sexta-feira, 31 de maio de 2013

Debate: Justificativas para Ateísmo e para o Teísmo (Parte 4)

CONTINUAÇÃO* DO DEBATE DO LÚCIO COM UM 'ATEU'

(Bom, não temos tempo para esperar a mediação nos responder [...] sobre o procedimento. Por isso, responderemos a todas as objeções do oponente. Se estiver fora dos padrões, que se nos exija uma nova resposta.)

Qualquer um pode perceber que foi completamente sem sentido as observações sobre escatologia. Certamente o cristão, bem como qualquer ateu, GOSTARIA que as coisas não acabassem aqui, e que tivessem um futuro próspero no pós-túmulo. Mas isso nunca foi apresentado como a única motivação para nos tornarmos cristãos. Da forma que foi declarado, dava a entender isso. Como não defendemos tal argumento em prol da veracidade do cristianismo, é irrelevante lidar com o assunto.

A=“Se só porque tem final que não há motivos pra fazer alguma coisa, então ninguém vai fazer nada.”

L=Em forma silógica ficaria assim:

Se algo não tiver motivações racionais porque acaba, então ninguém fará nada.
Alguém faz alguma coisa.
Logo, existem motivações racionais.

Isso se chama falácia da afirmação do consequente. As pessoas podem agir como se houvesse algum sentido no que faz; como se houvesse algum propósito, mesmo que isso tudo seja inconsistente com sua cosmovisão. Aliás, elas podem (como presumimos que seja o caso do oponente) nunca ter pensado na questão, e se quer percebido que estão agindo sob pressupostos injustificados em sua cosmovisão. Sim, se o ateísmo for verdadeiro, não há sentido em fazer coisa alguma.

Pois bem, a relevância da ação, segundo o oponente discorre, está em fazer algo que se orgulha, um benefício a si ou a alguém. Portanto, a relevância da ação tem fundamentos SUBJETIVOS, e não objetivos. O valor é pessoal. Não se pode, com essa perspectiva, provar pra alguém que é egoísta ou com depressão-suicida, que ele está errado. Somente que não estaríamos satisfeitos com essa perspectiva. Também não poderíamos incentivar outras pessoas a fazer algo produtivo (como o oponente nos incentivou), pois, fazê-lo é algo que produz satisfação pessoal, e só.

Bom, respondendo à questão do porquê não fazer nada visto que tudo termina, é simples. O todo não faz sentido, logo as partes também não. Ilustraremos: imagine que você está fazendo um bolo para comer, e descobre que um dos elementos essenciais para sua confecção está estragado. Não importa se mexeu direitinho os ovos, se deixou o tempo certo no forno, etc., tudo aquilo foi uma completa perda de tempo. Um non-sense. No máximo, você pôde brincar durante a produção, de que aquilo tinha algum objetivo. Mas se alguém quiser abandonar o ato, ou sequer começar (sob as mesmas condições), você não poderia culpá-lo, nem incentivá-lo a mudar de idéia.


Como prova cabal de que o oponente está mais perdido que cego em tiroteio, ele usou uma definição de dicionário (sem citar qual) para definir misticismo, após declarar que o teísmo (principalmente o teísmo cristão, a qual nos atemos) se enquadra nesta perspectiva filosófica. O grande problema é que ‘misticismo’, na história do pensamento, tem vários significados. O que foi colado pelo oponente está relacionado a uma forma de panteísmo (“Místico é todo aquele que concebe a não-separatividade entre o Universo e os seres” ou “perceber todas as coisas como sendo parte de uma infinita e essencial Unidade de tudo o que existe”) que não tem nada a ver com o teísmo. Está mais relacionado à experiência mística do monismo panteísta oriental, ou ao neo-platonismo.

Agora, o mais interessante é ver que a definição de místico que o adversário apresentou, e a resposta à segunda questão não tem nada a ver. “"O místico procura a presença do Ser Supremo e Real" usa o ser "sagrado" como forma de respostas que não tem (exemplo um avião é um pássaro gigante dos deuses ou um deus (pros indios que nunca viram o "homem branco").”. Aqui ele confunde as bolas entre mito (no sentido pré-socrático, pelo menos) e místico, pois define-o como que colocando ‘Deus nas lacunas’. Primeiro, não tem nada a ver com sua definição de místico. Segundo, não tem nada a ver com a proposta teísta. É verdade que temos na história do pensamento quem tenha usado Deus para preencher lacunas. Mas isso não pode ser cotado como proposta da cosmovisão teísta em si.


Declara ser o empirismo a principal forma de se obter conhecimento. Para não haver confusão, quero que responda à seguinte questão: podemos saber de todo tipo de verdade pelo método empírico? Em outras palavras: existem categorias de conhecimento que fogem à alçada do empirismo?

Não querendo ser enfadonho, mas seria necessário definir o que você quer dizer com ser o empirismo a ‘principal’ forma de conhecimento. Uma prolepse para poupar tempo: se responder que há outras categorias que fogem ao escopo empírico, mas que esse é o principal, precisamos saber o porquê da definição de ‘principal’. E ainda: você é cientificista?


Essa questão inicial não foi abordada (pode ficar para o próximo tema do oponente): “Ainda gostaríamos de ver como é que o avanço da ciência para explicar a realidade nos leva ao ateísmo. Esteja à vontade para expor sua argumentação.”


Como justificado previamente ao moderador, estamos seguindo a seguinte metodologia: mostrar que o ateísmo está calcado em pressuposições teístas (na ética, na metafísica, na epistemologia), e que ele tem de abdicar-se delas. Porém, ao fazê-lo, sua cosmovisão ruirá. Também aproveitamos, como bônus de argumentação, observar a técnica do espantalho usada pelo oponente.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Rev. Jedeias Duarte: perigos na plantação de igrejas

“Novas igrejas não devem resultar de inovações. Inovações para se plantar novas igrejas têm trazido prejuízo à fé cristã presbiteriana. Cremos que determinadas contextualizações são necessárias. Entretanto, quando uma nova igreja surge com o espírito de ser uma nova opção, ela não é um projeto de plantio de igrejas: é um projeto proselitista, de cunho divisionista e personalista, muitas vezes utilizando pressupostos teológicos liberais de contextualização.”

