quinta-feira, 31 de julho de 2014

Templo, sacerdócio e sacrifícios no milênio dispensacionalista – um sério erro!

Tenho assumido a postura de não postar muito no blog críticas a sistemas cristãos dentro do arraial evangélico. Isso porque entendo que erros e incoerências dentro de igrejas cristãs, não são erros que condenam os indivíduos nem suas instituições. Concordo com Ferreira e Myatt:

“[...] devemos fazer uma distinção entre heresia e erro. A heresia é uma negação do que é essencial para a salvação, tema este que nos distingue como evangélicos. Já o erro é uma negação de algum aspecto da verdade revelada que não é essencial a salvação. Por isso, a heresia e o erro devem ser evitados, no entanto, somente a heresia deve ser considerada um obstáculo intransponível para a comunhão.” (Teologia Sistemática, [Vida Nova] p. XXV).

Reafirmo assim o que coloquei no blog MCA desde seu início – Bíblia inerrante, infalível e suficiente, Trindade e Salvação pela graça por meio da fé, são os temas centrais que tem guiado minha cosmovisão apologética no combate às seitas, e até agora, não encontrei resistência plausível a essas três abordagens. Preservo a classificação de heresia a temas que ferem a esses princípios.

Por exemplo, recentemente um irmão me indagou a respeito do tema imortalidade da alma, onde alguns classificam isso como um ponto essencial, talvez como o seria a doutrina da Divindade de Cristo. Apesar de crer que seja um equívoco enorme, o aniquilacionista não é um herege como o é um antitrinitariano. Assim também creio, que o tema da postagem deve ser assim tratado, nessa perspectiva, de erro, um sério erro. Que deve ser abandonado e não propagado, mas não como uma ‘heresia infernal’.

O Dispensacionalismo é um sistema doutrinário recente no seio do cristianismo, tendo em vista seu sistema codificado. Possui vertentes brandas e exageradas. Equilibrados e extremados, isso no âmbito da Lei e da Escatologia. Vou tratar de um tema do dispensacionalismo, que não sei se é compartilhado por todos os dispensacionalistas*. A questão de se no Milênio haverá sacrifícios. Não posso delongar aqui outras informações a respeito do desenvolvimento desse sistema, e suas nuanças, pois não tenho toda essa bibliografia, nem tempo.

O Absurdo - O Templo, com seu sistema sacerdotal e sacrificial, serão restaurados no milênio! A interpretação nasce de um equívoco em considerar as profecias de Ezequiel, em sua maioria, literal e aplicando ao milênio.

I. O Templo: O dispensacionalista J. Dwight Pentecost, no Manual de Escatologia afirma a respeito da interpretação ‘correta’ das visões de Ezequiel: “[...] temos aqui uma previsão do templo construído na era milenar. Essa parece ser uma sequencia adequada e inteligente às profecias precedentes.” (p.519), cita então Merril F. Unger para corroborar sua posição de que: “O templo de Ezequiel é um santuário literal e futuro a ser construído na Palestina como esboçado durante o milênio.” (Manual de Escatologia, p.521).

As dimensões do templo das visões de Ezequiel são levadas a sua literalidade (p.521), sendo assim demonstrado que tal interpretação está bem definida nessa direção. Até o local para a sua construção, “uma montanha que será miraculosamente preparada para esse propósito” (Manual de Escatologia, p. 520)

II. O sistema sacerdotal: O sistema sacerdotal que será restaurado no milênio, segundo os dispensaccionalistas, é semelhante ao arônico, mas não necessariamente o mesmo. Existem diferenças e semelhanças. Que semelhanças são essas? J. D. Pentecost usa texto de Ezequiel e afirma:

“Existem certas semelhanças entre os sistemas arônico e milenar. No sistema milenar encontramos o centro da adoração num altar (Ez 43.13-17), onde o sangue é aspergido (43.18), e são oferecidos holocaustos, ofertas pelo pecado e culpa (40.39). A ordem levítica é restituída, já que os filhos de Zadoque são escolhidos para o ministério sacerdotal (43.19). A oferta de manjares está incorporada ao ritual (42.13). Existem rituais prescritos para a purificação do altar (43.20-27), dos levitas que ministram (44.25-27) e do santuário (45.18). Haverá observação das luas novas e dos sábados (46.1). Sacrifícios serão oferecidos diariamente pela manhã (46.13). Heranças perpétuas serão reconhecidas (46.16-18). A Páscoa será novamente observada (45.21-15) e a festa dos tabernáculos torna-se um acontecimento anual (45.25). O ano do jubileu observado (46.17). Há semelhanças nos regulamentos dados para governar o modo de vida, o vestuário e o sustenta da ordem sacerdotal (44.15-31). O templo no qual esse ministério é executado torna-se novamente o local onde se manifesta a glória de Jeová (43.3-5). Percebemos então que a forma de adoração no milênio terá grande semelhança com a velha ordem arônica.” (Manual de Escatologia, pp. 524,525).

