, porém até 1960 influentes que eram antitrinitarianos - além de não terem uma aceitação da doutrina da justificação, Deus estava ‘conduzido’ a essa igreja que é a única verdadeira: “No transcorrer desta jornada, a teologia dos pioneiros mostrou temporariamente similaridades com algumas das heresias histórica. [...] mas os resultados justificam a conclusão de que Deus os estava conduzindo ao longo do caminho.” (A Trindade, p.249).

Outra 'obra de qualidade', visto que veio da CPB, deve ser de qualidade, mostra o exclusivismo sabático, que já virou idolatria em alguns adventistas: “Desde 22 de outubro de 1844 Jesus, no lugar santíssimo, tem chamado a atenção para o sábado, não simplesmente porque é o sétimo dia, mas porque representa um modo único e cristão de vida, o critério final que separa o bem do mal nos últimos dias.” (História do Adventismo, p. 282).

Não me delongarei mais em mostrar que o Tratado, Nisto Cremos, Questões Sobre Doutrina, etc, é apenas uma maneira erudita de dizer as heresias e erros Adventistas, bem como o que eles tem de ortodoxo (que é pouco). Nada mais, nada menos! Ao Adventismo, cabe o mesmo ditado para a Roma – O Adventismo é o mesmo!

Portanto Leandro Quadros, não bata a cabeça na parede, seu cérebro não está fora do lugar, o Adventismo é que diz muita bobagem!