Olhando bem para o que o Dr. Jedeias adverte, temos um perigo sempre presente no trabalho de evangelização; 
a tentação de procurar o gosto do freguês!


Fonte: Revista PROPOSTA, p. 25


Leandro Quadros e parábola do Rico e Lázaro – Parte 1

Na ânsia de negar a doutrina do tormento eterno, o apologista Leandro Quadros desfere seu golpe contra um relato bíblico (AQUI). Quero tratar de suas explicações que procura de uma maneira desesperada ‘explodir’ o texto. Em itálico o que Quadros escreveu, e em negrito os meus comentários:
Leandro Quadros: “Em uma parábola, pode-se dar nomes aos personagens. Não há uma regra literária que proíba ou mesmo condene o uso de nomes próprios em uma parábola, sendo que o objetivo desta é apenas ensinar uma lição moral e não servir de doutrina.”
Primeiro, o 'conceito literário' de Leandro Quadros é imposto e não derivado. Qual é a maneira comum de Jesus Cristo ao apresentar parábolas? Ele usava nomes? Por isso, a argumentação de muitos cristãos que não é apenas uma ‘parábola’, pois em nenhuma outra aparece nomes! Segundo, sendo uma parábola, ou não, não muda o fato de que a realidade ali pressuposta é a existência contínua após a morte. O apologista adventista parece que apresenta um argumento contra o entendimento não pretendido por ele, simplesmente dizendo que é uma ‘lição de moral’ e com isso negando a realidade de uma doutrina. “Sim!!!” É uma lição de moral, e o que muda? Moral não é Doutrina? Se existe uma lição moral, ela está baseada em que? Verdades ou mentiras? Terceiro, TODAS as parábolas de Jesus são realistas, se não reais. Não importa, elas refletem realidades, mesmo que em algumas exista o elemento hiperbólico e metafórico.
Leandro Quadros: O fato de Jesus ter dado nome aos personagens não indica que ambos existiram e que o relato seja literal. “Sendo uma alegoria, os personagens não podem ser reais, por isso cremos, que nem o rico nem lázaro existiram. Se a declaração fosse real, nela haveria idéias pagãs, conceitos de tradição talmúdica e metáforas judaicas” . – Pedro Apolinário, Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, [Instituto Adventista de Ensino, agosto de 1985. 2a Edição Ampliada], pág. 219.

A obra adventista usada por Leandro age irresponsavelmente e de modo inverso. Até hoje eu aprendi o seguinte: se existe semelhanças de conceitos entre uma ideia pagã e a Bíblia, então, existem elementos de verdades naquela ideia pagã [exemplo disso é o ‘Deus desconhecido’ de Atos 17]. A Palavra de Deus é A Verdade Absoluta (Jo 17.17). Para o Pedro Apolinário, Adventista, o relato deve ser negado como literal ou representativo de uma doutrina, pois tal parábola é semelhante a ensinos talmúdicos e pagãos!!! Imagine então o que deveríamos dizer das semelhanças entre os relatos pagãos do dilúvio, e outros, vindo de Babilônia! Vamos rejeitá-los? Só Adventista para engolir isso...

Leandro Quadros: “Jesus contou esta história após uma seqüência de parábolas; por que este único relato não o seria? Com base nas melhores regras de interpretação do texto, se no mesmo bloco de assunto ( – Lucas 15 a 17:10 – perícope) há uma séria de parábolas, é claro que a do rico e Lázaro também o é!”

Bem, agora apareceu um pouco mais de juízo no argumento de Leandro Quadros. Embora, como eu já disse, não faz diferença esta parábola ser ou não ser real.

Para uma correta concepção sobre a interpretação de parábolas, o Dr. Paulo Anglada assevera: “... é importante verificar se outras passagens bíblicas ensinam a verdade que o intérprete pensa que a parábola ilustra. Como regra, parábolas não devem ser usadas como base doutrinaria, mas como ilustrações de verdades ensinadas em outras passagens bíblicas.” (Hermenêutica Reformada, p. 213). Sendo essa uma proposta mais sadia, podemos inferir que entendimento Protestante desta passagem está em perfeita harmonia com um grande número de passagens bíblicas (veja uma lista AQUI). Incluindo também no próprio livro de Lucas no capítulo 23 versículo 43.
...

Depois de citar vários autores evangélicos e protestantes que defendem que o relato é mesmo uma parábola, Leandro Quadros assegura que estão bem assessorados! O que ele não disse é que para muitos que entendem ser uma parábola, não muda o seguinte fato: Jesus ensinou algo que tem relação direta ao tormento eterno!

Veja em qual direção esta questão, parábola ou história, caminha corretamente: “A História ensina a existência pessoal autoconsciente depois da morte, mas não é apropriado construir uma teologia da vida após a morte apenas com base nesta história.” (Comentário Cultural do Novo Testamento, p. 176). Antony Hoekema, na mesma direção afirma: “... a parábola seria totalmente sem sentido se, de fato, não houve um diferença entre o destino do justo e do ímpio após a morte.” (A Bíblia e o Futuro, p. 120).


Leandro Quadros:“Analisando a parábola. É oportuno deter-nos em alguns aspectos da narração de Jesus a fim de que compreendamos se a mesma era literal ou seria apenas uma ilustração. O objetivo de Cristo certamente não era dar um estudo sobre a morte, pois Ele acreditava ser esta um “sono” (cf. João 11:11-14).”

A expressão ‘sono’, usada por Jesus em outra ocasião, não é usada no assunto texto bíblico em questão. E a interpretação de sono como o estado da morte é bem conhecida: “... em razão de o crente, ao falecer, perder a consciência em relação ao mundo cheio de fadiga e sofrimento, para acordar em um reino de paz e felicidade.” (Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, p. 369).