Embora segundo Pentecost, o que mais importa são as diferenças e não as semelhanças, mas ambas nos preocupam. Achar que por ter diferenças, torna mais sublime, é um meio de nublar toda a problemática. Até mesmo nas diferenças, algumas coisas estranhas são apresentadas. Pois sugerem até que tal Templo e sacerdócio terá um “rei-sacerdote da ordem de Melquisedeque, talvez Davi ressurreto [...]” (p. 529)!!!

III. O sistema sacrificial: Segundo os defensores desse erro, os sacrifícios serão comemorativos e não expiatórios. Diz J. D. Pentecost que nem no VT os sacrifícios eram expiatórios, pois apontavam a Cristo, assim também serão os sacrifícios no milênio dispensacional: “Que insensatez argumentar que um ritual poderia realizar no futuro o que nunca pôde ser realizar, ou realizou, ou foi projetado para realizar no passado.” (Manual de Escatologia, p. 530). Os sacrifícios, então, “serão memoriais quanto ao caráter” escreveu o dispensacionalista. Enquanto no VT era algo que apontaria para o futuro, os sacrifícios do milênio dispensacionalista, serão em retrospectiva (p. 531).

Os sacrifícios de animais durante o milênio, proposto na escola dispensacionalista, talvez guiado por Davi, exercerá uma mesma função semelhante da santa ceia. Veja:

“o pão e o vinho da ceia do Senhor são, para o crente, símbolos e memoriais físicos e materiais da redenção já adquirida. E esse será o caso com os sacrifícios reinstituídos em Jerusalém; eles serão comemorativos, como sacrifícios antigos se davam em perspectivas.” (Manual de Escatologia, p. 532).


Refutações:

1. A carta aos Hebreus capítulo 3 ao 10:18.

2. Nenhum texto sequer de Apocalipse 20.1-10 faz tal aplicação. A simples menção de Gogue e Magogue, não justifica a extensão além da própria menção do contexto de perseguição. Além disso, é claro, a própria cronologia dos fatos revelados em Ezequiel, que faria com que a menção do capítulo 38 e 39, sendo a introdução do Novo Templo, ficando assim uma inversão do relato em Apocalipse 20.1-10!

3. O problema seria totalmente resolvido se os dispensacionalistas aceitassem que o NT nunca fez uma aplicação dessas. Nem ao período de mil anos que aparece em Apocalipse, ou em qualquer outra passagem. A interpretação neotestamentária é totalmente diferente a respeito de realidades sacrificiais, sacerdotais e do templo, não tendo nunca um cumprimento futuro, em uma roupagem escatológica. Mas sempre como sombras, algo passageiro, envelhecido e que desapareceria.

4. A natureza da Nova Aliança deixa por completo tal proposta destruída. A Nova Aliança apresentou um cumprimento de profecias e modelos, e apresentou uma formatação nova de tudo aquilo para a ‘dispensação’ atual, que será substituída apenas após a volta de Cristo e seu julgamento sobre o mundo pelo que chamamos de Novos Céus e Nova Terra (Ap 21).

5. Qualquer menção que a Bíblia faça de reis e sacerdotes sobre a terra (Ap 5.10), e no chamado milênio (Ap 20.4-6), deve ser norteada pela revelação posterior a Ezequiel, que é o Novo Testamento.

6. A mesma palavra usada em hebraico usada em Ezequiel 45.15, etc., é usada em Levítico 16.6, etc. E o que sabemos, é que a palavra “expiar” significa “cobrir, reconciliar, propiciar, pacificar” (Dicionário Vine, p.122). Não significa, por certo, “celebrar, relembrar, comemorar”, como desejam os defensores do dispensacionalismo.

7. Por último, o NT classifica a Igreja como templo de Deus, seus membros como sacerdotes, seus serviços como adoração, seus sacramentos como memorial e sinal, o sacrifício de Cristo, como único e suficiente. Se todo o VT recebeu essa formatação, essa aplicação, por quais motivos as visões de Ezequiel estariam excluídas?

 Lamento profundamente que muitos de meus irmãos em Cristo, estão defendendo essa faceta de interpretação totalmente equivocada da escola dispensacionalista. 

[*Nota dia 01/08 - mais informações sobre as versões recentes dessa escola, veja em:
http://veritasimmutabilisest.blogspot.com.br/2009/02/dispensacionalismo-progressivo_6165.html , a crítica da postagem continua aos que adotam a postura em mira.]

quarta-feira, 30 de julho de 2014

O deus mórmon e o deus adventistas...

Já sabemos que o Adventismo nega os Credos Trinitarianos Históricos. Além disso, dizem que o trinitarianismo deles é produto exclusivo das revelações de Ellen White, e de suas próprias pesquisas bíblicas. Caluniam o Credo Atanasiano quando o acusam de ensinar sutilmente as heresias – subordinacionisto ontológico e monarquianismo. Sim, dizem isso do Credo Atanasiano. Além de terem a mediocridade teológica de chamar a geração eterna de ‘geração ontológica’, isto é, o Pai trouxe em algum tempo a pessoa do Filho à existência, e dizem os teólogos adventistas, que isso é trinitarianismo!!!

Fora o emaranhado de confusão em que estão ao analisar e julgar o pioneirismo adventista em seu período predominantemente antitrinitariano. Ao mesmo tempo, tendo que manter que em 1844 nasceu a “igreja remanescente”, a Igreja Adventista do Sétimo Dia de uma forma muito especial.