O que percebemos, é que a mira do Leandro está fora de foco, fora da verdade!

Continua...

quinta-feira, 23 de maio de 2013

As Testemunhas de Jeová e a ressurreição dos habitantes de Sodoma


Será que os habitantes de Sodoma e Gomorra serão ressuscitados? Resposta das Testemunhas de Jeová: SIM / NÃO / SIM / NÃO.

1877: SIM

  • The Object and Manner of Our Lord's Return, 1877, p. 25: "Deus propõe-se a trazê-los [os habitantes de Sodoma] de volta ao seu estado anterior [...]"
  • Watchtower, Julho de 1879, p. 7: "Assim, as próprias palavras de Cristo ensinam-nos que não tinham tido a sua oportunidade completa. 'Lembrem-se', diz Cristo acerca dos sodomitas, que 'Deus fez chover fogo e destruiu-os a todos.' Portanto, se se fala da restauração deles, subentende a ressurreição deles."
  • Studies in the Scriptures, vol. 1, The Plan of the Ages, 1886, p. 110: "E se Cafarnaum e todo o Israel serão lembrados e abençoados sob o "novo pacto," selado com o sangue de Jesus, por que é que os Sodomitas não haviam de também ser abençoados entre "todasas famílias da terra"? Com certeza sê-lo-ão. E lembremo-nos que visto que Deus "fez chover fogo do céu e destruiu-os a todos" muitos séculos antes dos dias de Jesus, quando se fala da restauração deles, isto implica que eles despertarão, retornarão dos túmulos."
  • Watch Tower Reprints, 15 de novembro de 1913, p. 5351: "Tal como os sodomitas, redimidos pelo mérito do sacrifício de Jesus, serão acordados do sono da morte durante a era messiânica, e as suas experiências serão mais toleráveis do que as pessoas de Corazim e Betesaida [...]"
  • His Vengeance, 1934, p. 38: "Deus deu a promessa de que no seu tempo devido os sodomitas e os judeus serão acordados da morte e receberão um julgamento justo sob o reino justo de Cristo Jesus." [nesta citação e nas seguintes, ênfase acrescentada]

1952: NÃO

  • Watchtower, 1.º de Junho de 1952, p. 338: "Similarmente, Sodoma não suportou o seu dia de julgamento, tinha falhado completamente, e os judeus sabiam que o seu destino estava selado."
  • Watchtower, 1.º de Fevereiro de 1954, p. 85: "Ele [Jesus] estava a apontar para a completa impossibilidade de resgate para descrentes ou para aqueles deliberadamente iníquos, porque Sodoma e Gomorra foram irrevogavelmente condenadas e destruídas, para além de qualquer recuperação possível."
  • Watchtower, 1.º de Abril de 1955, p. 200: "Portanto aqueles que morrerem no Armagedom sofrerão a mesma punição que os habitantes de Sodoma; isto é, não terão uma "ressurreição de julgamento" durante o dia do juízo, de 1.000 anos, ficarão mortos para sempre."
  • Do Paraíso Perdido ao Paraíso Recuperado, 1959, p. 236 § 6: "Algumas pessoas já foram julgadas. Já mostraram que não merecem a vida. Estas pessoas não serão ressuscitadas dentre os mortos para o novo mundo. [...] O povo da cidade de Sodoma morreu numa chuva de fogo depois de receber uma sentença desfavorável. Em outras ocasiões, outros grupos receberam também sentenças desfavoráveis. Provaram que não mereciam a vida, e não serão ressuscitados."
  • Watchtower, 15 de Janeiro de 1960, p. 53: "Os Julgamentos Divinos São Finais. Visto que o Juiz supremo nunca comete um engano, ele não precisa de reconsiderar nenhum julgamento que fez no passado. Os seus julgamentos são definitivos. Isto significa que as pessoas que morreram no dilúvio dos dias de Noé nunca serão ressuscitadas para comparecerem perante um tribunal outra vez. O mesmo é verdade para os habitantes de Sodoma e Gomorra e para Adão e Eva. Todos eles tiveram o seu dia de julgamento perante o grande Juiz do universo e foram todos condenados à destruição. Eles nunca terão de novo uma existência consciente."
  • Pergunta: O que é que os fez mudar de ideias em relação à posição que tinham nos 75 anos anteriores, desde 1877?

1965: SIM

  • A Sentinela, 15 de Setembro de 1965, p. 555 § 9: "Como no caso de Tiro e Sídon, Jesus mostrou que Sodoma, má como fôra, não chegara ao estado de não poder arrepender-se. [...] Portanto, o recôbro espiritual das pessoas mortas de Sodoma não é irrealizável."
  • A Sentinela, 1.º de Maio de 1966, p. 287: "Então, o versículo seguinte se refere ao Dia do Juízo, dizendo: "Conseqüentemente, eu vos digo: No Dia do Juízo será mais suportável para a terra de Sodoma do que para ti." (Mat. 11:24) Semelhantemente, em Mateus 10:15, acham-se registradas as palavras de Jesus: "Deveras eu vos digo: No Dia do Juízo será mais suportável para a terra de Sodoma e Gomorra do que para essa cidade", em que as pessoas rejeitariam a mensagem levada pelos discípulos de Jesus. Para que fôsse "mais suportável para a terra de Sodoma e Gomorra" do que para outros, seria mister que os anteriores habitantes daquela terra estivessem presentes no Dia do Juízo. Não é a terra literal, o solo, que há de ser julgado. Revelação, capítulo 20, mostra que serão as pessoas levantadas dentre os mortos que ficarão "diante do trono". Nem será proferido o julgamento sôbre elas como grupos, como anteriores habitantes de certas terras, mas serão 'julgadas individualmente segundo as suas ações' durante o tempo do julgamento. Portanto, aparentemente, as pessoas que costumavam viver naquela terra serão ressuscitadas. -- Rev. 20:12, 13."
  • Poderá Viver para Sempre no Paraíso na Terraedição de 1983, p. 179 § 9: "Ao dizer isso, Jesus mostrou que pelo menos algumas das pessoas injustas das antigas Sodoma e Gomorra estarão presentes na terra durante o Dia do Juízo. Embora tenham sido bastante imorais, podemos esperar que algumas delas sejam ressuscitadas (Gênesis 19:1-26) Jeová, em sua misericórdia, as trará de volta de modo a terem oportunidade de aprender a respeito de seus propósitos."
  • A Sentinela, 15 de Fevereiro de 1983, p. 26. Depois de mencionar Sodoma, Gomorra e outras cidades, a revista diz: "Aparentemente, as próprias cidades, em vez de todos os seus habitantes, foram destruídas para sempre, -- pois parece que pelo menos alguns indivíduos que residiam lá serão ressuscitados."
  • Insight on the Scriptures, 1988, vol. 2, p. 985. Nota: referimo-nos aqui à edição em inglês lançada em 1988 durante os congressos das Testemunhas de Jeová e não à edição do mesmo livro lançada posteriormente em outras línguas, que contradisse aquela edição original em inglês e alterou esta passagem (ver referência em baixo). A edição inglesa deste livro foi lançada no mesmo congresso que o livroRevelação -- Seu Grandioso Clímax Está Próximo, mencionado a seguir. Um dos livros diz 'sim' e o outro diz 'não'.
  • Pergunta: O que é que os fez mudar de ideias em relação à posição que tinham nos 13 anos anteriores, desde 1952?