Não de é agora que existe especulações em torno de alguma influência mórmon sobre Ellen White, as semelhanças entre algumas visões de Ellen White e a do profeta Mórmon é um fato curioso, mesmo que seja apenas semelhanças. O objetivo desta postagem não é ir para a possibilidade de influência direta, mas sim, provar que as semelhanças são em decorrência de terem a mesma fonte mística. A respeito do tema em mira, o profeta Mórmon Joseph Smith afirmou categoricamente:

“O Pai tem um corpo de carne e ossos tão tangível como o do homem; o Filho também; mas o Espírito Santo não tem um corpo de carne e ossos, mas é um personagem de Espírito. Se assim não fora, o Espírito Santo não poderia habitar em nós.” (Doutrinas e Convênios, 130:22).

A divindade mórmon é bem diferente daquela defendida pela Igreja Cristã no decorrer dos séculos e em seus Credos. Mas assim como o adventismo oferece várias outras citações ao encarar afirmações comprometedoras e complexas, o mormonismo nesse caso também poderia nublar o debate, citando o livro de Mórmon, quando esse diz:

“Santo, Santo Deus; cremos que és Deus e cremos que és santo; e cremos que eras um espírito e que és um espírito, e que serás um espírito para sempre.” (Alma 31.15).

A Profetisa Adventista Ellen White, curiosamente faz uma alusão um pouco semelhante daquela feita em Doutrinas e Convênios:

“Vi um trono, e assentados nele estavam o Pai e o Filho. Contemplei o semblante de Jesus e admirei Sua adorável pessoa. Não pude contemplar a pessoa do Pai, pois uma nuvem de gloriosa luz O cobria. Perguntei a Jesus se Seu Pai tinha a mesma aparência que Ele. Jesus disse que sim, mas eu não poderia contemplá-Lo, pois disse: "Se uma vez contemplares a glória de Sua pessoa, deixarás de existir." (Primeiros Escritos, p. 54)

“Tenho visto muitas vezes o amorável Jesus, que é uma pessoa. Perguntei-Lhe se Seu Pai era uma pessoa e tinha a mesma forma que Ele. Disse Jesus: "Eu sou a expressa imagem da pessoa de Meu Pai." (Primeiros escritos, p. 77).

Apesar de não existir uma clareza plausível a ponto de identificar a divindade de Ellen White com a de Joseph Smith, o que foi escrito por teólogos adventistas aumenta a probabilidade da semelhança.

Ao defender os pioneiros arianos e atacar a doutrina ortodoxa da trindade, teólogos adventistas deixam escapar a informação perigosa:

“Os primeiros adventistas rejeitavam corretamente a Trindade dos credos, que apresenta um Deus “sem corpo ou partes” e não distingue claramente as pessoas da Divindade.” (http://setimodia.wordpress.com/2011/11/03/os-pioneiros-adventistas-e-a-trindade/  )

“Os pioneiros apresentavam basicamente duas razões para rejeitar essa doutrina. A primeira é o fato de que muitos credos protestantes definem a Trindade como uma essência “sem corpo ou partes”. Em outras palavras, Deus não era entendido como um ser pessoal, mas abstrato e fantasmagórico.” (http://setimodia.wordpress.com/2011/11/03/os-pioneiros-adventistas-e-a-trindade/)

“[...] os três membros da Divindade como indivíduos tangíveis e pessoais, vivendo desde a eternidade em união de natureza, caráter, propósito e amor, mais ainda assim tendo cada uma Sua identidade pessoal. Este é um ponto de vista simples e bíblico da Trindade, em contraste com os pontos de vista tradicionais, baseado nas pressuposições da filosofia grega.” (A Trindade, p. 248).


Portanto, o deus trino adventista, tem mais semelhanças com o deus mórmon do que com o Deus Bíblico (Mt 28.19, etc.). Não podemos ir mais adiante na especulação, basta a rejeição dos credos trinitarianos feito de forma tão clara, o que querem dizer com Deus 'tendo corpo e partes tangíveis', fica por conta deles, já que qualquer que seja a definição, é admitidamente diferente da interpretação correta desse assunto como defendida em nossos credos – que exprime o ensino Bíblico. É claro, que muitos adventistas quando ouvem em seus cultos a palavra trindade, acabam pensando na doutrina clássica. Isso por um lado é benéfico para esses. Mas aqueles que junto com os teólogos adventistas rejeitam a doutrina cristã, o futuro eterno será triste...

sábado, 26 de julho de 2014

Mateus 28:19 e a Trindade




                 "
Desde a época da igreja primitiva até nossos dias, a divindade do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo tem sido questionada pelos adeptos da doutrina unitarista ou ariana, doutrina essa que nega que Jesus seja o Deus Filho, e que ensina que Ele, Jesus, foi criado para fazer a vontade do pai uma vez que na Bíblia é notório o número de vezes em que Cristo chama Deus de Pai.