1988: NÃO

  • A Sentinela, 1.º de Junho de 1988, p. 31: "a Bíblia usa Sodoma/Gomorra e o Dilúvio como exemplos para o fim destrutivo do atual sistema iníquo. É evidente, pois, que os a quem Deus executou naqueles julgamentos passados sofreram destruição irreversível."
  • Revelação -- Seu Grandioso Clímax Está Próximo, 1988, p. 273: "Jesus usou aqui [em Mat. 11:23, 24] uma hipérbole para mostrar que aqueles líderes religiosos, que rejeitavam o filho de Deus e seus ensinos, eram ainda mais repreensíveis do que os sodomitas. Judas 7 declara que aqueles sodomitas 'sofreram a punição judicial do fogo eterno', significando a destruição eterna."
  • Poderá Viver para Sempre no Paraíso na Terraedição de 1989, p. 179 § 9: "Serão essas pessoas, tão terrivelmente iníquas, ressuscitadas durante o dia do Juízo? Pelo que parece, as Escrituras indicam que não." "De fato, por causa de sua excessiva imoralidade, as pessoas de Sodoma e das cidades circunvizinhas sofreram destruição, da qual pelo que parece nunca serão ressuscitadas." Como se pode ver, esta edição de 1989 contradisse a edição anterior de 1983.
  • Estudo Perspicaz das Escrituras, edição brasileira de 1992, vol. 3, p. 619. Esta edição do livro contradisse a edição anterior de 1988, em inglês. Depois de citar Mat.10:15 e 11:23, 24, este livro diz: "Naturalmente, Judas 7 diz que Sodoma e Gomorra "são postas diante de nós como exemplo de aviso por sofrerem a punição judicial do fogo eterno". De modo que a declaração de Jesus evidentementeapenas usou uma hipérbole para salientar quão improvável era que pessoas de certas cidades judaicas do primeiro século se arrependessem, mesmo no Dia do Juízo." [Note que nesta passagem, de forma muito hábil, eles esquivam-se a dizer abertamente que os habitantes de Sodoma e Gomorra não serão ressuscitados, embora seja esse o sentido que eles querem transmitir.]
  • Pergunta: O que é que os fez mudar de ideias em relação à posição que tinham nos 23 anos anteriores, desde 1965?
Como qualquer pessoa que tenha investigado a história das Testemunhas de Jeová sabe, estas reviravoltas doutrinais repetem-se no caso de muitas outras doutrinas, como por exemplo na identidade das "autoridades superiores" mencionadas em Romanos capítulo 13.

Em alguns casos, estas reviravoltas doutrinais das Testemunhas de Jeová causaram a morte ou colocaram em risco a vida de milhões de pessoas que acreditaram nelas, como por exemplo no caso dos transplantes, vacinas, algumas fracções do sangue, serviço cívico, etc. Todas estas coisas eram permitidas originalmente, depois foram proibidas, depois foram novamente permitidas (e ninguém sabe se amanhã serão outra vez proibidas).

Isto prova sem margem para dúvidas que as Testemunhas de Jeová estão completamente erradas quando dizem que são 'a única religião verdadeira na face da terra' e que o seu Corpo Governante que está nos Estados Unidos da América é o 'único canal de comunicação de Deus com os homens'.

As Testemunhas de Jeová são condenadas pelas suas próprias palavras:
"É assunto sério representar Deus e Cristo de um modo, e depois achar que nosso entendimento dos principais ensinos e das doutrinas fundamentais das Escrituras estava errado, e, daí, retornar às mesmas doutrinas que, por anos de estudo, cabalmente verificamos ser erradas. Os cristãos não podem vacilar -- ser indecisos -- a respeito de ensinos fundamentais. Que confiança se pode ter na sinceridade ou no critério de tais pessoas?" (A Sentinela, 15 de Abril de 1977, p. 246).
 Fonte: http://corior.blogspot.com/2006/02/as-testemunhas-de-jeov-e-os-habitantes.html

terça-feira, 21 de maio de 2013

Como desenvolver em uma Igreja a consciência Evangelística?


Além de orar pedindo ao Senhor da Igreja que imprima isso na disposição ativa do povo local, algumas coisas, precisam ser realizadas pelos líderes locais (Características de um Líder Cristão), especialmente pelo Pastor.