Nesse artigo o intuito não é explicar porque o Jesus chamava Deus de Pai, isso ficará para outra oportunidade. Todavia podemos adiantar que Ele era 100% divino e 100% humano, e isso pode ser visto em algumas passagens bíblicas como por exemplo, em Jo 14:6 onde Jesus diz que ninguém “vem” ao Pai senão por Ele; observem que Ele não disse: Ninguém “vai” ao Pai senão por Ele, mas disse “vem”.

Em Jo 3:13 podemos ver Sua Onipresença ao lermos Ele dizer que estava na terra e ao mesmo tempo no céu. Às vezes Jesus falava como humano como em Mt 24:36 onde Ele diz que não sabia o dia de sua volta, pois Ele sendo o Deus Filho logicamente sabia.

No Novo Testamento, há um versículo que mostra de forma mais clara a divindade e a distinção de Cristo com Deus. Esse verso tem sido bombardeado pelos mísseis da heresia, que tem tentado de todas as formas tirar profanar a verdade que já existia desde antes a fundação do mundo. Refiro-me ao texto de Mt 28:19, a forma oficial do batismo cristão que é acusada de ser um acréscimo da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR).  Porém, através de uma rápida explicação gramatical, cientifica e histórica, veremos mais uma vez a inerrância da palavra de Deus.

Explicação gramatical:

Observem o texto de Mt. 28:19 em português e em seguida forma que chamamos de original:

Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; (Mat 28:19 ACF).
πορευθέντες οὖν μαθητεύσατε πάντα τὰ ἔθνη, βαπτίζοντες αὐτοὺς εἰς τὸ ὄνομα τοῦ πατρὸς καὶ τοῦ υἱοῦ καὶ τοῦ ἁγίου πνεύματος,  (Mt 28:19).

Tradução literal:

Indo pois discipulai todas as nações batizando a eles em o nome do Pai e do Filho e do Santo Espírito. (Interlinear Grego-Português, p. 127 SBB).

Acima destaquei o substantivo neutro na forma singular (ὄνομα) o artigo singular (τοῦ) e por duas vezes a conjunção (καὶ).

Observem que o texto diz que o batismo é em o nome (ὄνομα-singular) do (τοῦ, artigo usado com nomes indeclináveis) e o e (καὶ). ὄνομα e τοῦ estão no singular mostrando que o batismo é em o nome do Pai, e não NOS NOMES do Pai, pois isso seria um erro grave de concordância nominal, ou seja, Mateus se referiu primeiramente ao Pai (Deus). Depois aparecem duas conjunções (καὶ) para fazer a distinção das três pessoas da Trindade.

Ex: e do filho e do Santo Espírito. Se não houvesse distinção entre as três pessoas, logo não deveria haver as conjunções no texto, bastava apenas ter colocado assim:
Batizando-os em o nome do Pai Filho Espirito Santo, porém não está.

É interessante entendermos o estilo de escrita da época, estilo esse usado por Lucas quando ele cita o nome de duas pessoas distintas, e que diferentemente de Mateus ele usa o substantivo (ὄνομα) duas vezes para fazer distinção de ambas:

A uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. (Lc 1:27)

πρὸς παρθένον ἐμνηστευμένην ἀνδρὶ ᾧ ὄνομα Ἰωσὴφ ἐξ οἴκου Δαυὶδ καὶ τὸ ὄνομα τῆς παρθένου Μαριάμ. (Luk 1:27 BNT).

Perceberam que agora foi mencionado (ὄνομα) por duas vezes por está tratando de duas pessoas distintas?
A diferença que há entre Mt 28:19 e Lc 1:27 é justamente por Mateus ter usado o substantivo (ὄνομα) somente uma vez para se referir a três pessoas distintas e ao mesmo tempo sendo Uma.

Explicação cientifica: Agora vejamos como os códices mais antigos concordam quanto as suas construções gramaticais a cerca de Mateus 28:19.

Códice Sinaítico.


Códice Vaticano.


Códice Alexandrino.

Códice Bezae.


Códice Washingtoniano.

Críticos Textuais como Bruce Metzger e Roger L. Omanson em sua obra (Variantes Textuais Do Novo Testamento, p. 54-55 SBB) nada fala acerca dessas insignificantes variantes como a falta de um alfa, iota, tal ou rô que em nada modifica a veracidade do texto, pois a Trindade é anterior a variante.

Cremos que é importante expor o comentário do também crítico textual que embora seja cético, concorda com essa verdade irrefragável.

“Não é incomum escutar a noção que a frase tripartite em Mateus 28:19 é suspeita com base na crítica textual, mas quando alguém consulta os próprios dados, tais clamores são totalmente infundados. Todo manuscrito bíblico Grego existente que contém este verso de Mateus possui a frase tripartite”.  (Bart D.Ehrman- The Orthodox Corruption of Scripture, Oxford,1993-).

Explicação Histórica- Testemunho dos pais da igreja.

Vejamos o que declararam os que viveram na época pós-ressurreição de Jesus:

A Didaquê que foi escrito aproximadamente no ano de (70-150 d.C.) capítulo 7 diz

“Quanto ao batismo, batizareis na forma seguinte: tendo antecipadamente disposto todas as coisas, batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, em água viva, se não houver água viva batizai em outra água; se não puderdes em água fria, batizai em água quente. Se não tiverdes nem uma nem outra, derramai água na cabeça três vezes em o nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” (70-150 d.C.)

Clemente de Alexandria (Egito, 150-215 d.C.)

A Didaquê desfrutava de tal prestígio na igreja cristã primitiva que Clemente a considerava uma autoridade apostólica e a citava como “Escritura”.

Justino, o mártir (100-162 d.C.)

"um só Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo" em oposição ao politeísmo pagão, e por isso foi martirizado exatamente em Roma que ainda era pagã. Justino foi contemporâneo de Policarpo, discípulo do apóstolo João. Ele disse:

“Então eles são trazidos por nós onde há água, e são regenerados da mesma maneira na qual nós fomos regenerados. No nome de Deus, o Pai e Senhor do universo, e de nosso Senhor Jesus Cristo, e do Espírito Santo, eles o recebem lavando com água então.”

No capítulo LXV da mesma obra, é dito:

Depois de termos lavado desta maneira (batizado) aquele que se converteu e deu o consentimento seu, o conduzimos aos irmãos reunidos para em comum oferecer orações por nós mesmos. Ao terminar as orações, mutuamente nos saudamos com o ósculo de paz e, logo, traz-se ao presidente o pão e um cálice de vinho com água. Ele os recebe, oferecendo ao Pai de todas as coisas num tributo de louvores e glorificações, em nome do Filho e do Espírito Santo, dando graças por sermos considerados dignos de tamanhos favores de sua clemência”
          
Irineu, (125-202 d.C.), foi instruído em sua juventude por Policarpo de Esmirna, discípulo do apóstolo João. Escreveu um pequeno manual de doutrinas cristãs denominado Demonstração da Pregação Apostólica. Em seu pequeno manual, no artigo terceiro, ele escreveu:

“Agora a fé ocasiona isto para nós; como os Anciãos, os discípulos dos Apóstolos, nos passaram. Em primeiro lugar é licito ter em mente que nós recebemos o batismo para a remissão de pecados, no nome de Deus o Pai, e no nome de Jesus Cristo, o Filho de Deus que foi encarnado e morreu e subiu novamente, e no Espírito Santo de Deus.”

Tertuliano (150-212 d.C.) também indica a tríplice fórmula batismal como utilizada para o exame dos candidatos ao batismo em seus dias.

Assim, o cristão não deve achar que os argumentos levantados pelos hereges haja qualquer resquício de verdade, pois tudo o que eles fazem são na verdade malabarismos sectários com as Escrituras. Ora, como a ICAR iria se preocupar em fazer um acréscimo textual uma vez que há centenas de outros textos que provam a divindade de Jesus e porque não mexeria nos textos que condenam a idolatria que é o pilar da sua denominação como por exemplo os textos de Ex 20: 4-5 ? Perceberam a falta de lógica nesse raciocínio sectário? Amém!"

Autor: Itard Vitor C. de Lima enviado ao Blog MCA.


terça-feira, 22 de julho de 2014

Site sobre A Conspiração Adventista


Está disponível, mas ainda em construção, o novo site http://aconspiracaoadventista.com.br/livro/ que terá por objetivo a divulgação do livro A Conspiração Adventista.

Esse site, bem como o blog MCA, fará esforços constantes de mostrar e expor a natureza herética da presunção Adventista com seu discurso de "Igreja Remanescente".

Um dos assuntos que temos explorado é o anexo que começamos fazer aqui no Blog, estendendo ao livro, que tal Igreja Remanescente que nasceu da falsa profecia de 1844, e teve em suas bases o ensino herético do arianismo, ou semelhante. E temos provado, que ainda hoje, a seita de Ellen White, não é trinitariana ortodoxa nem histórica.

Venha nos ajudar - Orando, divulgando e nos enviando artigos para postarmos. Venha ser um Conspiracionista e lutar pela fé (Jd 3,4) contra a heresia do selo sabático, do Santuário em 1844, do trinitarianismo adventista, e do "espírito de profecia" incorporado na doutrina a respeito de Ellen White.

Deus te abençoe, e liberte os Adventistas desses enganos de Ellen White.

terça-feira, 15 de julho de 2014

A Lei - sábado, domingo: os reformados, os dispensacionalistas e os adventistas

É comum no debate relacionado à Lei de Deus, encontrarmos indefinição quanto à natureza da Lei, e como esse assunto deve ser abordado, tendo em vista a questão do sábado, tanto de cristãos (batistas do sétimo dia) como de hereges (adventistas do sétimo dia), no confronto das interpretações, tanto entre os Reformados, bem como com dispensacionalistas. Muitos não sabem que estão usando argumentos errados, acusações inócuas, e sem dizer que falta ainda, a real definição do que querem dizer em relação ao termo Lei.

Nessa postagem procuro mostrar que existem algumas distinções no campo teológico, e que cada um deve ter consciência de sua posição, e onde está a chamada heresia. Já deixo claro aqui, que quando uso o termo heresia entendo que são doutrinas que conduzem ao inferno. O que não chamo de heresia, de erro teológico, deve ser repensado, pois, trata-se de um equívoco.