1. O Pastor deve ser um evangelista, 'enlouquecido' com essa obra (II Tm 4.5).

2. O Pastor deve ensinar a Igreja a evangelizar (Mt 10.5-15).

3. O Pastor deve persistir nesta tarefa (Atos 17.2).

4. O Pastor deve pregar sobre isso (Lc 24.46,47).

5. O Pastor deve planejar oportunidades de evangelização para a igreja (Jo 4.36-38).

6. O Pastor deve motivar a evangelização individual (Sl 96.1-3).

7. O Pastor deve apoiar  com dinheiro próprio na evangelização (Rm 10.15).

8. O Pastor deve divulgar livros, sites, etc. que tratam de evangelização (I Ts 5.21).

9. O Pastor deve levar a Igreja a investir o máximo possível de sua arrecadação em evangelização (compare com Mt 28.12,13).


'Pressuponho' que se uma igreja receber esse tipo de influência, dentro de um período de três anos (baseando-me no ministério de Cristo), ela começará a ser uma Igreja Evangelizadora – a possuir uma Consciência Evangelística. 


segunda-feira, 20 de maio de 2013

Como a Igreja Católica justifica o ‘culto às imagens’?


O grande 'calcanhar de Aquiles' da Igreja Católica, no confronto religioso com os evangélicos brasileiros foi (e ainda é) o uso de imagens na adoração; ícones e ‘amuletos católicos’. Porém, visto que os evangélicos estão agora usando ‘objetos sagrados’, benzidos com uma chamada ‘unção’, esse antigo argumento fortemente usado, recebe um contraponto.


De qualquer forma, a Igreja Católica oficialmente sempre apresentou uma ‘justificativa’ para esse serviço litúrgico, de cultuar os santos por meio das imagens, e finalmente, ou na verdade, ‘apenas’ a Deus por meios dos santos...


A ICAR explica da seguinte maneira em seu Catecismo:

IV. "Não Farás Para Ti Imagem Esculpida De Nada..."
... desde o Antigo Testamento, Deus ordenou ou permitiu a instituição de imagens que conduziriam simbolicamente à salvação por meio do Verbo encarnado, como são Serpente de Bronze, a Arca da Aliança e os Querubins. 2131 Foi fundamentando-se no mistério do Verbo encarnado que (sétimo Concílio ecumênico, em Nicéia (em 787), justificou, contra os iconoclastas, o culto dos ícones: os de Cristo, mas também os da Mãe de Deus, dos anjos e de todos os santos. Ao se encarnar, o Filho de Deus inaugurou uma nova "economia" das imagens. 2132 O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. De fato, "a hora prestada a uma imagem se dirige ao modelo Original, e "quem venera uma imagem venera a pessoa que nela está pintada. A honra prestada às santas imagens é uma "veneração respeitosa", e não uma adoração, que só compete a Deus: Oculto da religião não se dirige às imagens em si como realidades, mas as considera em seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não termina nela, mas tende para a realidade da qual é imagem.”


Pelo que podemos perceber, a ICAR diz que quando um católico cultua uma imagem, na verdade é uma adoração relativa, um ato de reverência, e não necessariamente um culto ao objeto. E que na verdade, apenas Deus é o objeto que finalmente é adorado e cultuado, usando apenas esses meios visuais. A utilidade de tais, pelo que entendi, e resguardada as devidas proporções e natureza, se assemelha ao conceito protestante de Sacramento.


Algumas objeções podem ser apresentadas:


1. Não existem prescrições no Novo Testamento que subscrevem, exemplifiquem ou mesmo incluem, na adoração neotestamentária, objetos e imagens que devam auxiliar, mesmo que de maneira relativa, na oração e na adoração. 

2. A explicação é irrealista, pois na vida fiel católica, o caminhar da fé está profundamente ligado ao objeto. Vemos isso em casas de católicos fieis e em procissões.

3. O problema devocional piedoso é patente, pois não é o quanto podemos nos aproximar de problemas na adoração, arriscando-nos a ter nossa devoção deturpada, mas nos afastar de tudo que coloque em risco nossa adoração.

4. A justificativa é um reducionismo exagerado e revela uma deturpação do que é realmente bíblico.

5. A abrangência do mandamento está em clara afronta ao que o catecismo da ICAR diz: “Culto às imagens”. O mandamento afirma: “... nem lhes darás culto...” (Ex 20.5)!

6. O conceito que o católico tem de imagens especificas. Uma imagem tem mais valor do que outras, mesmo sendo do MESMO santo.

7. Os objetos apresentados como justificativa; serpente de bronze, arca da aliança, etc. não mostram que Deus mandaria construir outros objetos em outras ocasiões.

8. Não parece que os tais foram objetos de culto, nem mesmo relativos e nem 'mediatários' (exceção da serpente, que curiosamente por causa disto, acabou sendo destruída - "Ele tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã." II Rs 18.4 ).

9. A doutrina católica original, a bíblica, a dos Evangelistas Mateus, Marcos Lucas e João, registraram que apenas uma imagem em pessoa, enquanto na terra, foi adorada: Jesus Cristo, Homem e Deus ao mesmo tempo e da mesma maneira.


Conclusão:

Deus é que proíbe o uso de imagens na adoração, como meios de comunhão com Ele (Isa 42.8; veja também Is 44.9-20). Deus também não é adorado por meios de objetos representativos de outros seres (Mt 4.10). Ele deve ser adorado diretamente – a Trindade na Unidade e a Unidade na Trindade – qualquer outra pessoa, constitui um adultério espiritual, e jamais pode ser considerada uma adoração em espírito e em verdade (Jo 4.23,24).


Por mais que justifiquem, a classificação de idolatria no serviço litúrgico católico jamais será mudada. E dificilmente um católico fiel pensará biblicamente. A condenação é dura: 'os idólatras', disse Deus, 'serão lançados no lago de fogo'! - Apocalipse 20.8


terça-feira, 14 de maio de 2013

O Dia da Expiação no ano de 1844 NÃO caiu no “dia 22 de outubro”!