1.      A Lei e os Reformados: Desde os mais seletos Reformadores Magistrais, (e até mesmo com os chamados avivalistas) a concepção de que a Lei Moral não foi abolida por Cristo, é um assunto fechado. Não existe dúvida quanto a  aplicabilidade da Lei Moral de Deus, que se acha resumida nos dez mandamentos. A tradição protestante primitiva chegou a resumir os dez mandamentos em dois – 1º ao 4º amar a Deus. Os demais, amar ao próximo (Ex. Catecismo de Heidelberg, pergunta 94). Isso foi feito com base naquilo que Jesus disse (Mt 22.37-40), embora ele tenha citado dois textos bíblicos distintos de Deuteronômio (6.5) e Levítico (19.18) mostrando assim que existe um visão mais ampla da moralidade da Lei de Moisés, não sendo apenas os Dez Mandamentos. A Lei de Deus, ou de Moisés, nunca foi dada como um meio salvífico ao povo de Deus. Era um padrão de vida, toda a Lei, que revelava a vontade de Deus e moldava o caráter do servo. Orientava assim a vida dos indivíduos em Israel, sendo ele um regenerado ou não.

Não devemos perder o foco que a Lei Moral que a fé protestante defende como eterna, não é necessariamente os dez mandamentos como foram eles redigidos no Sinal. Ali no monte diante dos Israelitas, ecoou a Lei de Deus que existe desde o Éden ['que como tal foi entregue em dez mandamentos'(CFW)], desde quando surgiu o relacionamento Deus e criatura, mas não significa que em toda sua abrangência estava exaustivamente assim codificada entre os servos de Deus, no máximo, pressuposta essencialmente.

O Sábado: Na questão do quarto mandamento, levando em consideração a revelação neotestamentária – que inevitavelmente coloca o sábado em uma perspectiva negativa e judaica, os Reformadores seguiram o progresso da revelação e chegaram à conclusão que a Igreja do NT, deixou de praticar o sábado – sendo o Domingo o dia de adoração. Os puritanos, foram mais longe na aplicação, e transferiram quase toda a perspectiva e peso do VT a respeito do sábado para o Domingo. Portanto, usar os reformadores para dizer algo, e abandoná-los em um ponto crucial, não me parece um uso coerente.

2.      Os dispensacionalistas – ‘brandos e extremados’: uma escola de pensamento teológico conhecido como dispensacionalismo, ganhou força no último século. Essa escola tem mais viés escatológico. Tal como qualquer outra escola, existem os extremados e os moderados. Alguns, que defendem que a Lei do VT findou toda após Atos 2, vão a um extremo que chegam a dizer que nem mesmo precisamos ter Jesus como Senhor de nossas vidas, já que esse caracteriza obediência de lei e não graça, pensam eles!!! Isso é heresia (defendida por Zane Hodges, e parcialmente por Charles Ryrie). A faceta tradicional e mais branda dessa escola entende que a Lei de Deus acabou em Cristo, mas que ela foi substituída pela Lei de Cristo, que está ampla e verificável em todo o NT. E segundo esses, muitas leis do VT foram repetidas, outras não.

O Sábado: alguns dispensacionalistas olham para o domingo como dia de culto cristão, já que percebem que o NT mostra isso. Esses encaram o domingo como dia legítimo de adoração, mas não em substituição ao processo original do quarto mandamento. Essa maneira de ver, fica de certa forma próxima de muitos Reformadores, como Lutero e Calvino, apesar de destoarem dos Reformadores, da continuidade da Lei. 

3.      Os cristãos Batistas do Sétimo Dia e os hereges Adventistas: A concepção da Lei de Deus de tais é semelhante ao que os Reformadores ensinaram. Existe um consenso no que dizem a respeito da lei moral, cerimonial e civil, essas duas últimas, abolidas em Cristo. Embora a maneira que os adventistas olham para o decálogo é mais mística do que pedagógica, como entendem os Reformados.

O Sábado: tais grupos (e outros não mencionados) destacam-se pela guarda do sábado, em desconformidade com a posição tradicional cristã protestante e patrística. Eles caminham com os reformados até certo momento, e usam a conclusão de que o sábado deve continuar em seus moldes originais. A saber, no sétimo dia. Esse é um assunto espinhoso no relacionamento teológico com tais grupos, visto que existe uma distinção clara deles com os demais. Mas não menos que com os dispensacionalistas! A situação é mesma.

Colossenses 2.16 continuará sendo o grande problema. E curiosamente, um problema mesmo para os que entendem o domingo como substituição do sábado, se manterem a mesma linha de interpretação a respeito desse texto que alguns apresentam. Que o sábado ali não é o mesmo do quarto mandamento, o que para mim pessoalmente, parece que sim.
Acredito que esse texto está dizendo exatamente o que ele diz – o sábado do sétimo dia foi abolido, mas abolido pela substituição (Ap. 1.10).

Qual é problema em tudo isso? O problema é quando fazemos de uma observância um meio de salvação. Sim. Isso é legalismo, encontrar por meio de obras, um merecimento, ou ônus, para salvação. Evidentemente, tal comportamento é para a condenação. Pensam assim os puritanos, adventistas e batistas?