Os adventistas do sétimo dia concordam que, segundo as Escrituras, o Dia da Expiação é o décimo dia do sétimo mês judaico: "Isso vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez dias do mês, afligireis as vossas almas, e nenhuma obra fareis, nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós. Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos: e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor".– Levítico 16:29-30.

Os adventistas do sétimo dia também concordam em que qualquer calendário judaico indicará que o sétimo mês judaico é o mês a que os judeus chamam de "Tishri". Para ajudar o leitor, os doze meses judaicos estão alistados abaixo, tendo o número de dias de cada mês e seu correspondente aproximado no calendário gregoriano:
  1. Nisã (30 dias) - março/abril
  2. Iyyar (29 dias) - abril/maio
  3. Sivã (30 dias) - maio/junho
  4. Tammuz (29 dias) - junho/julho
  5. Av (30 dias) - julho/agosto
  6. Elul (29 dias) - agosto/setembro
  7. Tishri (30 dias) - setembro/outubro
  8. Cheshvan (29 ou 30 dias) - outubro/novembro
  9. Kislev (29 ou 30 dias) - novembro/dezembro
  10. Tevet (20 dias) - fezembro/janeiro
  11. Sh'vat (30 dias) - janeiro/fevereiro
  12. Adar (29 dias) - fevereiro/março
Não há disputa entre os adventistas do sétimo dia, cristãos e judeus quanto a essa informação. Contudo, os adventistas do sétimo dia há muito têm ensinado que no ano de 1844, o Dia da Expiação (o 10o de Tirshri) ocorreu em 22 de outubro. Os adventistas do sétimo dia teimosamente sustentam a data 22 de outubro basicamente porque Ellen G. White declara ser correta.

O décimo dia do sétimo mês, o grande Dia da Expiação, o tempo da purificação do santuário, que no ano de 1844 caiu em 22 de outubro, era considerado como o tempo da vinda do Senhor. Isto estava em harmonia com as provas já apresentadas de que os 2.300 dias terminariam no outono. . . . o fim dos 2.300 dias no outono de 1844 permanece sem impedimentos" – The Great Controversy [O Conflito dos Séculos], págs. 400, 457.

Esta alegação dos adventistas do sétimo dia está em contradição direta com a data judaica para o Dia da Expiação que em 1844 foi 23 de setembro. Isto é claramente comprovado por enciclopédias e almanaques judaicos do século XIX, modernos programas computadorizados de calendário e cálculos astronômicos feitos por numerosos observatórios.
Está simplesmente fora de questão que o Dia da Expiação judaico em 1844 foi 23 de setembro. Assim, no que concerne aos judeus ortodoxos/rabínicos, os adventistas do sétimo dia estão equivocados em sua alegação de que o Dia da Expiação em 1844 caiu em 22 de outubro. Para verificação, por favor consulte no website o item "The 2300 dias and October 22, 1844 - Wrong Day, Month, Year and Event! [Os 2.300 dias e 22 de outubro de 1844—dia, mês, ano e evento errados!]" (que também inclui um link para um website judaico que tem um programa computadorizado de calendário).

Esta recente evidência era inesperada para os eruditos adventistas do sétimo dia e os está forçando a admitir que em 1844 os judeus rabínicos/ortodoxos de fato celebraram o Dia da Expiação (o 10o. de Tishri) em 23 de setembro. Em resultado disso, esses eruditos estão agora cientes de que sua data 22 de outubro está em sério descrédito, pois tinham ensinado que os judeus rabínicos/ortodoxos também celebravam o Dia da Expiação em 22 de outubro de 1844.

Discrepância de Um Mês—Como Explicar?

Os ASDs alegam que em 1844 uma seita judaica bem pequena, os "caraítas", usavam um calendário diferente e assim celebraram o Dia da Expiação (o 10o de Tishri) em 22 de outubro, um mês depois dos judeus rabínicos/ortodoxos que o faziam em 23 de setembro. Assim, o ensino ASD todo com respeito aos 2.300 dias de Daniel 8:14, o Juízo Investigativo, o Grande Desapontamento, e a entrada de Jesus no Santíssimo tem por fundamento somente as palavras de sua profetisa Ellen G. White em sua alegação de que os caraítas celebraram o Dia da Expiação em 22 de outubro de 1844. Se qualquer dessas asserções estiver incorreta, então o adventismo do sétimo estará em séria dificuldade teológica.

O Que os Adventistas Dizem Sobre os Caraítas

Quando os adventistas do sétimo dia são pressionados a apresentar evidência documentando que os caraítas de fato celebraram o Dia da Expiação (o 10o de Tishri) em 22 de outubro de 1844, não podem fazê-lo. Em vez disso, como prova, indicam informação no Seventh-day Adventist Bible Commentary [Comentário Bíblico Adventista], e o livro de L. E. Froom Prophetic Faith of Our Fathers [A Fé Profética de Nossos Pais]. Estas "provas" são citadas abaixo:
SNOW, SAMUEL S. (1806-1870). Congregacionalista, depois cético, mais tarde ministro milerita; iniciador do "movimento do sétimo mês". Começando com um artigo escrito em 16 de fevereiro de 1843, ele realçou o décimo dia do sétimo mês judaico, Tishri, o dia judaico da expiação, como o verdadeiro fim da data profética dos 2.300 anos. Mais tarde ele estabeleceu o dia específico como 22 de outubro de 1844, que no nosso calendário equivaleria ao décimo dia do sétimo mês naquele ano, segundo o velho calendário judaico. . . .

Em comum com todos os adventistas, Snow ficou profundamente desapontado com a falha de o Noivo descer do céu em 22 de outubro. Por um breve período ele questionou se um erro havia sido feito na contagem profética do ano.

Contudo, logo começou a pregar estranhas doutrinas, e publicou um periódico, chamado Jubilee Standard, de março a agosto de 1843. Profundos conflitos se desenvolveram entre ele e os mileritas, e ele se envolveu em extremo fanatismo, e finalmente proclamou ser ele próprio Elias, o profeta. Logo separou-se do adventismo de todas as formas. –The Seventh-day Adventist Encyclopedia [Encilopédia Adventista do Sétimo Dia], vol. 10, p. 1357

Infelizmente, conquanto os adventistas do sétimo dia aleguem que havia um "velho calendário judaico caraíta", não conseguem apresentar nenhum! Faltando evidência empírica de que o 10o. dia de Tishri em 1844 foi 22 de outubro, os ASDs indicam aos pesquisadores a obra de L. E. Froom, Prophetic Faith of our Fathers, p. 792, onde Froom tenta justificar a data de 22 de outubro em "Evidência E" e ". . . F". Contudo, Froom não apresenta nenhum documento caraíta para demonstrar que eles tiveram uma data diferente dos judeus rabínicos para o Dia da Expiação em 1844.

Os adventistas admitem que S. S. Snow era um indivíduo indigno de confiança. Contudo, as bobagens de Snow vão além do simples engano. L. R. Conradi, um ex-adventista do sétimo dia, registra a reivindicação de S. S. Snow de revelação divina como fonte inicial para a data 22 de outubro de 1844:

De 22 de março até 22 de outubro de 1844, S. S. Snow, gradualmente obtendo uma poderosa influência sobre todos os adventistas,
·         alegou que o Pai lhe havia revelado que a data de 22 de outubro de 1844 era o dia definido da vinda de Cristo para transformar os justos e destruir os ímpios;
·         que o grande dia do livramento era o ano jubileu do Dia da Expiação. (O fato) de que esse ano jubileu ainda estava anos no futuro, e que o Dia da Expiação judaico caía em 23 de setembro, não o incomodavam.—The Foundation of the SDA Denomination [O Fundamento da Denominação ASD], L. R. Conradi (ex-ASD) p. 68, escrito em 1939.

Sendo que os adventistas do sétimo dia já tinham um profeta, é compreensível que olhariam com desfavor a alegação de S. S. Snow de revelação divina. Contudo, ao desacreditar Snow, são deixados somente com uma fonte de evidência corroborativa: "o velho calendário judaico caraíta".

Seria de pensar-se que com tanta coisa pendente sobre um "velho calendário judaico caraíta", os adventistas do sétimo dia o teriam reproduzido e distribuído como folhas de outono! Contudo, nem sequer um "velho calendário judaico caraíta" pode ser encontrado – sem dúvida porque não existe nenhum "velho calendário judaico caraíta". Uma vez mais descobriremos os adventistas do sétimo dia perpetuando mesmo suas doutrinas mais fundamentais sobre mitos.

Talvez fique tão desapontado quanto eu pela falta de evidência para a crença adventista de que o Dia da Expiação caraíta em 1844 deu-se em 22 de outubro. Contudo, não devemos passar por alto a influência de Ellen G. White nesta questão. Em vista de que a Sra. White apôs o seu selo de aprovação sobre a data 22 de outubro, os adventistas devem crer em 22 de outubro a despeito de uma montanha de evidência contrária!
Qual é a evidência? Considerem o que modernos judeus e caraítas têm a dizer:

O que os Judeus e os Caraítas Dizem Sobre 22 de Outubro de 1844

No outono de 1998 correspondi-me com modernos judeus rabínicos e caraítas com respeito ao "velho calendário judaico caraíta" e a possibilidade de que o Dia da Expiação tenha sido celebrado em 22 de outubro no ano de 1844. Gostaria de compartilhar com os leitores alguns de seus comentários:

Na realidade não há coisa tal como um calendário caraíta perpétuo, uma vez que a real celebração de festivais geralmente se determina por observação. Eles usam de fato calendários que os ajudam a determinar "quando" calcular.– Dr. Daniel Frank
Diferentemente do calendário rabínico, não existe calendário caraíta perpétuo.--Dr. Philip E. Miller, Bibliotecário, The Klau Library, Hebrew Union College-Jewish Institute of Religion [Instituto Judaico de Religião], Nova York, NY

No século 19 os caraítas geralmente estabeleciam os feriados com base em cálculos muito inexatos e primitivos, e não na real observação da Lua Nova. Ademais, nesse período diferentes comunidades caraítas seguiam diferentes sistemas de cálculo e podem ter variado por alguns dias em sua observância.—Nehemia Gordon, Jerusalém, Israel (www.geocities.com/Athens/Forum/3384/karaitekorner-main.html)

Se os adventistas (do sétimo dia) desejam reivindicar que todas as autoridades judaicas têm estado erradas, e somente a pequena seita dissidente dos caraim ("caraítas") tinha o Único Verdadeiro Calendário—bem, eu gostaria de ver um certificado com a assinatura de Deus nele!--Will Linden

Não creio que seja possível que o Yom Kippur (o Dia da Expiação) caísse tão tardiamente como em 22 de outubro no calendário de Hillel. Julgo que a data mais tardia em que poderia ter caído seria algum tempo em torno de 15 de outubro.—Tracey Rich
O Dia da Expiação nunca ocorreu tão tarde no ano quanto em 22 de outubro.—Prof. Prohofsky, Purdue University.

Um rápido exame em seu calendário (dos caraítas) confirma que está fora de sincronia com o calendário de Hillel que os judeus rabínicos (não caraítas) utilizam.— Tracey Rich

É importante que os modernos pesquisadores entendam que os caraítas eram uma seita judaica muito pequena e espalhada sem qualquer corpo governante central. Não havia um calendário caraíta universalmente aceito, e assim é possível que várias comunidades caraítas celebrassem seus festivais em diferentes dias, e estivessem "fora de sincronia" com os judeus rabínicos. Contudo, a diferença em 1844 teria sido de somente um ou dois dias, não um mês inteiro.