No caso dos adventistas, é dito isso sim a respeito do momento escatológico, e a maneira com que classificam o domingo. Já escrevi várias vezes, e até inclui essa postura no livro A Conspiração Adventista, que não tenho problema com o sábado dos adventistas, tenho problema com o que colocou sobre ele Ellen White.

Explicando de forma simples o que coloquei acima:

1.     EM MATÉRIA DE CONTINUIDADE DA LEI MORAL DO VT
Reformados + Batistas do Sétimo Dia + Adventistas x Dispensacionalistas

2.     EM MATÉRIA DE ADORAÇÃO DOMINICAL (como dia de culto do NT)
Reformados + Dispensacionalistas x Batistas do Sétimo Dia + Adventistas

3.     EM MATÉRIA DE SUBSTITUIÇÃO DO QUARTO MANDAMENTO
Reformados (e protestantes históricos) x BSD + ASD = x Dispensacionalistas

Sabemos que dos grupos acima citados, apenas os adventistas cabem dentro do que deve ser classificado é uma seita de perdição – não por guardarem o sábado, mas por fazer dele um selo de salvação para aquele momento escatológico – por isso esperam ansiosamente por uma lenda conhecida como “decreto dominical" ser imposta por lei ao mundo inteiro, além de incluir outras heresias como O Espírito de ProfeciaEllen White e 1844. Discordamos dos demais, nossos irmãos em Cristo, Batistas do Sétimo Dia e Dispensacionalistas (moderados) como estando equivocados. 



segunda-feira, 14 de julho de 2014

J. C. Ryle: o que é ser um homem santo?


1) Santidade é o habito de ser de uma só mente com Deus, de acordo com o que as Escrituras descrevem como sendo a mente dele. É o hábito de concordar com seu julgamento, odiando o que ele odeia, amando o que ele ama e comparando tudo neste mundo com o padrão de sua Palavra.

2) Um homem santo se esforçará para evitar cada pecado conhecido, e guardar cada mandamento revelado. A inclinação de sua mente será decisivamente direcionada para Deus. O desejo do seu coração será o de fazer a vontade do Pai. Ele temerá muito mais a desaprovação divina do que a do mundo e terá o mesmo sentimento que Paulo teve quando disse: ‘Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus’ (Rm 7.22).

3) Um homem santo se esforçará por ser como o Senhor Jesus Cristo. Ele não somente viverá uma vida de fé nele, e dele receberá paz e força para viver o dia-a-dia, mas também trabalhará para ter a mente de Cristo e ser conforme à sua imagem (Rm 8.29). O seu objetivo em relação às outras pessoas será o de andar ao lado delas, perdoá-las...ser generoso...caminhar em amor...ser manso e humilde...Ele guardará no coração as palavras de João: ‘Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou’ (1Jo 2.6).

4) Um homem santo buscará mansidão, longanimidade, bondade, paciência, gentileza e controle de sua língua. Dará um bom testemunho, será muito paciente, tolerante para com os outros, e também não se apressará em exigir os seus direitos.

5) Um homem santo buscará temperança e auto-negação. Lutará para mortificar os seus desejos carnais, crucificar sua carne com suas tentações e lascívias, fugir das paixões e controlar suas inclinações carnais, sempre que elas se manifestarem (Ryle então cita Lc 21.34 e 1Co 9.27).

6) Um homem santo buscará praticar a caridade e a fraternidade. Ele se esforçará por fazer para os outros o que gostaria que os outros fizessem para ele e falará dos outros o que gostaria que os outros falassem dele...Abominará toda mentira, difamação, maledicência, engano, desonestidade e injustiça, mesmo nas pequenas coisas.

7) Um homem santo buscará misericórdia e bondade no trato com os outros...Será como Dorcas, ‘notável pelas boas obras e esmolas que fazia’, que não somente se propôs a fazer ou falou a respeito das boas obras, mas as praticou (At 9.36).

8) Um homem santo buscará a pureza de coração. Temerá toda a corrupção e impureza de espírito e tentará evitar todas as coisas que podem levá-lo a se contaminar. Ele sabe que o seu coração facilmente se inflama, e tentará cuidadosamente evitar a brasa da tentação.

9) Um homem santo buscará o temor a Deus. Não me refiro ao temor de um escravo, que somente trabalha para evitar a punição que receberá, caso seja descoberto sem fazer nada. Ao contrário, penso no temor de uma criança, que deseja viver e se locomover como se estivesse sempre com o seu vigilante pai por perto, porque sabe que ele a ama.

10) Um homem santo buscará humildade. Desejará, em sua mente simples e caridosa, ter os outros em mais alta estima do que a si mesmo. Também perceberá mais o mal existente em seu coração do que em qualquer outro neste mundo.

11) Um homem santo buscará fidelidade em todos os seus deveres e relacionamentos. Por seus motivos serem os mais sublimes, e contando com o adicional da ajuda divina, ele não se contentará apenas em cumprir suas obrigações, mas, melhor ainda, tentará ajudar aqueles que não se preocupam com a sua alma. Pessoas santas devem, em todos os momentos, desejar praticar o bem, e devem se envergonhar se algo de mal acontecer a alguém que elas poderiam ter ajudado. Elas devem lutar por ser boas esposas e bons maridos, bons pais e bons filhos, bons patrões e bons empregados, bons vizinhos, bons amigos, bons cidadãos, bons em particular e em público, bons no local de trabalho e no ambiente familiar. O Senhor Jesus perguntou ao seu povo algo que exige reflexão, quando diz: ‘Que fazeis de mais?’ (Mt 5.47).