Por exemplo, considerem como os cálculos caraítas modernos das fases da lua em 1844 e os dias santos anuais em 1998/1999 diferem apenas ligeiramente daqueles admitidos pelos judeus rabínicos:

Fases da Lua Calculadas em 1844 pelos
CARAÍTAS*
JUDEUS RABÍNICOS**
Lua Nova 12 de setembro de 1844
14 de setembro de 1844
Lua Nova 28 agosto de 1844
28 de agosto de 1844
Dias Santificados/de Jejum Escolhidos em 1998/1999 Calculados Pelos
CARAÍTAS
JUDEUS RABÍNICOS
Rosh Hashanah 22 de setembro de 1998
21 de setembro de 1998
Yom Kippur 1de outubro de 1998
30 de setembro de 1998
Sukkot 6 de otubro de 1998
5 de outubro de 1998
Pesah 1de abril de 1999
1de abril de 1999

Desses cálculos pode-se certamente argumentar que os caraítas poderiam ter celebrado o Dia da Expiação no mesmo dia, ou ao menos dois dias antes ou depois, dos judeus rabínicos. Contudo, existe documentação de que os caraítas celebraram o seu Dia da Expiação no mesmo dia do judeus rabínicos: 23 de setembro!

Com a Palavra o Rabino Caraíta Yusuf Ibrahim Marzuk

Um dos primeiros céticos com respeito à crença adventista quanto ao Dia da Expiação ter caído em 22 de outubro de 1844 foi o ex-pesquisador adventista do sétimo dia, E.S. Ballenger.
Ballenger escreveu em seu periódico The Gathering Call, maio-junho de 1941:
22 de outubro de 1844 tem sido um tempo crucial para os ASDs uma vez que seus pioneiros fixaram sobre tal data a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo; e ainda se apegam tenazmente a essa data a despeito de todos os fatos ao contrário. O Dia da Expiação caiu em 23 de setembro de 1844, em vez de 22 de outubro. Isso pode ser facilmente demonstrado consultando-se qualquer almanaque judaico da época, ou qualquer autoridade judaica ortodoxa. Eles celebraram o Dia da Expiação em 1844 no dia 23 de setembro.

Os defensores da idéia (ASDs) declaram que conquanto os judeus ortodoxos possam ter celebrado o Dia da Expiação em 23 de setembro, os judeus caraítas o observaram em 22 de outubro. Realizamos uma cuidadosa investigação, e descobrimos que esta é uma falsa alegação. O rabino-chefe dos caraítas do Cairo, Egito, Youseff Ibrahim Marzuk, em resposta a uma indagação quanto ao dia em que celebraram a expiação em 1844, escreveu:

"Quanto às datas da Páscoa e do Yom Kippur, são as seguintes: -- Segundo os judeus caraítas, no ano de 1843 o Yom Kippur caiu numa quarta-feira, dia 4 de outubro, e exatamente a mesma data segundo os rabínicos. No ano de 1844, caiu numa segunda-feira, 23 de setembro, tanto para os caraítas quanto para os rabínicos".

Quem era o Rabino Youseff Ibrahim Marzuk e por que sua resposta à consulta de Ballenger tinha autoridade sobre tal questão? No processo de responder a estas perguntas eu dediquei-me a uma pesquisa bastante ampla em websites caraítas e recebi as seguintes informações via e-mail:

Sou levado a crer que o relatório de Ballenger baseia-se em algum tipo de carta de Yusuf Ibrahim Marzuk. Isso parece-me provável porque houve uma tal pessoa ativa na comunidade caraíta do Cairo em 1941. Mourad el-Kodsi, em seu livro The Karaite Jews of Egypt refere-se a Yusuf Ibrahim Marzuk como chefe da Comunidade caraíta nesse período, conquanto el-Kodsi não faça menção à correspondência com Ballenger. Na pág. 221 el-Kodsi escreve:
"Yusuf Ibrahim Marzuk (1882-1952): membro do concílio religioso, então deputado da comunidade por muitos anos. Às vezes, especialmente nos anos da década de 30, ele era a única autoridade. . . ."

Na pág. 59 el-Kodsi declara que Yusuf Ibrahim Marzuk era "o dirigente executivo da comunidade" em 1940. Não pode haver dúvida que Yusuf Ibrahim Marzuk mencionado por el-Kodsi é a mesma personalidade referida por Ballenger."—Nehemia Gordon, Jerusalém, Israel.
Confirmação adicional da pesquisa de Nehemia Gordon ocorre com o Dr. Philip E. Miller, que escreve:

Marzuk era um homem muito instruído, e se disse que as datas coincidiam, então provavelmente isso se deu.— Dr. Philip E. Miller, Librarian, The Klau Library, Hebrew Union College-Jewish Institute of Religion, New York, NY

CONCLUSÃO

A alegação dos adventistas do sétimo dia de que os caraítas celebraram o Dia da Expiação um mês depois dos judeus rabínicos/ortodoxos é meramente um mito.
22 de outubro de 1844 é uma teoria não-bíblica, historicamente falida, sustentada simplesmente sobre uma falsa profetisa, Ellen White. Já passou do tempo para os dirigentes adventistas admitirem a verdade a respeito de 22 de outubro de 1844.
Contudo, em vista do modo como a liderança adventista tem tratado toda outra evidência que contradiz as crenças adventistas, este pesquisador não prenderá a respiração na expectativa de tal admissão!

NOTAS
* As fases lunares caraítas eram calculadas com base no Ahmed's Moon Calculator [calculador lunar de Ahmed] do  Dr. Monzur, utilizado pelos caraítas (http://www.starlight.demon.co.uk/mooncalc/)
As datas de festivais anuais e jenuns foram calculadas pelo Rabino Magdi Shamuel ( http://www.geocities.com/SoHo/Atrium/4075/cal98-99.html).
** As datas rabínicas foram extraídas de The Jewish Holidays, A Guide & Commentary, por Michael Strassfeld, pág. 241, Harper & Row, (c) 1985
Traduzido de:

Autor: Sydney Cleveland
Título original: 22 de Outubro de 1844 — As Coisas Se Complicam Para o Adventismo Tradicional