12) Por fim, um homem santo encherá sua mente com coisas espirituais. Tentará se concentrar inteiramente nas coisas do alto, não se apegando às coisas deste mundo...Ele buscará viver como alguém cujos tesouros estão no céu e cuja permanência nesta terra é vista apenas como a de um peregrino, que viaja para casa. Sua maior fonte de prazer está na comunhão com Deus por meio da oração, da leitura da Palavra e da reunião do seu povo. Ele dará valor à cada coisa, lugar e relacionamento, uma vez que esses fatores o trazem mais para perto de Deus”.


Autor J. C. Ryle (livro Santidade), visto em "A Redescoberta da Santidade" - J. I. Packer, Ed. Cultura Cristã.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Colossenses 2.16 - Samuele Bacchiocchi e o Comentário Adventista

S. Bacchiocchi, é o erudito adventista mais respeitado no campo teológico evangélico. Desde quando publicou sua tese a respeito do sábado, com reconhecimento de eruditos católicos e protestantes, tem sido muito usado por adventistas. Deve ser lembrado que ele recebeu uma resposta com robustez acadêmica de D. A. Carson & CIA.

Um dos motivos que Bacchiocchi ter sido aceito é que, pelo menos no livro, ele não ficou sob da autoridade mística de Ellen White. Aliás, ele também se tornou uma grande dor de cabeça para os cegos seguidores de Ellen White, especialmente no campo histórico. Mas a postagem hoje trás um trecho do livro onde ele questiona a interpretação do Comentário Adventista. Veja:

“O Sábado em Colossenses 2:16. Os tempos sagrados prescritos pelos falsos mestres são referidos como “dias de festas, ou lua nova, ou sábado e orthv h neorhhiva” (2:16). O consenso unânime dos comentaristas é de que estas três palavras representam uma sequência lógica e progressiva (anual, mensal e semanal) bem como uma enumeração completa dos tempos sagrados. Esta posição é validada pela ocorrência destes termos, em seqüência similar ou inversa, cinco vezes na Septuaginta e diversas vezes em outra literatura. Há, contudo, uma ocorrência excepcional em Isaías 1:13 e 14 onde a “lua nova” se encontra no início da enumeração em vez de no meio, porém uma exceção não invalida um uso comum. O Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia interpreta o sabbatwn-dias de sábado” como uma referência aos sábados cerimoniais anuais e não ao sábado semanal (Lev. 23:6-8, 15, 16, 21, 24, 25, 27, 28, 37, 38). É verdade que tanto o sábado e o Dia da Expiação em hebraico são designados pela expressão compostas shabbath shabbâthôn, significando “um sábado de descanso solene” (Êxo. 31:15; 15:2; Lev. 23:3, 32; 16:31). Porém esta expressão está traduzida na Septuaginta pela expressão grega composta “sabbata sabbatwn” que é diferente do simples “sabbatwn” encontrado em Colossenses 2:16. É, portanto, lingüisticamente impossível interpretar este último como uma referência ao Dia da Expiação ou a quaisquer outros sábados cerimoniais uma vez que estes nunca são designados simplesmente como “sabbata”. O comentário citado fundamenta sua interpretação, contudo, não no uso gramatical e lingüístico da palavra “sabbatwn”, mas numa interpretação teológica do sábado relacionado a “sombra” em Colossenses 2:17. Argumenta que “o sábado semanal é um memorial de um evento ao princípio da história da terra . . . por isso os ‘dias de sábado’ que Paulo declara serem sombras apontando a Cristo não podem referir-se ao sábado semanal . . . mas deve indicar os dias de repouso cerimoniais que alcançam realização em Cristo e Seu Reino”. Determinar o significado de uma palavra exclusivamente por suposições teológicas, ao invés de fazê-lo por evidências lingüísticas ou contextuais, é contra os cânones da hermenêutica bíblica. Além do mais, até mesmo a interpretação teológica que o Comentário Adventista dá ao sábado é difícil de justificar, pois vimos que o sábado pode legitimamente ser considerado como a “sombra” ou o símbolo adequado da presente e futura bênção da salvação. Além do que já anotamos que o termo “sombra” é usado, não em sentido pejorativo, como rótulo para observâncias sem valor que perderam sua função, mas para qualificar o seu papel num relacionamento com o “corpo de Cristo”. Uma outra indicação significativa insurgindo contra os sábados cerimoniais, é o fato de que estes já estão incluídos na palavra “eorthς-festival” e se “sabbatwn” significasse a mesma coisa haveria uma repetição desnecessária. Estas indicações obrigatoriamente mostram que a palavra “sabbatwn” como está utilizada em Colossenses 2:16 não pode referir-se a quaisquer dos sábados anuais cerimoniais.”


Fonte: DO SÁBADO PARA O DOMINGO - Uma Investigação do Surgimento da Observância do Domingo no Cristianismo Primitivo (pp. 213,214).